Destaques

sábado, 30 de março de 2019

APOSENTADOS PODERÃO TER 50% DE DESCONTO NOS MEDICAMENTOS, ANALISA CAS


A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) pode votar nesta quarta-feira (3) o projeto que concede a aposentados e pensionistas um desconto de 50% na compra de medicamentos (PLS 235/2018). Apresentado pelo senador Paulo Paim (PT-RS), a proposta conta com o relatório favorável da senadora Mailza Gomes (PP-AC). Caso aprovado, o texto poderá seguir para a análise da Câmara dos Deputados.

De acordo com o projeto, o desconto será subsidiado pelo governo federal no âmbito do programa Farmácia Popular, que é mantido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Para a relatora, é um bom momento para a aprovação da proposta, já que tramita no Congresso a reforma da Previdência (PEC 6/2019), encaminhada pelo governo, "com a perspectiva de redução de direitos aos aposentados e pensionistas".

Impacto
A senadora menciona o impacto que o preço dos medicamentos têm no orçamento dos cidadãos. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), observou Mailza, mostra que os medicamentos já respondem por mais de 40% dos gastos das famílias com saúde. Levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta um aumento constante nestes gastos, disse a senadora. Em 2015, essas despesas corresponderam a 9,1% do produto interno bruto (PIB), contra 8,7% em 2014, sendo que 5,1% vieram das famílias, e 3,9% dos governos. Apenas com medicamentos, os gastos chegaram a R$ 92,5 bilhões, aproximadamente 1,5% do PIB.

Para Mailza, esses números não captam totalmente a realidade da população de idosos de baixa renda, a ser beneficiados, com a proposta pautada na CAS. Ela entende que para estes segmentos sociais, "o problema é ainda mais grave".

"Um quadro representativo foi percebido no Espírito Santo. Um levantamento nesse estado mostrou que os gastos com saúde chegam até a 57% da renda familiar no caso de idosos, especialmente porque é nesta etapa da vida que os custos dos planos de saúde são maiores. A pesquisa conclui que a qualidade de vida dos aposentados fica muito comprometida, pois o orçamento é direcionado às despesas com saúde e pouco resta para outras áreas relevantes, como alimentação e lazer", concluiu a senadora.

Proposições legislativas PLS 235/2018

Eber Faioli/UFMG, Agência Senado


NOVO REGIME FISCAL E SEUS EFEITOS NA SAÚDE É TEMA DE DEBATE EM SÃO PAULO


Em dois dias, diversos setores discutiram e avaliaram os impactos da política de austeridade no Sistema Único de Saúde

Pelo terceiro ano consecutivo, o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) realizou o Fórum de Debates – Novo Regime Fiscal: efeitos na Saúde. Com o apoio do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (HAOC), o evento aconteceu nos dias 4 e 5 de dezembro, em São Paulo/SP, com o objetivo de debater, com diversos setores da sociedade, os efeitos do novo regime fiscal na saúde e avaliar seus impactos no futuro do Sistema Único de Saúde (SUS).

Mauro Junqueira, presidente do Conasems, enfatizou a importância do debate, chamando a atenção para a questão da alocação de recursos por parte dos Entes Federados. Para ele, é fundamental discutir a eficiência dos gastos e a sustentabilidade do sistema que foi pensado em 1988, sob a ótica da integralidade, da equidade, com transferência de recursos dos três Entes Federados. “Hoje o município arca com a maior parte dos recursos para que o SUS continue funcionando. O Ministério da Saúde, por meio do Governo Federal, em 1993, respondia por 72% dos recursos aplicados na saúde, mas hoje investe pouco mais de 40%. Já os municípios respondem hoje por 31% de aplicação em saúde. Então, como manter esse sistema em que o ente que está na ponta e executa a política pública de saúde já chegou no limite da sua capacidade de investimento em saúde?”, questionou.

O presidente do Conass, secretário de Estado da Saúde de Goiás, Leonardo Vilela, corroborou a fala do presidente do Conasems e destacou ser necessário rever o Pacto Federativo. “Desde que o SUS foi criado, todos os governos que passaram, independentemente da bandeira ideológica, reduziram a participação da União no financiamento do SUS, e quem está arcando com essa diferença são os estados e principalmente os municípios”. 

