Destaques

segunda-feira, 21 de julho de 2014

ABPI and BIA jointly launch new communication materials to enhance understanding of biosimilar medicines

The Association of the British Pharmaceutical Industry (ABPI) and the Bioindustry Association (BIA) have jointly developed materials on biological medicines, including biosimilar medicines, to enhance prescribers’ and other stakeholders’ understanding of these medicines and answer any frequently asked questions.

The new materials provide an interesting overview on this ever growing market at a significant time, with biological medicines - which include biosimilar medicines - now amongst today’s most important medicines. Interesting facts in the materials include:
  •  It is predicted that by 2016 seven of the top 10 medicines worldwide will be biologics.
  •  Since 2006, over 18 branded biosimilar medicines have been granted marketing authorisations in the EU.
  • The introduction of biological medicines in the early 1980s revolutionised treatment for some life-threatening and rare diseases, such as cancer, diabetes, blood conditions, rheumatoid arthritis, multiple sclerosis and autoimmune disorders.
  • The number of biosimilar medicines available in the UK is expected to increase with biosimilar medicines entering a much wider range of therapy areas, including rheumatoid arthritis, oncology and diabetes.
  •  It is recommended by the ABPI and the BIA that all biological medicines, including biosimilar medicines, should be prescribed by brand name and not by International Non-Proprietary Names (INN), to ensure accurate reporting and analysis of suspected adverse reactions.
  •  Automatic substitution is not appropriate for biological medicines, including biosimilar medicines. These must only be substituted under the direct supervision and with the consent of the treating physician.
Commenting on the publication of these documents, ABPI Director of Value and Access, Paul Catchpole, said:

“A number of ABPI and BIA members are developing biosimilar medicines and we are therefore building relationships with key stakeholders at a national and local level in order to improve understanding of biological medicines, including biosimilar medicines. These new informative materials will assist in ensuring that these medicines are well understood and used appropriately for the benefit of all eligible NHS patients.”

Commenting, BIA Chief Executive Officer, Steve Bates, said:

“Biological medicines, including biosimilar medicines, have complex molecular structures and unique manufacturing processes. The development of biosimilar medicines involves many technical challenges and requires distinct regulatory pathways from those applied to generic medicines. For this reason the BIA has been actively engaged in the development of EMA guidelines on biosimilar medicines, including biosimilar monoclonal antibodies, over a period of many years, highlighting the issues to be addressed and ensuring that patient safety remains paramount. With much support from our members and working in partnership with colleagues at the ABPI, we have developed these educational materials to reflect the latest developments in this evolving field. We hope that they will assist healthcare professionals in particular to be aware of, and better understand the challenges of, the introduction of biosimilar medicines to the NHS.”

The materials can be downloaded from the ABPI and the BIA websites.
About the BIA
Founded 25 years ago at the infancy of biotechnology, the BIA is the trade association for innovative enterprises involved in UK bioscience. Members include emerging and more established bioscience companies; pharmaceutical companies; academic, research and philanthropic organisations; and service providers to the bioscience sector. The BIA represents the interests of its members to a broad section of stakeholders, from government and regulators to patient groups and the media. Our goal is to secure the UK's position as a global hub and as the best location for innovative research and commercialisation, enabling our world-leading research base to deliver healthcare solutions that can truly make a difference to people's lives.

For further information, please go to www.bioindustry.org and twitter.com/BIA_UK.
About the ABPI
The ABPI represents innovative research-based biopharmaceutical companies, large, medium and small, leading an exciting new era of biosciences in the UK.

Our industry, a major contributor to the economy of the UK, brings life-saving and life-enhancing medicines to patients. Our members supply 90 per cent of all medicines used by the NHS, and are researching and developing over two-thirds of the current medicines pipeline, ensuring that the UK remains at the forefront of helping patients prevent and overcome diseases.

The ABPI is recognised by government as the industry body negotiating on behalf of the branded pharmaceutical industry, for statutory consultation requirements including the pricing scheme for medicines in the UK.
ABPI Press Office
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Public Affairs and Communications Executive, BioIndustry Association
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SHIRE FINALMENTE É DA ABBVIE POR 55 BI

A farmacêutica AbbVie comprou a Shire na passada sexta-feira num negócio de 32 mil milhões de libras (54,7 mil milhões de dólares) que permitirá à empresa dos EUA reduzir custos tributários ao transferir sede para a ilha Jersey, na Inglaterra.

A companhia britânica, que fabrica medicamentos caros para tratar doenças raras, rejeitou quatro ofertas anteriores da AbbVie até a empresa norte-americana elevar o seu preço para 52,48 libras por ação. O valor será pago em dinheiro, equivalente a 24,44 libras por ação, e com a emissão de 0,8960 novas ações da AbbVie.

A AbbVie comprou a Shire para cortar tanto a sua carga tributária nos EUA quanto a sua dependência no medicamento para artrite Humira®, o medicamento mais vendido no mundo e que perderá a proteção de patente nos EUA em 2016. A AbbVie, que gera quase 60 por cento da sua receita com o Humira®, tinha até sexta-feira para anunciar uma oferta firme pela Shire, estender o prazo ou desistir sob as regras de aquisição do Reino Unido.

A companhia agora planeja criar uma empresa combinada incorporada em Jersey, onde pagará um imposto real de cerca de 13 por cento, muito abaixo dos atuais 22 por cento, tornando o negócio um dos maiores acordos proporcionados por planejamento tributário.

O preço acertado pela AbbVie representa um prémio de cerca de 53 por cento sobre o preço das ações da Shire em 2 de Maio, o última dia útil antes da primeira oferta da AbbVie, que foi rejeitada pela Shire.

Comentando sobre a aquisição, o presidente do Conselho e presidente-executivo da AbbVie, Richard Gonzalez, disse que a combinação terá a melhor plataforma de desenvolvimento de produtos, uma linha de produção mais forte e mais capacidades de pesquisa e desenvolvimento.

"A combinação da AbbVie e da Shire é atrativa para acionistas das duas companhias", disse.

Parceria da BMS e Pfizer leva para o Brasil a segunda indicação de Eliquis®

A Bristol-Myers Squibb (BMS) e a Pfizer acabam de lançar no Brasil a segunda indicação de Eliquis® (apixabana), para a prevenção de vascular cerebral (AVC) em pacientes com fibrilação atrial não valvular (FANV.

