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domingo, 13 de dezembro de 2020

VACINAÇÃO E CENÁRIO EPIDEMIOLÓGICO DA COVID-19 SÃO DESTAQUES NO PRIMEIRO DIA DO SEMINÁRIO NACIONAL CONASS CONASEMS

Carlos Lula e Socorro Gross, Eduardo Pazuello, Nilo Bretas e Guilherme Schettino participaram da abertura do I Seminário Nacional Conass e Conasems

As expectativas em relação à vacinação e a situação da pandemia no Brasil e no mundo foram os temas abordados nesta quarta-feira (09), no I Seminário Nacional Conass e Conasems que abordou o impacto da Covid-19 nos serviços de saúde e a resposta do Sistema Único de Saúde (SUS) no enfrentamento da pandemia. Durante o evento, que acontece até o próximo dia 11 e conta com a participação de representantes de institutos de pesquisa, secretarias de saúde municipais e estaduais, pesquisadores e profissionais de saúde, serão apresentadas as experiências bem-sucedidas para garantir o atendimento à população e perspectivas de desenvolvimento de imunizantes.

O presidente do Conass, secretário de Estado da Saúde do Maranhão, Carlos Lula, falou sobre o fortalecimento da união entre Conass e Conasems durante a pandemia. Lula mencionou o Guia Orientador para o enfrentamento da pandemia Covid-19 na Rede de Atenção à Saúde, elaborado por ambos os conselhos, onde são disponibilizadas orientações sobre como deve ser organizada para o enfrentamento da pandemia, a Rede de Atenção à Saúde a partir da Atenção Primária à Saúde. “Não tem sido fácil, mas tenho orgulho em dizer que aprendemos, com a pandemia, a darmos mais as mãos e entender que se juntos já está difícil imagina se estivéssemos separados. Essa união é um ponto que não temos mais como reverter”, disse.

Já o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, enalteceu o a força do SUS que, ao longo dos anos e principalmente agora com a pandemia, tem sido uma ferramenta fundamental para todos os brasileiros. “O SUS permitiu um atendimento de saúde bastante capilarizado e seria muito difícil enfrentar esta pandemia sem ele”.

Segundo Pazuello a pandemia é composta por ondas e será inevitável enfrentá-las sendo, portanto, necessário empenho e preparação de todos os profissionais da saúde para melhor anteder a população em todos os aspectos.

Socorro Gross, representante da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), no Brasil, parabenizou a realização do seminário uma vez que é fundamental partilhar os aprendizados e também os erros cometidos para, agora e no futuro, aprimorar as ações de saúde em todo o país e no mundo. “Nesta caminhada que estamos atravessando juntos e que temos adiante, aprendemos muito e esse aprendizado é o que nós como organização, temos para caminharmos de mãos dadas com vocês que contam com a Opas assim como nós contamos com vocês”, concluiu.

Para o coordenador técnico do Conasems, Nilo Bretas, o fortalecimento da união entre Conass e Conasems foi um ganho para os gestores durante pandemia a partir do momento que possibilitou a concretização da operacionalização de ações, como a elaboração e implementação do guia nos municípios. “Nunca estivemos tão juntos como nesse momento. Tenho certeza de que serão debatidos aqui temas fundamentais para que a gente continue fortalecendo e estruturando essa ação interfederativa”.

A abertura do encontro contou ainda com a participação de Guilherme Schettino, diretor do Instituto Israelita de Responsabilidade Social do H. Albert Einstein que, assim como os demais destacou a aproximação de todos que trabalham no sistema de saúde no Brasil, sejam eles de instituições públicas, privadas ou filantrópicas.

Socorro Gross, da OPAS foi homenageada pelo Conass

A abertura do evento foi marcada pela homenagem do Conass à Socorro Gross. Nas palavras do presidente Carlos Lula, a representante da Opas/OMS no Brasil, doa, de forma combatente e generosa, a sua vida para outras pessoas. “Ela doa muito mais do que recebe, além de ser decisiva e uma grande diplomata do SUS. Em nome do Conass e dos mais de 200 milhões de brasileiros a nossa gratidão, respeito e o reconhecimento da gestão estadual por sua dedicação e empenho em prol do sistema de saúde brasileiro”.

Conferência Magna | Eugênio Vilaça

Logo após a abertura do encontro, o consultor do Conass, Eugênio Vilaça, proferiu a conferência O lado oculto de uma pandemia: a terceira onda ou o ‘paciente invisível’ (acesse aqui). Nela, Vilaça abordou aspectos referentes às características das primeira, segunda e terceira onda da pandemia da Covid-19″.

Na ocasião foi lançado o livro que deu nome à conferência. O material está disponível gratuitamente para leitura e download na biblioteca digital do Conass.