Sobre a Emenda Constitucional (EC) n. 95, Vilela afirmou não ser contra ajuste fiscal, mas disse ser necessário mostrar quais são os gargalos para que o SUS tenha um financiamento adequado e citou a Lei de Responsabilidade Fiscal, que coloca limites rígidos para a folha de pessoal sem levar em conta as peculiaridades da saúde, gerando uma condição insustentável. “Esta emenda acontece em um momento que o Brasil passa por um crescimento populacional, pelo envelhecimento dessa população, pela incorporação de novas tecnologias que encarecem o sistema e ainda temos a questão da judicialização que desorganiza todo o orçamento.” 

Para o presidente do Conass, a discussão acontece em um momento oportuno de transição de governo e poderá contribuir para subsidiar os agentes que impulsionam o SUS a encontrar soluções adequadas para a saúde pública brasileira.
EC n. 95/2016 – Análise dos Gastos da Saúde

“A EC n. 95 subtrai, em termos reais, os recursos destinados ao SUS”, afirmou Carlos Ocké, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, ao apresentar dados da análise dos gastos da saúde. 

Ocké enfatizou ainda que o Brasil gasta, de fato, muito pouco em saúde para garantir a sustentabilidade do SUS. “Seria importante que nós criássemos as bases econômicas institucionais para que o gasto público em saúde saísse dos 4% para atingir em 4 anos em torno de 6% como advogam as agências multinacionais que, por sua vez defendem a relação do índice público privado”.
Para além da emenda, o representante do Ipea chamou a atenção para outro ponto a ser discutido. “Existe hoje uma questão que precisa ser mais bem situada entre os gestores, que é a eficiência. Um debate conceitual sobre o qual, nós do Ipea já estamos produzindo um documento para contribuir com esse debate que precisa ser mais bem calibrado”. 

Com uma simulação hipotética da aplicação da emenda em 2001, Ocké afirmou que, até 2015, 7,6 bilhões anualmente teriam sido perdidos pelo SUS, significando um ano sem oferecer nenhum tipo de serviço à população. 

A procuradora da República do Estado de São Paulo, Lisiane Cristina Braecher, que exerce a função de Procuradora Regional dos Direitos do Cidadão, observou que a atuacão do Ministério Público é voltada para ações de improbidade na aplicação de recursos, mas enfatizou que há também o olhar do ministério sobre o financiamento da saúde. “Acho que precisamos discutir se essa política de austeridade é realmente a melhor para o país. Um dos efeitos que ela já tem é a queda do financiamento da União para as ações da saúde. O SUS faz muita coisa com os recursos que tem, então, se formos falar de eficiência, precisamos ver o quanto ele faz e valorizar isso e agora que os recursos estão mais escassos temos de reforçar a fiscalização e a transparência para conseguirmos ter um olhar sobre a eficiência para o serviço publico de saúde e pensar de que maneira o MP pode ajudar na reorganização desses serviços”. 

Representante do Ministério da Saúde, Jorge Reghini apresentou dados em relação à EC, segundo os quais não houve mudanças em relação ao piso da saúde para aplicação em Ações e Serviços Públicos em Saúde (ASPS). De acordo com os números apresentados por Reghini, o piso da saúde para aplicação em ASPS da União foi superior a 5,6 bilhões em 2017 e cerca de 4 bilhões em 2018 acima do mínimo constitucional. “A União sempre garantiu aplicação mínima e, partir de 2016, tem aplicado volumes expressivos além do piso”, disse ao apresentar os dados.

Já para Sebastião Helvécio, do Tribunal de Contas da União (TCU), a EC n. 95 é inoportuna. “O objetivo desta emenda é meramente uma questão de equilíbrio econômico e fiscal”. Para ele, todos nos envolvidos com a área da saúde devem fazer uma reflexão. “Estamos corretos quando insistimos nas ASPS e não olhamos para a função saúde em um sentido mais amplo? Não apenas como gasto, mas sim como investimento?”, questionou.

Para Sandra Krieguer, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), é oportuno ouvir vertentes tão distintas a ponto de um debate numérico. Krieguer ressaltou que a política pública de saúde no Brasil é muito bem-sucedida do ponto de vista mínimo de recursos e máximo de resultados. “Nós temos uma eficiência grande em matéria de saúde pública no país. Temos muitos programas de saúde lá nos municípios, onde as pessoas batem na porta dos secretários e dos médicos, mas nós precisamos entender que os recursos são recursos determinados e, portanto, para mais de 200 milhões de beneficiários não podem ser comparados com recursos aplicados, por exemplo em um país como Inglaterra em que o universo de pessoas cobertas pelo sistema de saúde é muito menor”.