O medicamento, primeiro e único anticoagulante que demonstrou eficácia superior à ação da varfarina e segurança similar a do ácido acetilsalicílico em dois estudos clínicos (chamados ARISTOTLE e AVERROES) realizados em pacientes com FANV, chega como nova opção de terapia num mercado que movimenta 160 milhões de reais por ano no Brasil (segundo dados do IMS).

A FANV é um tipo de arritmia cardíaca que acomete de 1% a 2% da população mundial. No Brasil, atinge cerca de 1,5 milhão de pacientes.

Em 2013, as vendas de Eliquis®, lançado recentemente em âmbito internacional para a sua segunda e principal indicação, somaram 146 milhões de dólares mundialmente. Só no primeiro trimestre de 2014, o medicamento teve vendas de 106 milhões, o equivalente a 72% do valor total do ano de 2013. Eliquis® é comercializado através da parceria global firmada entre Bristol-Myers Squibb e Pfizer.

Hospitais podem ser obrigados a exibir tabela com preço de serviços

Estabelecimentos de saúde, como hospitais, clínicas e consultórios, podem ser obrigados a exibir tabela de preços dos serviços prestados aos usuários. A exigência está no Projeto de Lei do Senado (PLS) 92/2014, do senador Jayme Campos (DEM-MT). O texto tramita na Comissão de Assuntos Sociais (CAS).

Segundo o projeto, a tabela deve contemplar os preços de consultas com médicos e outros profissionais, além de exames, custos administrativos e preços de todos os outros serviços oferecidos. A tabela precisa exibir os preços de forma clara e em local de fácil acesso. Os estabelecimentos que não atenderem à exigência cometerão infração sanitária e poderão também receber sanções previstas no Código de Defesa do Consumidor.

Segundo o autor do projeto, os brasileiros encontram dificuldades de toda ordem, seja na rede pública, seja no setor privado. Aqueles que não têm plano de saúde e recorrem ao atendimento na rede privada são surpreendidos com “contas absurdamente caras” após internações ou atendimento.

Para ele, a exibição da lista é fundamental para que os usuários tenham fácil acesso aos preços dos procedimentos. "Trata-se de medida simples, mas necessária. Milhões de brasileiros serão beneficiados, seja para ter elementos para decidir pela utilização ou não de tais serviços, seja para efetivamente controlar os custos e preços praticados”, argumentou.
Agência Senado

MPF investiga estagnação de gasto da União no SUS

O MPF (Ministério Público Federal) e Ministério Público de Contas, vinculado ao TCE (Tribunal de Contas do Estado) em São Paulo, abriram inquérito para apurar a queda proporcional de custeio do governo federal no SUS (Sistema Único de Saúde) nos municípios. Segundo as instituições, o Ministério da Saúde deixou estagnado na última década o repasse de verbas para as cidades, sobrecarregando os orçamentos das prefeituras, que ano a ano têm de despender mais valores para compensar repasses menores da gestão federal.
A investigação tem como um dos pilares pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que indica que caiu de 59,8% para 44,7% a relação da participação da União na montagem orçamentária do SUS entre 2000 e 2011 no País. Nesse período, são oito anos de governo do PT, sendo três anos com Alexandre Padilha como ministro da Saúde. Hoje ele é o candidato petista ao governo do Estado.
O SUS é mantido pelos três níveis de poder: União, Estado e município. O recurso é utilizado para pagamentos de procedimentos médicos, profissionais da área e compra de equipamentos e materiais.
MPF e Ministério Público de Contas consideram equivocada a correção anual dos valores investidos pelo governo federal. Em vez de vincular o reajuste à arrecadação do ano anterior e ao desempenho do PIB (Produto Interno Bruto), promotores defendem que seja fixado percentual de transferência a exemplo dos Estados e municípios, que têm de separar, pelo menos, 12% e 15%, respectivamente.
“Parte expressiva das despesas federais (…) têm sido canceladas ou prescritas, o que coloca em situação de risco o cumprimento do gasto mínimo da União no setor”, afirmaram Pedro Antonio de Oliveira Machado, procurador regional dos direitos do cidadão do MPF, e Élida Graziane Pinto, procuradora do Ministério Público de Contas.
Por nota, o Ministério da Saúde, hoje chefiado pelo ex-secretário em São Bernardo Arthur Chioro (PT), informou cumprir “rigorosamente o que determina a Constituição”. “Na última década, o orçamento federal executado mais que dobrou, passando de R$ 32,7 bilhões (2004) para R$ 83,1 bilhões (2013), exclusivamente, em ações e serviços públicos de saúde em todo o País. Neste mesmo período, o Ministério da Saúde executou R$ 5 bilhões a mais do que o exigido pela Constituição.”
De acordo com a professora de saúde coletiva da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) Vânia Barbosa do Nascimento, desde a regulamentação do SUS, pela Lei 8.080/1990, é sabido que os recursos são insuficientes para manter equidade nos atendimentos. “Existe discussão, que eu defendo, para que o governo federal gaste com o SUS 10% de seu Orçamento.”
A sobrecarga das prefeituras no custeio se dá pela pressão por melhora no atendimento, conforme a especialista. “Os prefeitos acabam assumindo a responsabilidade. No Grande ABC, o investimento já supera 20%.”
Números do Grande ABC comprovam dependência
Dados fornecidos por quatro das sete prefeituras do Grande ABC ao Diário corroboram com a investigação do MPF (Ministério Público Federal) e Ministério Público de Contas. Em uma década, cresceu a fatia de custeio de três delas no SUS (Sistema Único de Saúde).
Entre as administrações de Diadema, Mauá, Santo André e São Caetano, somente a última registrou aumento significativo da participação do governo federal no orçamento do SUS nos últimos anos. O montante da União passou de 15,6%, em 2011, para 26,5%, em 2013, no custeio total da Saúde da cidade.
No caso de Diadema, a União registrou queda no custeio, passando de 25,5% em 2011 para 22,8% em 2013. Nesse período o município ampliou participação de 74% para 76%, enquanto o Estado passou de 0,44% para 0,58%.
O Ministério da Saúde manteve, praticamente, o mesmo percentual de custeio em Mauá. Em 2011 transferiu 44,4% e, em 2013, 44,6%. A cidade conseguiu reduzir a participação de 55,5% para 51,9%, no mesmo período, por conta da entrada do Estado no rateio, que investiu 3,3% no montante do ano passado. “Como militante do SUS, defendo que 10% dos recursos federais sejam destinados para a Saúde. Seria o ideal. Mas a contribuição da União em marcas de credibilidade, como o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), são custeadas pelo governo federal”, comentou a secretária de Saúde de Mauá, Célia Bortoletto.
A baixa de investimento federal na rede de Santo André variou de 25,2% em 2011 para 25,1% em 2013. Já a participação da cidade no orçamento do SUS foi de 73,5% para 73,7%, no mesmo período. O Palácio dos Bandeirantes representou 0,6% em 2011 e 0,9% no ano passado.
Na região, sistema de Saúde apresenta série de falhas
Diversos equipamentos que compõem o SUS (Sistema Único de Saúde) no Grande ABC apresentam falhas crônicas. Superlotação, estruturas precárias e falta de materiais adequadas são alguns dos problemas presentes. A situação tem motivado os municípios a pleitear maior participação da União e Estado no rateio.
Diadema tenta convencer o governo do Estado a contribuir com o custeio do Quarteirão da Saúde que, segundo o Executivo, consome R$ 80 milhões por ano, e com a reforma estrutural do Hospital Municipal. A cidade também assistiu à demissão de 87 médicos por conta da falta de condições de trabalho.
O Hospital Municipal Doutor Radamés Nardini de Mauá passa por processo de recuperação desde 2010, quando a FUABC (Fundação do ABC) assumiu a gestão. Em outubro do ano passado, o Estado passou a destinar R$ 1 milhão por mês para auxiliar no custeio. A unidade também passa por reforma geral para afastar a imagem negativa. Em 2009, por exemplo, o então prefeito Oswaldo Dias (PT) afirmou que o local tinha baratas para reforçar o pedido de ajuda estadual.
Em São Bernardo, o Pronto-Socorro Central funciona em situação precária, com pacientes em macas espalhadas pelos corredores e falta de manutenção predial. O Ministério Público, inclusive, chegou a determinar que a unidade fosse reformada.
A terceirização de serviços de Saúde tem ocorrido com frequência em Santo André. Sem equipamentos próprios, a cidade recorre a contratos com organizações sociais para suprir a demanda. Os acordos, no entanto, acabam sendo firmados de forma unilateral e apresentam pouca transparência na prestação de contas.

