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quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

RESOLUÇÃO DE DIRETORIA COLEGIADA - RDC Nº 443, DE 7 DE DEZEMBRO DE 2020 Altera a Resolução de Diretoria Colegiada - RDC nº 73, de 7 de abril de 2016

DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO

Publicado em: 09/12/2020 | Edição: 235 | Seção: 1 | Página: 373

Órgão: Ministério da Saúde/Agência Nacional de Vigilância Sanitária/Diretoria Colegiada

RESOLUÇÃO DE DIRETORIA COLEGIADA - RDC Nº 443, DE 7 DE DEZEMBRO DE 2020

Altera a Resolução de Diretoria Colegiada - RDC nº 73, de 7 de abril de 2016.

A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no uso das atribuições que lhe confere o art. 15, III e IV, aliado ao art. 7º, III e IV da Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999, e ao art. 53, VI, §§ 1º e 3º do Regimento Interno aprovado pela Resolução de Diretoria Colegiada - RDC n° 255, de 10 de dezembro de 2018, resolve adotar a seguinte Resolução de Diretoria Colegiada, conforme deliberado em reunião realizada em 1º de dezembro de 2020, e eu, Diretor-Presidente, determino a sua publicação.

Anexo:

 


Fiocruz lança scanCOVID-19 para rastrear a informação científica sobre o novo coronavírus

Icict/Fiocruz

Nunca na história da Humanidade se produziu tanta informação científica ao mesmo tempo sobre um único tema: o coronavírus Sars-CoV-2 e a doença Covid-19. São centenas de milhares de documentos oriundos de múltiplas fontes e países, numa produção que não para. Manter-se atualizado sobre tudo que vem a público, diariamente, tornou-se um grande desafio. Agora, uma nova ferramenta de busca lançada pelo Fiocruz, o sistema scanCOVID-19 chegou para ajudar pesquisadores, especialistas, gestores e profissionais de saúde pública – além de estudantes e interessados de outras áreas de estudo e pesquisa. No scanCOVID-19 – um sistema automatizado que monitora o que é publicado em fontes de dados públicas, credenciadas –, qualquer pessoa pode encontrar, rapidamente, a informação mais recente que foi publicada sobre os mais variados temas relacionados ao novo coronavírus e à Covid-19.

Concebido no âmbito do Programa de Pós-Graduação de Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS), em parceria com o Laboratório de Informação Científica e Tecnológica em Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (LICTS/Icict/Fiocruz), o scanCOVID-19 é um sistema automatizado de coleta de informação científica que entrou no ar em novembro, permitindo acesso a mais de 125 mil registros científicos, nacionais e internacionais, sobre a Covid-19, desde janeiro de 2020. São artigos científicos nos diversos campos disciplinares, ensaios clínicos, vacinas em produção, entre outros assuntos relacionados, em texto completo, sempre que liberados por suas fontes de origem.

O conceito-chave do scanCOVID-19 é monitoramento da informação científica, a partir de diferentes bases de dados referenciais, organizados em um mesmo espaço de busca. Seu objetivo é fornecer um grande cenário da produção de conhecimento sobre Covid-19. Além de permitir uma busca direcionada e ágil – com foco nas necessidades da comunidade científica – o sistema é atualizado diariamente, de modo a permitir um acompanhamento quase em tempo real da produção de conhecimento científico sobre o novo coronavírus.

O novo sistema de busca da Fiocruz monitora diferentes fontes de informação: artigos em formato preprints ( que compreendem produção científica depositada online e de livre acesso em repositórios temáticos, que ainda não foi submetida à revisão por pares); ensaios clínicos em curso e já finalizados; artigos revisados por pares; e o portfólio de vacinas em desenvolvimento. Acompanha também as retratações feitas a artigos científicos. É possível ainda acompanhar os protocolos de pesquisas com seres humanos aprovados pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) desde o início de 2020.

“O scanCOVID-19 realiza um monitoramento constante do ambiente de produção científica em escala mundial, com foco em fontes especializadas, por meio de um poderoso conjunto de algoritmos, um verdadeiro ‘robozinho’ de pesquisa. Inclusive tivemos que fazer um grande trabalho com algumas fontes de informação, que não estavam disponíveis a qualquer sistema de captação e raspagem automática de dados, para que aceitassem a pesquisa do scanCOVID-19”, conta Gustavo Barbosa, aluno do PPGICS, que desenvolveu o sistema como parte de seu projeto de doutorado.

“O LICTS tem por vocação trabalhar com informação científica e tecnológica e sempre se dedicou a desenvolver estratégias de monitoramento de informação em saúde. Já tivemos algumas experiências anteriores na linha do scanCOVID-19. Há 15 anos, criamos um primeiro ‘robozinho’ para monitorar informação sobre gripe aviária, o e-Monitor. Também fizemos um sistema similar para a dengue. Agora, desenvolvemos o scanCOVID-19 incorporando novas fontes de informação, e a tecnologia nos permitiu chegar a um conjunto de algoritmos que, no futuro, pode ser adaptado para uso no monitoramento de informação de outras temáticas ou interesses de pesquisa”, relata a professora Cristina Guimarães, orientadora de Gustavo.

Sob a coordenação geral da chefe do LICTS, Rosane Abdala Lins, o sistema monitora os seguintes repositórios temáticos de produção preprint: medrxiv.org; biorxiv.org; arxiv.org; ssrn.com; e Scielo Prepint. Para a produção revisada por pares, são monitorados o PubMed, o Scopus e a Scielo. E para os ensaios clínicos, o monitoramento abrange Clinical Trials, ICTRP e REBEC. O portfólio de vacinas em desenvolvimento é aquele sumarizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela London School of Hygiene & Tropical Medicine.

