Fórum debateu panorama nacional do
Diabetes
O “Fórum Nacional de
Diabetes - um mal que pode ser evitado” movimentou o
Senado Federal, no último dia 22. Com objetivo de promover um espaço de
discussão sobre a doença no Brasil, o evento reuniu representantes do governo,
do Congresso Nacional, além de profissionais e entidades ligados ao tema
O Fórum Nacional de Diabetes
oportunizou, no dia 22 de setembro, um debate aprofundado sobre o papel do
Estado na prevenção, tratamento e controle do Diabetes e as dificuldades do
médico, do paciente e das famílias, dentre outros temas. O evento, de
iniciativa do Programa Ação Responsável, em parceria com o Governo Federal, foi
realizado no auditório do Interlegis, no Senado Federal. A presidente do
Instituto Brasileiro de Ação Responsável, Clementina Moreira Alves, reiterou,
na ocasião, o compromisso do Programa aos assuntos que garantem soberania de
estado e desenvolvimento para o País. “Após 16 anos de atividade, é com enorme
satisfação que lançamos o debate no assunto Diabetes. Acredito que, assim como
evoluímos fortemente em outras matérias, por meio do debate, avançaremos também
nessa temática”, pontou.
Presente na abertura do Fórum, o
senador Hélio José (PSD-DF), que é portador da doença, destacou: “gostaria que
todo diabético tivesse acesso ao mesmo suporte, atendimento e carinho que tenho
recebido ao longo desses anos de tratamento. Infelizmente nem todos têm essa
oportunidade”. Na ocasião, se comprometeu a defender a aprovação de uma
audiência pública para discussão do tema em âmbito distrital.
Hermelinda Pedrosa, vice-presidente
da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e presidente da SBD-DF, defendeu a
importância de um maior incentivo à prevenção da doença no país. “O trabalho
não pode estar focado apenas no tratamento. Precisamos ter um foco preventivo”,
argumentou. Segundo ela, há possibilidades de se prevenir a doença em até 60%
com o fomento de políticas preventivas, como o incentivo da população a hábitos
mais saudáveis, com a prática de exercícios físicos e alimentação balanceada.
O senador Dalírio Beber (PSDB-SC) e o
gerente de relações internacionais da Agência Nacional de Saúde Suplementar
(ANS), Alfredo Souza de Moraes, também participaram da abertura do Fórum. Ambos
agradeceram o convite e elogiaram a iniciativa do Programa em abordar o tema
Diabetes de maneira democrática e apartidária na capital do país “Precisamos
debater, pois o tema Diabetes integra a plataforma de governo”, citou o
senador.
Panorama nacional do Diabetes
Compondo a mesa técnica do evento,
Heide Gauche, especialista em Políticas de Saúde e Gestão Governamental do
Departamento de Atenção Especializada e Temática da Secretaria de Atenção a
Saúde do Ministério da Saúde, falou sobre o trabalho que é desenvolvido pelo MS
na área do Diabetes. Na oportunidade, apresentou dados da Vigitel de 2013.
Destaque, dentre outros registros, para a elevada diminuição do tabagismo, um
dos grandes fatores de risco para a doença - de 34,8% para 11,3%. Destacou,
ainda, evolução da coordenação do cuidado pela unidade básica de saúde. “Houve
evolução da atenção básica. Hoje, 60% da população com diabetes tem cobertura”,
pontuou.
Karla Melo, coordenadora do
Departamento de Saúde Pública da SBD e médica da equipe do Hospital das Clínicas
de São Paulo, apresentou a situação atual do Diabetes no Brasil. Segundo ela,
mais de 90% dos diabéticos possui o Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2). Porém, a
demanda do uso da insulina injetável para quem possui esse tipo da doença vem
crescendo, devido à negligência dos cuidados iniciais que a doença requer. “Os
diabéticos do Tipo 2 que passam a usar insulina normalmente são aqueles que não
mudaram seus hábitos de vida”, relatou. Na ocasião, Karla destacou, ainda, os
altos custos do Diabetes no país, dentre os quais está a crescente
judicialização da medicina. “A distribuição governamental de insulinas humanas
para todas as unidades de saúde do SUS gira em torno de R$ 48 milhões, para
cerca de 14 milhões de frascos, enquanto cerca de 15 mil mandados judiciais
movimentam o equivalente a R$ 15 milhões”, comparou.
