Uma pesquisa realizada em pacientes portadores de diabetes com infecção por Leishmania braziliensis identificou que a produção desequilibrada de LTB4 e PGE2 (moléculas envolvidas em processos inflamatórios), provocada pela glicose alta, contribui para agravamento do quadro da leishmaniose cutânea. O trabalho foi descrito em artigo publicado no periódico Emerging Microbes and Infections, e tem como primeiro autor o doutorando do PGPAT da Fiocruz Bahia, Icaro Bonyek, orientado pela pesquisadora da instituição, Natália Tavares.
O estudo de coorte transversal
foi realizado entre os anos de 2015 a 2018, com visitas quinzenais de uma
equipe de médicos à área endêmica da doença, no distrito de Corte de Pedra, no
município de Tancredo Neves, Bahia. Para as análises, foram realizados exames
de sangue e biópsia de pele de indivíduos diabéticos com leishmaniose cutânea
comparados com indivíduos apenas com leishmaniose cutânea.
Os achados apontam que o
estado glicêmico e o nível elevado de LTB4 afetam diretamente o tempo de
cicatrização das lesões da leishmaniose. Além disso, constatou-se que os
macrófagos (células de defesa) dos diabéticos com leishmaniose cutânea são mais
suscetíveis à infecção por L. braziliensis.
Com isso, os cientistas
chegaram à conclusão que o diabetes induz um perfil inflamatório sistêmico nos
pacientes com leishmaniose cutânea, causado pelo LTB4, que se correlaciona com
a capacidade reduzida de cicatrização e de eliminar os parasitas.
Os pesquisadores sugerem que o LTB4 desempenha um papel central na resposta imune inata e tem influência significativa no resultado da leishmaniose cutânea, definindo um indivíduo como resistente ou suscetível à infecção pela Leishmania, o que pode indicar o LTB4 como um alvo potencial para futuras intervenções em pacientes com essa comorbidade.
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