Com
o anúncio de mudanças no Calendário Nacional de Vacinação 2017, feito nesta
sexta-feira (3) pelo Ministério da Saúde do Brasil, a Organização Pan-Americana
da Saúde (OPAS)
aproveita para relembrar — e esclarecer — alguns dos principais mitos e fatos
sobre as vacinas.
Campanha
de vacinação contra o HPV entre meninas no município de Mogi das Cruzes. Foto:
Prefeitura de Mogi das Cruzes
A
lista de perguntas e respostas publicadas hoje inclui informações sobre um
estudo, considerado seriamente equivocado pela agência regional, que
relacionava a imunização ao autismo.
1)
MITO: Uma melhor higiene e saneamento farão as doenças desaparecerem – vacinas
não são necessárias.
Por quê? As doenças que podem ser prevenidas por vacinas retornarão
caso os programas de imunização sejam interrompidos. Uma melhor higiene,
lavagem das mãos e uso de água limpa ajudam a proteger as pessoas de doenças
infecciosas. Entretanto, muitas dessas infecções podem se espalhar,
independentemente de quão limpos estejamos. Se as pessoas não forem vacinadas,
doenças que se tornaram raras, como a poliomielite e o sarampo, reaparecerão
rapidamente.
2) MITO: As vacinas têm vários efeitos colaterais prejudiciais e de longo prazo
que ainda são desconhecidos. A vacinação pode ser até fatal.
Por quê? As vacinas são muito seguras. A maioria das reações são
geralmente pequenas e temporárias, como um braço dolorido ou uma febre ligeira.
Ocorrências graves de saúde são extremamente raras e cuidadosamente monitoradas
e investigadas. É muito mais provável que uma pessoa adoeça gravemente por uma
enfermidade evitável pela vacina do que pela própria vacina.
A
poliomielite, por exemplo, pode causar paralisia; o sarampo pode causar
encefalite e cegueira; e algumas doenças preveníveis por meio da vacinação
podem até resultar em morte.Embora qualquer lesão grave ou morte causada por
vacinas seja muito relevante, os benefícios da imunização superam em muito o
risco, considerando que muitas outras lesões e mortes ocorreriam sem ela.
3)
MITO: A vacina combinada contra a difteria, tétano e coqueluche e a vacina
contra a poliomielite causam a síndrome da morte súbita infantil.
Por quê? Não há relação causal entre a administração de vacinas e a
síndrome da morte súbita infantil (SMSI), também conhecida como síndrome da
morte súbita do lactente. No entanto, essas vacinas são administradas em um
momento em que os bebês podem sofrer com essa síndrome.
Em outras
palavras, as mortes por SMSI são coincidentes à vacinação e teriam ocorrido
mesmo se nenhuma vacina tivesse sido aplicada. É importante lembrar que essas
quatro doenças são fatais e que os bebês não vacinados contra elas estão em
sério risco de morte ou incapacitação grave.
4)
MITO: As doenças evitáveis por vacinas estão quase erradicadas em meu país,
por isso não há razão para me vacinar.
Por quê? Embora as doenças evitáveis por vacinação tenham se
tornado raras em muitos países, os agentes infecciosos que as causam continuam
a circular em algumas partes do mundo. Em um planeta altamente interligado,
esses agentes podem atravessar fronteiras geográficas e infectar qualquer
pessoa que não esteja protegida.
Desde
2005, por exemplo, na Europa Ocidental, form encontrados focos de sarampo em
populações não vacinadas da Áustria, Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha,
Itália, Espanha, Suíça e Reino Unido.
Dessa
forma, as duas principais razões para a vacinação são proteger a nós mesmos e
também as pessoas que estão à nossa volta. Programas de vacinação
bem-sucedidos, assim como as sociedades bem-sucedidas, dependem da cooperação
de cada indivíduo para assegurar o bem de todos. Não devemos apenas confiar nas
pessoas ao nosso redor para impedir a propagação da doença; nós também devemos
fazer tudo o que pudermos.
5)
MITO: Doenças infantis evitáveis por vacinas são apenas infelizes fatos da
vida.
