Além
disso, o Ministério da Saúde prepara a rede pública para possível fracionamento
das doses da vacina de febre amarela em regiões que precisarem de bloqueio
vacinal
O
Ministério da Saúde passa a adotar dose única da vacina contra a febre amarela
para as áreas com recomendação de vacinação em todo o país. A medida é válida a
partir deste mês de abril e está de acordo com orientação da Organização
Mundial da Saúde (OMS). O anúncio foi feito, nesta quarta-feira (05), pelo
ministro da Saúde, Ricardo Barros.
“A
partir de agora, as pessoas que já tomaram uma dose, não precisam se vacinar
mais contra a febre amarela ao longo da vida”, afirmou o ministro Ricardo
Barros, durante o anúncio da mudança. Ele explicou que, em 2014, quando a OMS
recomendou a aplicação de dose única, o Ministério da Saúde, consultando as
sociedades científicas, avaliou que os estudos ainda não eram suficientes para
que fosse adotada a decisão da entidade, naquele momento.
Além
disso, na entrevista coletiva, Ricardo Barros anunciou que o Ministério da
Saúde está preparando a rede pública para um possível fracionamento das doses
da vacina. Se adotada, a medida servirá para conter a expansão da doença nas
regiões metropolitanas que precisarem de bloqueio.
Inicialmente,
o treinamento das equipes de saúde e preparação da rede ocorrerá em três
estados (Rio de Janeiro, Bahia e São Paulo), que são regiões onde não há
recomendação de vacinação. Para isso, o Ministério da Saúde já elaborou um
Plano de Contingência para fracionamento das doses de febre amarela. Os locais,
estratégias e o período para adoção do fracionamento nas regiões de risco serão
definidas em conjunto com estados e municípios.
O
Plano foi elaborado com a participação de representantes do Ministério da
Saúde, da Organização Pan-americana da Saúde (OPAS/OMS) e Centro de Controle de
Doenças e Prevenção dos Estados Unidos (CDC).
FRACIONAMENTO
– A adoção da medida de fracionamento das vacinas tem caráter preventivo.
Esta
estratégia é utilizada quando há aumento de casos de febre amarela silvestre de
forma intensa, com risco de expansão da doença em cidades com elevado índice
populacional, como no caso das capitais Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro,
que não tem recomendação permanente para vacinação. O Ministério da Saúde
reforça que a dose fracionada é tão eficaz quanto a vacina na dose padrão,
sendo a única diferença o tempo de proteção de, pelo menos, um ano.
“Temos
que estar preparados para um cenário onde haja necessidade do fracionamento de
doses. Se houver a ocorrência de casos, além do que nós estamos avaliando hoje,
com a mudança do perfil epidemiológico, vamos estar preparados para iniciar a
vacinação fracionada”, destacou o secretário de Vigilância em Saúde, do
Ministério da Saúde, Adeilson Cavalcante.
Para
realização desta ação é necessária a adoção de algumas medidas técnicas, como a
aquisição de seringas especiais, sem registro no Brasil, treinamento de pessoal
e adequação do sistema de informação para registro nominal. Atualmente, o
Ministério da Saúde utiliza a dose padrão da vacina de febre amarela, feita com
0,5 ml (mililitros). A dose fracionada conta com uma quantidade menor da vacina
aplicada (1/5). Um frasco com 5 doses da vacina de febre amarela, por exemplo,
pode imunizar 25 pessoas e um frasco com 10 doses pode vacinar 50 pessoas.
“Neste
momento, o que estamos fazendo é um plano estratégico para o fracionamento da
dose. A estratégia só será usada em caso de necessidade, de fazer este
fracionamento. A medida só será utilizada em locais aonde haja um grande
contingente populacional e exija uma vacinação num curto prazo de tempo, para
que possamos evitar a expansão da doença. Trata-se de uma ação pontual com
começo, meio e fim. Não é a mudança do calendário nacional de vacinação”,
explicou a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, Carla Domingues.