Painel | O desafio do Brasil no enfrentamento da pandemia do novo Coronavírus

Neste primeiro dia do seminário foi realizado o painel que abordou os desafios do país no enfrentamento da Covid-19. Participaram o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Medeiros, o diretor do Instituto Butantã, Dimas Covas e a presidente da Fundação Oswaldo Cruz, Nizia Trindade.

Sobre o cenário epidemiológico do novo coronavírus na atualidade, Arnaldo Medeiros apresentou dados do Brasil e do mundo e chamou a atenção para o aumento no número de casos e de óbitos em países da Europa, decorrentes da segunda onda da doença, principalmente em países como Espanha, Itália e Reino Unido.

Ao apresentar dados do Brasil capturados ontem (08/12), Medeiros disse que são mais de seis milhões de contaminados. Destes, mais de cinco milhões se recuperaram o que leva o Brasil a ser o segundo país com maior número de recuperados, atrás apenas da Índia segundo dados do hospital americano Johns Hopkins. No entanto, observou que, ao se falar da doença no Brasil é fundamental avaliar as regiões brasileiras, pois é como se houvesse quase cinco curvas epidemiológicas no Brasil dada as peculiaridades de cada uma dessas regiões.

Sobre o número de óbitos, o secretário afirmou ter havido um aumento nos últimos sete dias, mas enfatizou que “muito mais que avaliarmos  os números de casos e óbitos quando falamos de Covid-19 é extremamente importante avaliar a Síndrome Respiratória Aguda Gripal Grave (SRAG) tanto em termo de casos quanto em termos de óbitos” (Acesse, em anexo a apresentação do secretário).

Dimas Covas, presidente do Instituto Butantã falou sobre as perspectivas da vacina popularmente conhecida como “coronavac” que está sendo produzida pelo instituto em parceria com a empresa chinesa Sinovac. “Estamos em uma fase bem adiantada desse processo que já permitiu a incorporação da produção aqui no país e essa semana inauguramos a linha de produção que ganha ritmo a partir de agora. Devemos chegar até o final de janeiro e/ou começo de fevereiro com cerca de 40 milhões de doses produzidas aqui no Butantã”, assegurou Covas.

De acordo com ele, o que se espera agora é a apresentação final dos resultados de eficácia da vacina a partir de um estudo clínico ainda em andamento com 12 mil voluntários. Estima-se, ainda segundo o diretor, que nesta semana estes dados sejam apresentados para então serem apresentados aos órgãos regulatórios do Brasil (Anvisa) e da China. “Com isso solicitaremos o registro da vacina e do seu uso emergencial. Esperamos que isso aconteça já na próxima semana e que este processo de autorização de uso seja relativamente rápido como tem acontecido no mundo todo à exemplo da Inglaterra.

A presidente da Fundação Oswaldo Cruz, Nísia Trindade, apresentou a situação da vacina desenvolvida em parceria com a biofarmacêutica AstraZeneca e a Universidade de Oxford. “É importante situar que esse é um esforço gigantesco e precisamos, neste momento, reafirmar o desafio e a grande responsabilidade que temos. Para a Fiocruz é fundamental trabalharmos todos juntos”, disse ao iniciar a exposição.

Nísia pontuou que os desafios para a produção da vacina são inúmeros. “Nunca se viu desenvolver uma vacina em tão pouco tempo. Não podemos esquecer que se trata de uma nova vacina e de uma nova doença com lacunas de conhecimento”.

A vacina em questão está sendo desenvolvida com o maior estudo clínico em andamento no mundo. Aproximadamente 58 mil voluntários em todos os continentes estão participando da pesquisa e para acompanhar o projeto, a Fiocruz instalou um Comitê Técnico-Científico das iniciativas associadas a Vacina para a Covid-19.

Segundo a presidente da Fiocruz, o processo de submissão do registro na Anvisa está em andamento e os dados dos estudos clínicos já foram encaminhados à agência. “Nossa previsão é que em fevereiro entreguemos 30 milhões de doses e entre março e julho cheguemos a 70 milhões.

Ela destacou que esta é a primeira vacina com resultados dos estudos clínicos da fase 3 publicados em revistas científicas com dados validados por cientistas independentes, além de ser o único estudo de fase 3 que monitora infecções assintomáticas.

Nísia também chamou a atenção para o domínio do Brasil da tecnologia em julho do ano que vem, para produção nacional, sendo a vacina distribuída e armazenada entre 2o e 8o C, a mesma temperatura da rede de frio do SUS. “É um compromisso fundamental podermos contribuir para o nosso país com a vacina que é um bem público e tão importante quanto a água potável”, concluiu.

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