Por quê? As doenças evitáveis por vacinas não têm que ser “fatos
da vida”. Enfermidades como sarampo, caxumba e rubéola são graves e podem levar
a sérias complicações em crianças e adultos, incluindo pneumonia, encefalite,
cegueira, diarreia, infecções de ouvido, síndrome da rubéola congênita (caso
uma mulher seja infectada com rubéola no início da gravidez) e, por fim, à
morte. Todas essas doenças e o sofrimento que elas causam podem ser prevenidos
com vacinas. O fato de não vacinar as crianças faz com que elas fiquem
desnecessariamente vulneráveis.
6)
MITO: Aplicar mais de uma vacina ao mesmo tempo em uma criança pode aumentar o
risco de eventos adversos prejudiciais, que podem sobrecarregar seu sistema
imunológico.
Por quê? Evidências científicas mostram que aplicar várias vacinas
ao mesmo tempo não causa aumento de ocorrências adversas sobre o sistema
imunológico das crianças. Todos os dias, elas são expostas a centenas de
substâncias estranhas, que desencadeiam respostas imunes rotineiramente. O
simples ato de comer introduz novos antígenos no corpo e numerosas bactérias
vivem na boca e no nariz. Uma criança é exposta a muito mais antígenos de um
resfriado comum ou dor de garganta do que de vacinas.
As
principais vantagens de aplicar várias vacinas ao mesmo tempo são: menos
visitas ao posto de saúde ou hospital, o que economiza tempo e dinheiro; e uma
maior probabilidade de que o calendário vacinal seja completado. Além disso,
quando é possível ter uma vacinação combinada – como para sarampo, caxumba e
rubéola – menos injeções são aplicadas.
7)
MITO: A influenza é apenas um incômodo, e a vacina para a doença não é muito
eficaz.
Por quê? A influenza é muito mais que um incômodo. É uma doença
grave que mata de 300 mil a 500 mil pessoas a cada ano em todo o mundo.
Mulheres grávidas, crianças pequenas, pessoas idosas com pouco acesso a saúde e
qualquer um que possua uma condição crônica, como asma ou doença cardíaca,
estão em risco mais elevado para uma infecção severa, que pode levar à morte.
A
vacinação de gestantes tem o benefício adicional de proteger seus
recém-nascidos (não há atualmente nenhuma vacina contra a influenza para bebês
menores de seis meses).
A
maioria das vacinas contra a influenza oferece imunidade às três cepas mais
prevalentes, que circulam em qualquer estação. É a melhor maneira de reduzir as
chances de adquirir influenza grave e de espalhá-la para outras pessoas. Evitar
a doença significa evitar custos com cuidados médicos extras e perda de renda
por faltas no trabalho ou na escola.
8) MITO: É melhor ser imunizado por meio da doença do que por meio de vacinas.
Por quê? As vacinas interagem com o sistema imunológico para
produzir uma resposta imunológica semelhante àquela produzida pela infecção
natural, mas não causam a doença nem colocam a pessoa imunizada em risco de
possíveis complicações. Em contraste, há um preço a ser pago pela imunidade
adquirida apenas por meio de uma infecção natural: deficiência intelectual
oriunda do Haemophilus influenzae tipo b (Hib), defeitos
congênitos da rubéola, câncer hepático provocado pelo vírus da hepatite B ou
morte por sarampo.
9)
MITO: As vacinas contêm mercúrio, que é perigoso.
Por quê? O tiomersal é um composto orgânico, que contém mercúrio,
adicionado a algumas vacinas como conservante. É o conservante mais utilizado
para vacinas que são fornecidas em frascos multidose. Não existe evidência que
sugira que a quantidade de tiomersal utilizada nas vacinas represente um risco
para a saúde.
10)
MITO: Vacinas causam autismo.
Por quê? Um estudo apresentado em 1998, que levantou preocupações
sobre uma possível relação entre a vacina contra o sarampo, a caxumba e a
rubéola e o autismo, foi posteriormente considerado seriamente falho e o artigo
foi retirado pela revista que o publicou. Infelizmente, sua publicação
desencadeou um pânico que levou à queda das coberturas de vacinação e
subsequentes surtos dessas doenças. Não há evidência de uma ligação entre essa
vacina e o autismo ou transtornos autistas.
OPAS