Esta
estratégia já foi adotada na África por recomendação da OMS e foi capaz de
interromper a transmissão urbana da doença em 2016. Trata-se de uma técnica
aprovada pelo grupo mundial de especialistas em vacinas da OMS. Durante a
epidemia de febre amarela na República Democrática do Congo, 7,8 milhões de
pessoas foram vacinadas por meio dessa estratégia.
VACINAS
– Para este mês de abril, o Ministério da Saúde conta com um quantitativo de
9,5 milhões de doses da vacina de febre amarela para todo o país. São 3,5
milhões de doses da OMS (Sanofi Pasteur) e 6 milhões da produção mensal de Biomanguinhos/Fiocruz.
Nas próximas duas semanas, os estados do Rio de Janeiro, Bahia e São Paulo
receberão 1 milhão de doses cada, divididas em duas remessas de 500 mil doses
(total 3 milhões) do montante da OMS. Neste momento, para atender a população
das áreas com intensificação de vacinação contra a febre amarela, em alguns
municípios dos estados de São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais e
Espírito Santo, são necessárias 7,5 milhões de doses da vacina.
DOSES
DA VACINA – A vacinação de rotina para febre amarela é ofertada em 19 estados
(Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Distrito Federal,
Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia, Maranhão, Piauí, Minas Gerais,
São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina) com recomendação para
imunização. Vale destacar que na Bahia, Piauí, São Paulo, Paraná, Rio Grande do
Sul e Santa Catarina, a vacinação não ocorre em todos os municípios. Além das
áreas com recomendação, neste momento, também está sendo vacinada, de forma
escalonada, a população do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Todas as pessoas
que vivem nesses locais devem tomar uma dose da vacina ao longo da vida.
Desde
o início deste ano, o Ministério da Saúde tem enviado doses extras da vacina
contra a febre amarela aos estados que estão registrando casos suspeitos da
doença, além de outros localizados na divisa com áreas que tenham notificado
casos. No total, 21,6 milhões de doses extras foram enviadas para cinco
estados: Minas Gerais (7,5 milhões), São Paulo (4,78 milhões), Espírito Santo
(3,65 milhões), Rio de Janeiro (3,8 milhão) e Bahia (1,9 milhão). Além disso,
foram distribuídas, desde janeiro deste ano, 4,1 milhões doses da vacina de
rotina para todas as unidades da federação.
A
vacina de febre amarela é segura e eficaz, além de ofertar imunidade de 95% a
99%. Porém é contraindicada para os seguintes grupos:
Pacientes
com imunodeficiência primária ou adquirida;
Indivíduos
com imunossupressão secundária à doença ou terapias;
Imunossupressoras
(quimioterapia, radioterapia, corticoides em doses elevadas);
Pacientes
em uso de medicações anti-metabólicas ou medicamentos modificadores do curso da
doença (Infliximabe, Etanercepte, Golimumabe, Certolizumabe, Abatacept,
Belimumabe, Ustequinumabe, Canaquinumabe, Tocilizumabe, Ritoximabe);
Transplantados
e pacientes com doença oncológica em quimioterapia;
Indivíduos
que apresentaram reação de hipersensibilidade grave ou doença neurológica após
dose prévia da vacina;
Indivíduos
com reação alérgica grave ao ovo;
Pacientes
com história pregressa de doença do timo (miastenia gravis, timoma).
RECURSOS
– Para intensificar as ações contra a febre amarela, o Ministério da Saúde
liberou, na última semana, ajuda financeira, na ordem de R$ 19,2 milhões, para
526 cidades afetadas pela doença nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo,
Rio de Janeiro, Bahia e São Paulo. Além dos municípios, as Secretarias
Estaduais de Saúde (SES), dos respectivos estados, também irão receber o
recurso. Os valores deverão ser aplicados em ações de prevenção na área de
vigilância para a febre amarela. O montante foi definido a partir da estimativa
da população a ser vacinada em cada município, com base nos valores per capita
estabelecidos para o repasse do Piso Fixo de Vigilância em Saúde.