O scanCOVID-19 é de uso livre pelo grande público e é totalmente gratuito. Sempre que permitido e aberto pelas fontes originais, é possível ter acesso a texto completo dos registros. Igualmente, algumas opções de busca estão disponíveis. O monitoramento das fontes cobre todo o período desde janeiro de 2020

“Não temos notícia de outro sistema similar em funcionamento, no Brasil ou em outros países, que cubra a diversidade de fontes que organizamos. Esperamos que, rapidamente, o scanCOVID-19 possa se tornar uma referência para pesquisadores, como um espaço organizado de registros de conhecimento a partir de onde se possa ter acesso a um quadro síntese sobre as publicações mais recentes”, complementa Gustavo.

Anvisa suspende publicação de indeferimentos de 21/12 a 12/1

Os indeferimentos de petições de medicamentos serão suspensos do dia 21 de dezembro ao dia 12 de janeiro. Após esse período, as publicações serão retomadas.

Em virtude da ocorrência de férias coletivas de empresas que atuam no setor de medicamentos, a Anvisa esclarece que, no período de 21/12/2020 a 12/1/2021, não irá publicar indeferimentos de petições de medicamentos. O objetivo da medida é não prejudicar o prazo para eventual interposição de recursos por parte das referidas empresas.    

É importante esclarecer que somente serão publicados os deferimentos ou as petições com prazo de análise. Destaca-se que a rotina da publicação dos indeferimentos de petições de medicamentos voltará ao normal no dia 18 de janeiro.    

Nesse mesmo período (de 21/12 a 12/1), a Gerência Geral de Medicamentos e Produtos Biológicos (GGMED) suspenderá os agendamentos de reuniões, com exceção dos casos urgentes.   

Identificação de caso de Candida auris no Brasil

PortalAnvisa

Serviços de saúde e laboratórios de microbiologia devem estar alertas às orientações previstas no Comunicado de Risco, para adotar as ações de prevenção e controle da disseminação desse fungo de forma oportuna.

Candida auris (C. auris) é um fungo emergente que representa uma grave ameaça à saúde global e foi identificado pela primeira vez como causador de doença em humanos em 2009, no Japão. Algumas cepas de C. auris são resistentes a todas as três principais classes de fármacos antifúngicos (polienos, azóis e equinocandinas) e sua identificação requer métodos laboratoriais específicos, uma vez que C. auris pode ser facilmente confundida com outras espécies de leveduras, tais como Candida haemulonii e Saccharomyces cerevisiae.

Considerando um alerta epidemiológico em função dos relatos de surtos de Candida auris em serviços de saúde da América Latina, publicado pela Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (Opas/OMS) em outubro de 2016, a Anvisa coordenou a formação de uma rede nacional de laboratórios para dar suporte aos serviços de saúde do país na identificação de C. auris. Naquela ocasião, a Agência publicou o Comunicado de Risco 01/2017 – GVIMS/GGTES/ANVISA, contendo orientações para a vigilância laboratorial, encaminhamento de isolados para laboratórios de referência e medidas de prevenção e controle de infecções relacionadas à assistência à saúde (Iras) pela C. auris. Desde 2017, os laboratórios da Rede vêm analisando amostras suspeitas que são encaminhadas pelos estados. 

No Brasil, não havia relato de nenhum caso de infecção por C. auris, mas nesta segunda-feira, 7 de dezembro, foi notificado à Anvisa o possível primeiro caso positivo em paciente internado em UTI adulto em hospital do estado da Bahia. Desta forma, no mesmo dia foi publicado o Alerta de Risco GVIMS/GGTES/Anvisa 01/2020.  

O fungo foi identificado após análise pela técnica de MALDI-TOF pelo Laboratório Central de Saúde Pública Prof. Gonçalo Moniz – Lacen/BA e pelo Laboratório do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – HCFMUSP. Já estão sendo realizadas as análises fenotípicas para verificar o perfil de sensibilidade do microrganismo. O Laboratório Especial de Micologia da Escola Paulista de Medicina (Lemi–Unifesp), que é o laboratório colaborador de referência para sequenciamento da Rede Nacional para identificação de C. auris em serviços de saúde, realizará o sequenciamento genético (padrão-ouro) do microrganismo.

Para acompanhar o caso e para prevenir a disseminação de C. auris no país, foi organizada uma força-tarefa nacional composta por representantes da Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde – Suvisa Bahia, da Coordenação Estadual de Controle de Infecção Hospitalar (CECIH Bahia), do Centro de Informações Estratégicas e Resposta de Vigilância em Saúde – Cievs (Nacional, Bahia e Salvador), da Secretaria de Estado de Saúde da Bahia, da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador e da Diretoria de Vigilância Epidemiológica, além de representantes do Ministério da Saúde (CGLAB/SVS, Cievs nacional), do Lacen-BA, de laboratórios da rede nacional para identificação de C. auris e da Gerência de Vigilância e Monitoramento em Serviços de Saúde (GVIMS/GGTES) da Anvisa.

A Agência está trabalhando na revisão do Comunicado de Risco 01/2017 – GVIMS/GGTES/ANVISA, para contemplar a nova situação epidemiológica do país, a inclusão de outros laboratórios como referência para a rede nacional e as novas evidências científicas disponíveis. Recomendamos que os serviços de saúde e laboratórios de microbiologia estejam alertas às orientações previstas nesses documentos, para que ações de prevenção e controle da disseminação desse fungo sejam adotadas de forma oportuna e segura.

Mais informações sobre a identificação do possível caso de Candida auris no Brasil estão disponíveis no Alerta de Risco GVIMS/GGTES/Anvisa 01/2020.

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“Todas as vacinas que tiverem eficácia e registro da Anvisa serão adquiridas”, garante Pazuello em reunião com governadores

Ministro da Saúde reforçou o compromisso do Brasil no enfrentamento à Covid-19

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, se reuniu com governadores de todo o país para fazer um balanço sobre o enfrentamento à Covid-19 no Brasil. O encontro ocorreu no Palácio do Planalto na manhã desta terça-feira (08/12) com parte dos gestores participando presencialmente e parte de forma remota.

