Com a VI Cúpula do BRICS ao centro, revistas nacionais trazem neste fim de semana avanços importantes no debate relacionado a temas como comércio exterior e relações entre emergentes, iniciado pelos jornais durante a semana.
Tom positivo marca a maneira como os veículos registram os acordos firmados entre os chefes de Estado e, principalmente, a criação do banco comum de investimentos patrocinado por Brasil, Índia, Rússia, China e África do Sul.
Parte da agenda também resgata o clima de pessimismo captado pela imprensa nos últimos dias, em especial diante da divulgação de dados oficiais negativos para o emprego e a produção.
Em foco ainda, a continuidade da agenda que avalia os rumos da política econômica. Entrevistas e informações de bastidor reforçam teses cada vez mais consistentes de que o PIB não avançará neste ano como o governo imagina.
- ISTO É DINHEIRO indica que o BRICS desafia a velha ordem financeira global e assinala o potencial de negócios para as empresas dos cinco países. Reportagem destaca o encontro organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e por outras entidades do setor produtivo, que teve a participação de mais de 800 empresários. Juntos, os quatro países são o destino de um quarto das exportações brasileiras e origem de 21% de tudo o que o Brasil compra do Exterior. “Temos boas perspectivas de negócios”, diz ROBSON ANDRADE, presidente da CNI.
- Ainda segundo ISTO É DINHEIRO, embora a indústria brasileira venha sofrendo hoje com a concorrência dos importados chineses, o presidente da CNI comemora o aumento do relacionamento com a Rússia, onde vê oportunidades para o setor farmacêutico. Conforme a revista, ele reclama, no entanto, da falta de equilíbrio na relação com os chineses. “Eles têm muita facilidade para investir aqui, mas nós temos dificuldades para investir lá”, afirma ANDRADE.
- CARTA CAPITAL destaca que o Novo Banco de Desenvolvimento pretende aumentar os grandes financiamentos para obras de infraestrutura e o desenvolvimento sustentável dos países do BRICS e outras economias, emergentes ou em desenvolvimento. Segundo a revista, o grupo se consolidou como contraposição ao G-7. Reportagem pontua também que a reunião dos cinco chefes de Estado com os presidentes dos países da América do Sul integrantes da Unasul ampliou o significado político da VI Cúpula.
- Na mesma reportagem, CARTA CAPITAL aponta que a Declaração de Fortaleza assinada pelos líderes dos BRICS reconhece "o importante papel das empresas estatais na economia", destaca a assinatura do memorando de cooperação entre agências de crédito para exportação dos BRICS e se compromete a desenvolver o mercado de seguros e resseguros e a estimular a participação das pequenas empresas.
- Em outra reportagem sobre acordo de cooperação financeira e monetária do BRICS, CARTA CAPITAL assinala que não vai ser fácil para os americanos partilharem a liderança monetária com a China.
- Coluna OBSERVADOR DA GEOPOLÍTICA, na revista ÉPOCA, afirma que a criação do banco do Brics é um avanço na consolidação do bloco, “mas sua força na cena global ainda não passa de mera expectativa”. Segundo a coluna, a constituição do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) e do fundo de reserva emergencial de US$ 100 bilhões “são decisões ainda mais simbólicas que de efeitos concretos e, portanto, insuficientes para garantir para o bloco um papel determinante nas decisões econômicas globais”.
- Ainda sobre os desdobramentos da cúpula, ISTO É assinala que desde 2012 os BRICS exibem uma taxa média de expansão que é pelo menos o dobro da das nações mais ricas. Texto aponta que a grande unidade do bloco é que são países de desenvolvimento médio, com liderança geopolítica em suas respectivas regiões e que suas economias geram 20% do PIB mundial.
- LEONARDO ATTUCH, em sua coluna na revista ISTO É, opina que a cúpula atingiu resultados bem maiores do que os céticos previam. Segundo o colunista, um dos desdobramentos possíveis será o início do comércio entre o BRICs, que já são detentores de grandes reservas internacionais, em suas próprias moedas, enfrentando a hegemonia do dólar. “O encontro de Fortaleza serviu para mostrar que um mundo multipolar já é realidade e que uma nova ordem internacional está nascendo”, destaca.
- Em entrevista à revista VEJA, a diretora da Human Rights Watch, em Moscou, Tanya Lokshina, afirma que o presidente russo usa o americano Edward Snowden como instrumento de propaganda e agora faz o mesmo com os BRICS.
- Como ponto de atenção, ISTO É DINHEIRO destaca em tom de alerta a queda do emprego industrial e afirma que o setor encara seu maior desafio: aumentar a produtividade. Revista exemplifica que o segmento de calçados e couro registra uma das piores quedas no emprego industrial neste ano, de 7,7%, só superada pela do setor de petróleo e coque (-8,2%). No geral da indústria, a ocupação chegou, em maio, ao seu 32º mês seguido de retração, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, segundo o IBGE.
- Ainda segundo ISTO É DINHEIRO, “enquanto o setor de serviços continua contratando, a indústria demitiu quase 30 mil trabalhadores e levou o governo a reduzir de 1,5 milhão para um milhão a meta de novos postos de trabalho com carteira assinada neste ano”. Um levantamento da Fiesp indica que a produtividade na indústria brasileira caiu 1,7% de 2004 a 2011, enquanto a maioria dos parceiros comerciais do País teve um avanço de 3,4%.
- A reforma tributária e alta da inflação também estão em destaque nas revistas. Textos lançam mão de itens associados ao mercado e de opiniões de analistas que, comumente, frequenta as páginas dos jornais diários.