Além
desse recurso, o Ministério da Saúde já adiantou outros R$ 26,3 milhões
destinados às ações de vigilância em saúde de municípios de MG, ES, RJ, BA e
SP. Esse valor se soma aos R$ 13,8 milhões liberados aos 256 municípios desses
estados, como incentivo à vacinação da população contra a doença. Também foram
repassados R$ 7,4 milhões as regiões afetadas com o aumento de casos de febre
amarela em MG para custear a assistência aos pacientes. Ao todo, desde o início
do ano, foram disponibilizados R$ 66,7 milhões às cidades afetadas pela febre
amarela no país.
CASOS
- Até 5 de abril, são 1.987 casos suspeitos de febre amarela silvestre
notificados. Desses, 450 continuam em investigação, 586 foram confirmados e 951
descartados. Do total, 282 evoluíram para óbito, sendo 190 confirmados, 49 em
investigação e 43 descartados. Os últimos casos de febre amarela urbana
ocorreram em 1942, no Acre.
UF do LPI
|
Classificação dos
casos
|
|
|||
Total de casos
notificados
|
Casos em
Investigação
|
Casos Confirmados
|
Casos Descartados
|
Municípios com
casos notificados
|
|
Região
Centro-Oeste
|
|
||||
Goiás
|
29
|
1
|
0
|
28
|
16
|
Distrito Federal
|
8
|
1
|
0
|
7
|
1
|
Mato Grosso
|
2
|
1
|
0
|
1
|
2
|
Mato Grosso do Sul
|
1
|
1
|
0
|
0
|
1
|
Região Norte
|
|||||
Tocantins
|
6
|
1
|
0
|
5
|
4
|
Amapá
|
1
|
1
|
0
|
0
|
1
|
Pará
|
13
|
5
|
4
|
4
|
9
|
Região Nordeste
|
|||||
Bahia
|
20
|
8
|
0
|
12
|
12
|
Região Sudeste
|
|||||
Espírito Santo
|
349
|
98
|
142
|
109
|
48
|
Minas Gerais
|
1.385
|
287
|
426
|
672
|
146
|
Rio de Janeiro
|
31
|
19
|
9
|
3
|
11
|
São Paulo
|
93
|
8
|
5
|
80
|
54
|
Região Sul
|
|||||
Santa Catarina
|
9
|
6
|
0
|
3
|
8
|
Paraná
|
11
|
9
|
0
|
2
|
8
|
Rio Grande do Sul
|
11
|
4
|
0
|
7
|
9
|
Descartados por
outras UF’s1
UFUF’sUF´s1
|
18
|
0
|
0
|
18
|
-
|
Total
|
1.987
|
450
|
586
|
951
|
330
|
1
Casos descartados por outras UF’s
Distribuição dos
óbitos de febre amarela até 5 de abril de 2017
UF do LPI
|
Municípios com
óbitos notificados
|
Classificação dos
óbitos
|
|||
Total de óbitos
notificados
|
Óbitos em
Investigação
|
Óbitos Confirmados
|
Óbitos Descartados
|
||
Região Norte
|
|||||
Tocantins
|
1
|
1
|
1
|
0
|
0
|
Pará
|
3
|
5
|
1
|
4
|
0
|
Região Sudeste
|
|||||
Espírito Santo
|
26
|
58
|
6
|
43
|
9
|
Minas Gerais
|
49
|
201
|
38
|
138
|
25
|
Rio de Janeiro
|
1
|
2
|
1
|
1
|
0
|
São Paulo
|
9
|
10
|
1
|
4
|
5
|
Região Sul
|
|||||
Santa Catarina
|
1
|
1
|
1
|
0
|
0
|
Descartados por
outras UF1 UF´s1
|
-
|
4
|
-
|
-
|
4
|
Total
|
91
|
282
|
49
|
190
|
43
|
1
Casos descartados por outras UF’s