domingo, 20 de julho de 2014

Vacinas, o melhor remédio

Neste programa, especialistas falam das pesquisas brasileiras para desenvolver vacinas contra a malária, dengue e outras doenças

Nos primeiros anos de 1900, quando o cientista Oswaldo Cruz tratou de vacinar a população do Rio de Janeiro contra a varíola, uma revolta popular que durou uma semana causou 23 mortes, dezenas de feridos e mais de mil presos. Muitos achavam que Iam ficar doentes por causa da vacina. Hoje a varíola é considerada doença erradicada no Brasil, exatamente por conta da vacina. O mesmo aconteceu com a poliomielite. E não há pais que reajam mais contra a vacinação dos bebês. Uma vacina contra a AIDS ou uma vacina que impeça a dengue é uma realidade próxima para os cientistas brasileiros. Uma solução capaz de economizar vidas, recursos financeiros e muito sofrimento. Afinal, desde que o médico inglês Edward Jenner criou, em 1796, a primeira vacina contra a varíola, se tornou consenso entre a comunidade científica que não há método melhor para se erradicar uma doença.

Participantes:

Ricardo Galler, formado em biologia animal pela Universidade de Brasília, com mestrado em ciências biológicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e doutorado na Alemanha, pesquisa vacinas contra a malária e contra a dengue. Foi vice-diretor de Desenvolvimento Tecnológico do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fundação Oswaldo Cruz - Bio-Manguinhos -, unidade capaz de produzir 300 milhões de vacinas por ano.

Davis Ferreira, ex-diretor do departamento de Virologia da UFRJ, é graduado em biologia celular e molecular pela Universidade do Estado de São Francisco, nos Estados Unidos, com mestrado em ciências biológicas e doutorado em microbiologia. Também é professor da Universidade do estado norte-americano da Carolina do Norte, onde fez seu pós-doutorado.Marcos Freire, originalmente graduado em veterinária pela Universidade Federal Fluminense, com doutorado em biologia parasitária, coordena a Rede de Vacinas Recombinantes do Programa de Desenvolvimento Tecnológico de Insumos para a Saúde, com sede em Bio-Manguinhos.

Apresentado pelo jornalista André Motta Lima, o programa conta com a participação de um Conselho Científico integrado pelas entidades vinculadas à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência - SBPC, permitindo que cientistas de várias especialidades debatam temas da atualidade. Os debates são exibidos em diversas emissoras com variadas alternativas de horários. A programação pode ser conferida pelo site do programa:http://www.tomeciencia.com.br/index1.html

Grupo avança no conhecimento sobre a caquexia - Os estudos realizados na UMC e na USP têm como foco os pacientes oncológicos

Estudos conduzidos por pesquisadores da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) e da Universidade de São Paulo (USP) têm promovido avanços na compreensão, diagnóstico e tratamento de uma síndrome complexa conhecida como caquexia.

Caracterizada por uma perda de pelo menos 5% do peso corporal - acompanhada de atrofia do tecido muscular e adiposo, fadiga, fraqueza e, frequentemente, perda de apetite -, a caquexia é uma complicação comum entre portadores de doenças crônicas como câncer, Aids, insuficiência cardíaca e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Os estudos realizados na UMC e na USP têm como foco os pacientes oncológicos.

"O avanço no tratamento da Aids e da insuficiência cardíaca tem conseguido evitar que os pacientes se tornem caquéticos. Mas a síndrome ainda é comum entre portadores de câncer, principalmente de tumores no sistema gastrointestinal. A incidência chega a 80% nos casos de câncer de pâncreas. E, quando o paciente desenvolve caquexia, torna-se refratário aos tratamentos convencionais contra o câncer", contou Miguel Luiz Batista Junior, pesquisador do Laboratório de Biologia do Tecido Adiposo (LaBiTA) da UMC e coordenador do projeto "Bases moleculares da caquexia: adipogênese e remodelagem da matriz extracelular do tecido adiposo branco de pacientes com câncer gastrointestinal", apoiado pela FAPESP.