Sobre a EC n. 95, Krieguer lembrou que, nos últimos 30 anos, houve muitos movimentos de reforma constitucional que esvaziaram promessa de Estado Social concebido na Constituição Federal de 1988. “Isso por conta de várias situações, mas também pelo esvaziamento de recursos de aplicação que eram obrigatórios em 1988 e que, por sucessivas emendas, acabaram sendo minimizados e esvaziados”, disse a representante da OAB.

No segundo dia do encontro, Márcio Holland, da Fundação Getúlio Vargas, afirmou que é necessário rever a composição dos gastos públicos no Brasil. “No Brasil, os gastos da União cresceram de mais ou menos 10% do Produto Interno Bruto (PIB) logo após a CF de 1988, chegando a 20% – um aumento de 10% do PIB nos gastos totais. Muitos gastos cresceram sem avaliação da qualidade, sem monitoramento e sem uma avaliação da efetividade em geral”, observou. Para ele, o Brasil precisa rever essa situação, pois o financiamento de gastos no Brasil ficou limitado. “Temos de rever a composição desses gastos no país, aqueles que são mais importantes, são mais efetivos. O gasto em saúde em particular representa 3,8% do PIB no Brasil e é relativamente baixo perante as comparações internacionais. 

Segundo Holland, os gastos em saúde no Brasil ainda vão provavelmente dobrar nas próximas décadas e será necessário achar um lugar no orçamento para isso. “Vamos ter de rever os gastos com saúde, a própria composição com gastos com educação e principalmente a previdência que é um gasto extraordinário no Brasil. Estamos gastando 14% do PIB com previdência e 3,8% com saúde o que não faz muito sentido. Então precisamos rever a composição dos gastos sociais no país”.

A professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Lígia Bahia, abordou a questão da Saúde Suplementar. Segundo ela, existe um paradoxo entre a assistência suplementar e o ajuste fiscal, uma vez que as empresas de saúde estão indo bem e é um processo contraditório já que para o SUS, haverá uma redução de recursos. “Para o setor privado esse processo tem sido extremamente positivo, pois ele está crescendo apesar da recessão e da crise econômica, apesar inclusive da queda do número de clientes. Então a gente tem um processo paradoxal, pois enquanto o SUS encolhe, o outro setor se expande e isso trará consequências graves para o sistema de saúde como um todo já que na realidade, os indicadores de saúde que nos interessam, o poderá ficar prejudicado. Essa conjugação de aumento do privado e redução do público pode ter consequências negativas para a saúde como um todo” observou.

O representante das Santas Casas, Edson Rogatti, destacou que a prioridade do governo deve ser o comprometimento com a população por meio de investimentos em saúde, educação, em investimentos básicos. 

Já Edson Araújo apresentou estudo do Banco Mundial sobre o financiamento do SUS sob o novo regime fiscal, seus desafios e oportunidades. Segundo ele, o estudo mostra que, a longo prazo, o efeito negativo da EC n. 95 é evidente. “O Brasil enfrenta desafios para prover serviços de saúde eficientes e sustentáveis para sua população, por isso é preciso preparar o sistema para enfrentar os desafios existentes e futuros, como o da população e crescente carga das doenças crônicas.” 

Para Araújo, a consolidação do SUS depende da capacidade de adotar medidas inovadoras para sua modernização.
Representando o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), João Pieroni observou que algumas mudanças precisam acontecer em um cenário de diminuição de recursos para o SUS, como, por exemplo, no modelo de atenção à saúde, na melhoria da gestão das unidades básicas, entre outros.
Sidney Klajner, representante do Hospital Albert Einstein, destacou, que apesar do termo “saúde suplementar”, o sistema é único, pois, apesar das fontes de financiamento diferentes, a saúde está interligada por meio do Programa de Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS). “Existem várias iniciativas destinadas ao SUS dentro do Proadi, assim como outros hospitais de excelência”.
O vice-presidente do Conass, secretário de Estado da Saúde do Pará, Vitor Manuel Jesus, enalteceu a iniciativa do Conasems de trazer esse tema tão importante para o debate com diversos setores. Segundo ele, a realidade dos secretários estaduais e municipais de saúde é peculiar, pois cabe a eles a execução da política de saúde diretamente. “Sabendo que esse cenário macroeconômico é adverso, a EC n. 95 veio ser uma questão introdutória forte em uma composição constitucional que vai trazer consequências diretas no atendimento à população. Isso é inegável”, observou. Segundo ele, a conjuntura do cenário nacional envolve os gestores para saber que tipo de impacto ela vai ter em relação à cobertura assistencial, em relação aos indicadores que estão colocados para aquilo que já está constituído e para o que vai ser provocado a partir de agora.

