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quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Balanço/cobertura (Fórum Nacional de Diabetes, 22/9)

Fórum debateu panorama nacional do Diabetes
“Fórum Nacional de Diabetes - um mal que pode ser evitado” movimentou o Senado Federal, no último dia 22. Com objetivo de promover um espaço de discussão sobre a doença no Brasil, o evento reuniu representantes do governo, do Congresso Nacional, além de profissionais e entidades ligados ao tema

O Fórum Nacional de Diabetes oportunizou, no dia 22 de setembro, um debate aprofundado sobre o papel do Estado na prevenção, tratamento e controle do Diabetes e as dificuldades do médico, do paciente e das famílias, dentre outros temas. O evento, de iniciativa do Programa Ação Responsável, em parceria com o Governo Federal, foi realizado no auditório do Interlegis, no Senado Federal. A presidente do Instituto Brasileiro de Ação Responsável, Clementina Moreira Alves, reiterou, na ocasião, o compromisso do Programa aos assuntos que garantem soberania de estado e desenvolvimento para o País. “Após 16 anos de atividade, é com enorme satisfação que lançamos o debate no assunto Diabetes. Acredito que, assim como evoluímos fortemente em outras matérias, por meio do debate, avançaremos também nessa temática”, pontou.

Presente na abertura do Fórum, o senador Hélio José (PSD-DF), que é portador da doença, destacou: “gostaria que todo diabético tivesse acesso ao mesmo suporte, atendimento e carinho que tenho recebido ao longo desses anos de tratamento. Infelizmente nem todos têm essa oportunidade”. Na ocasião, se comprometeu a defender a aprovação de uma audiência pública para discussão do tema em âmbito distrital.

Hermelinda Pedrosa, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e presidente da SBD-DF, defendeu a importância de um maior incentivo à prevenção da doença no país. “O trabalho não pode estar focado apenas no tratamento. Precisamos ter um foco preventivo”, argumentou. Segundo ela, há possibilidades de se prevenir a doença em até 60% com o fomento de políticas preventivas, como o incentivo da população a hábitos mais saudáveis, com a prática de exercícios físicos e alimentação balanceada.

O senador Dalírio Beber (PSDB-SC) e o gerente de relações internacionais da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Alfredo Souza de Moraes, também participaram da abertura do Fórum. Ambos agradeceram o convite e elogiaram a iniciativa do Programa em abordar o tema Diabetes de maneira democrática e apartidária na capital do país “Precisamos debater, pois o tema Diabetes integra a plataforma de governo”, citou o senador.

Panorama nacional do Diabetes

Compondo a mesa técnica do evento, Heide Gauche, especialista em Políticas de Saúde e Gestão Governamental do Departamento de Atenção Especializada e Temática da Secretaria de Atenção a Saúde do Ministério da Saúde, falou sobre o trabalho que é desenvolvido pelo MS na área do Diabetes. Na oportunidade, apresentou dados da Vigitel de 2013. Destaque, dentre outros registros, para a elevada diminuição do tabagismo, um dos grandes fatores de risco para a doença - de 34,8% para 11,3%. Destacou, ainda, evolução da coordenação do cuidado pela unidade básica de saúde. “Houve evolução da atenção básica. Hoje, 60% da população com diabetes tem cobertura”, pontuou.

Karla Melo, coordenadora do Departamento de Saúde Pública da SBD e médica da equipe do Hospital das Clínicas de São Paulo, apresentou a situação atual do Diabetes no Brasil. Segundo ela, mais de 90% dos diabéticos possui o Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2). Porém, a demanda do uso da insulina injetável para quem possui esse tipo da doença vem crescendo, devido à negligência dos cuidados iniciais que a doença requer. “Os diabéticos do Tipo 2 que passam a usar insulina normalmente são aqueles que não mudaram seus hábitos de vida”, relatou. Na ocasião, Karla destacou, ainda, os altos custos do Diabetes no país, dentre os quais está a crescente judicialização da medicina. “A distribuição governamental de insulinas humanas para todas as unidades de saúde do SUS gira em torno de R$ 48 milhões, para cerca de 14 milhões de frascos, enquanto cerca de 15 mil mandados judiciais movimentam o equivalente a R$ 15 milhões”, comparou.