Pazuello conduziu a reunião reforçando o compromisso na aquisição de vacinas contra a Covid-19 e reforçou que o Brasil é um só quando se fala no Plano Nacional de Imunizações (PNI).


Foto: Aurélio Pereira/MS

“O PNI é nacional. Não pode ser paralelo. A gente tem que falar a mesma linguagem. Nós só temos um inimigo: o vírus. Temos que nos unir”, disse.

O ministro citou os acordos já feitos pelo Governo Federal com o laboratório AstraZeneca (260 milhões de doses e insumos para fabricação) e a entrada no consórcio Covax Facility (42 milhões de doses): “O SUS já tem capacidade de 300 milhões de doses para 2021”, disse.

O Governo do Brasil está aguardando a validação por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar a imunização de todos os brasileiros e brasileiras. Enquanto isso, Pazuello afirmou aos governadores que o Ministério da Saúde já elaborou a logística de distribuição nacional das vacinas, que será apresentada em breve.

“Todas as vacinas que tiverem sua eficácia e registros da maneira correta na Anvisa, se houver necessidade, vão ser adquiridas. O presidente Jair Bolsonaro já deixou isso de forma clara”, disse.

“É muito importante que se sigam todos os passos. Quando falamos de saúde, não podemos abrir mão de eficácia, segurança e responsabilidade. Quando nós colocarmos uma vacina, seremos nós os responsáveis”, explanou ainda Pazuello aos governadores.

Na reunião, também foram destacadas as tratativas do Ministério da Saúde com o laboratório Pfizer e com o Instituto Butantan, além dos prazos para o início da campanha de vacinação no Brasil conduzida pelo PNI, que será dividida em quatro fases. Pazuello destacou que 15 milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca - das 100 milhões acordadas - já começam a chegar em janeiro de 2021.

“A Anvisa vai precisar de um tempo cumprindo essa missão. O registro gira em torno de 60 dias. Se tudo estiver redondo, teremos o registro efetivo da AstraZeneca no final de fevereiro, dando início à vacinação”, explicou o ministro. A intenção de compra é de 70 milhões de doses da vacina da Pfizer/Biontech.

Pazuello pediu a união dos governadores e garantiu que o Ministério da Saúde está empenhado também na aquisição de seringas, agulhas e no reforço da rede de frios das salas de imunização.

“Nós vamos vacinar todo mundo na maior velocidade possível”, concluiu.

Marina Pagno
Ministério da Saúde
(61) 3315-3580 / 2351

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Estudo aponta infecção persistente do zika na placenta

Maíra Menezes (IOC/Fiocruz)

Na maioria das vezes, quando uma gestante apresenta uma infecção viral, como um resfriado comum, o bebê permanece protegido dentro da barriga. Essa proteção se deve à ação da placenta, órgão que promove a ligação entre mãe e filho e atua como barreira contra microrganismos. No entanto, alguns patógenos conseguem ultrapassar essa defesa. É o caso do vírus zika, que, entre 2015 e 2016, causou uma emergência de saúde pública de importância internacional, pela associação com a microcefalia.

Meses após o contágio, agrupamento de partículas de tamanho compatível com o vírus Zika foi observado dentro de células da placenta de gestante infectada (Foto: Rabelo e col.)

Em busca de respostas sobre a doença, uma pesquisa liderada pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) voltou os olhos para este órgão chave. Publicado na revista científica internacional Frontiers in Immunology, o estudo analisou amostras da placenta de dez pacientes que contraíram o agravo durante a gravidez. Os pesquisadores observaram que o vírus causa infecção persistente no órgão, o que acarreta inflamação, disfunção vascular e danos severos ao tecido. Em casos de microcefalia, foi detectada ainda redução significativa de uma substância produzida na placenta, chamada de fator neurotrófico derivado do cérebro (conhecido pela sigla em inglês BDNF), que é essencial para o desenvolvimento do sistema nervoso fetal.

“Confirmamos a presença e replicação do zika em várias células da placenta e comprovamos um ambiente inflamatório robusto, que pode permanecer por meses, já que o vírus continua se replicando no órgão. A infecção leva a alterações patológicas no tecido, que podem, em alguns casos, dificultar a manutenção da gravidez e trazer prejuízos ao desenvolvimento fetal”, afirma o pesquisador do Laboratório Interdisciplinar de Pesquisas Médicas do IOC e coordenador do estudo, Marciano Viana Paes. “A infecção persistente também aumenta as chances de o vírus chegar ao feto e pode regular fatores neurotróficos produzidos na placenta, que se relacionam com danos ao desenvolvimento do cérebro fetal”, completa a primeira autora do artigo, Kíssila Rabelo, que desenvolveu a pesquisa durante o curso de doutorado em Fisiopatologia Clínica e Experimental da Uerj, sob orientação do professor da Universidade, Jorge José de Carvalho, e co-orientação de Paes.

Diversos grupos de pesquisa e unidades de assistência materno-infantil do Rio de Janeiro colaboraram para a realização do trabalho. O estudo foi coordenado pelo Laboratório Interdisciplinar de Pesquisas Médicas do IOC e pelo Laboratório de Ultraestrutura e Biologia Tecidual da Uerj. Participaram também: Laboratório de Imunologia Viral do IOC, Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Faculdade de Medicina de Campos e Centro de Referência de Doenças Imuno-infecciosas (CRDI), além das unidades do grupo IMNE, em Campos dos Goytacazes, Hospital Geral Dr. Beda, Ceplin e UTI Neonatal Nicola Albano. O projeto contou com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj).

Infecção e inflamação

A pesquisa analisou amostras referentes a dez casos de zika em gestantes, registrados em 2015 e 2016, no auge da epidemia da doença. Cinco pacientes deram à luz bebês com microcefalia e cinco tiveram crianças com tamanho da cabeça normal. As amostras das placentas foram coletadas após o parto e comparadas ainda com as de cinco grávidas que não sofreram infecção, consideradas como controle.

