A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) pediu nesta segunda-feira (27) que os serviços essenciais de prevenção e tratamento das hepatites virais sejam mantidos durante a pandemia de COVID-19 para que o progresso rumo à sua eliminação não seja interrompido.
"No meio de uma pandemia,
as hepatites virais continuam a adoecer e matar milhares de pessoas",
lembrou a diretora da OPAS, Carissa F. Etienne. “Esses serviços, incluindo a
vacinação contra a hepatite B, são essenciais e não podem ser interrompidos. Os
cuidados devem continuar em segurança para todos aqueles que precisam",
complementou.
Nas Américas, 3,9 milhões de
pessoas vivem com hepatite B crônica e 5,6 milhões vivem com hepatite C. No
entanto, a região mostrou um progresso substancial. Um modelo desenvolvido pela
OMS estima que 17 países da região já conseguiram eliminar a transmissão
vertical e na primeira infância da hepatite B e que as Américas como um todo
também alcançaram esse objetivo: uma prevalência regional de ≤0,1% em crianças
menores de 5 anos de idade.
A OPAS/OMS recomenda que todos
os recém-nascidos sejam vacinados contra a hepatite B ao nascer e,
posteriormente, recebam pelo menos duas doses adicionais para terem proteção
por toda a vida. "Com a vacinação universal, estamos criando novas
gerações livres da hepatite B e dando um passo em direção à eliminação das
hepatites como um problema de saúde pública", disse Etienne.
O Dia Mundial de Luta Contra
as Hepatites Virais é celebrado em 28 de julho para aumentar a conscientização
sobre as hepatites virais que inflamam o fígado e causam consequências como
cirrose e câncer de fígado. O tema da campanha deste ano, "Por um futuro
sem hepatites", busca influenciar a prevenção da transmissão vertical da
hepatite B.
Mais de 90% das novas infecções
crônicas por hepatite B ocorrem por transmissão de mãe para filho ou entre
crianças durante a primeira infância. Por esse motivo, é essencial vacinar
recém-nascidos contra a hepatite B nas primeiras 24 horas de vida e bebês. Na
região, 31 países que representam mais de 95% da coorte de recém-nascidos
(cerca de 14 milhões) recomendam a vacinação universal ao nascer e todos os
países e territórios das Américas (51) vacinam contra a hepatite B em seus
programas rotineiros de imunização infantil, com cobertura regional de
vacinação superior a 80%.
Após a introdução, há mais de
duas décadas, da vacina contra hepatite B, as Américas são hoje a região do
mundo com a menor prevalência de infecção crônica. "O progresso alcançado
é exemplar", afirmou a diretora da OPAS. Estima-se que em 30 anos a região
tenha conseguido reduzir a prevalência de hepatite B em crianças menores de 5
anos de 0,7% para menos de 0,1%, uma média que hoje é de 0,9% em todo o mundo.
"Esses resultados não
seriam possíveis sem o comprometimento de governos, profissionais de saúde e
famílias com a vacinação", afirmou Etienne. No entanto, mais esforços
devem ser empenhados em alguns países onde as taxas de vacinação de rotina
caíram recentemente, alertou. Ela também defendeu que a vacinação de recém-nascidos
contra a hepatite B ocorra nas primeiras 24 horas de vida e que cobertura
vacinal em crianças menores de um ano de idade se mantenha alta.
A prevalência estimada de
hepatite B na população em geral também é mais baixa nas Américas (0,7%) do que
a média mundial (4%). Embora as gerações passadas não tenham se beneficiado da
vacinação infantil, os países oferecem vacinação contra hepatite B ao pessoal
de saúde e outros grupos de risco. Na ausência de uma cura para as pessoas
infectadas com hepatite B, o diagnóstico precoce ajuda a prevenir
substancialmente o risco de progressão para cirrose hepática e câncer de
fígado, e o acesso ao tratamento pode controlar a infecção.
Atualmente, não existe vacina
contra a hepatite C, mas os antivirais podem curar mais de 95% das pessoas
infectadas. No entanto, apenas 14% das pessoas infectadas na América Latina e
no Caribe são diagnosticadas e menos de 1% recebe tratamento devido ao seu alto
custo. Alguns países da região tiveram acesso a antivirais de ação direta (DAA)
- que podem curar a hepatite C em três meses ou menos – por meio do Fundo
Estratégico da OPAS, um mecanismo que lhes permite ter este medicamento de
qualidade e a preço acessível, mas poucos o utilizam atualmente.
Em 2019, a OPAS lançou
sua Iniciativa
de Eliminação para acabar com mais de 30 doenças infecciosas na região
até 2030, incluindo as hepatites virais. Para conseguir isso, os sistemas de
saúde devem garantir o acesso a testes e tratamento para todas as pessoas com
hepatites virais que precisam, além de medidas preventivas, como a vacinação.
Crédito da foto: Emily frost/Shutterstock.com
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