Segundo Batista Junior, a comunidade científica ainda não sabe ao certo como começa e progride o caos metabólico que resulta na redução progressiva de massa corpórea. Sabe-se que há fatores inflamatórios envolvidos e que quando a perda ultrapassa 10% do peso torna-se praticamente irreversível - sendo muitas vezes a causa da morte dos pacientes oncológicos.

"Partimos da premissa de que o tecido adiposo é afetado precocemente pela caquexia e, por isso, tem um papel fundamental na evolução do quadro. Nosso objetivo é descobrir quais alterações esse tecido sofre durante o desenvolvimento da doença, suas consequências fisiológicas e como elas resultam na redução da massa corporal. Dessa forma, podemos procurar maneiras de detectar a doença em seus estágios iniciais, antes que o quadro esteja, de fato, estabelecido", disse Batista Junior.

Para estudar as transformações do tecido adiposo ao longo do tempo, os pesquisadores induziram um quadro de caquexia em ratos. Os resultados do experimento, realizado em parceria com pesquisadores da Escola de Medicina da Boston University, forampublicados no JournalofEndocrinology.

Células de câncer mamário murino (tumor de Walker) foram inoculadas no dorso dos animais, abaixo da pele. O tumor agressivo se desenvolveu rapidamente e, em cerca de duas semanas, o peso corporal dos roedores já estava 5% menor.

"Avaliamos diversos aspectos do tecido adiposo dos roedores no quarto, no sétimo, no 10º e no 14º dia após a inoculação do tumor, a fim de avaliarmos as alterações temporais durante os diferentes estágios de desenvolvimento da síndrome. Foram avaliados o tecido adiposo mesentérico [entre os intestinos], o retroperitoneal [próximo aos rins], o epididimal [próximo aos órgãos sexuais] e o subcutâneo inguinal [entre a barriga e a pata]", contou Batista Junior.

Além de aspectos morfológicos, como o diâmetro dos adipócitos (células que armazenam gordura), os pesquisadores também analisaram a expressão gênica e proteica e a presença de células de defesa e moléculas inflamatórias. Segundo Batista Junior, o tecido adiposo retroperitoneal foi o que se mostrou mais afetado e o mesentérico foi o mais resistente.

"Embora só tenha sido possível observar mudanças morfológicas [redução no diâmetro do adipócito] e redução na massa corporal no 14º dia, a expressão de uma série de proteínas importantes para o metabolismo do tecido adiposo já estava alterada desde o quarto dia, sendo que a mudança se intensificou no sétimo dia. Também estava reduzida, desde o quarto dia, a expressão de genes relacionados à lipogênese (síntese da gordura) e à adipogênese (criação de novos adipócitos). São alterações silenciosas, em nível molecular, que sinalizam que o animal vai desenvolver caquexia", disse.

O grupo observou ainda que, já a partir do sétimo dia, começa a aumentar progressivamente a presença de células de defesa no tecido adiposo, principalmente de macrófagos, e a liberação de citocinas inflamatórias.

"Atualmente, temos vários alunos com Bolsa da FAPESP estudando cada uma dessas alterações mais profundamente e tentando entender qual é o sinal inicial para que a expressão gênica e proteica se altere e o tecido se inflame. Se conseguirmos descobrir o gatilho do processo, poderemos testar drogas que sejam capazes de revertê-lo", disse o pesquisador.

Os resultados mais recentes do grupo permitem afirmar que, durante o desenvolvimento da síndrome, o tecido adiposo sofre um processo de remodelamento. Ocorre redução no número de adipócitos e aumento na matriz extracelular, que dá sustentação ao tecido. Há ainda aumento da lipólise e de células inflamatórias, além de maior liberação de adipocinas (hormônios produzidos nos adipócitos) e ácidos graxos para o organismo, o que parece ser o gatilho do caos metabólico que acaba resultando na caquexia.

Marcador precoce
Em outro estudo, publicado na revista Cytokine e realizado em parceria com o grupo da professora Marilia Cerqueira Leite Seelaender, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, os cientistas avaliaram o tecido adiposo de 79 pacientes submetidos a cirurgia abdominal no Hospital Universitário (HU-USP).

Os voluntários foram divididos em quatro grupos. Os do grupo controle não tinham câncer nem caquexia, mas foram operados para a retirada de uma hérnia inguinal.

O segundo grupo era de portadores de câncer gastrointestinal, mas sem caquexia. O terceiro, era de pacientes com câncer e com caquexia. O quarto e último tinha apenas caquexia, em decorrência de outras doenças de base, como cirrose hepática.

Por meio de exames de sangue coletado durante a internação pré-cirúgica, os cientistas analisaram diversos marcadores de inflamação, entre eles a interleucina6 (IL-6) e a proteína C reativa (PCR) e ambas estavam mais elevadas nos pacientes com câncer (com e sem caquexia). Após a cirurgia, os pesquisadores coletaram parte do tecido adiposo subcutâneo abdominal retirado para estudar a expressão gênica e proteica e a presença de células de defesa e moléculas inflamatórias.

O passo seguinte foi correlacionar os dados das análises do tecido adiposo com os marcadores de inflamação encontrados no plasma sanguíneo.

"No grupo de pacientes com câncer, foi observada correlação entre o aumento na expressão da IL-6 no tecido adiposo subcutâneo e aumento nas dosagens sanguíneas dessa citocina (5 vezes mais elevado). No grupo de pacientes com câncer e caquexia essa correlação foi ainda mais forte (aumento de 11,4 vezes), o que sugere que a IL-6 pode ser um marcador precoce da síndrome. Ou seja, níveis elevados de IL-6 no sangue de um portador de tumor gastrointestinal podem indicar que o paciente está desenvolvendo caquexia antes mesmo que ocorra a perda de massa corporal", disse Batista Junior.

Além disso, acrescentou o pesquisador, no caso de pacientes com câncer e caquexia, a IL-6 apresentou correlação positiva com o estadiamento do tumor, ou seja, quanto mais avançada estava a doença, maiores eram os níveis plasmáticos de IL-6 detectados.

Já o nível plasmático de adiponectina - uma das adipocinas produzidas exclusivamente pelo tecido adiposo que é importante na melhora à sensibilidade à insulina e tem função anti-inflamatória - mostrou correlação com a massa corporal dos pacientes. "Quanto maior era o nível de adiponectina, menor era a massa corporal", contou Batista Junior.

