PT quer aproximação com candidato do PMDB diante da dificuldade da campanha de Alexandre Padilha decolar e dos números sofríveis de aprovação da gestão Fernando Haddad
Os altos índices de rejeição da presidente Dilma Rousseff em São Paulo e a estagnação do candidato do PT ao governo paulista, Alexandre Padilha, levaram a coordenação da campanha presidencial a buscar de vez uma aproximação com o candidato do PMDB ao Palácio dos Bandeirantes, Paulo Skaf. Coordenador da campanha de Dilma no Estado, o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT), afirmou nesta segunda-feira que se reunirá com Skaf para definir como será a participação da presidente e qual espaço o peemedebista pretende dedicar a ela. "Eu vou procurar o Skaf para saber o que eles estão pensando, como conduzir a campanha do Skaf e pedir votos para Dilma. Porque é PMDB, é aliado e tem um compromisso de campanha da Dilma", disse Marinho, após caminhar com Padilha no ABC paulista. "Ele tem que pedir voto por fazer parte do arco de aliança da presidente."
A campanha de Dilma tem a expectativa de que Skaf use pelo menos parte de seu tempo no horário eleitoral gratuito – o maior entre os candidatos do Estado – para promover a candidata petista. Segundo Marinho, a presidente poderá participar de atos de campanha separados com Skaf e com Padilha quando vier a São Paulo. Ainda não há acordo para que os dois dividam o mesmo evento com Dilma.
Ao menos em público, Skaf evita se vincular a Dilma. O peemedebista diz que "não entende esse negócio de palanque duplo" da presidente. Ele pretende usar como cabo eleitoral o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), fiador de sua candidatura. Mas Temer já garantiu que Skaf fará campanha pela presidente.(à direita)
Segundo pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira, a rejeição à presidente-candidata em São Paulo é de 47%, bem acima da média nacional, de 35%. Na capital paulista, a resistência à presidente é ainda maior: 49% dos eleitores não votariam em Dilma. Contribui para o desgaste da petista em São Paulo a baixa popularidade do prefeito Fernando Haddad (PT): após um ano e meio de mandato, 47% dos paulistanos reprovam sua gestão. Haddad tirou férias nesta semana, embora o ex-presidente Lula tenha determinado que o partido promova a gestão do prefeito para não prejudicar a campanha de Padilha. O ex-ministro disse que o afastamento "não tem relação com a campanha" e que Haddad participará das atividades eleitorais.
O Datafolha também testou dois cenários de segundo turno na disputa presidencial em São Paulo. O tucano Aécio Neves venceria Dilma por 50% a 31%, e o candidato do PSB, Eduardo Campos, por 48% a 32%. "A gente sabe que ela precisa de reforço em São Paulo. Vamos conversar com outras forças e fazer uma campanha não apenas baseada no PT. A campanha da Dilma é mais ampla no leque partidário", disse o presidente do diretório estadual e coordenador da campanha de Padilha, Emídio de Souza.
Embate – Apesar de a campanha de Dilma ter determinado a aproximação com Skaf e defendido que ele seja poupado de ataques, apoiadores de Padilha passaram a fazer críticas abertas ao peemedebista. Há petistas escalados para dar "cotoveladas" em Skaf e outros destacados para atuar como "bombeiros". Para viabilizar a candidatura de Padilha, o partido pretende colar em Skaf, presidente licenciado da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a imagem de "candidato do patrão”. "Esse é um discurso setorizado, não é da nossa campanha. Evidente que há militantes e sindicalistas com restrições abertas ao Skaf", disse Emídio de Souza.
Padilha, por enquanto, evitou adotar esse tom. O ex-ministro faz menções indiretas a Skaf e nunca cita o nome do peemedebista. Nesta segunda, fez alusão a dois projetos que os marqueteiros de Skaf mais têm usado para promovê-lo, a rede de ensino do Sesi e do Senai. O petista disse que o programa de expansão do ensino técnico do governo federal, Pronatec, "parou com a história do Sesi e do Senai", de os estudantes terem que pagar por ensino profissionalizante.
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