O estudo apresenta ampla evidência de que o zika permanece na placenta, replicando-se no órgão, meses após o contágio. Sinais da presença do vírus foram encontrados em todas as amostras, incluindo casos em que as pacientes haviam apresentado sintomas da doença, como febre e manchas no corpo, no primeiro trimestre da gestação. Além disso, agrupamentos de partículas virais foram observados dentro das células placentárias e, de forma inédita, os pesquisadores conseguiram identificar danos em organelas celulares.

Detalhes do processo inflamatório desencadeado pelo zika na placenta são apontados na pesquisa. O estudo revela aumento de substâncias inflamatórias, que ativam a resposta imune, e de células de defesa, que atuam para combater a infecção. No entanto, a reação imunológica não é capaz de eliminar o zika, e o excesso de inflamação gera um ambiente tóxico para as células placentárias.

“Observamos que algumas pacientes apresentam infecção persistente na placenta e, ainda assim, não desenvolvem anticorpos neutralizantes para o zika. A resposta imune contra a infecção inclui várias células do sistema imunológico, como macrófagos e linfócitos T CD8 +, e tem perfil mais citotóxico, com o envolvimento de citocinas [moléculas que atuam na sinalização entre células] que levam ao dano tecidual e ao aumento da permeabilidade vascular”, descreve Kíssila.

As proteínas e o material genético do zika foram encontrados em seis diferentes tipos celulares, assim como nas células de defesa da placenta. Os achados reforçam pesquisas anteriores, apontando duas possíveis vias de infecção dos bebês. De um lado, a transmissão progressiva do vírus entre as células da placenta até alcançar o líquido amniótico e, posteriormente, o feto. De outro, o transporte de partículas virais por células imunológicas, que passam da mãe para filho.

Fator neurotrófico

Comparando as amostras, os pesquisadores verificaram que a substância BDNF apresentava redução estatisticamente significativa nos casos de microcefalia. Produzida na placenta, a molécula promove o crescimento e a diferenciação neuronal durante o desenvolvimento fetal, sendo fundamental para a formação do cérebro. Segundo os cientistas, embora não atue sozinha, esta pode ser uma das proteínas determinantes para a gravidade das lesões, e o nível de BDNF na placenta pode servir como marcador preditivo da extensão dos danos.

“O BDNF é um fator neurotrófico, produzido normalmente na placenta para a manutenção de células placentárias, mas que também é essencial para o desenvolvimento do sistema nervoso fetal. Por isso, investigamos sua presença nas diferentes amostras. Observamos que havia uma expressão reduzida nos tecidos infectados e quase nula nas placentas que geraram bebês com microcefalia. Isso mostra que, além da infecção direta do feto, o zika pode afetar proteínas produzidas na placenta, que levam a danos para o desenvolvimento do sistema nervoso fetal”, esclarece Paes.

Resposta à sociedade

Entre 2015 e 2016, o vírus zika provocou quase três mil casos de síndrome congênita, incluindo microcefalia e outras malformações, além de óbitos de fetos e recém-nascidos. Com a queda progressiva no número de casos, foi declarado o fim da emergência de saúde pública, mas a doença não desapareceu. Segundo o Ministério da Saúde, novos casos continuam ocorrendo de forma sistemática no país. Além disso, especialistas apontam que surtos podem ocorrer no futuro.

“Em 2015, observamos a rápida disseminação do zika no território nacional e a situação das gestantes que receberam a notícia sobre a síndrome congênita e tiveram que cuidar de bebês com sequelas. Isso foi muito impactante e nos fez refletir sobre como a comunidade científica poderia saber tão pouco sobre essa doença. Enquanto grupo de pesquisa que já trabalha com arbovírus, nos dedicamos a esclarecer a patogênese desse agravo, que até então era pouco elucidada”, declara Kíssila.

“Estabelecer o perfil da infecção e da resposta imune causadas pelo zika na placenta é uma base importante para a detecção de biomarcadores plasmáticos e o desenvolvimento de medicamentos e vacinas, assim como para outros estudos que visem esclarecer como a doença ocorre. Assim, esperamos contribuir, junto com toda comunidade científica, para minimizar os danos à população que ainda sofre com a doença”, conclui Paes.

Projeto obtém avanço na busca por terapia para prevenir a síndrome congênita do zika

Maíra Menezes (IOC/Fiocruz)

Após cinco anos de pesquisas, um projeto liderado pela Fiocruz chegou a resultados encorajadores na busca de uma terapia para prevenir a síndrome congênita do zika. Em artigo publicado na revista científica internacional Antiviral Research, os autores constatam um intenso efeito protetor do sofosbuvir, antiviral atualmente indicado para o tratamento da hepatite C. Nos ensaios com macacos rhesus, que são considerados o modelo experimental mais próximo dos seres humanos, o medicamento impediu a transmissão do vírus Zika das mãe para os filhotes durante a gestação e evitou as malformações congênitas em 100% dos testes.

Testes confirmaram ação protetora e não apontaram toxicidade para os filhotes. A próxima etapa vai comparar placentas de macacos e humanos (Foto: Josué Damacena)

De acordo com o pesquisador do Laboratório de Desenvolvimento Tecnológico em Virologia do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e coordenador do estudo, Marcelo Alves Pinto, os achados em macacos são uma etapa fundamental para levar a terapia até os pacientes. “Esse trabalho começou a partir de estudos in vitro [em cultura de células], liderados pela Fiocruz, que mostraram atividade do sofosbuvir contra o zika. Mas, para ter certeza sobre o potencial da terapia, é preciso fazer testes no modelo que mais se assemelha ao ser humano, que é o modelo de macacos rhesus. O montante de resultados, com filhotes saudáveis nascidos de mães tratadas, indica que o sofosbuvir pode ser uma opção eficaz para prevenir a síndrome congênita do zika nos casos de gestantes que tenham contato com o vírus”, afirma o pesquisador.

