O Programa Conjunto das Nações Unidas
sobre HIV/AIDS (UNAIDS) cumprimentou nesta quinta-feira (9) seu
diretor-executivo há dez anos, Michel Sidibé, por sua nomeação como ministro da
Saúde e Assuntos Sociais do Mali.
Defensor de uma abordagem centrada
nas pessoas para questões de saúde e desenvolvimento, Sidibé deixa uma
“contribuição notável para a resposta à AIDS, ajudando a salvar e melhorar as
vidas de milhões de pessoas em todo o mundo”, de acordo com o UNAIDS.
Michel Sidibé, diretor executivo do
UNAIDS. Foto: Mark Garten/ONU
Sidibé será substituído
provisoriamente pela vice-diretora executiva de Gestão e Governança do UNAIDS,
Gunilla Carlsson.
Defensor de uma abordagem centrada
nas pessoas para questões de saúde e desenvolvimento, Sidibé deixa uma
“contribuição notável para a resposta à AIDS, ajudando a salvar e melhorar as
vidas de milhões de pessoas em todo o mundo”, de acordo com o UNAIDS.
O UNAIDS lembrou que, desde que
Sidibé assumiu a liderança do programa da ONU, houve um aumento de 170% no
número de pessoas com acesso a terapia antirretroviral — de 8 milhões em 2010
para 21,7 milhões em 2017.
Houve também uma queda de 45% nas
mortes relacionadas à AIDS — de 1,7 milhão em 2008 para 940 mil em 2017. Além
disso, as novas infecções por HIV foram reduzidas em 22% — de 2,3 milhões em
2008 para 1,8 milhão em 2017.
“Foi uma honra, para mim, servir ao
UNAIDS como diretor-executivo e contribuir para a resposta global à AIDS”,
disse Sidibé.
“Gostaria de agradecer a todos os
parceiros e funcionários do UNAIDS e especialmente aos membros das comunidades
afetadas pelo HIV, que tornaram possíveis nossos sucessos”. “Com o firme
compromisso e determinação de vocês, conseguimos oferecer a milhões de pessoas
serviços capazes de salvar vidas. Se continuarmos no curso e fizermos o que é
certo — sempre colocando as pessoas em primeiro lugar e entregando resultados
—, conseguiremos acabar com a AIDS.”
A visão de Sidibé de zero nova
infecção pelo HIV, zero discriminação e zero morte relacionada à AIDS, e sua
defesa para assegurar que todas as pessoas tenham acesso aos serviços de saúde,
mantiveram o HIV no topo da agenda global, segundo o UNAIDS.
Além disso, seus apelos por
solidariedade global e responsabilidade compartilhada fizeram com que os
recursos para o HIV aumentassem em mais de um terço, de 15,9 bilhões de dólares
em 2010 para 20,6 bilhões de dólares em 2017 nos países de baixa e média renda.
De acordo com o UNAIDS, a defesa de
Sidibé para que os países se apropriassem da resposta ao HIV ajudou a garantir
que 56% dos recursos para o vírus em países de baixa e média renda agora
provenham de fontes domésticas, promovendo respostas sustentáveis de longo
prazo à epidemia.
O UNAIDS também destacou o
compromisso de Sidibé com o acesso universal a prevenção, tratamento,
assistência e apoio ao HIV, o que fez com que a meta de atingir 15 milhões de
pessoas vivendo com HIV com terapia antirretroviral até 2015 tenha sido
atingida sete meses antes do previsto.
Sidibé também focou nos mais
vulneráveis e marginalizados, deu voz aos que não tinham voz, incluindo pessoas
que usam drogas, homens gays e outros homens que fazem sexo com homens, pessoas
trans, trabalhadoras do sexo, pessoas privadas de liberdade e pessoas em
situação de deslocamento, ainda segundo o programa da ONU.
“Acreditando que nenhuma criança
deveria nascer com HIV, sua liderança em convocar o mundo à eliminação de novas
infecções contribuiu para uma redução de 60% nas novas infecções pediátricas
pelo vírus desde 2009 nos 21 países prioritários do plano global cujo prazo era
2015”, afirmou o UNAIDS.
Durante seu mandato, Sidibé liderou
duas das mais bem-sucedidas declarações políticas da Assembleia Geral das
Nações Unidas sobre o HIV, que apontavam populações-chave e incluíam as
ambiciosas Metas de Aceleração da Resposta (Fast-Track) regionais e globais.
Ele defendeu com sucesso a retirada
do isolamento da AIDS, encorajando uma abordagem holística baseada em direitos
humanos para incluir o HIV como parte da saúde sexual e reprodutiva e integrar
as respostas às doenças interligadas, incluindo a tuberculose e o câncer do
colo do útero.
“Gostaria de agradecer ao
secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pelo seu apoio de longa
data ao UNAIDS”, afirmou Sidibé.
“Também sou grato ao Sistema das
Nações Unidas por me permitir desenvolver minha carreira, desde quando comecei
como profissional júnior de curto prazo na República Democrática do Congo para
o Fundo das Nações Unidas para a Infância, em 1987, até me tornar
subsecretário-geral das Nações Unidas, cerca de 20 anos depois. Sou eternamente
grato pelas oportunidades que me foram dadas.”
Os países mais afetados pelo HIV se
uniram à convocação de Sidibé para alcançar as metas 90–90–90, através das
quais o mundo se compromete a, até 2020, garantir que 90% das pessoas vivendo
com HIV tenham sido diagnosticadas, que 90% destas pessoas tenham acesso ao
tratamento, e que 90% das pessoas em tratamento tenham carga viral
indetectável.
Até o momento, cerca de 75% de todas
as pessoas que vivem com o HIV conhecem seu estado sorológico positivo, e o
foco foi aumentado nos testes de HIV e na expansão da terapia antirretroviral.
A mobilização de parceiros para a
criação de uma coalizão global de prevenção do HIV resultou na criação de um
novo Roteiro de Prevenção até 2020 para fortalecer e manter o compromisso
político de prevenção primária do HIV e estabelecer termos de transparência e responsabilidade
na prestação de serviços em grande escala para impedir novas infecções pelo
vírus.
O compromisso de Sidibé de melhorar a
vida de mulheres e meninas estimulou a ação da Resolução 1983 do Conselho de
Segurança em 2011, que se concentrou em garantir o acesso à prevenção e ao
tratamento de HIV para mulheres e meninas, na prevenção e resposta à violência
sexual relacionada a conflitos e na construção da paz pós-conflito.
Além disso, sua forte crença no poder
das comunidades preparou o caminho para respostas ao HIV lideradas pela
comunidade, que provaram ser um fator de transformação no aumento da aceitação
de serviços de HIV e na criação de redes de apoio para melhorar a adesão ao
tratamento e qualidade de vida das pessoas que vivem com o vírus.
De acordo com o UNAIDS, Sidibé “tem
sido um líder inspirador para a resposta global ao HIV”. O programa da ONU
agradeceu seus anos de serviço dedicado. Sidibé assumirá seu novo papel como
Ministro de Saúde e Assuntos Sociais do Mali, com efeito imediato, e será
substituído provisoriamente pela vice-diretora executiva de Gestão e Governança
do UNAIDS, Gunilla Carlsson.