O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Clelio Campolina Diniz, apresentou nesta quarta-feira (23) os fundamentos práticos, históricos e econômicos para a constituição teórica do Programa Nacional de Plataformas do Conhecimento (PNPC) na conferência magna da 66ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Rio Branco (AC).
Campolina expôs sua visão acerca do pensamento teórico sobre o papel do tripé educação, ciência e tecnologia para o desenvolvimento econômico e social ao relacionar contribuições de pensadores como Adam Smith, David Ricardo, Karl Marx, Alfred Marshall, Joseph Schumpeter, Nicolai Kondratieff e Nathan Rosenberg.
“Apesar desse reconhecimento por parte da economia política ocorrer desde o século 18, não havia uma consciência clara dos gestores públicos, dos estudiosos e da sociedade em geral sobre o papel da inovação no desenvolvimento”, afirmou o ministro. “Mas, em grande medida, essa visão esteve subjacente na maioria das formulações feitas pelos economistas envolvidos no debate dos anos posteriores à 2ª Guerra Mundial, cujas proposições defendiam a industrialização acelerada como meio de superação do subdesenvolvimento.”
Ele reforçou que ciência e técnica seguiram relativamente independentes até a segunda metade do século 19, a exemplo dos grandes inventos da indústria têxtil, originados da ação de homens práticos. “A partir de então, a ciência começou a dar explicações para fenômenos não visíveis e não óbvios para o senso comum. Assim, ampliou-se a articulação entre indústria e ciência, mudando do mundo visível de alavancas, engrenagens, eixos, polias e manivelas para o mundo invisível de átomos, magnetismo, fluxo de elétrons, ondas, indutância, capacitância, ampères, volts, bactérias, vírus e genes.”
Aplicação
Segundo Campolina, da década de 1970 em diante, a ênfase teórica no entendimento do papel da ciência, tecnologia e inovação (CT&I) no desenvolvimento econômico ganhou destaque. “As pesquisas que resultavam em novas técnicas, métodos e processos produtivos aperfeiçoados eram realizadas igualmente em laboratórios do governo e em universidades, como nos mostra a experiência da Alemanha e dos Estados Unidos”, disse.
O ministro citou como casos bem sucedidos a expansão de novos setores tecnológicos norte-americanos localizados no Vale do Silício (Califórnia), na Rota 128 (Massachusetts) e no Parque Triângulo (Carolina do Norte), mas ressaltou que nem todas as tentativas de impulsionar o desenvolvimento geraram impactos positivos.
“Cabe mencionar a criação das cidades científicas em Tsukuba, no Japão, Taedok, na Coreia do Sul, e Novosibirsk, na Rússia, que não deram os resultados esperados”, apontou. “No momento, a criação de parques científicos e tecnológicos, de incubadoras de empresas, entre outros experimentos, tem apresentado bons resultados quando existem condições adequadas em seu entorno, mas há o risco de sua generalização em contextos impróprios, o que poderia levar a fracassos, transformando-se em catedrais no deserto.”
Plataformas
Na atualidade, de acordo com o ministro, discutem-se e implementam-se políticas de plataformas tecnológicas em várias partes do mundo, com destaque para China e Europa: “Mesmo nos Estados Unidos, onde a inovação tinha uma lógica fortemente determinada pelo mercado, à exceção óbvia do setor militar, da saúde e da agricultura, iniciaram-se experiências recentes, por parte do governo, para o desenvolvimento tecnológico, especialmente em regiões industrialmente decadentes, como o centro industrial de Detroit.”
Campolina defendeu a concepção e a formatação do PNPC como um instrumento para dotar o país de políticas públicas apropriadas para enfrentar desafios contemporâneos. “O novo programa visa, nesse sentido, elevar o padrão científico e tecnológico brasileiro em prol de um desenvolvimento que combine crescimento econômico, justiça social, integração regional e um melhor posicionamento no contexto internacional”, definiu.
Na prática, acrescentou o ministro, plataformas consistem em arranjos público-privados que articulam competências com base em infraestrutura científica de última geração, dentre instituições de pesquisa e empresas. “Elas serão estruturadas pela lógica da resolução das grandes prioridades e temas nacionais, gerando conhecimento, produtos e processos com alto impacto nas condições de vida das pessoas e no desenvolvimento do país”, completou.
Texto: Rodrigo PdGuerra – Ascom do MCTI
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