A síndrome congênita do zika foi detectada no Brasil, em outubro de 2015, quando o país viveu surtos de microcefalia. Entre 2015 e 2016, período em que o agravo foi considerado uma emergência em saúde pública de importância internacional, quase três mil gestações foram afetadas pelo vírus no país, resultando em microcefalia e outras malformações, além de distúrbios neurológicos e óbitos de fetos e recém-nascidos. Nos anos seguintes, os registros caíram progressivamente, mas os cientistas alertam que o problema não desapareceu.

“As doenças infecciosas têm um ciclo. Quando ocorre uma epidemia maciça, como foi o caso da Zika, grande parte da população é infectada e adquire imunidade. Por isso, é preciso tempo para que exista novamente um contingente de pessoas suscetíveis. A síndrome congênita do zika é um problema muito grave. Continuam ocorrendo casos pontuais e pode acontecer um novo surto no futuro”, pontua a chefe do Laboratório de Desenvolvimento Tecnológico em Virologia do IOC e autora do estudo, Jaqueline Mendes de Oliveira.

Ao usar um medicamento aprovado para tratamento da hepatite C, a pesquisa aplicou uma estratégia conhecida como reposicionamento de medicamentos, que permite acelerar o desenvolvimento de terapias. Além de estudos anteriores em cultura de células e ratos, que mostraram ação contra o zika, os cientistas consideraram o perfil de segurança do fármaco. “O sofosbuvir tem como alvo uma região do genoma viral que é comum a diversos vírus e é usado com alta eficácia na hepatite C. Ainda não é um medicamento liberado para gestantes, mas existem estudos clínicos avaliando a terapia nesse grupo. Por isso, é uma alternativa viável. Considerando a possibilidade de efeito deletério do medicamento para o feto, existem dados na literatura que apontam para a segurança do uso em gestantes. No nosso trabalho, não observamos toxicidade”, ressalta a primeira autora do artigo, Noemi Gardinali, biotecnologista do Laboratório de Tecnologia Viral de Bio-Manguinhos.

Ação na placenta

A pesquisa avaliou oito macacas e seus filhotes. Os animais da espécie Macaca mulatta, popularmente conhecidos como macacos rhesus, foram inoculados na fase inicial da gestação com uma linhagem do vírus zika isolada no Espírito Santo em 2015, associada a casos de síndrome congênita. Os pesquisadores conduziram exames de saliva, sangue, urina e secreções vaginais, além de ultrassom nas macacas durante a gravidez. Após o parto, coletaram amostras da placenta, assim como sangue e tecidos dos filhotes.

A primeira etapa do trabalho teve o objetivo de confirmar que o zika causava, nos animais, os mesmos problemas observados nos seres humanos. Os dois primeiros casos estudados confirmaram a validade do modelo. O vírus foi detectado em amostras de sangue das mães, que também apresentaram sintomas da doença, como febre e manchas no corpo. Um dos filhotes desenvolveu um quadro grave de síndrome congênita e morreu logo após o parto. O outro nasceu sem alterações aparentes. Apesar dos desfechos diferentes, o zika foi encontrado em amostras de sangue ou tecidos de ambos os filhotes.

“O modelo reproduziu o que observamos na infecção humana. Existem bebês severamente afetados e outros que não apresentam lesões. Também há casos em que os danos se manifestam de forma tardia, ao longo do desenvolvimento infantil”, comenta Jaqueline.

Na etapa seguinte, os pesquisadores buscaram avaliar o impacto da terapia com sofosbuvir. Ao longo de dois anos, seis macacas gestantes foram incluídas no trabalho, alcançando o total de oito. Cinco foram tratadas logo após os primeiros sintomas da infecção, e uma não recebeu a medicação, levando para três o número de animais no grupo não tratado. Segundo os cientistas, o maior número de indivíduos no grupo submetido à terapia considerou a ética da pesquisa com animais, além da complexidade e custos do projeto. “Nos estudos com modelos experimentais, devemos sempre buscar reduzir o número de animais ao mínimo necessário”, destaca Jaqueline.

Mais um caso grave foi observado na ausência do tratamento, com morte fetal ainda durante a gestação e identificação de altos níveis virais no feto. Em comparação, nenhum registro de malformação ocorreu no grupo tratado. Três animais nasceram saudáveis e um feto, vítima de aborto após um acidente, não apresentava alterações. O zika não foi detectado nesses quatro filhotes. O quinto caso do grupo tratado foi considerado inconclusivo: uma macaca com endometriose e sinais de pré-eclampsia (um tipo de hipertensão arterial específico da gravidez) sofreu descolamento de placenta com hemorragia, resultando em aborto. O zika foi identificado no feto, mas é possível que a contaminação tenha ocorrido devido ao sangramento materno.

“O conjunto de dados do estudo, incluindo sorologia, viremia e exame histopatológico, é bastante significativo. As lesões observadas na placenta e no sistema nervoso central dos filhotes nos casos não tratados são muito sugestivas da inflamação provocada pelo zika”, afirma o pesquisador do Laboratório de Neurovirulência do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), Renato Marchevsky.

O estudo apontou ainda que o sofosbuvir não elimina o vírus nas mães, mas sua ação na placenta pode explicar o sucesso da terapia. O órgão é responsável por ofertar nutrientes e oxigênio para o feto durante a gestação e funciona como uma barreira contra agentes infecciosos. Pesquisas anteriores haviam indicado que o Zika consegue romper essa proteção ao infectar as células do sistema imune placentário. “Olhando para as placentas, observamos que, nas mães tratadas, a taxa de infecção nestas células fica perto de zero, enquanto nas não tratadas, chega a 42%. A barreira placentária parece ser mais eficaz nas mães tratadas com sofosbuvir”, aponta Marcelo.

