11 de março de 2020 –
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom
Ghebreyesus, anunciou nesta quarta-feira (11), em Genebra, na Suíça, que a
COVID-19, doença causada pelo novo coronavírus, é agora caracterizada como uma
pandemia.
“Atualmente, existem mais de
118 mil casos em 114 países e 4,2 mil pessoas perderam a vida. Outras milhares
estão lutando por suas vidas em hospitais. Nos próximos dias e semanas,
esperamos ver o número de casos, o número de mortes e o número de países
afetados aumentar ainda mais”, afirmou Tedros.
Descrever a situação como uma
pandemia, segundo a OMS, não altera a avaliação sobre a ameaça representada por
esse vírus. “Os países devem adotar uma abordagem envolvendo todo o governo e
toda a sociedade, construída em torno de uma estratégia integral e combinada
para prevenir infecções, salvar vidas e minimizar o impacto”, disse o
diretor-geral da OMS.
Para as Américas, a diretora
da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, descreveu na semana passada três situações possíveis
que os países da região podem enfrentar – simultaneamente ou mesmo entre áreas
de países maiores – com o COVID-19. São elas: clusters de casos após
importações; grandes surtos em “locais fechados”, como asilos, prisões, campos
militares, reuniões de massa; e transmissão comunitária em massa, que é mais
provável de ocorrer durante a temporada de gripe.
Para resolver essas situações,
a diretora da OPAS considerou que existem três tipos de ações que podem ser
tomadas: conter o vírus após sua introdução, por meio da detecção e isolamento
de casos e do rastreamento de contatos; trabalhar com o setor de saúde para
salvar vidas através da proteção dos profissionais de saúde e da organização de
serviços para responder a um possível maior influxo de pacientes em estado
grave; desacelerar a transmissão, por meio de uma abordagem multissetorial,
entre outros.
Confira a íntegra do
pronunciamento dado por Tedros Adhanom Ghebreyesus no briefing para a mídia sobre COVID-19:
“Boa tarde,
Nas últimas duas semanas, o
número de casos de COVID-19 fora da China aumentou 13 vezes e o número de
países afetados triplicou.
Atualmente, existem mais de
118 mil casos em 114 países e 4.291 pessoas perderam a vida.
Outras milhares estão lutando
por suas vidas em hospitais.
Nos próximos dias e semanas,
esperamos ver o número de casos, o número de mortes e o número de países
afetados aumentar ainda mais.
A OMS está avaliando esse
surto 24 horas por dia e nós estamos profundamente preocupados com os níveis
alarmantes de disseminação e gravidade e com os níveis alarmantes de falta de
ação.
Portanto, avaliamos que a
COVID-19 pode ser caracterizada como uma pandemia.
Pandemia não é uma palavra a
ser usada de forma leviana ou descuidada. É uma palavra que, se mal utilizada,
pode causar medo irracional ou aceitação injustificada de que a luta acabou,
levando a sofrimento e morte desnecessários.
Descrever a situação como uma
pandemia não altera a avaliação da OMS sobre a ameaça representada por esse
vírus. Não altera o que a OMS está fazendo e nem o que os países devem fazer.
Nunca vimos uma pandemia
provocada por um coronavírus. Esta é a primeira pandemia causada por um coronavírus.
E nunca vimos uma pandemia
que, ao mesmo tempo, pode ser controlada.
A OMS está em modo de resposta
completa desde que fomos notificados dos primeiros casos.
E pedimos todos os dias que os
países tomem medidas urgentes e agressivas.
Tocamos a campainha do alarme
alta e clara.
Como eu disse na
segunda-feira, apenas analisar o número de casos e o número de países afetados
não conta a história completa.
Dos 118.000 casos notificados
globalmente em 114 países, mais de 90% dos casos estão em apenas quatro países,
e dois deles – China e República da Coréia – têm epidemias em declínio
significativo.
Ao todo, 81 países não
notificaram nenhum caso e 57 países notificaram 10 casos ou menos.
Não podemos dizer isso em voz
alta o suficiente ou com clareza ou frequência suficiente: todos os países
ainda podem mudar o curso dessa pandemia.
Se os países detectam, testam,
tratam, isolam, rastreiam e mobilizam sua população na resposta, aqueles com um
punhado de casos podem impedir que esses casos se tornem clusters (aglomerados
de casos) e esses clusters se tornem transmissão comunitária.
Mesmo os países com
transmissão comunitária ou grandes grupos podem virar a maré contra esse vírus.
Vários países demonstraram que
esse vírus pode ser suprimido e controlado.
O desafio para muitos países
que agora estão lidando com grandes clusters (aglomerado de casos) ou
transmissão comunitária não é se podem fazer a mesma coisa, mas se farão.
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