Cobertura econômica tem
prevalência de reportagens especiais sobre a economia do país que acabam
passando ao largo do interesse específico do setor industrial, neste domingo
(5).
Única menção do dia está na
coluna PANORAMA ECONÔMICO, em O ESTADO DE S. PAULO. Nota revisa tema de ontem e
afirma que “o brasileiro está com mais medo de perder o emprego no 2º trimestre
do ano”.
O jornal lembra que “5,4 % foi
o aumento em junho do índice de Medo do Desemprego, uma pesquisa da CNI na
comparação com março”.
FOLHA DE S. PAULO
Setor energético ainda tem
rombo de R$ 4 bi
O ESTADO DE S. PAULO
‘Lava Jato prossegue doa a
quem doer’, diz diretor da PF
O GLOBO
Estado do Rio gasta R$ 1 bi
por ano com vereadores
CORREIO BRAZILIENSE
“Dilma está sozinha”, afirma
ministro do STF
A cobertura de bastidor
qualifica as menções de interesse da indústria nas edições de hoje, o que
reposiciona temas estratégicos.
Destaque do dia está em
informação da FOLHA DE S.PAULO, que em reportagem diferenciada sobre a situação
de crise política no país aponta que “empresários” têm procurado representantes
do PMDB “para discutir saídas para a crise política e econômica”. Entre eles, o
presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o senador Romero Jucá e o vice-presidente,
Michel Temer.
“Em encontros reservados,
pesos pesados da economia têm exposto aos peemedebistas a avaliação de que, se
a economia afundar ainda mais, o setor privado irá junto e o país corre o risco
de enfrentar graves tensões sociais”, relata o jornal.
Conforme a reportagem, o
empresariado teme a saída do vice-presidente Michel Temer do posto de
articulador político do governo, o que “representaria um agravamento da crise,
com desfecho imprevisível”.
Também em FOLHA, outra
reportagem fala em isolamento do ministro Joaquim Levy (Fazenda) promovido pela
presidente Dilma Rousseff.
“Há apenas seis meses no
cargo, Levy foi parar na ‘geladeira’. Trata-se de um destino comum para quem
convive com a presidente. Quando ela se aborrece com algo, manda o assessor
para a ‘Sibéria’, como se brinca no Planalto, até que sua paciência seja
restabelecida”, afirma a FOLHA.
A reportagem menciona, por
exemplo, discordâncias de Levy em relação ao plano nacional de exportações e
que, incomodado por ter sido voto vencido em relação a alguns pontos, faltou ao
anúncio do programa.
Ainda no jornal paulista,
outra reportagem diferenciada apresenta uma série de breves entrevistas com
executivos de multinacionais americanas, apontando o que eles esperam do Brasil
para que o país possa ampliar sua relação de parceria comercial com os Estados
Unidos.
Entre os pontos trazidos pelos
executivos estão a necessidade de melhoria no ambiente de negócios, indicada
por David Cheeswright, presidente do Walmart, e a liberdade para o setor
privado, apontada pelo diretor do CSIS (Centro para Estratégias e Estudos
Internacionais), Carl Meacham.
“O governo brasileiro deveria
estabelecer um marco para o comércio entre os dois países, e o setor privado
deve correr livre para investir no que quiser e fazer o produto que quiser,
trabalhando às vezes com os brasileiros, às vezes não”, indica Meacham.
O investimento em inovação
também é destacado pelo presidente da consultoria Altrius, William Morley, que
recomenda um maior financiamento por parte do governo ao Instituto Nacional da
Propriedade Industrial.
OGLOBO aborda o cenário
político de afirma que “o aprofundamento da crise de popularidade da presidente
Dilma, neste início de segundo mandato, coincide com danos consideráveis à
imagem do PT causados à medida que avançam as investigações da Lava-Jato”. Ao
avaliar a situação, jornal opina que “muitos dos pontos negativos decorrem dos
erros de política econômica”.