Encerrando o encontro, o ex-ministro da Saúde Agenor Alvares parabenizou a qualidade do debate dos dois dias do evento. No entanto, observou que teve a impressão, a partir das discussões, que o interesse não tem sido a saúde das pessoas, e sim coisas completamente divergentes. “Nosso primeiro compromisso tem que ser com as pessoas, principalmente daquelas que, se não tiverem acesso, não terão nenhum tipo de assistência. Acho que essa é a principal discussão que temos de fazer. As grandes mazelas que acontecem no país hoje não são culpa da saúde. Se não tivermos clareza da responsabilidade do engajamento que precisamos ter com as pessoas, elas vão ficar desassistidas.

Para ele é importante ter cautela com as comparações com outros países. “Precisamos ter humildade de reconhecer o que estamos falhando, para analisarmos e buscarmos alternativas, pois o SUS tem maturidade suficiente isso.” Segundo o ex-ministro é fundamental pensar nos ajustes que precisam ser feitos (sejam eles fiscal ou no próprio SUS), mas sem perder o foco que o principal deve ser sempre a população. “Não podemos achar que não podemos mexer naquilo que foi gestado há 30 anos. Podemos e devemos e precisamos ter coragem de enfrentar esse momento que estamos passando”, concluiu.   




CONASS NOVOS GESTORES


Ao todo, 20 novos gestores assumiram a pasta em 2019

No dia 13 de fevereiro de 2019, o Conass recebeu em sua primeira Assembleia os secretários estaduais de saúde que estarão à frente da gestão 2019-2022.

O presidente do Conass, Leonardo Vilela, deu as boas vindas, apresentou o Conass e destacou a grande renovação ocorrida no quadro de gestores. “Temos uma quantidade expressiva de novos secretários e esse é um momento importante para que vocês conheçam o Conass tendo em vista esse complicado momento de transição política e econômica, com déficit fiscal de estados e da União. Temos discutido muito isso na assessoria técnica do Conselho e, na nossa avaliação, as condições em que vocês assumem as Secretarias Estaduais de Saúde (SES), são mais difíceis do que há 4 anos”, ressaltou.

Ao conversar com os secretários, Vilela destacou o anseio do Conass em contribuir para que as gestões estaduais ocorram da melhor maneira possível e observou que a cada ano que se passa o Conselho tem aumentado a sua credibilidade e influência nas políticas de saúde, sendo indiscutível o excelente conceito que tem junto a diversos órgãos e demais instituições de saúde pública no Brasil. Fato que se justifica, principalmente, pela qualidade do seu colegiado e de sua equipe técnica que formula propostas consistentes, participa dos debates de forma proativa e dá contribuições efetivas para o desenvolvimento da saúde no país.

Para Vilela é importante reforçar o peso político de cada um dos secretários dentro de seus estados e em nível nacional. “Sem dúvida a secretaria de estado da saúde é uma das mais importantes em qualquer governo e além do conhecimento e da experiência, o peso político do secretário é muito importante e precisa ser utilizado para influenciar na construção das políticas públicas de saúde do Brasil. Um Conass coeso e bem articulado é fundamental”. 
Logo após a fala do presidente do Conass, os secretários se apresentaram e falaram sobre a situação da saúde em seus estados e as prioridades de suas gestões. Confira a seguir.











sexta-feira, 29 de março de 2019

DESABASTECIMENTO DE MEDICAMENTOS, INFORMATIZAÇÃO E FORTALECIMENTO DA POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA FORAM DESTAQUES DA REUNIÃO


Reunidos em Brasília nesta segunda-feira (25), coordenadores de Assistência Farmacêutica (AF) das Secretarias Estaduais de Saúde (SES), debateram questões prioritárias e estruturantes da área. Entre os pontos de pauta, a crise no abastecimento que acometeu os estados nos últimos meses e a necessidade de implementar uma informatização que de fato auxilie no planejamento da gestão deram o tom ao encontro, que contou com a participação da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE), do Ministério da Saúde.

