O Palácio do Planalto anunciou,
minutos antes da viagem da Presidenta, o adiamento para a semana que vem do
anúncio da reforma administrativa, previsto para essa semana, depois que um
impasse com o PMDB da Câmara impediu que a presidente Dilma Rousseff fechasse a
redistribuição dos ministérios.
Em nota, o governo informou que a
presidente está fazendo um “proveitoso diálogo” com os partidos aliados e que
lideranças pediram o adiamento “para que mais consultas possam ser
realizadas”.
No dia 15 deste mês, depois de uma
cerimônia no Palácio do Planalto, Dilma havia prometido que entregaria a
reforma até esta semana, antes de embarcar para Nova York, onde participa da
abertura da 70ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
O desenho das mudanças
administrativas estava basicamente fechado até começar a crise com o PMDB,
maior aliado e partido do vice-presidente da República Michel Temer.
Dilma procurou o líder do partido na
Câmara, Leonardo Picciani (RJ), e ofereceu duas vagas: Saúde e um outro ministério
que, no entendimento do governo, seria a manutenção do Turismo com Henrique
Eduardo Alves.
Duas outras pastas ficariam com a
bancada do partido no Senado e uma quinta, o Ministério da Infraestrutura, que
uniria Aviação Civil e Portos, seria entregue a Eliseu Padilha, homem de
confiança de Temer e com quem a presidente tem um bom relacionamento.
© REUTERS/Ueslei Marcelino Presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto
No entanto, Picciani reivindicou não
apenas a Saúde, mas a pasta de Infraestrutura a ser criada.
Ao ser informado que a presidente
planejava manter Portos e Aviação Civil separados para contemplar o filho do
senador Jader Barbalho (PMDB-PA), Helder, que perderia o Ministério da Pesca, o
líder do PMDB ameaçou reunir a bancada e retirar o apoio se os deputados não
recebessem outro ministério, já que Alves, apesar de ter apoio de boa parte dos
deputados peemedebistas, não é do grupo de Picciani, explicou à Reuters uma
fonte ligada ao partido.
Na noite de quarta-feira, depois de
uma longa sessão de reuniões na Vice-Presidência, parte do PMDB mais próxima a
Temer havia fechado questão nos nomes atuais.
Em vez de cinco, o partido ficaria
com seis ministérios, como o próprio vice-presidente chegou a confirmar,
mantendo assim o mesmo número de ministérios que tem atualmente.
Os titulares de Turismo e Saúde
seriam indicados pela Câmara, as pastas de Agricultura, com a atual ministra
Kátia Abreu, e Minas e Energia, que se manteria com Eduardo Braga, seriam da
bancada no Senado, além de Aviação Civil e Portos.
De acordo com fontes ligadas a Temer,
o vice-presidente chegou a considerar pacificada a distribuição de cargos.
Hoje, no final da manhã, depois de receber o recado de Picciani, Dilma chamou
Temer para informá-lo que, devido ao impasse e a necessidade de conversar mais
com o PMDB, o anúncio da reforma será feito apenas na semana que vem.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu,
Maria Carolina Marcello e Leonardo Goy; Edição de Maria Pia Palermo e Eduardo
Simões
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