Bárbara Gonçalves e Débora
Brito
O Instituto Butantan, de São Paulo, participa do desenvolvimento de vacina contra o novo coronavírus
Governo do Estado de São Paulo
O Brasil é o segundo país no
mundo em casos de covid-19 e já registra mais de 86 mil mortes em decorrência
do novo coronavírus. Diante desse cenário, é grande a expectativa e otimismo
dos senadores pelo desenvolvimento, em tempo recorde, de uma vacina capaz de
imunizar a população a partir do início do ano que vem.
A senadora Zenaide Maia
(Pros-RN), que também é médica, ressaltou que a comunidade científica tem
priorizado o desenvolvimento da vacina. Ela acredita que já em 2021 o mundo
terá acesso ao método eficaz de imunização contra a covid-19.
— Minha expectativa é de que,
no próximo ano, em 2021, tenhamos uma vacina contra a covid-19 que seja para
todos, em comum da humanidade, e não só para os países mais ricos. Acredito
nisso porque vejo a comunidade científica internacional dando prioridade máxima
para o desenvolvimento dessa vacina, inclusive com a participação de cientistas
e voluntários brasileiros — disse a senadora à Agência Senado.
Na semana passada, a
Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que 166 vacinas contra o vírus
estão em desenvolvimento em todo o mundo e, até a última terça-feira (21), ao
menos 24 delas haviam sido registradas em fase clínica, que é a etapa de teste
em humanos.
Uma das vacinas que está em
estágio mais avançado é a da Universidade de Oxford, no Reino Unido, em
conjunto com a farmacêutica AstraZeneca. Ela está na fase de testes em humanos,
inclusive com aplicação dessa etapa no Brasil. A Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz) firmou parceria com a universidade para produzir a vacina no país.
Pelas redes sociais, o senador
Alvaro Dias (Podemos-PR) celebrou o avanço da pesquisa e o fato de o estudo
contar com um médico infectologista brasileiro como um dos responsáveis pelas
testagens que vêm sendo feitas no desenvolvimento dessa vacina.
“O médico brasileiro Pedro
Folegatti é responsável pelos testes da vacina contra o coronavírus em Oxford.
Desejamos muito sucesso nas pesquisas, que a vacina possa renovar as esperanças
de todos! Parabéns aos pesquisadores e todos os profissionais que colaboram
para acabar com a pandemia”, ressaltou.
Testes
Ainda conforme a OMS, de todas
as vacinas em desenvolvimento no mundo, cinco já estão em sua terceira e última
fase de estudo, que é o teste em um número maior de participantes para que o
medicamento possa ou não ser licenciado e liberado para a comercialização.
Além dos testes realizados
pela Universidade de Oxford, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) já autorizou outros dois estudos de vacinas contra o novo coronavírus
no país. Um deles é desenvolvido pela empresa chinesa Sinovac Research &
Development Co. Ltd., em parceria com o Instituto Butantan, e outro é conduzido
pelas empresas Pfizer (farmacêutica norte-americana) e BioNTech (empresa alemã
de biotecnologia).
Para o senador Paulo Paim
(PT-RS), que demonstrou confiança nos projetos desenvolvidos até o momento, o
acesso à vacina, quando todas as etapas forem concluídas, deve ser de
graça e para todos.
“A vacina contra a covid-19
precisa ser universal e gratuita para todos os países e pessoas, principalmente
para os miseráveis, pobres e vulneráveis. Não pode ser uma guerra comercial. É
uma questão planetária e coletiva da humanidade, um grandioso ato de amor e de
solidariedade”, afirmou pelo Twitter.
A mesma opinião tem o senador
Otto Alencar (PSD-BA), que também é médico.
— É bom observar que vacina é
coisa de interesse universal para preservar a vida, para evitar os óbitos. E
nesse caso não se pode estabelecer patente, ou seja, qualquer vacina que surgir
agora, no final do ano ou no começo do ano que vem precisa ser desenvolvida e
ter essa tecnologia passada para outros países, para outros laboratórios que
tenham a condição de replicar e produzir essa vacina, para que se possa conter
o avanço do coronavírus — enfatizou à Agência Senado.
Etapas
Na semana passada, a
cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, chegou a afirmar que, de acordo com
as observações de resultados dos estudos em andamento, o tempo para o
desenvolvimento da vacina, que geralmente leva anos, pode levar apenas seis meses,
em meio à atual pandemia.
Segundo informações do site do
Instituto
Butantan, o processo de pesquisa e desenvolvimento (P&D) de uma nova
vacina é constituído de diversas etapas. A primeira etapa corresponde à
pesquisa básica, em que novas propostas de vacinas são identificadas. Na
segunda etapa são feitos testes pré-clínicos (in vitro ou in vivo) que buscam
demonstrar a segurança e o potencial imunogênico da vacina. Já na terceira
etapa são realizados os ensaios clínicos (as testagens em grande número de
participantes). Essa etapa é a mais longa e a mais cara do processo de P&D.
Autorização da Anvisa
Uma das ações a serem adotadas
para que o Brasil tenha rápido acesso à vacina, de acordo com o senador
Nelsinho Trad (PSD-MS), é a mudança na legislação para que a Anvisa possa
autorizar a comercialização no país.
— Qualquer remédio que é
estudado fora, para poder entrar no Brasil e ser aqui aprovado e
comercializado, leva de 12 a 18 meses para ser liberado pela Anvisa. Então nós
estamos mexendo na legislação justamente para encurtar esse tempo, para que a
partir do momento que a vacina chegar, possa ter um mínimo de tempo possível
para a Anvisa poder liberar e ela ser aplicada na população brasileira —
explicou o senador à Agência Senado.
Ainda no mês de maio, o
Congresso aprovou um projeto (PL 864/2020, posteriormente transformado na Lei 14.006, de 2020) para que a Anvisa autorize a importação
e a distribuição de medicamentos e equipamentos contra a covid-19 já liberados
para uso no exterior. No entanto, o governo vetou o prazo máximo de 72 horas
para a liberação, que era estabelecido no projeto.
Pesquisa brasileira
Pelas redes sociais, os
senadores Alvaro Dias e Plínio Valério (PSDB-AM) ainda destacaram o
desenvolvimento de uma vacina por pesquisadores brasileiros em parceria com
cientistas internacionais. O projeto é liderado por especialistas da Fiocruz em
Minas Gerais e tem como ponto de partida trabalhos com o Sars-CoV-1 (patógeno
semelhante ao novo coronavírus) e usa como base para a fórmula o vírus da
gripe.
Plínio disse que é preciso
“acreditar com força em nossos cientistas”. Já Alvaro afirmou que o mundo
inteiro está se mobilizando para encontrar uma cura para a covid-19, e no
Brasil não é diferente. “Uma vacina criada apenas por pesquisadores brasileiros
está em desenvolvimento”, celebrou.
Cuidados
Mesmo com a expectativa da
produção de uma vacina em tempo recorde, a senadora Zenaide Maia alerta para os
cuidados preventivos que devem ser mantidos pela população no dia a dia. Em sua
avaliação, as medidas de distanciamento social e higienização ainda são os
melhores métodos para se evitar o contágio no país.
— Enquanto a vacina não vem, a
única forma de diminuir a circulação do vírus é o uso de máscara, álcool em
gel, lavagem frequente das mãos e, para aqueles que podem, o distanciamento
social — afirmou.
Agência Senado (Reprodução
autorizada mediante citação da Agência Senado)