FOLHA DE S.PAULO também fala
de política, mas sob o prisma da aprovação da maioridade penal na Câmara essa
semana. Jornal diz que o presidente, Eduardo Cunha, quer fazer da Casa
Legislativa um “reino de um homem só”. Texto se posiciona contrário à proposta
e defende “uma proposta em trâmite no Senado, que assegura tempo maior de
internação, em instituição própria, para o menor responsável por tais
horrores”.
Também no contexto político, O
ESTADO DE S.PAULO fala que “o PT se mexe e não sai do lugar”. Avaliação do
jornal é que “o noticiário político está repleto de uma ampla variedade de
assuntos que se resumem a um só: o fundo do poço cavado por Lula, Dilma, o PT
& Cia”.
Também em ESTADÃO, EDITORIAL
ECONÔMICO afirma que a situação da economia tem elevado o risco de solvência
das empresas. “Dados divulgados por empresas especializadas em informações
sobre a situação financeira de potenciais tomadores de crédito mostram que
cresce rapidamente o número dos pedidos de recuperação judicial e de falência”.
CORREIO BRAZILIENSE aborda a
discussão sobre as pedaladas fiscais e diz que a tese de impeachment “pode e
deve” ser cogitada. O jornal defende que a presidente Dilma é responsável por
eventuais transgressões às leis da República e deve obedecer as regras de uma
administração e a Lei de Responsabilidade Fiscal. “Das duas uma, ou o governo
refaz o orçamento e escancara o déficit ou será necessariamente ré de crime de
responsabilidade, o que poderá levar ao impeachment por evidente improbidade
administrativa (gravíssima)”, conclui.
O ESTADO DE S.PAULO e O GLOBO
publicam artigo de FERNANDO HENRIQUE CARDOSO no qual ele aborda o papel da
oposição neste momento de crise política e econômica. O tucano cobra que as
oposições não devem votar “contra os interesses da Nação” e que espera delas
uma “visão de futuro”.
“Espera-se que defendam a
reindustrialização do País, sem hesitar na crítica a políticas canhestras de
conteúdo nacional que, sob a pretensão enganosa de estimular a produção local,
acabam por isolar o Brasil e condená-lo à obsolescência tecnológica”, escreve o
ex-presidente da República, entre os pontos dessa visão de futuro.
PAINEL, na FOLHA, relata que
“empresários, que antes rejeitavam uma ruptura por recear a instabilidade
econômica, agora procuram caciques do Congresso para sondar o terreno e para
dizer que não botam mais fé no ajuste fiscal”.
No ESTADÃO, coluna de AFFONSO
CELSO PASTORE faz uma retrospectiva das ações de controle fiscal nas últimas
décadas, especialmente a partir do governo Lula. Segundo ele, “um dos erros
cometidos nos últimos anos foram ações que levaram ao crescimento dos salários
reais muito acima da produtividade média, acarretando o forte crescimento do
custo unitário do trabalho medido em reais, que é o grande responsável pela
destruição da competitividade da indústria e pela queda das exportações”.
MERCADO ABERTO, na FOLHA, traz
avaliações de empresários brasileiros que participaram de reuniões com a
presidente Dilma na visita aos Estados Unidos, na última semana.
“Empresas com negócios no
exterior afirmam ter observado uma maior atenção ao comércio exterior com as
visitas da presidente e do ministro Armando Monteiro (do Mdic) aos EUA e ao
México, além da recepção ao premiê chinês, Li Keqiang no Brasil”, aponta a
coluna.
Também em MERCADO ABERTO, nota
informa que “seis em cada dez diretores de recursos humanos ouvidos pela
empresa de recrutamento Michael Page no Brasil afirmaram ter demitido no
primeiro semestre deste ano”.
Reportagem em O GLOBO mostra
que o mercado de trabalho para profissionais com formação técnica está em alta
no país, mesmo com o cenário geral de crise no emprego. Segundo o jornal, “a
procura por cargos neste perfil aumentou 15% nos primeiros quatro meses deste
ano em comparação com o mesmo período de 2014”.
Segundo avaliação do gerente
da consultoria RH Page Personnel, André Borges, “as indústrias não pararam,
pelo contrário, elas precisam continuar produzindo de maneira eficaz”.