- Em entrevista à ISTO É DINHEIRO, o ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, fala sobre reforma tributária, inflação e incentivos à indústria e destaca que o governo deve evitar que a política monetária seja usada de maneira demasiada no debate eleitoral. Sobre a política econômica interna, o ministro afirma que o governo procura “fazer movimentos tributários ou de incentivo de crédito para permitir maior competitividade, sem jogar a conta para a população”. Em outro trecho, ele diz que “é importante ter um olho na inflação e outro na geração de emprego e renda. A inflação incomoda os trabalhadores. Mas, para o trabalhador, pior do que inflação é desemprego alto e arrocho salarial”.
- Berzoini adverte também sobre problemas no diálogo entre governo e empresariado. “A relação entre o governo e o empresariado é de altos e baixos”, disse. O ministro lembra que a presidenta Dilma Rousseff reuniu o setor industrial para anunciar medidas como a prorrogação do Reintegra, que aumenta a competitividade, “e a reação foi muito boa”. Além disso, “ela tem inaugurado várias obras logísticas que buscam a retomada do crescimento”, pontua Berzoini.
- Em artigo sobre a reforma tributária na CARTA CAPITAL, ANTONIO DELFIM NETTO põe em xeque a legislação sobre o imposto de “grandes fortunas” e as interpretações sobre ela. Para o ex-ministro, um imposto sobre o patrimônio pode ser um complemento para dar maior Justiça Tributária ao Imposto de Renda. Mas ele pondera que o tributo “apresenta problemas graves e sua implementação é duvidosa”. “Não há nada que uma regulamentação adequada do Imposto de Renda não possa fazer com maior justiça e com maior eficiência”, afirma.
- DINHEIRO NA SEMANA, na ISTO É DINHEIRO, registra que os senadores aprovaram por unanimidade a universalização do Supersimples, regime que facilita o pagamento de tributos por micro e pequenos empresários. “Não é a tão sonhada reforma tributária, mas pelo menos já se trata de um caminho para a modernização do modelo de arrecadação de impostos no País”, situa a coluna.
- MAÍLSON DA NÓBREGA, em sua coluna na VEJA, adverte que a inflação, medida pelo IPCA, rompeu o teto da meta (6,5%) e que se não fosse a repressão aos preços de combustíveis, energia elétrica e outros, chegaria pelo menos a 8%. Segundo ele, a partir dos anos 1950, o Brasil se notabilizou como o país mais tolerante à inflação. "É chegada a hora de abandonar a tolerância à inflação. Nada diz que o Brasil não possa caminhar para uma meta anual de 3%. A experiência mundial prova que o desenvolvimento é mais factível com baixa inflação. Não o contrário, como o atual governo parece acreditar", enfatiza.
- A SEMANA, em ISTO É, registra: “R$ 53,8 bilhões – É o custo da crise que vem desde o ano passado no setor elétrico do País. Desse total, R$ 35,3 bilhões serão pagos pelos consumidores em suas contas de luz. Os R$ 18,5 bilhões restantes se diluirão em impostos. Os dados são da CNI”.
- ISTO É entrevista com exclusividade o ex- secretário de Política Econômica do governo Lula, o economista Marcos Lisboa, que avalia o comportamento da economia do país. Segundo ele, as dificuldades dos países desenvolvidos têm contaminado os países emergentes, mas nós temos sofrido mais do que os demais". Vice-presidente do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), Lisboa afirma que o velho nacional-desenvolvimentismo dos anos 1950 e 1970, baseado na intervenção na economia, voltou.
- Lisboa faz uma série de considerações sobre a conjuntura e os rumos da política econômica. Em especial, ressalta o papel da educação no processo de construção de alicerces mais sólidos para o Brasil. “Se compararmos com nossos vizinhos, o Brasil destoa deles pelos baixos indicadores de educação. E não à toa o Brasil apresenta uma realidade desigual de renda. E isso está associado à desigualdade dos indicadores de escolaridade”.
- Em reportagem sobre novos negócios de robótica, ISTO É DINHEIRO registra que pela primeira vez, o País vai receber um dos mais importantes eventos mundiais do setor: a Robocup 2014, que será realizada entre 19 e 25 de julho em João Pessoa (PB). Reportagem destaca que, no ano passado, a produção e a venda de robôs industriais e domésticos movimentaram US$ 28 bilhões. Até 2020, estima-se que esse mercado alcance US$ 40 bilhões. Texto pontua ainda que os negócios de robótica estão se ampliando para além de sua origem, a automação industrial.
- Em reportagem de capa, ISTO É adverte que “o antagonismo Brasil/Argentina ganhou cores mais intensas nesta Copa, com direito a confusões generalizadas” e aponta o risco de que esta disputa ultrapasse as quatro linhas e “comprometa a amizade, o turismo e o comércio entre as nações vizinhas”. A historiadora Maria Lígia Coelho Prado, do Laboratório de Estudos de História das Américas da USP, afirma que, apesar dos problemas pontuais, as relações bilaterais são boas e a população de ambos os países não se vê como inimiga, ao contrário. Para ela, os excessos da Copa “não podem contaminar a relação entre os povos e a diplomacia que as duas principais forças do continente compartilham em áreas como a política e a economia”.
- PODER, coluna na ISTO É DINHEIRO, registra: “Emperrados há um ano no Senado, os pedidos de reestruturação de dívidas de quatro países impedem o Brasil de intensificar os negócios com a África, segundo o Itamaraty. O perdão da dívida de US$ 709,1 milhões, contraída nos anos 1970 por Congo, Zâmbia, Tanzânia c Costa do Marfim, poderia aumentar exportações e obras de empresas brasileiras nesses países”.
- FELIPE PATURY, em sua coluna na revista ÉPOCA, informa: “os presidenciáveis receberão da CNI 42 estudos sobre economia e propostas para dez áreas. Entre elas, fiscal, trabalhista e de comércio exterior”.
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