Próximos passos

Na próxima etapa da pesquisa, os cientistas pretendem comparar as placentas dos macacos com casos humanos em busca de novos conhecimentos sobre a dinâmica da infecção. As perspectivas para possíveis ensaios em pacientes estão em discussão. “Nossa pesquisa não apontou toxicidade, nem efeito teratogênico, e há dados que indicam que o sofosbuvir pode ser bem tolerado durante a gestação. Mas precisamos discutir com pesquisadores da área clínica sobre a possibilidade de estabelecer um protocolo para avaliação do tratamento em gestantes expostas ao zika, considerando que o medicamento pode reduzir o risco de malformações”, diz Marcelo.

Os autores destacam que a cooperação entre diferentes grupos de pesquisa da Fiocruz e colaboradores externos foi fundamental para a realização do estudo. Ao todo, 35 cientistas participaram do projeto. Liderado pelo IOC, o trabalho foi realizado em parceria com cinco unidades da Fiocruz: Bio-Manguinhos; Instituto de Ciência e Tecnologia em Biomodelos (ICTB); Serviço de Equivalência e Farmacocinética da Vice-Presidência de Produção e Inovação em Saúde (Sefar/VPPIS); e Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS). No IOC, além do Laboratório de Desenvolvimento Tecnológico em Virologia, participaram os Laboratórios de Patologia e de Biotecnologia e Fisiologia de Infecções Virais.

A pesquisa também teve colaboração do Centro de Diagnóstico Veterinário (Cevet) de Niterói, Universidade Federal do ABC (UFABC), Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Gestão da Inovação em Doenças Negligenciadas (INCT/IDN), Laboratórios Dr. Julio Moran, na Suíça, e Instituto de Medicina Tropical Bernhard Nocht, na Alemanha. Recursos da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde (Decit/MS) e Centro de Pesquisa de Desenvolvimento Internacional (IDRC), do Canadá, financiaram o projeto.

Tecpar tem chamamentos públicos na área de saúde até janeiro

O Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) está com dois editais abertos para seleção de parcerias na área da saúde, com prazos que encerram no início de janeiro de 2021. Um deles é o chamamento público para possibilitar a transferência de tecnologia para a produção e comercialização de medicamentos e produtos à base de Cannabis spp., com medicinais de uso humano. A abertura das propostas está prevista para 5 de janeiro.

O segundo edital é voltado a empresas interessadas na parceria para o fornecimento e transferência de tecnologia de kits de diagnósticos de teste rápido para Covid-19 e outras doenças. As propostas serão recebidas até 7 de janeiro. 

Segundo o diretor-presidente do Tecpar, Jorge Callado, a intenção com os editais é identificar potenciais parcerias para apoiar o Brasil na autossuficiência de tecnologias na área da saúde. "Queremos prospectar parceiros para transferir tecnologia para o Tecpar e, dessa forma, oferecer mais opções desses produtos ao SUS, fortalecendo o Complexo Econômico-Industrial da Saúde", ressalta.

Como laboratório público oficial, o Tecpar é um centro de referência de tecnologias estratégicas para o Sistema Único de Saúde (SUS), dentro da política do Complexo Econômico-Industrial da Saúde do Ministério da Saúde. O programa tem por objetivo reduzir a vulnerabilidade da política de saúde brasileira e promover o desenvolvimento sustentável nacional.

CANABINOIDES – O objetivo desta parceria é oferecer alternativas ao mercado nacional de novas terapias com o princípio ativo à base de Cannabis spp. Hoje, o cenário brasileiro apresenta alta judicialização para obtenção de produtos importados para tratamento de doenças e, com o edital, o Tecpar espera apoiar a saúde pública com a internalização de novas tecnologias.

Este edital contempla três frentes. Uma delas é a transferência e internalização de tecnologia para fabricação e comercialização de medicamentos à base de Cannabis spp., de acordo com a RDC 327/2019. A outra frente visa a transferência e internalização de tecnologia para registro de produto à base de Cannabis spp. na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em nome do Tecpar, com preferência para epilepsia na sua indicação terapêutica.

A terceira oportunidade está na atuação conjunta em projeto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I), com detalhamento da concepção do projeto até as fases finais de produto e produção envolvendo o tema Cannabis para fins medicinais de uso humano.

“O Tecpar, como instituto de pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias, procura soluções para atender a demanda da sociedade, com produtos de menor custo e de qualidade”, avalia Jorge Callado.

KITS DIAGNÓSTICOS – O instituto também busca parceiros para fornecimento e transferência de tecnologia de kits de diagnósticos de teste rápido para Covid-19, dengue, HIV, hepatites B e C e Beta HCG (teste de gravidez). O foco é ampliar o portfólio voltado a abastecer o mercado brasileiro de saúde pública.

Pelo edital, a transferência de tecnologia deverá ser implementada em fases, compreendendo registro do produto em nome do Tecpar, fornecimento do produto pelo parceiro durante as etapas de transferência de tecnologia e transferência da informação técnica para o Tecpar para a produção do produto pelo próprio instituto.

As empresas interessadas em participar no edital deverão fornecer amostras para avaliação técnica e apresentar Estudo de Viabilidade Técnica e Financeira (EVTF).

“O edital prevê a apresentação de produtos que, juntos, viabilizem financeiramente a plataforma tecnológica. Todos os investimentos necessários virão a partir da margem de comercialização dos produtos na primeira fase da Transferência de Tecnologia”, observa o diretor-presidente do Tecpar.

Portal Tecpar

Anvisa inicia inspeção na fábrica da AstraZeneca

Portal Anvisa

Este é o segundo laboratório inspecionado. A agenda de trabalho dos inspetores da Anvisa na China segue até o dia 11/12 (sexta-feira).