Os pesquisadores agora estão estudando o tecido muscular dos pacientes do HU-USP para ver as alterações provocadas pela síndrome. "Alguns estudos anteriores sugeriam que o tecido muscular seria afetado antes do adiposo, mas nossos dados sugerem o contrário", disse.

Tratamento
Em pesquisas ainda em andamento, os grupos da UMC e da USP testam o efeito de drogas experimentais e de exercícios físicos no controle da caquexia.

No âmbito de um Projeto Temático coordenado por Seelaender, foi testado durante seis semanas o efeito do treinamento de corrida em esteira em pacientes oncológicos do HU-USP que aguardavam pela cirurgia.

"Percebemos que todos os marcadores inflamatórios são reduzidos após o período de treinamento e ficam próximos dos níveis normais. Além disso, há melhora no apetite e o paciente para de perder peso", disse Batista Junior.

Em experimentos com camundongos realizados no LaBiTA-UMC, os pesquisadores investigam por quais vias bioquímicas e gênicas a atividade física modula a inflamação e melhora os sintomas da caquexia.

"O objetivo final é encontrar a chamada "pílula" do exercício. Se conseguimos entender em quais vias os exercícios atuam, podemos sintetizar e testar drogas que mimetizem o efeito", disse Batista Junior.

Os cientistas também estão testando em camundongos o efeito da droga pioglitazona, originalmente indicada para tratar resistência à insulina, mas que tem como efeito colateral o aumento do tecido adiposo.

Dados preliminares sugerem que o tratamento não apenas evita a perda de massa muscular nos animais com câncer induzido, como também reduz a perda de massa gorda, aumenta a sobrevida em mais de 30% e diminui o crescimento do tumor em mais de 45%.

"Estamos propondo a pioglitazona como uma das drogas que podem ter efeito anticaquético, mas ainda são necessários mais testes em animais e em humanos", disse Batista Junior.

(Karina Toledo/ Agência Fapesp)

Além do discurso político, Brics devem provar intenções

Editorial publicado no Valor Econômico

O discurso político predominou na reunião de cúpula dos Brics, realizada em Fortaleza nesta semana. Ao longo dos dois dias de encontro, o grupo anunciou a criação do Novo Banco de Desenvolvimento e do Arranjo Contingente de Reservas (CRA, na sigla em inglês), apresentados como alternativas ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Mundial.

Os Brics emitiram uma declaração oficial de 72 parágrafos em que se declaram "desapontados e seriamente preocupados" com o atraso nas reformas do FMI; indicaram tacitamente que a Rússia não está tão isolada quanto desejam os Estados Unidos e a União Europeia e ainda apoiaram explicitamente a Argentina em sua disputa com os fundos abutres.

A presidente Dilma Rousseff reclamou que os Brics concentram 21% do Produto Interno Bruto (PIB) global, mas têm uma participação de 11% no FMI. A proposta para mudar o sistema de cotas está empacada no Congresso americano desde 2010. "Precisamos trabalhar para a melhoria da governança econômica e aumentar a voz dos países em desenvolvimento", concordou o presidente chinês Xi Jinping.

Ao informar que o Novo Banco de Desenvolvimento nascia com capital de US$ 50 bilhões dividido em partes iguais, Dilma explicou que nenhum dos membros do grupo - África do Sul, Brasil, China, Índia e Rússia - quis se mostrar hegemônico. "Não é um formato do tipo de política tradicional, do tipo de Bretton Woods", disse em referência ao acordo que criou o FMI e o Banco Mundial, selado na Conferência Monetária e Financeira das Nações Unidas, realizada em 1944 para reorganizar a economia após a Segunda Guerra Mundial, que reuniu 730 delegados de 44 países. Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, os Brics foram além de Bretton Woods.

O Novo Banco de Desenvolvimento nasce teoricamente mais poderoso do que o Banco Mundial, cujo capital é de US$ 40 bilhões. Com os US$ 50 bilhões de capital subscrito, o banco dos Brics poderá alavancar US$ 560 bilhões em financiamento, canalizados para a infraestrutura, mais do que os pouco mais de US$ 300 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Banco Mundial. O capital autorizado vai bem além e chega a US$ 100 bilhões.

Mas os Brics pareceram mais entusiasmados com o Arranjo Contingente de Reservas, este sim mais comparável à função do FMI porque destina-se a ajudar os países membros com dificuldades no balanço de pagamentos. Na verdade, o sistema tem várias semelhanças com o FMI. As contribuições dos países ao fundo variam conforme o volume das reservas de cada um. A China entra com US$ 41 bilhões; Brasil, Índia e Rússia com US$ 18 bilhões cada um; e a África do Sul, com US$ 5 bilhões. O volume que cada país poderá sacar em caso de necessidade é também diferente. Embora haja um multiplicador que suaviza as diferenças, quem depositou mais saca mais: a China terá metade do que depositou, Brasil, Índia e Rússia exatamente o valor depositado; e a África do Sul, duas vezes.

Mas a principal surpresa é que o país só poderá sacar todo o dinheiro a que tem direito se tiver um programa de apoio financeiro com o FMI. Caso contrário, só terá direito a 30% do montante. Na prática, o CRA terceirizou para o Fundo todo o trabalho de verificação das contas do país que está pedindo a ajuda e imposição do ajuste fiscal, cambial e monetário.

Por isso, enquanto a cúpula dos Brics salientava as diferenças das decisões do grupo em relação às tomadas em Bretton Woods, funcionários das áreas mais técnicas se esforçavam em desfazer os ruídos e em explicar que as medidas complementavam o sistema do FMI.

Isso explica porque rapidamente a gerente geral do FMI, Christine Lagarde, soltou uma nota endereçada à presidente Dilma afirmando que a equipe do Fundo gostaria muito de trabalhar com a equipe que estava desenvolvendo o CRA "para reforçar a cooperação de todas as partes da rede internacional de segurança voltada para preservar a estabilidade financeira mundial". Lagarde procurou ainda afagar o grupo dizendo que os Brics são membros importantes do FMI.

Ao lançar o novo banco e o arranjo contingente, os Brics dão o primeiro passo concreto para demonstrar que são mais do que uma sigla criada pelo banqueiro de investimento Jim O'Neill em 2001 para vender mais títulos de mercados emergentes. Mas é necessário deixar o marketing para trás.