Apesar do cenário positivo,
jornal também menciona estudo encomendado pelo SENAI em 2014, que apontou que
“apenas 7,8% das pessoas entre 16 e 24 anos fazem cursos desse tipo no país”,
conforme O GLOBO.
Em entrevista também ao GLOBO,
a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Helena Nader,
aponta que “não é possível haver uma economia inovadora com uma população que
tenha uma plataforma educacional deficiente”.
Cobertura política encontra
diversidade nos jornais nacionais deste domingo (5). A articulação política e a
crise do governo continuam no radar, mas se concentram nas colunas de opinião,
o que qualifica as abordagens.
Demais assuntos que marcaram a
semana também têm espaço reservado, com tom mais analítico que nos dias
anteriores. Entrevistas ditam o ritmo da cobertura.
Nesse contexto, uma das que
merece destaque é do diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, a O
ESTADO DE S.PAULO. A expressão “doa a quem doer”, usada por ele para defender a
Lava Jato está estampada na manchete do jornal de hoje.
Ao longo da conversa, Daiello
defendeu a PF e disse que não vai “aceitar ingerência política”. “Pressionar o
ministro da Justiça para influenciar, evitar, coibir qualquer ação da PF não é
uma possibilidade. Pensar nesse sentido é premeditar o cometimento de um
crime”.
Outra entrevista está em
CORREIO BRAZILIENSE. Ao jornal, o ministro do Supremo Tribunal Federal Marco
Aurélio Mello faz uma avaliação do governo e afirma que a presidente Dilma
Rousseff “está muito isolada”.
Em duas páginas, CORREIO destaca
declarações do ministro sobre a Operação Lava Jato, a situação do judiciário e
as recentes declarações do ex-presidente Lula. “O criador está arrependido da
criatura”, frisou.
Em outra frente do noticiário,
todos os jornais destacam novidades nos casos de espionagem dos EUA ao Brasil.
Textos relatam informação divulgadas pelo WikLeaks, segundo as quais 29 números
de telefones de membros do alto escalão do governo brasileiro foram
selecionados como alvos de interceptação.
“Um mapeamento ainda revelou
quatro temas de interesse: desarmamento, temas econômicos, meio ambiente e a
relação do Brasil com países em desenvolvimento, principalmente africanos”,
destaca ESTADÃO.
Noticiário econômico segue
mesma tendência da cobertura política e se diversifica neste domingo. Questões
macroeconômicas estão em posição de destaque.
Em manchete de primeira
página, FOLHA DE S.PAULO informa que a conta de luz deve aumentar ainda mais.
Isso porque “o sistema de bandeiras tarifárias, que ele mensalmente as contas,
não foi suficiente para cobrir os gastos extras das distribuidoras com o uso
das térmicas e com a compra extra de energia”.
Em abordagem diferenciada, O
GLOBO destaca que a geração entre 20 e 30 anos vive sua primeira recessão.
“A bonança do mercado de
trabalho dos últimos dez anos - que beneficiou esses jovens - deu lugar a uma
taxa de desemprego de 16,4% em maio para quem tem entre 18 e 24 anos. Há um
ano, o percentual estava em 12,3% nas grandes metrópoles. A inflação, que
parecia vencida há 20 anos, assusta novamente, em tomo de 9% ao ano, corroendo
os ganhos das famílias. A desesperança diante das expectativas cada vez piores
do desempenho econômico completa o quadro com o qual essa geração terá que
lidar”, afirma o diário carioca.
Encerrando a agenda econômica,
está em destaque em todos os jornais o plebiscito grego a ser realizado hoje.
Os cidadãos vão às urnas para definir se o país deve aceitar ou não a proposta
de socorro internacional. Reportagens alertam para os riscos de o país sair da
zona do euro caso o resultado seja contrário.
FOLHA publica análise que
ressalta semelhanças da situação da Grécia com o Brasil. “A economia aqui
também cresceu com ilusionismo econômico, sem aumento de produtividade e com
gastos públicos exagerados e maquiagem nas estatísticas".
Texto afirma que “aqui o
quadro é mais grave, há várias divisões e os rumos da condução da economia
mudam com frequência”.