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quinta-feira, 3 de julho de 2014

Análise Diária de Mídia - 3 de julho de 2014

Em um dia de exposição especialmente negativa quanto ao comportamento da indústria, mídia nacional renova e acentua nesta quinta-feira (03) todo o pessimismo que orienta o noticiário há várias semanas.

Diante da conjuntura cada vez mais desfavorável, veículos de grande circulação passam a observar os dados setoriais sob perspectivas desanimadoras, projetando cenários ainda piores para 2014.

Destaque nas primeiras páginas, em colunas e nos espaços mais nobres dos cadernos de Economia, o recuo da produção em maio, captado pelo IBGE e divulgado ontem, reacende entre os jornais a ideia de que o PIB será comprometido devido à falta de capacidade de recuperação do setor fabril. A retração foi 0,6% - a terceira consecutiva. De janeiro a maio, o recuo acumulado é de 1,6%.

Reportagens indicam que houve o predomínio de resultados negativos, com queda na produção de 15 dos 24 ramos pesquisados, de abril para maio e em três das quatro grandes categorias econômicas. Na comparação com maio de 2013, a retração da indústria é ainda maior: -3,2%.

VALOR ECONÔMICO alerta que, embora os motivos por trás do desempenho ruim da indústria permaneçam os mesmos (aumento de estoques, deterioração da confiança e perda de efeito dos incentivos do governo), o recuo de maio mostra um quadro mais preocupante para o setor.

Em reportagem coordenada, VALOR revela que o governo federal estuda formas de incentivo para o setor de bens de capital, que recuou pelo terceiro mês consecutivo em maio ao cair 2,6% na comparação com abril. No ano, o setor tem queda de 5,8%. A informação foi confirmada ontem pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho.

Em editorial, O ESTADO DE S. PAULO aborda como ponto de atenção os dados da pesquisa do IBGE e assinala que a crise na indústria já se reflete no setor de serviços, prejudica o emprego em geral, e cada vez mais, o crescimento econômico. Jornal afirma que os números mais preocupantes são os da fabricação de bens de capital (máquinas e equipamentos), porque confirma a estagnação da capacidade produtiva. Em maio, a produção de bens de capital ficou 2,6% abaixo da de abril e foi de 9,7% inferior à de um ano antes. “Aos empresários urbanos têm faltado confiança e segurança para investir. Ao governo tem faltado competência para converter obras, com a rapidez necessária, seus programas de ampliação e fortalecimento da infraestrutura.”

ESTADÃO acrescenta, ainda no editorial, que a crise da produção industrial e a redução das importações confirmam o esgotamento da política baseada no estímulo ao consumo, como previsto por analistas. “O governo errou no diagnóstico e na estratégia. Além disso, criou insegurança entre os empresários com intervenções inábeis e medidas improvisadas. Também as medidas protecionistas, aplaudidas por alguns setores, tiveram efeito negativo, porque desestimularam a busca de eficiência”.

ESTADÃO acrescenta que o Indicador do Nível de Atividade (INA) aponta que a produção industrial paulista caiu 0,9% em maio, ante abril. O índice divulgado ontem pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O INA também é abordado em reportagem do VALOR.

Em texto analítico, ESTADÃO pontua que os efeitos positivos diretos da Copa não aparecem nos resultados gerais da produção da indústria brasileira. “O excepcional crescimento de 354% das atividades produtivas do chamado segmento da linha marrom (televisores, rádios, etc.) registrado pelo IBGE até maio, o qual pode ser associado à Copa, foi diluído pelos resultados negativos da produção de muitos outros setores e ramos industriais.”

Algumas das abordagens associam o recuo registrado em maio pela indústria com a queda da produção do setor automotivo, que encolheu 3,9% no período e acumula retração de 12,5% em cinco meses. Já a venda de automóveis no país registrou queda de 10,22% no primeiro semestre em relação a igual período de 2013.

FOLHA DE S. PAULO destaca que as montadoras acumulam estoques, principalmente pela queda no consumo e restrição de crédito, mesmo com incentivo oficial do IPI reduzido, que foi mantido pelo governo até o fim deste ano.