(Valor Econômico)

Cerca de 100 pesquisadores de Aids estavam em avião que caiu na Ucrânia

Grupo participava de Conferência Mundial sobre a doença em Melbourne, na Austrália
O Boeing 777 da Malaysia Airlines, que sofreu uma queda no território da Ucrânia, tinha 108 cientistas e pesquisadores que iam assistir à 20ª Conferência Mundial de Aids, em Melbourne, na Austrália, segundo alguns jornais do país. A elite intelectual seria parte majoritária dos 298 tripulantes que morreram no episódio.

Um dos pesquisadores, Joep Lange, foi presidente da Sociedade Internacional de Aids, entre 2002 e 2004, e atualmente atuava como diretor do Departamento de Saúde do Centro Acadêmico de Medicina da Universidade de Amsterdã. Recentemente, o pesquisador divulgou um estudo que demonstra, pela primeira vez, como um composto probiótico poderia atuar no vírus HIV.

Em 2001, Lange criou a PharmAccess, uma fundação sem fins lucrativos cujo objetivo era melhorar o acesso aos medicamentos e tratamentos da Aids em países pobres. O pesquisador contribuiu no desenvolvimento de terapias combinadas a preços acessíveis, e em meios de prevenir a transmissão do vírus da mãe para o bebê.

David Cooper, professor da Universidade de New South Wales, em Sidney, afirmou à agência Reuters que Lange tinha um compromisso absoluto com a pesquisa contra a doença e dava atenção especial aos países da Ásia e África.

- Ele nunca aceitava algo como impossível.

A Sociedade Internacional de Aids, que organizou a conferência, expressou suas condolências pela morte dos pesquisadores e afirmou que irá cooperar com as autoridades.

"Em reconhecimento à dedicação dos nossos parceiros na luta contra o HIV/ Aids, a conferência vai continuar como planejado e vai incluir oportunidades para refletir e lembrar aqueles que perdemos", afirmou em nota.

(O Globo com Agências)

Parceria com laboratórios estrangeiros cresce no país

A visibilidade da indústria farmacêutica brasileira no mercado global tem atraído mais parcerias entre laboratórios nacionais e estrangeiros, interessados em garantir sua entrada no país.

Na Eurofarma, os licenciamentos, uma das modalidades mais frequentes de parceria, respondem por 10% do faturamento das vendas totais da companhia no Brasil.

"A parcela se manteve nos últimos três anos e vem acompanhando a evolução da companhia, que cresce em média 17% ao ano", diz Maria del Pilar, diretora de novos negócios da Eurofarma.

Em alguns casos, uma empresa estrangeira desenvolve uma molécula, mas não está instalada no país.

A extensão territorial e a regulação interna do Brasil exigem investimentos e experiência do mercado, explica Nelson Mussolini, presidente executivo do Sindusfarma (sindicato do setor).

"Às vezes, é preferível ganhar menos [royalties ou participação nos lucros], mas entrar com rapidez no mercado, do que se arriscar."

Apesar de já estar instalada no país, a Eli Lilly fechou uma parceria com a Biolab para a comercialização de um redutor de colesterol.

"A droga foi desenvolvida por um laboratório japonês e registrada pela Eli Lilly Brasil, que, por não atender a área de cardiologia, nos chamou para fazer a comercialização", diz Cleiton Marques, presidente da Biolab.

As parcerias da Pfizer com outras companhias representam 24% do faturamento no Brasil. "Nosso produto mais rentável é resultado de uma parceria", afirma o diretor Glauco Marcondes.

(Coluna Mercado Aberto/ Folha de São Paulo)

Impedindo o Butantan de inovar e produzir

Em artigo na Folha de São Paulo, Isaias Raw fala da importância da vacina no Brasil
Vacinar é a arma mais eficaz e de menor custo para controlar doenças infecciosas. Trazida por imigrantes e turistas ou levadas das escolas para as casas por crianças não vacinadas, tais doenças podem, como em 1918 (influenza) e 1975 (meningite), tornar-se epidêmicas e matar milhares de pessoas.

Desde 1984, não aceito que o Instituto Butantan seja o preposto do grande cartel das multinacionais, oferecendo-se para apenas envasar vacinas importadas à granel -que são rotuladas como feitas no Brasil e fornecidas para o Ministério da Saúde sem licitação. Liderei um grupo que desenvolveu a produção das vacinas de difteria, tétano, coqueluche, hepatite e raiva. Até 2009, produzimos cerca de 700 milhões de doses que se mostraram eficazes e seguras, transformando o Butantan no maior produtor do continente.

Construímos uma fábrica de vacinas contra a influenza (gripe) mas, devido a problemas burocráticos, levamos anos até torná-la operacional. Isso nos obrigou a envasar, durante uma década, 200 milhões de doses importadas à granel. Quando finalmente produzimos as primeiras 20 milhões de vacinas, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) objetou que estávamos licenciados para envasar, não para produzir. Tivemos que descartar as doses e importar o granel, gastando cerca de US$ 20 milhões. Finalmente aprovados pela Anvisa em 2013, produzimos 35 milhões de vacinas, mas o Ministério da Saúde decidiu aproveitar apenas 10 milhões e importar o restante.

Em nenhum momento paramos de inovar e de introduzir novas tecnologias de produção. Desenvolvemos uma vacina contra coqueluche mais segura do que a vacina pertussis acelular, que resultou em mais de 50 mil casos da doença por ano só nos Estados Unidos. Ainda assim, seremos, em 2014, o único país a usar a vacina pertussis importada em todas as grávidas! A criada pelo Butantan tem como subproduto um adjuvante que permite economizar 75% das doses de influenza pandêmica, multiplicando a capacidade da fábrica em 400% e reduzindo custos. Nos associamos à agência governamental de pesquisas médicas norte-americana (o NationalInstitutesof Health, NHI), que tinha desenvolvido a dose pentavalente contra o rotavírus. Não conseguimos, porém, completar os testes clínicos, pois um produtor ligado ao ministério passou a envasar uma outra vacina. A um custo de US$ 15 milhões por ano, esse produto demonstrou não proteger do sorotipo de rotavírus prevalente no Brasil.