O presidente do Conass, Leonardo Vilela, disse que a interlocução com o ministério é extremamente importante, principalmente no que concerne à questão do desabastecimento que, segundo ele, tem sido recorrentemente debatida pelos secretários nas assembleias do Conass. “Estamos esperançosos de que vamos evoluir para um bom entendimento das questões apontadas durante o dia que foi muito produtivo”, disse.

O secretário da SCTIE/MS, Denizar Vianna, também reiterou que a aproximação é imprescindível para o enfrentamento de problemas como o desabastecimento. “Precisamos do conhecimento e do diagnóstico regional para construir políticas conjuntamente, por isso, queremos ouvi-los e estabelecer uma pauta com outros encontros, apresentando a equipe e dando acesso irrestrito a vocês com a certeza de que as soluções de que precisamos não virão sem a participação de todos”, destacou.

Ele também reforçou que é preciso dar a devida atenção à construção da Assistência Farmacêutica. “Não tem cabimento o Ministério da Saúde ficar como um simples distribuidor de medicamento para os estados, é preciso uma política acima disso para que desfechos de saúde sejam melhorados”, concluiu.

Para o consultor do ministério, Lindemberg Costa, é preciso somar para sair do binômio aquisição e falta e para que haja uma contribuição qualificada entre os estados e o Ministério da Saúde. “Estamos num momento de crise e muitas pontes foram destruídas. Precisamos reconstruí-las e fazer novas, já que precisamos de uma agenda propositiva de consenso para compartilhar decisões. Sei como é a pressão nos estados, nos hospitais onde faltas são recorrentes e os orçamentos muito apertados. A ideia é construir com o Conass e Conasems essa agenda propositiva para essa área que é extremamente estratégica no SUS”, argumentou.

A diretora do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos (DAF), Sandra de Castro, também participou da reunião e destacou que já houve um encontro do Grupo de Trabalho do ministério, com Conass e Conasems, e que é preciso avançar com novas políticas, mas principalmente garantir o é essencial. “Quando o Ministério da Saúde assume a responsabilidade de adquirir o medicamento de forma centralizada isso é um dever e não um mérito. Estamos trabalhando para regularizar o abastecimento e para que a gente saia do contexto de que a AF é somente um balcão que compra e de distribuição”.

Para Alvimar Botega, coordenador do Componente Estratégico da Assistência Farmacêutica, é preciso resgatar o papel do departamento e estrutura-lo para responder às necessidades não só de abastecimento, mas também da implementação da Política Nacional de Assistência Farmacêutica. “Os desafios aumentaram bastante, com o próprio componente estratégico, para o qual trabalhamos com grandes laboratórios oficiais e as dificuldades que enfrentam por serem os únicos fabricantes no Brasil, além das questões de monopólio e do fornecedor único de matéria prima e vários outros gargalos que eles enfrentam e que impactam nosso trabalho”, explicou. Botega também destacou as importações de 26 fármacos via Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) que, por não terem registro no Brasil, tem excepcionalidade de importação, mas que se trata de processos truncados que precisam recorrentemente ser destravados para garantir o abastecimento.

Desafio e urgência
O assessor técnico do Conass, Heber Bernarde, apresentou ao secretário Denizar e sua equipe os debates ocorridos durante o dia, destacando que são muitos os temas relevantes para a Política Nacional de Assistência Farmacêutica, mas que é preciso começar pelo que é mais factível e definir prioridades. “A maioria dos assuntos permeiam mais o componente especializado, mesmo as SES tendo o compromisso de prestar apoio a toda política de AF, é nesse componente, pela cronicidade dos tratamentos e pelo volume de recursos despendidos, que estão os maiores problemas”.

As prioridades, segundo Bernarde, são o abastecimento e o sistema de informação. “Sem produto na prateleira não há cuidado farmacêutico, portanto, a prioridade é a regularidade no abastecimento e essa é uma pauta que vamos tratar a partir de informações do DAF no GT tripartite, conforme combinado e acompanhando na assembleia do Conass”, destacou.
Quanto à informatização, o foco da discussão foi o Hórus – Sistema Nacional de Gestão da Assistência Farmacêutica, responsável pela dispensação de medicamento para quase 300 mil pacientes por mês. “São 240 estabelecimentos de saúde e quase 300 funcionários estaduais com senhas desse sistema. E mais de 90 milhões de reais por mês em medicamentos dispensados por meio desse sistema. Está mais do que na hora disso ser tratado com prioridade dentro do ministério. Não há mais tempo a perder”, reforçou.