O peso conferido pelo setor automotivo nos resultados da fraca produção industrial está presente em todas as abordagens.
O GLOBO observa que a expectativa é que a queda no setor automotivo se acentue mais este ano.

Manchete do BRASIL ECONÔMICO destaca que a indústria automobilística contribuiu fortemente para o recuo de 1,6% na indústria, com uma queda de produção de 13 % acumulada até maio.

Apesar das avaliações majoritariamente negativas em relação ao segmento de automóveis, o economista André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE, diz ao CORREIO BRAZILIENSE que o mau desempenho não é específico de um segmento apenas. “A indústria caminha com dificuldade. Isso não é específico de um setor, nem algo deste momento. É um movimento que começou em outubro do ano passado", afirmou Macedo.

MÍRIAM LEITÃO, em sua coluna em O GLOBO, traz todos os dados da economia nacional registrados nesta semana e sentencia: a indústria está encolhendo, o Tesouro teve o pior déficit primário da série histórica, e a balança comercial fechou o semestre no vermelho.

Na mesma coluna, MÍRIAM LEITÃO observa que o quadro negativo revelado ontem pelos dados do IBGE em relação à indústria é muito maior, mais generalizado e permanente do que supõe o governo, e menciona as recentes medidas editadas para impulsionar o setor. “A indústria precisa mais que um medicamento temporário, tópico e setorial.”

CELSO MING ressalta em sua coluna no ESTADÃO que a queda no setor fabril está em aceleração, sem perspectiva de melhora. Texto afirma que o “raquitismo da indústria” já ficara evidente na análise do comportamento da balança comercial do primeiro semestre, e repete-se em outros números atualizados igualmente ruins, citando o Indicador de Nível de Atividade da indústria paulista da Fiesp e o desempenho das vendas do setor de veículos.

Com base nos números do IBGE, VINICIUS TORRES FREIRE, em coluna publicada pela FOLHA, prevê recessão na indústria brasileira neste ano, “recessão talvez feia”.

FOLHA, VALOR e CORREIO registram informação da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), de que a indústria reduziu a demanda de eletricidade em maio em 4,3%. Segundo as publicações, a maior queda ocorreu nos ramos chamados eletrointensivos voltados a exportações. O movimento negativo ocorreu na contramão das residências e do comércio, que tiveram forte aumento. No total, o consumo elétrico do país cresceu 1,5% em maio

De volta ao ESTADÃO, atenção para a entrevista com Edmar Bacha, integrante da equipe responsável pelo Plano Real, que completou neste mês 20 anos. Duas décadas após o plano entrar em vigor, o especialista afirma que o sucesso do plano deve ser relativizado: “A gente conseguiu controlar a inflação, mas não conseguimos ter uma estratégia econômica que permitisse colocar o País no Primeiro Mundo”. Para ele, o resultado disso são os “preços surreais", problema relacionado à baixa produtividade. Em alguns momentos da entrevista ao jornal paulista, Bacha apresenta avaliações sobre a cena fabril.

Eleições ocupam novos espaços no noticiário e incrementam a pauta a partir de assuntos que devem ganhar projeção amanhã e ao longo do fim de semana. Destaque do dia é a mais nova pesquisa Datafolha.

A sondagem realizada ontem é manchete da FOLHA DE S.PAULO, está em todos os jornais e aponta que a presidente Dilma Rousseff subiu quatro pontos percentuais – passando de 34% para 38%, enquanto Aécio Neves (PSDB) passou de 19% para 20% e Eduardo Campos (PSB) de 7% para 9%.

Texto da FOLHA relaciona os dados favoráveis a Dilma a uma suposta melhoria do “humor” do eleitor em relação à Copa.

Já O ESTADO DE S. PAULO explora a "maratona de inaugurações" a que se submetem os principais candidatos. Em manchete, jornal afirma que o objetivo é garantir visibilidade antes do fim do prazo legal imposto para esse tipo de compromisso público.