Ainda em parceria com o NHI, desenvolvemos a produção da vacina tetravalente contra a dengue. Testada nos Estados Unidos, ela demonstrou, com apenas uma dose, eficácia de cerca de 90%. A Anvisa não cumpriu o acordo de permitir o ensaio clínico, barrando a autorização por 18 meses, o que permitiu a uma multinacional testar a sua vacina no Brasil. A fórmula estrangeira demonstrou ser ineficaz em 70% daqueles que receberam três doses! Resultado: perdemos dois anos e a dengue tornou-se epidêmica no Brasil.

Obviamente, somos uma ameaça internacional ao inovar, desenvolver tecnologia e produzir. Temos um mercado cativo de grande porte onde todos têm direito a receber vacinas gratuitamente. Exigências impostas como inadiáveis e a falta de financiamento federal adequado impedem nossa produção, enquanto o Brasil volta a ser colônia e importa mais de US$ 1 bilhão em vacinas.

ISAIAS RAW, 87, é professor emérito da Faculdade de Medicina da USP. Foi diretor do Instituto Butantan e presidente da Fundação Butantan.
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(Folha de São Paulo) 

Análise de Mídia - REVISTAS

Com a VI Cúpula do BRICS ao centro, revistas nacionais trazem neste fim de semana avanços importantes no debate relacionado a temas como comércio exterior e relações entre emergentes, iniciado pelos jornais durante a semana.

Tom positivo marca a maneira como os veículos registram os acordos firmados entre os chefes de Estado e, principalmente, a criação do banco comum de investimentos patrocinado por Brasil, Índia, Rússia, China e África do Sul.

Parte da agenda também resgata o clima de pessimismo captado pela imprensa nos últimos dias, em especial diante da divulgação de dados oficiais negativos para o emprego e a produção.