Ainda a respeito dessa temática, a aposta é na efetivação da Base Nacional de Dados da Assistência Farmacêutica (BNAFAR), estratégia que há aproximadamente 2 anos vem sendo construída por equipes que trabalham no pareamento dos dados no Ministério da Saúde, buscando avançar em análises sob o ponto de vista da racionalidade e efetividade das tecnologias disponíveis. “Essa base tem que ser o carro chefe e por isso trata-se de um pedido especial para que de fato ela seja tirada do papel e se torne o centro da discussão”, alegou.

Denizar Vianna disse que esse tema é urgente para o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que pretende inserir na estrutura organizacional da pasta uma Secretaria Nacional de Tecnologia da Informação. “São mais de 100 sistemas que não se comunicam no Datasus e não vamos conseguir fazer um único sistema integrador, então, estamos tratando de forma separada, mas a sinalização é clara e assumo o compromisso de levar essa demanda ao ministro, de que dentro dessa nova reestruturação, o Hórus seja uma prioridade”.

Heber Bernarde argumentou que todos os sistemas de informação até hoje foram criados a partir das políticas, na lógica “tem uma regra e cria-se um sistema para cumpri-la”. E insistiu que essa lógica deve ser inversa, sendo a informação a base para a discussão sobre as políticas de saúde pública. “A Base Nacional e o Hórus precisam ser tratados com extrema prioridade. E para isso, obviamente, é preciso estrutura. Não adianta termos um orçamento previsto no âmbito da Assistência Farmacêutica na casa de 14 bilhões, com uma compra centralizada de quase 7 bilhões e não termos estrutura para gerenciar tudo isso. Estamos falando de dados da vida real no mesmo tempo em que o sistema que dispensa o medicamento não funciona na sua plenitude. Nem o registro de quanto foi para cada paciente conseguimos ter efetivamente, isso impacta diretamente no empenho em tratar a incorporações de medicamentos na perspectiva de risco compartilhado. Por isso é preciso olhar para o orçamento e dedicar um determinado montante para estrutura, e nesse sentido o consenso é de avançar no Programa QualifarSUS para os estados, explicou.

CONASS


FAPESP lança política para acesso aberto a publicações científicas - ABIPTI


A FAPESP lançou sua política para acesso aberto a publicações científicas. Autores de artigos que resultem, total ou parcialmente, de projetos e bolsas financiados pela Fundação deverão divulgá-los em periódicos que permitam o arquivamento de uma cópia do trabalho em um repositório público, onde possa ser consultado na web por qualquer pessoa.

O depósito da cópia deverá ser feito assim que o paper for aprovado para publicação ou em prazos compatíveis com as restrições de cada revista – algumas delas impõem períodos de embargo entre seis meses e um ano. Caso o artigo seja publicado por alguma das 293 revistas do Scientific Electronic Library Online (SciELO), não haverá a necessidade de depositar em repositórios, pois esses periódicos garantem a divulgação instantânea do conteúdo na web.

A política foi detalhada em uma portaria do Conselho Técnico-Administrativo da FAPESP assinada no dia 21 de fevereiro e entrou em vigor no dia 21 de março. A íntegra do texto está disponível on-line.

Editoras comerciais ou de sociedades científicas que editam periódicos costumam oferecer diferentes opções de publicação em acesso aberto. Algumas cobram uma taxa adicional para divulgação livre do artigo, outras permitem que o autor deposite versões do trabalho em repositórios – nem sempre a versão final. Outras formas de publicação devem ser criadas em um futuro próximo, fomentadas por políticas que buscam impulsionar o acesso aberto – a iniciativa mais recente é o Plan S, proposto em setembro pela União Europeia e agências de 14 países (leia mais em: http://revistapesquisa.fapesp.br/2019/02/08/comunicacao-cientifica-sem-barreiras/).

