Uma rede autônoma de movimentos sociais lançou, nesta quinta-feira (9/7), o Painel Unificador Covid-19 nas Favelas. Trata-se de uma iniciativa colaborativa, cujo objetivo principal é apoiar os esforços de prevenção realizados por movimentos comunitários para informarem moradores e pressionar por políticas públicas necessárias, além de fornecer uma visão mais precisa do impacto da pandemia nesses territórios.
O Painel Unificador pretende consolidar dados sobre casos prováveis e confirmados (combinados em laranja) e mortes (em vermelho) a partir dos relatos dos coletivos, de relatores de favelas em toda a cidade, de painéis publicados pelo governo e clippings de notícias. Moradores poderão relatar sintomas diretamente usando um algoritmo de verificação, cujos resultados também aparecerão no painel. Conforme os moradores adicionarem dados à plataforma, pontos quentes de contágio se tornarão visíveis, informando áreas que requerem maior atenção e esforços de campanha para que as pessoas fiquem em casa.
O Instituto de Comunicação e
Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) apoia a
iniciativa, por meio de seu Laboratório de Informação em Saúde (LIS). "A
Fiocruz realizará análises dos dados para apoio aos releases quinzenais, bem
como suporte na qualificação das delimitações de áreas de favelas e suas
unidades de saúde da família. Sabe-se que a detecção de casos e óbitos não tem
distribuição igualitária, e quanto maior os recursos financeiros do indivíduo
suspeito de caso ou de óbito, maior será a chance de uma pessoa infectada ou
morta pelo Covid-19 ser identificada. Nos lugares em que a população não possui
acesso a tais meios, a detecção permanece baixa, como é o caso das áreas de
favelas. A ideia é unificar estes dados de maneira que as informações sobre
esses territórios sejam visualizadas pelos gestores e pelas comunidades com um
diagnóstico mais próximo da realidade, que possa ser utilizado para medidas de
enfrentamento da pandemia direcionadas de maneira mais adequada, e para que os
moradores possam exigir do poder público medidas mais acertadas", afirma a
pesquisadora Renata Gracie, do Icict/Fiocruz, que vem acompanhando o processo
de criação do painel.
Além da Fiocruz, participam os grupos Comunidades Catalisadoras (ComCat); Coletivo Conexões Periféricas - RP; DataLabe; Fala Roça; Favela Vertical; Fórum Grita Baixada; Frente de Mobilização da Maré; Mulheres de Frente; Observatório de Favelas; PerifaConnection; Redes da Maré - Somos Todos Maré; TETO; e Voz das Comunidades. Desde março, coletivos vêm implementando diversas estratégias de comunicação (alto-falantes, graffiti, mensagens por aplicativos de celular, podcasts, entre outros) para ajudar a combater a pandemia. Também foram criadas campanhas de financiamento coletivo e redes para fornecimento de cestas básicas aos mais atingidos pela paralisação da economia, além da instalação de pias públicas onde o acesso à água é insuficiente. Os movimentos divulgam diariamente em portais de notícias comunitárias e redes sociais informações sobre o andamento da pandemia.
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