Serviços
de saúde e laboratórios de microbiologia devem estar alertas às orientações
previstas no Comunicado de Risco, para adotar as ações de prevenção e controle
da disseminação desse fungo de forma oportuna.
Candida
auris (C. auris)
é um fungo emergente que representa uma grave ameaça à saúde global e foi
identificado pela primeira vez como causador de doença em humanos em 2009, no
Japão. Algumas cepas de C. auris são resistentes a todas
as três principais classes de fármacos antifúngicos (polienos, azóis e
equinocandinas) e sua identificação requer métodos laboratoriais específicos,
uma vez que C. auris pode ser facilmente confundida com outras
espécies de leveduras, tais como Candida haemulonii e Saccharomyces
cerevisiae.
Considerando
um alerta epidemiológico em função dos relatos de surtos de Candida
auris em serviços de saúde da América Latina, publicado pela
Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (Opas/OMS) em
outubro de 2016, a Anvisa coordenou a formação de uma rede nacional de
laboratórios para dar suporte aos serviços de saúde do país na identificação
de C. auris. Naquela ocasião, a Agência publicou o Comunicado de Risco 01/2017 – GVIMS/GGTES/ANVISA, contendo
orientações para a vigilância laboratorial, encaminhamento de isolados para
laboratórios de referência e medidas de prevenção e controle de infecções
relacionadas à assistência à saúde (Iras) pela C. auris. Desde
2017, os laboratórios da Rede vêm analisando amostras suspeitas que são
encaminhadas pelos estados.
No
Brasil, não havia relato de nenhum caso de infecção por C. auris,
mas nesta segunda-feira, 7 de dezembro, foi notificado à Anvisa o possível
primeiro caso positivo em paciente internado em UTI adulto em hospital do
estado da Bahia. Desta forma, no mesmo dia foi publicado o Alerta de Risco GVIMS/GGTES/Anvisa 01/2020.
O
fungo foi identificado após análise pela técnica de MALDI-TOF pelo Laboratório
Central de Saúde Pública Prof. Gonçalo Moniz – Lacen/BA e pelo Laboratório do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo –
HCFMUSP. Já estão sendo realizadas as análises fenotípicas para verificar o
perfil de sensibilidade do microrganismo. O Laboratório Especial de Micologia
da Escola Paulista de Medicina (Lemi–Unifesp), que é o laboratório colaborador
de referência para sequenciamento da Rede Nacional para identificação de C.
auris em serviços de saúde, realizará o sequenciamento genético
(padrão-ouro) do microrganismo.
Para
acompanhar o caso e para prevenir a disseminação de C. auris no
país, foi organizada uma força-tarefa nacional composta por representantes da
Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde – Suvisa Bahia, da
Coordenação Estadual de Controle de Infecção Hospitalar (CECIH Bahia), do
Centro de Informações Estratégicas e Resposta de Vigilância em Saúde – Cievs
(Nacional, Bahia e Salvador), da Secretaria de Estado de Saúde da Bahia, da
Secretaria Municipal de Saúde de Salvador e da Diretoria de Vigilância
Epidemiológica, além de representantes do Ministério da Saúde (CGLAB/SVS, Cievs
nacional), do Lacen-BA, de laboratórios da rede nacional para identificação
de C. auris e da Gerência de Vigilância e Monitoramento em
Serviços de Saúde (GVIMS/GGTES) da Anvisa.
A
Agência está trabalhando na revisão do Comunicado de Risco 01/2017 – GVIMS/GGTES/ANVISA, para
contemplar a nova situação epidemiológica do país, a inclusão de outros
laboratórios como referência para a rede nacional e as novas evidências
científicas disponíveis. Recomendamos que os serviços de saúde e laboratórios
de microbiologia estejam alertas às orientações previstas nesses documentos,
para que ações de prevenção e controle da disseminação desse fungo sejam
adotadas de forma oportuna e segura.
Mais
informações sobre a identificação do possível caso de Candida auris no
Brasil estão disponíveis no Alerta de Risco GVIMS/GGTES/Anvisa 01/2020.
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