A Anvisa concluiu o primeiro dia de inspeção das Boas Práticas de Fabricação (BPF) do insumo ativo biológico da vacina da AstraZeneca/Oxford/ Fiocruz na China. O trabalho teve início nesta segunda-feira (7/12), às 22h de domingo (horário de Brasília), 9h em Pequim. A inspeção é realizada na planta da Wuxi Biologics Co. Ltd., localizada na cidade de Wuxi, distante pouco mais de 130 km de Shanghai.

No primeiro dia de inspeção, a equipe verificou os pontos do Sistema de Gestão da Qualidade Farmacêutica da empresa, como o Gerenciamento de Risco, Gerenciamento de Documentos e Plano Mestre de Validação.

Além disso, foram verificados os requisitos técnicos dos Bancos Sementes e Celulares (partículas virais e células hospedeiras utilizadas na fabricação da vacina) e os locais de armazenamento dos produtos intermediários e do insumo ativo biológico exportado ao Brasil. Outra parte da equipe dedicou-se à verificação dos requisitos técnicos aplicáveis aos Procedimentos de Amostragem de Matérias-Primas, Qualificação de Fornecedores, Sistema de Numeração de Lotes e Qualificação de Transporte.

Por último, foi realizada a inspeção física das instalações destinadas aos sistemas de geração e distribuição de água para uso farmacêutico e vapor puro, os sistemas de aquecimento, ventilação e tratamento do ar condicionado e os sistemas de ar comprimido. A documentação técnica relativa a esses sistemas também foi inspecionada, incluindo os procedimentos de monitoramento microbiológico das áreas limpas e do pessoal.

A agenda de trabalho dos inspetores da Anvisa na China segue até a próxima sexta-feira (11/12). Em cada dia, são verificados diferentes requisitos técnicos que compõem a avaliação sobre o cumprimento de BPF conforme normas da Anvisa, que são equivalentes aos regulamentos utilizados pelas principais agências sanitárias internacionais. 

A Agência informa que a equipe retornará aos trabalhos às 22h desta segunda-feira (7/12), pelo horário de Brasília, às 9h de terça-feira em Wuxi.


CMED autoriza preços das primeiras terapias gênicas no Brasil

Portal Anvisa

A decisão foi tomada durante a 6ª Reunião Extraordinária do Comitê Técnico-Executivo da CMED, realizada no dia 4 de dezembro.

Em decisão inédita, a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) autorizou os preços máximos de comercialização dos medicamentos Zolgensma e Luxturna, ambos de titularidade da empresa Novartis Biociências S.A. Dessa forma, os produtos já se encontram liberados para ser comercializados no Brasil. 

A decisão foi tomada por unanimidade durante a 6ª Reunião Extraordinária do Comitê Técnico-Executivo da CMED, realizada no dia 4 de dezembro. A reunião contou com a presença de representantes da Casa Civil e dos Ministérios da Saúde, da Economia e da Justiça e Segurança Pública.    

Doenças raras 

Os medicamentos cujos preços máximos foram aprovados pela CMED correspondem às duas primeiras terapias gênicas – destinadas a doenças genéticas raras – a serem comercializadas no Brasil.   

De acordo com a Câmara, o Zolgensma é indicado para o tratamento da atrofia muscular espinhal (AME). Já o Luxturna é destinado a pacientes com perda de visão decorrente de distrofia hereditária da retina. 

Caso discorde dos preços aprovados, a empresa requerente ainda tem a possibilidade de recorrer ao Conselho de Ministros da CMED.  

Ministério da Saúde cria comitê para acompanhar ações da vacina de Fiocruz/AstraZeneca

Grupo será responsável por acompanhar pesquisa, desenvolvimento, produção, contratualização, transferência e incorporação tecnológica da vacina

O Ministério da Saúde publicou, nesta segunda-feira (7), a Portaria Nº 3.290, que cria o Comitê Técnico para acompanhar as ações relativas à vacina AZD 1222/ChAdOx1 n-CoV19 contra a Covid-19, decorrentes da encomenda tecnológica firmada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a empresa AstraZeneca.

O Comitê, que será coordenado Secretaria-Executiva do Ministério da Saúde, se reunirá quinzenalmente e ficará responsável por acompanhar pesquisa, desenvolvimento, produção, contratualização, transferência e incorporação tecnológica da vacina.

O grupo poderá, também, convidar agentes públicos, especialistas e pesquisadores de instituições públicas e privadas para contribuírem nas reuniões.

O Comitê Técnico terá a duração de 180 dias e pode ser prorrogado pelo mesmo período. Após o término das atividades, um relatório será encaminhado ao ministro da Saúde em até dez dias contados da data do encerramento das atividades do grupo.

Henrique Jasper
Ministério da Saúde
(61) 3315-3580 / 2745 / 2351

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

RESOLUÇÃO Nº 3, DE 4 DE DEZEMBRO DE 2020-Estabelece o cronograma para a revisão e consolidação de atos normativos inferiores a decreto editados pela CMED e revoga as normas editadas pela extinta Câmara de Medicamentos (CAMED)

DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO

Publicado em: 07/12/2020 | Edição: 233 | Seção: 1 | Página: 4

Órgão: Presidência da República/Conselho de Governo/Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos

RESOLUÇÃO Nº 3, DE 4 DE DEZEMBRO DE 2020

Estabelece o cronograma para a revisão e consolidação de atos normativos inferiores a decreto editados pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), e revoga as normas editadas pela extinta Câmara de Medicamentos (CAMED), em atendimento ao Decreto nº 10.139, de 28 de novembro de 2019.