Representando a Coordenação Central de Diabetes da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, a endocrinologista Eliziane Brandão Leite apresentou a situação do Diabetes no DF. Segundo dados da Vigitel, o DF possui cerca de 178 mil pessoas com a doença. Entre 5 e 10% do total são DM1 e, entre 6 e 10% de DM2 usam insulina. Para ela, o maior desafio é poder contar com equipes completas na atenção especializada. “Não podemos ter dois tipos de assistência. É uma questão de educação profissional em diabetes, para que possam de fato atingir o almejado bom controle da doença e garantir o acesso às novas tecnologias em diabetes”, completou.

Reine Marie Chaves Fonseca, coordenadora do Centro de Referência Estadual para Assistência ao Diabetes da Secretaria de Saúde da Bahia - CEDEBA, contou aos presentes sobre a atuação do PROCED (Projeto de Capacitação e Educação em Diabetes) no estado da Bahia. Segundo ela, a experiência, realizada no ano de 2014 em 11 municípios baianos do extremo Norte, além de outras duas cidades, possibilitou aumento na detecção do Diabetes em 20%. O projeto foi realizado em parceria com a World Diabetes Foundation (WDF) e a Organização Panamericana de Saúde (OPAS) e deve se expandir para a Região Metropolitana de Salvador. De acordo com Reine, o foco do projeto é a educação. “Diante da progressão do número de portadores do Diabetes, precisamos implementar mais educação, que pode ser parte da solução", defendeu.

Pé diabético

Fechando a mesa técnica do Fórum, Hermelinda Pedrosa falou, ainda, sobre os desafios do Diabetes e a dimensão do mau controle glicêmico no Brasil. Com base em dados de 2007, 89,6% dos casos do DM1 e R$ 73,2% dos casos do DM2 tem controle inadequado. Outro problema citado foi acerca das complicações diabéticas, como a neuropatia e o pé diabético, “que são problemas negligenciados, devido à escassez de recursos humanos especializados”. Destacou que a incidência de úlceras ao longo da vida gira em torno de 25%, 85% das amputações são precedidas de úlceras e, de 40 a 70% das amputações não traumáticas, estão associadas ao Diabetes. Como perspectivas para mudar essa situação, a médica endocrinologista apontou: investimento em organização (gestão) e padronização, integração dessa especialidade na atenção básica de saúde e o incremento em educação visando à prevenção.

Diabetes nas Escolas

E se o assunto é educação, Glaucia Margonari Bechara, psicóloga e consultora da ADJ Diabetes Brasil encerrou o evento com a apresentação do Case “Projeto KIDS no Brasil”. O projeto internacional foi implantado de forma piloto no Brasil e na Índia, com objetivo de disponibilizar informações sobre o Diabetes nas escolas, de maneira a promover um ambiente escolar seguro para crianças e jovens com diabetes, melhorar a gestão do seu tratamento e prevenir a discriminação, além de sensibilizar os alunos sobre os benefícios de uma alimentação saudável e prática de atividade física para prevenção de doenças e manutenção da saúde. O projeto foi criado em junho de 2013 e lançado em agosto de 2014. No Brasil, o projeto KIDS foi viabilizado graças à parceria da Federação Internacional de Diabetes com a ADJ Diabetes Brasil. Aqui, passou por 15 escolas, sendo 11 de São Paulo e quarto em Fortaleza (sete particulares e oito públicas), com capacitação de alunos entre seis e 14 anos, treinamento de profissionais das e familiares de crianças com diabetes. No total, segundo Glaucia, foram atendidos no período 9.944 alunos, 26 alunos com DM1, 236 equipes escolares e 32 famílias de crianças com diabetes.

Hoje, o projeto KIDS está disponível para download gratuito em nove idiomas, em formato de pacote de informações autoexplicativo, dividido em seções – para professores, pais de crianças com a doença, pais em geral e crianças diabéticas. Interessados em implementar a ação em alguma escola podem baixar o pacote por meio do link www.adj.org.br/leitura-conteudo/00000287/M00003.

O Fórum Nacional de Diabetes contou com moderação da consultora técnica do Ministério da Saúde no Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde (DGITS) / Secretaria Executiva da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC), Aline Silveira.

  
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