A política da FAPESP estabelece que os autores têm liberdade para usar qualquer opção, desde que se possa depositar a cópia da versão final do artigo em um repositório. As normas adotadas por editoras ou sociedades científicas em relação ao acesso aberto de artigos de suas publicações podem ser consultadas on-line.

O estímulo à publicação em acesso aberto já foi alvo de outras iniciativas da Fundação, como a biblioteca SciELO, um programa da FAPESP criado em 1997 em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que inspirou a criação de programas semelhantes em 14 países.

Em 2008, o Conselho Superior da FAPESP aprovou a criação de uma política de acesso aberto a publicações científicas financiadas pela Fundação, que teve como resultado o surgimento de repositórios institucionais para disponibilizar os trabalhos, como o do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp), o da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e o da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Saiba mais sobre a Política para Acesso Aberto às Publicações Resultantes de Auxílios e Bolsas FAPESP em: www.fapesp.br/12632.

(Agência Fapesp)



SUS INCORPORA SEQUENCIAMENTO COMPLETO DO EXOMA


Ministério da Saúde/Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos
PORTARIA Nº 18, DE 27 DE MARÇO DE 2019

Torna pública a decisão de incorporar o sequenciamento completo do exoma para investigação etiológica de deficiência intelectual de causa indeterminada no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS.

O SECRETÁRIO DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INSUMOS ESTRATÉGICOS DO MINISTÉRIO DA SAÚDE, no uso de suas atribuições legais e com base nos termos dos art. 20 e art. 23 do Decreto 7.646, de 21 de dezembro de 2011, resolve:
Art. 1º Incorporar o sequenciamento do exoma para investigação etiológica de deficiência intelectual da causa indeterminada como procedimento ambulatorial de alta complexidade não valorado na Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Próteses e Materiais Especiais do SUS, secundário ao procedimento 03.01.01.020-0-Avaliação clínica para diagnóstico de doenças raras-Eixo I:2-Deficiência intelectual, com vistas ao aconselhamento genético, em conformidade com o que estabelece a Portaria GM/MS nº 199/2014(*) e mediante protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde.
Art. 2º Conforme determina o art. 25 do Decreto 7.646/2011, o prazo máximo para efetivar a oferta ao SUS é de cento e oitenta dias.
Art. 3º O relatório de recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC) sobre essa tecnologia estará disponível no endereço eletrônico: http://conitec.gov.br/.
Art. 4º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

DENIZAR VIANNA ARAUJO


Autorização para adesão a ata de registro de preços


Ministério da Saúde/Secretaria Executiva/Departamento de Logística em Saúde
PORTARIA Nº 3, DE 26 DE MARÇO DE 2019

O DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE LOGÍSTICA EM SAÚDE DA SECRETARIA EXECUTIVA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE, no uso de suas atribuições conferidas pela Portaria nº. 262, publicada no Diário Oficial da União nº. 6, em 9 de janeiro de 2019, e pelo Decreto nº. 8.901, de 10 de novembro de 2016, e tendo em vista o disposto no art. 22 do Decreto Nº 7.892, de 23 de janeiro de 2013, resolve:
Art. 1º - Delegar ao Coordenador Geral de Licitações e Contratos de Insumos Estratégicos para a Saúde, do Departamento de Logística em Saúde, bem como a seu Substituto, a competência para autorizar a adesão à ata de registro de preços de outros Órgãos da Administração Pública.
Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

ROBERTO FERREIRA DIAS


MS COMPRA INSULINA NPH DA ELI LILLY NO VALOR TOTAL DE R$ 21.472.000,00


Ministério da Saúde/Secretaria Executiva/Departamento de Logística em Saúde/Coordenação-Geral de Licitações e Contratos de Insumos Estratégicos para Saúde
EXTRATO DE CONTRATO Nº 49/2019 - UASG 250005

Nº Processo: 25000182594201826.
PREGÃO SRP Nº 85/2018. Contratante: MINISTERIO DA SAUDE -.CNPJ Contratado: 43940618000144. Contratado : ELI LILLY DO BRASIL LTDA -.Objeto: Aquisição de Insulina Humana Regular e NPH. Fundamento Legal: Lei nº 10.520/2002,Decreto nº 5.450/2005 e Decreto nº 7.892/2013. Vigência: 28/03/2019 a 28/03/2020. Valor Total: R$21.372.000,00. Fonte: 6153000000 - 2019NE800208. Data de Assinatura: 28/03/2019.
(SICON - 28/03/2019) 250110-00001-2019NE800085


SUS INCORPORA INSULINA ANÁLOGA DE AÇÃO PROLONGADA


Ministério da Saúde/Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos
PORTARIA Nº 19, DE 27 DE MARÇO DE 2019

Torna pública a decisão de incorporar insulina análoga de ação prolongada para o tratamento de diabetes mellitus tipo I, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS.