Com foco em São Paulo e Rio de Janeiro, ESTADÃO informa que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) inaugura o Trecho Leste do Rodoanel, que só deve ser concluído em setembro; e o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) participou de dez eventos em 12 horas.

Desdobramentos do processo do mensalão também aparecem em evidência na mídia nacional. Jornais registram que o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, condenado no processo, terá hoje seu primeiro dia de trabalho externo, em um escritório de advocacia em Brasília.

Sobre as investigações de negócios da Petrobras, jornais repercutem os pareceres do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a compra da refinaria de Pasadena (EUA) pela estatal brasileira.

O GLOBO, por sua vez, posiciona o nome da petista foi retirado da lista de responsáveis pelas supostas irregularidades na compra da unidade americana.

Outro assunto que mobiliza a mídia nacional refere-se à decisão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), por dois votos a um, de trancar o processo contra seis acusados no atentado do Riocentro. Conforme O GLOBO, dois desembargadores entenderam que o processo está prescrito, uma vez que não pode ser enquadrado como crime contra a umidade. "O Ministério Público Federal deve entrar com recurso no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e Supremo Tribunal Federal (STF) para manter a ação", informa.

Noticiário econômico repercute de forma acentuada os dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada ontem IBGE, que confirmam a terceira queda consecutiva na produção industrial.

Jornais indicam que o desempenho negativo da atividade deve impactar no PIB. Mercado projeta um PIB fraco no segundo trimestre.

Abordagens associam o recuo registrado em maio com a queda da produção do setor automotivo, que encolheu 3,9% no período e acumula retração de 12,5% em cinco meses. Já a venda de automóveis no país registrou queda de 10,22% no primeiro semestre em relação a igual período de 2013.

FOLHA DE S. PAULO destaca que as montadoras acumulam estoques, principalmente pela queda no consumo e restrição de crédito, mesmo com incentivo oficial do IPI reduzido, que foi mantido pelo governo até o fim deste ano.

O GLOBO observa que a expectativa é de que a queda se acentue mais este ano. Os dados negativos fizeram com que a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) elevasse a previsão de redução nas vendas de veículos em 2014: de menos 3,2%, previsto no início do ano, para uma redução de 8,1 %, com a diminuição do poder de compra dos consumidores, dentre outros fatores.

Em texto analítico, O ESTADO DE S. PAULO pontua que os efeitos positivos diretos da Copa não aparecem nos resultados gerais da produção da indústria brasileira: "O excepcional crescimento de 354% das atividades produtivas do chamado segmento da linha marrom (televisores, rádios, etc.) registrado pelo IBGE até maio, o qual pode ser associado à Copa, foi diluído pelos resultados negativos da produção de muitos outros setores e ramos industriais."

Como ponto de atenção, registra-se o pedido de prisão preventiva feito pelo governo do estado do Paraná, ao Supremo Tribunal Federal (STF), do secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, e do subsecretário do órgão, Eduardo Guerra, por crime de desobediência.

Conforme o CORREIO BRAZILIENSE, o pedido, feito ontem, é um protesto contra a retenção dos recursos do Proinveste, no total de R$ 816 milhões, que não foram repassados à unidade federativa.


Os resultados da balança comercial deste ano (que em junho registrou um superávit de U$$2,36 bilhões, mas continua com déficit de U$$ 2,49 bilhões no primeiro semestre) são abordados em EDITORIAL ECONÔMICO do ESTADÃO. Jornal registra que, pela primeira vez em mais de três décadas, as exportações de produtos básicos representaram mais da metade das vendas (50,8%) no semestre, cabendo apenas 34,4% aos manufaturados. “Isso significa queda da demanda da indústria - e, portanto, do investimento.”

O GLOBO, em editorial, volta suas atenções para infraestrutura, tendo como foco a recente inauguração do novo trecho do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro. Texto destaca que no Brasil os custos com logística absorvem algo como 11% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto nos Estados Unidos não ultrapassam o equivalente a 7% do PIB.

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