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sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

UMA HISTÓRIA DE VACINAS

Uma história de vacinas

Ernesto Neumann (*)

A cronologia da descoberta e disponbilização das vacinas é uma história de erros repetidos ao longo do tempo.

A realidade das vacinas hoje não é muito diferente de antigamente.

Quero aproveitar a minha saudação de final de ano (e que ano) revisando um pouco a história das vacinas e se vocês conseguirem fazer uma ponte dos primordios para a realidade hoje, isso não será por acaso, essa é minha intenção.

Na China, durante o século 11, as crostas de pacientes com varíola foram colocadas na frente do nariz de pessoas não infectadas para criar uma versão branda da doença, evitando casos mais graves.

222 anos atrás (!!) em junho de 1798 um cirurgião inglês, Edward Jenner, publicou um trabalho que refletia as conclusões de seus experimentos. Foi baseado em suas observações que as pessoas que ordenhavam vacas infectadas com a varíola se tornavam refratárias à varíola humana, por isso são chamadas vacinas, do latim vaccinus, que significa “derivado da vaca”. E pela mesma razão Jenner é conderado como o „pai da vacinação“.

Já em dezembro de 1800, o primeiro lote de pus bovino chegou a Barcelona. A vacinação, no entanto, progrediu muito lentamente porque só era pensada quando a doença se transformava em epidemia. A partiri daí as autoridades da época se preocuparam em melhorar a logística de transporte das vacinas.

Pouco tempo depois, Napoleão vacinou todo o seu exército; começando com seu próprio filho, Napoleão II, o denominado Rei de Roma.

Assim, o último caso de varíola no mundo ocorreu apenas em 1977, quase duzentos anos após a descoberta de Jenner. Foi em maio de 1980 que a OMS finalmente conseguiu declarar que a varíola havia sido erradicada do mundo. A única doença erradicada até hoje.

Louis Pasteur descobriu uma vacina contra a raiva em cães e gatos. Um dia, o menino Joseph Meister chegou com uma mordida de cachorro louco. Sem pensar duas vezes, o cientítsta aplicou a vacina, salvando a vida dele. Foi o ponto de partida de seu famoso instituto Pasteur, onde Meister começou a trabalhar uma vez curado.

A primeira vacina contra a poliomielite foi desenvolvida por Jonas Salk em 1952, depois Albert Sabin desenvolveu a vacina usando vírus atenuado. Governos, ONGs, especialmente o Rotary International, vacinaram mais de 3 bilhões de crianças desde 1985 até hoje e eliminaram a poliomielite em quase todos os países.

Neste ano de 2020 tão marcado pela pandemia de Covid, a poliomielite foi finalmente erradicada da África. A luta continua, especialmente, em dois países: Afeganistão e Paquistão.

A OMS estima que as vacinas evitem, anualmente, 5 milhões de mortes por varíola, 2,7 milhões de sarampo e mais de 2 milhões de outras doenças infecciosas.

Muitos países têm programas de vacinação para febre amarela (onde é endêmica), hepatite B, Haemophilus influenzae b. e outros.

A insuficiencia de vacinação ainda produz surtos de sarampo, em muitos países, apesar da vacina „Salk“ ter sido descoberta por John Franklin Enders, na década de 60, do século passado

A vacina contra o tétano foi desenvolvida em 1924 e na década de 1940 protegeu exércitos durante a guerra.

Meningite, epiglotite (inchamento do epiglote), pneumonia e outras doenças causadas por Haemophilus influenza podem ser prevenidas com vacina desde 1977, aprimorada em 1990 e 1991, já produzida no Brasil, vários países já a incluiram em seus programas de vacinação.

A vacina da Hepatite B disponível desde 1990 em sua versão atual, previne a doença com a qual vivem centenas de milhões de pessoas em todo o mundo.

No Rio de Janeiro, quando o presidente Rodrigues Alves assumiu o cargo em 1902, as ruas da cidade acumulavam toneladas de lixo. O vírus da varíola proliferou, assim como ratos e mosquitos transmissores de peste, febre amarela e muitas outras doenças. Além da reorganização da cidade, o governo instituiu um pagamento para cada rato entregue às autoridades, o que gerou fazendas de ratos em toda a cidade.

Por fim, Oswaldo Cruz impôs a vacinação obrigatória para todos os maiores de 6 anos, ocasionando a chamada “Revolta da Vacina”. A violência explodiu em novembro de 1904 politizando a vacinação com a intenção de derrubar o presidente. Luis Sodré, militar paraense, aproveitou para induzir a revolta nos cadetes das escolas militares da Praia Vermelha e do Realengo,  alegando que as liberdades individuais foram restringidas pela obrigação de ser vacinado. Ele foi preso e solto logo em seguida, ao mesmo tempo em que a obrigatoriedade foi suspensa e ainda hoje é discutida.

A história das vacinas é a história do cientista curioso, e também a do conservador irracional, mas acima de tudo é a prova de que nos é difícil aprender as lições do passado tanto quanto imaginar as soluções do futuro.

Feliz Natal!!!

Feliz ano 2021, trabalhemos juntos para vacinar nossos corpos e nossas almas!!!

(*) Ernesto Neumman, é ex - VP da MERCK Group onde trabalhou por quase 40 anos, atualmente atua como consultor de empresas. Presdente Ideías e Ideais, participa do Board Kybora e diretor externo do Grupo Farma.

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