O SECRETÁRIO-EXECUTIVO faz saber que o COMITÊ TÉCNICO-EXECUTIVO da CÂMARA DE REGULAÇÃO DO MERCADO DE MEDICAMENTOS, no uso das competências que lhe confere o art. 6º da Lei nº 10.742, de 6 de outubro de 2003, bem como nos incisos III e XI do art. 12 da Resolução CMED nº 3, de 29 de julho de 2003 (Regimento Interno), em obediência ao disposto nos arts. 13 a 15 do Decreto nº 10.139, de 28 de novembro de 2019, que dispõe sobre a revisão e a consolidação dos atos normativos inferiores a decreto, resolve:

Art. 1º Esta Resolução estabelece o cronograma para a revisão e consolidação de atos normativos inferiores a decreto editados pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) e revoga as normas editadas pela extinta Câmara de Medicamentos (CAMED), em atendimento ao Decreto nº 10.139, de 28 de novembro de 2019.

Art. 2º Os resultados do processo de revisão e consolidação de atos normativos no âmbito da CMED serão publicados em etapas, de acordo com as seguintes pertinências temáticas, observados os prazos previstos no art. 14 do Decreto nº 10.139, de 2019:

I - Primeira etapa, a ser concluída até 30 de novembro de 2020, envolvendo:

a) Pertinência temática 1: normas editadas pela extinta CAMED, revogadas tacitamente por norma posterior, cujos efeitos tenham se exaurido no tempo ou que tenham apenas revogado outras normas; e

b) Pertinência temática 2: normas editadas pela extinta CAMED passíveis de simplificação, para eliminação de exigências obsoletas.

II - Segunda etapa, a ser concluída em até 26 de fevereiro de 2021, envolvendo:

a) Pertinência temática 3: normas do macrotema Compras Públicas de Medicamentos;

b) Pertinência temática 4: normas do macrotema preços iniciais de medicamentos;

c) Pertinência temática 5: normas do macrotema ajuste de preços de medicamentos; e

d) Pertinência temática 6: normas do macrotema consulta e conferência dos preços internacionais.

III - Terceira etapa, a ser concluída em até 31 de maio de 2021, envolvendo:

a) Pertinência temática 7: normas do macrotema Preço Fabricante (PF) e Preço Máximo ao Consumidor (PMC) de medicamentos;

b) Pertinência temática 8: normas do macrotema Relatório de Comercialização;

c) Pertinência temática 9: normas do macrotema publicação de preços de medicamentos e margens de comercialização; e

d) Pertinência temática 10: normas do macrotema precificação de medicamentos biológicos não novos.

IV - Quarta etapa, a ser concluída em até 31 de agosto de 2021, envolvendo:

a) Pertinência temática 11: normas do macrotema Procedimentos e Processos Administrativos;

b) Pertinência temática 12: normas do macrotema Regimento Interno da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos;

c) Pertinência temática 13: normas do macrotema habilitação para concessão de crédito presumido; e

d) Pertinência temática 14: normas do macrotema Orientações Interpretativas.

V - Quinta etapa, a ser concluída em até 30 de novembro de 2021, envolvendo:

a) Pertinência temática 15: normas do macrotema Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs);

b) Pertinência temática 16: normas do macrotema Sistema de Acompanhamento do Mercado de Medicamentos (Sammed);

c) Pertinência temática 17: normas do macrotema recomendação à Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa; e

d) Pertinência temática 18: normas do macrotema Padronização prevista no Vocabulário Controlado de Formas Farmacêuticas.

Art. 3º Ficam revogadas as seguintes normas da extinta Câmara de Medicamentos (CAMED), nos termos do inciso I do Artigo 2º desta Resolução:

I - Resolução CAMED nº 1, de 8 de janeiro de 2001;

II - Resolução CAMED nº 3, de 31 de janeiro de 2001;

III - Resolução CAMED nº 4, de 31 de janeiro de 2001;

IV - Resolução CAMED nº 5, de 23 de fevereiro de 2001;

V - Resolução CAMED nº 6, de 10 de abril de 2001;

VI - Resolução CAMED nº 7, de 14 de agosto de 2001;

VII - Resolução CAMED nº 8, de 16 de agosto de 2001;

VIII - Resolução CAMED nº 9, de 13 de setembro de 2001;

IX - Resolução CAMED nº 10, de 15 de outubro de 2001;

X - Resolução CAMED nº 11, de 19 de outubro de 2001;

XI - Resolução CAMED nº 12, de 6 de dezembro de 2001;

XII - Resolução CAMED nº 13, de 17 de dezembro de 2001;

XIII - Resolução CAMED nº 1, de 21 de janeiro de 2002;

XIV - Resolução CAMED nº 2, de 21 de janeiro de 2002;

XV - Resolução CAMED nº 1, de 21 de fevereiro de 2003;

XVI - Resolução CAMED nº 2, de 21 de fevereiro de 2003;

XVII - Comunicado CAMED nº 1, de 23 de janeiro de 2001;

XVIII - Comunicado CAMED nº 2, de 25 de abril de 2001;

XIX - Comunicado CAMED nº 3, 26 de abril de 2001;

XX - Comunicado CAMED nº 4, de 22 de agosto de 2001;

XXI - Comunicado CAMED nº 5, de 25 de outubro de 2001;

XXII - Comunicado CAMED nº 6, de 26 de outubro de 2001;

XXIII - Comunicado CAMED nº 1, de 21 de janeiro de 2002;

XXIV - Comunicado CAMED nº 2, de 13 de março de 2002;

XXV - Comunicado CAMED nº 3, de 21 de março de 2002;

XXVI - Comunicado CAMED nº 4, de 17 de junho de 2002;

XXVII - Comunicado CAMED nº 5, de 17 de agosto de 2002;

XXVIII - Comunicado CAMED nº 6, de 8 de novembro de 2002;

XXIX - Comunicado CAMED nº 7, de 12 de dezembro de 2002;

XXX - Comunicado CAMED nº 1, de 21 de fevereiro de 2003;

XXXI - Comunicado CAMED nº 2, de 13 de março de 2003.

Art. 4º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

ROMILSON DE ALMEIDA VOLOTÃO

Este conteúdo não substitui o publicado na versão certificada.

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