Em foco ainda, a continuidade da agenda que avalia os rumos da política econômica. Entrevistas e informações de bastidor reforçam teses cada vez mais consistentes de que o PIB não avançará neste ano como o governo imagina.
  •  ISTO É DINHEIRO indica que o BRICS desafia a velha ordem financeira global e assinala o potencial de negócios para as empresas dos cinco países. Reportagem destaca o encontro organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e por outras entidades do setor produtivo, que teve a participação de mais de 800 empresários. Juntos, os quatro países são o destino de um quarto das exportações brasileiras e origem de 21% de tudo o que o Brasil compra do Exterior. “Temos boas perspectivas de negócios”, diz ROBSON ANDRADE, presidente da CNI.
  • Ainda segundo ISTO É DINHEIRO, embora a indústria brasileira venha sofrendo hoje com a concorrência dos importados chineses, o presidente da CNI comemora o aumento do relacionamento com a Rússia, onde vê oportunidades para o setor farmacêutico. Conforme a revista, ele reclama, no entanto, da falta de equilíbrio na relação com os chineses. “Eles têm muita facilidade para investir aqui, mas nós temos dificuldades para investir lá”, afirma ANDRADE.
  • CARTA CAPITAL destaca que o Novo Banco de Desenvolvimento pretende aumentar os grandes financiamentos para obras de infraestrutura e o desenvolvimento sustentável dos países do BRICS e outras economias, emergentes ou em desenvolvimento. Segundo a revista, o grupo se consolidou como contraposição ao G-7. Reportagem pontua também que a reunião dos cinco chefes de Estado com os presidentes dos países da América do Sul integrantes da Unasul ampliou o significado político da VI Cúpula.
  • Na mesma reportagem, CARTA CAPITAL aponta que a Declaração de Fortaleza assinada pelos líderes dos BRICS reconhece "o importante papel das empresas estatais na economia", destaca a assinatura do memorando de cooperação entre agências de crédito para exportação dos BRICS e se compromete a desenvolver o mercado de seguros e resseguros e a estimular a participação das pequenas empresas.
  •  Em outra reportagem sobre acordo de cooperação financeira e monetária do BRICS, CARTA CAPITAL assinala que não vai ser fácil para os americanos partilharem a liderança monetária com a China.
  •  Coluna OBSERVADOR DA GEOPOLÍTICA, na revista ÉPOCA, afirma que a criação do banco do Brics é um avanço na consolidação do bloco, “mas sua força na cena global ainda não passa de mera expectativa”. Segundo a coluna, a constituição do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) e do fundo de reserva emergencial de US$ 100 bilhões “são decisões ainda mais simbólicas que de efeitos concretos e, portanto, insuficientes para garantir para o bloco um papel determinante nas decisões econômicas globais”.
  • Ainda sobre os desdobramentos da cúpula, ISTO É assinala que desde 2012 os BRICS exibem uma taxa média de expansão que é pelo menos o dobro da das nações mais ricas. Texto aponta que a grande unidade do bloco é que são países de desenvolvimento médio, com liderança geopolítica em suas respectivas regiões e que suas economias geram 20% do PIB mundial.
  •  LEONARDO ATTUCH, em sua coluna na revista ISTO É, opina que a cúpula atingiu resultados bem maiores do que os céticos previam. Segundo o colunista, um dos desdobramentos possíveis será o início do comércio entre o BRICs, que já são detentores de grandes reservas internacionais, em suas próprias moedas, enfrentando a hegemonia do dólar. “O encontro de Fortaleza serviu para mostrar que um mundo multipolar já é realidade e que uma nova ordem internacional está nascendo”, destaca.
  • Em entrevista à revista VEJA, a diretora da Human Rights Watch, em Moscou, Tanya Lokshina, afirma que o presidente russo usa o americano Edward Snowden como instrumento de propaganda e agora faz o mesmo com os BRICS.
  •  Como ponto de atenção, ISTO É DINHEIRO destaca em tom de alerta a queda do emprego industrial e afirma que o setor encara seu maior desafio: aumentar a produtividade. Revista exemplifica que o segmento de calçados e couro registra uma das piores quedas no emprego industrial neste ano, de 7,7%, só superada pela do setor de petróleo e coque (-8,2%). No geral da indústria, a ocupação chegou, em maio, ao seu 32º mês seguido de retração, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, segundo o IBGE.
  • Ainda segundo ISTO É DINHEIRO, “enquanto o setor de serviços continua contratando, a indústria demitiu quase 30 mil trabalhadores e levou o governo a reduzir de 1,5 milhão para um milhão a meta de novos postos de trabalho com carteira assinada neste ano”. Um levantamento da Fiesp indica que a produtividade na indústria brasileira caiu 1,7% de 2004 a 2011, enquanto a maioria dos parceiros comerciais do País teve um avanço de 3,4%.
  •  A reforma tributária e alta da inflação também estão em destaque nas revistas. Textos lançam mão de itens associados ao mercado e de opiniões de analistas que, comumente, frequenta as páginas dos jornais diários.
  • Em entrevista à ISTO É DINHEIRO, o ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, fala sobre reforma tributária, inflação e incentivos à indústria e destaca que o governo deve evitar que a política monetária seja usada de maneira demasiada no debate eleitoral. Sobre a política econômica interna, o ministro afirma que o governo procura “fazer movimentos tributários ou de incentivo de crédito para permitir maior competitividade, sem jogar a conta para a população”. Em outro trecho, ele diz que “é importante ter um olho na inflação e outro na geração de emprego e renda. A inflação incomoda os trabalhadores. Mas, para o trabalhador, pior do que inflação é desemprego alto e arrocho salarial”.
  • Berzoini adverte também sobre problemas no diálogo entre governo e empresariado. “A relação entre o governo e o empresariado é de altos e baixos”, disse. O ministro lembra que a presidenta Dilma Rousseff reuniu o setor industrial para anunciar medidas como a prorrogação do Reintegra, que aumenta a competitividade, “e a reação foi muito boa”. Além disso, “ela tem inaugurado várias obras logísticas que buscam a retomada do crescimento”, pontua Berzoini.
  • Em artigo sobre a reforma tributária na CARTA CAPITAL, ANTONIO DELFIM NETTO põe em xeque a legislação sobre o imposto de “grandes fortunas” e as interpretações sobre ela. Para o ex-ministro, um imposto sobre o patrimônio pode ser um complemento para dar maior Justiça Tributária ao Imposto de Renda. Mas ele pondera que o tributo “apresenta problemas graves e sua implementação é duvidosa”. “Não há nada que uma regulamentação adequada do Imposto de Renda não possa fazer com maior justiça e com maior eficiência”, afirma.
  • DINHEIRO NA SEMANA, na ISTO É DINHEIRO, registra que os senadores aprovaram por unanimidade a universalização do Supersimples, regime que facilita o pagamento de tributos por micro e pequenos empresários. “Não é a tão sonhada reforma tributária, mas pelo menos já se trata de um caminho para a modernização do modelo de arrecadação de impostos no País”, situa a coluna.
  • MAÍLSON DA NÓBREGA, em sua coluna na VEJA, adverte que a inflação, medida pelo IPCA, rompeu o teto da meta (6,5%) e que se não fosse a repressão aos preços de combustíveis, energia elétrica e outros, chegaria pelo menos a 8%. Segundo ele, a partir dos anos 1950, o Brasil se notabilizou como o país mais tolerante à inflação. "É chegada a hora de abandonar a tolerância à inflação. Nada diz que o Brasil não possa caminhar para uma meta anual de 3%. A experiência mundial prova que o desenvolvimento é mais factível com baixa inflação. Não o contrário, como o atual governo parece acreditar", enfatiza.
  • A SEMANA, em ISTO É, registra: “R$ 53,8 bilhões – É o custo da crise que vem desde o ano passado no setor elétrico do País. Desse total, R$ 35,3 bilhões serão pagos pelos consumidores em suas contas de luz. Os R$ 18,5 bilhões restantes se diluirão em impostos. Os dados são da CNI”.
  •  ISTO É entrevista com exclusividade o ex- secretário de Política Econômica do governo Lula, o economista Marcos Lisboa, que avalia o comportamento da economia do país. Segundo ele, as dificuldades dos países desenvolvidos têm contaminado os países emergentes, mas nós temos sofrido mais do que os demais". Vice-presidente do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), Lisboa afirma que o velho nacional-desenvolvimentismo dos anos 1950 e 1970, baseado na intervenção na economia, voltou.
  • Lisboa faz uma série de considerações sobre a conjuntura e os rumos da política econômica. Em especial, ressalta o papel da educação no processo de construção de alicerces mais sólidos para o Brasil. “Se compararmos com nossos vizinhos, o Brasil destoa deles pelos baixos indicadores de educação. E não à toa o Brasil apresenta uma realidade desigual de renda. E isso está associado à desigualdade dos indicadores de escolaridade”.
  • Em reportagem sobre novos negócios de robótica, ISTO É DINHEIRO registra que pela primeira vez, o País vai receber um dos mais importantes eventos mundiais do setor: a Robocup 2014, que será realizada entre 19 e 25 de julho em João Pessoa (PB). Reportagem destaca que, no ano passado, a produção e a venda de robôs industriais e domésticos movimentaram US$ 28 bilhões. Até 2020, estima-se que esse mercado alcance US$ 40 bilhões. Texto pontua ainda que os negócios de robótica estão se ampliando para além de sua origem, a automação industrial.
  • Em reportagem de capa, ISTO É adverte que “o antagonismo Brasil/Argentina ganhou cores mais intensas nesta Copa, com direito a confusões generalizadas” e aponta o risco de que esta disputa ultrapasse as quatro linhas e “comprometa a amizade, o turismo e o comércio entre as nações vizinhas”. A historiadora Maria Lígia Coelho Prado, do Laboratório de Estudos de História das Américas da USP, afirma que, apesar dos problemas pontuais, as relações bilaterais são boas e a população de ambos os países não se vê como inimiga, ao contrário. Para ela, os excessos da Copa “não podem contaminar a relação entre os povos e a diplomacia que as duas principais forças do continente compartilham em áreas como a política e a economia”.
  • PODER, coluna na ISTO É DINHEIRO, registra: “Emperrados há um ano no Senado, os pedidos de reestruturação de dívidas de quatro países impedem o Brasil de intensificar os negócios com a África, segundo o Itamaraty. O perdão da dívida de US$ 709,1 milhões, contraída nos anos 1970 por Congo, Zâmbia, Tanzânia c Costa do Marfim, poderia aumentar exportações e obras de empresas brasileiras nesses países”.
  • FELIPE PATURY, em sua coluna na revista ÉPOCA, informa: “os presidenciáveis receberão da CNI 42 estudos sobre economia e propostas para dez áreas. Entre elas, fiscal, trabalhista e de comércio exterior”.

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