O SECRETÁRIO DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INSUMOS ESTRATÉGICOS DO MINISTÉRIO DA SAÚDE, no uso de suas atribuições legais e com base nos termos dos art. 20 e art. 23 do Decreto 7.646, de 21 de dezembro de 2011, resolve:
Art. 1º Fica incorporada insulina análoga de ação prolongada para o tratamento de diabetes mellitus tipo I, condicionada ao custo de tratamento igual ou inferior ao da insulina NPH na apresentação de tubete com sistema aplicador e mediante protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS.
Art. 2º Conforme determina o art. 25 do Decreto 7.646/2011, o prazo máximo para efetivar a oferta ao SUS é de cento e oitenta dias.
Art. 3º O relatório de recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC) sobre essa tecnologia estará disponível no endereço eletrônico: http://conitec.gov.br/.
Art. 4º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

DENIZAR VIANNA ARAUJO


REFORMA TRABALHISTA EM CONTRATOS DE TERCEIRIZAÇÃO


TCU avalia efeitos da lei da reforma trabalhista em contratos de terceirização firmados pela administração pública federal
Corte de Contas entendeu que, em contratos de terceirização de serviços com dedicação exclusiva e jornada de 12x36 horas, firmados com a Administração Pública Federal, não são mais devidos o pagamento em dobro pelo trabalho realizado em feriados e o adicional noturno nas prorrogações de trabalho noturno, salvo se previstos em acordo, convenção coletiva de trabalho ou contrato individual, em observância ao art. 59-A da Consolidação das Leis do Trabalho

O Tribunal de Contas da União (TCU) analisou, nesta quarta-feira (27), as medidas adotadas pela Administração Pública Federal para adequar seus contratos de prestação de serviços de execução indireta com dedicação exclusiva de mão de obra e jornada de 12x36 horas às alterações promovidas pela Lei 13.467/2017 (lei da reforma trabalhista) na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Na jornada de trabalho de 12x36 horas, o empregado trabalha por um período de 12 horas, seguida de 36 horas de descanso.

Antes da reforma trabalhista, por entendimento da Justiça Trabalhista, a jornada de 12x36 era possível, sendo assegurados aos empregados, em todos os casos, o pagamento em dobro pelo trabalho realizado em feriados e o adicional noturno nas prorrogações de trabalho noturno.  

O ministro-relator Bruno Dantas esclareceu que, com a reforma trabalhista, a lei passou a prever explicitamente a jornada de 12x36, dispondo ainda que “seriam considerados compensados os feriados e as prorrogações de trabalho noturno, quando houvessem, de que tratam o art. 70 e o § 5º do art. 73” da CLT.

Em vista dessa mudança na previsão legal, o Plenário do TCU decidiu que, nos contratos administrativos, esses valores apenas seriam devidos se expressamente previstos em acordo ou convenção coletiva de trabalho. Caso não estipulados, a Administração deverá proceder à readequação contratual para manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato de terceirização.

Segundo o relator do processo, ministro Bruno Dantas, deve haver readequação dos contratos administrativos que estão em execução, iniciados antes ou depois da vigência da Lei 13.467/2017, nos quais o pagamento dessas rubricas não esteja coberto por Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) ou em contrato individual, a fim de que essas parcelas sejam excluídas. A medida deverá gerar considerável economia para os cofres federais.

Nesse sentido, os ministros do TCU determinaram aos órgãos centrais da Administração Pública Federal que orientem sua estrutura administrativa para que adequem seus contratos de prestação de serviços de execução indireta com dedicação exclusiva de mão de obra com jornada em regime de 12x36 horas no sentido de não serem mais devidos o pagamento em dobro pelo trabalho realizado em feriados e o adicional noturno nas prorrogações de trabalho noturno, caso não previstos em ACT, CCT ou contrato individual.

Serviço:

Processo: TC 005.755/2018-2

Data da sessão: 27/3/2019

Relator: Ministro Bruno Dantas


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