Representando a Coordenação Central
de Diabetes da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, a endocrinologista
Eliziane Brandão Leite apresentou a situação do Diabetes no DF. Segundo dados
da Vigitel, o DF possui cerca de 178 mil pessoas com a doença. Entre 5 e 10% do
total são DM1 e, entre 6 e 10% de DM2 usam insulina. Para ela, o maior desafio
é poder contar com equipes completas na atenção especializada. “Não podemos ter
dois tipos de assistência. É uma questão de educação profissional em diabetes,
para que possam de fato atingir o almejado bom controle da doença e garantir o
acesso às novas tecnologias em diabetes”, completou.
Reine Marie Chaves Fonseca,
coordenadora do Centro de Referência Estadual para Assistência ao Diabetes da
Secretaria de Saúde da Bahia - CEDEBA, contou aos presentes sobre a atuação do
PROCED (Projeto de Capacitação e Educação em Diabetes) no estado da Bahia.
Segundo ela, a experiência, realizada no ano de 2014 em 11 municípios baianos
do extremo Norte, além de outras duas cidades, possibilitou aumento na detecção
do Diabetes em 20%. O projeto foi realizado em parceria com a World Diabetes
Foundation (WDF) e a Organização Panamericana de Saúde (OPAS) e deve se
expandir para a Região Metropolitana de Salvador. De acordo com Reine, o foco
do projeto é a educação. “Diante da progressão do número de portadores do
Diabetes, precisamos implementar mais educação, que pode ser parte da
solução", defendeu.
Pé diabético
Fechando a mesa técnica do Fórum,
Hermelinda Pedrosa falou, ainda, sobre os desafios do Diabetes e a dimensão do
mau controle glicêmico no Brasil. Com base em dados de 2007, 89,6% dos casos do
DM1 e R$ 73,2% dos casos do DM2 tem controle inadequado. Outro problema citado
foi acerca das complicações diabéticas, como a neuropatia e o pé diabético,
“que são problemas negligenciados, devido à escassez de recursos humanos
especializados”. Destacou que a incidência de úlceras ao longo da vida gira em
torno de 25%, 85% das amputações são precedidas de úlceras e, de 40 a 70% das
amputações não traumáticas, estão associadas ao Diabetes. Como perspectivas
para mudar essa situação, a médica endocrinologista apontou: investimento em
organização (gestão) e padronização, integração dessa especialidade na atenção
básica de saúde e o incremento em educação visando à prevenção.
Diabetes nas Escolas
E se o assunto é educação, Glaucia
Margonari Bechara, psicóloga e consultora da ADJ Diabetes Brasil encerrou o
evento com a apresentação do Case “Projeto KIDS no Brasil”. O projeto
internacional foi implantado de forma piloto no Brasil e na Índia, com objetivo
de disponibilizar informações sobre o Diabetes nas escolas, de maneira a
promover um ambiente escolar seguro para crianças e jovens com diabetes,
melhorar a gestão do seu tratamento e prevenir a discriminação, além de
sensibilizar os alunos sobre os benefícios de uma alimentação saudável e
prática de atividade física para prevenção de doenças e manutenção da saúde. O
projeto foi criado em junho de 2013 e lançado em agosto de 2014. No Brasil, o
projeto KIDS foi viabilizado graças à parceria da Federação Internacional de
Diabetes com a ADJ Diabetes Brasil. Aqui, passou por 15 escolas, sendo 11 de
São Paulo e quarto em Fortaleza (sete particulares e oito públicas), com
capacitação de alunos entre seis e 14 anos, treinamento de profissionais das e
familiares de crianças com diabetes. No total, segundo Glaucia, foram atendidos
no período 9.944 alunos, 26 alunos com DM1, 236 equipes escolares e 32 famílias
de crianças com diabetes.
Hoje, o projeto KIDS está disponível
para download gratuito em nove idiomas, em formato de pacote de informações
autoexplicativo, dividido em seções – para professores, pais de crianças com a
doença, pais em geral e crianças diabéticas. Interessados em implementar a ação
em alguma escola podem baixar o pacote por meio do link www.adj.org.br/leitura-conteudo/00000287/M00003.
O Fórum Nacional de Diabetes contou
com moderação da consultora técnica do Ministério da Saúde no Departamento de
Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde (DGITS) / Secretaria Executiva da
Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC), Aline
Silveira.
Mais informações
Assessoria de Comunicação
Te.: (61) 3573-4992 / 9170-0606 /
9114-4584