Carlos Lula e Socorro Gross,
Eduardo Pazuello, Nilo Bretas e Guilherme Schettino participaram da abertura do
I Seminário Nacional Conass e Conasems
As expectativas em relação à
vacinação e a situação da pandemia no Brasil e no mundo foram os temas abordados
nesta quarta-feira (09), no I Seminário Nacional Conass e Conasems que abordou
o impacto da Covid-19 nos serviços de saúde e a resposta do Sistema Único de
Saúde (SUS) no enfrentamento da pandemia. Durante o evento, que acontece até o
próximo dia 11 e conta com a participação de representantes de institutos de
pesquisa, secretarias de saúde municipais e estaduais, pesquisadores e
profissionais de saúde, serão apresentadas as experiências bem-sucedidas para
garantir o atendimento à população e perspectivas de desenvolvimento de
imunizantes.
O presidente do Conass,
secretário de Estado da Saúde do Maranhão, Carlos Lula, falou sobre o
fortalecimento da união entre Conass e Conasems durante a pandemia. Lula
mencionou o Guia Orientador para o enfrentamento da pandemia Covid-19 na Rede
de Atenção à Saúde, elaborado por ambos os conselhos, onde são disponibilizadas
orientações sobre como deve ser organizada para o enfrentamento da pandemia, a
Rede de Atenção à Saúde a partir da Atenção Primária à Saúde. “Não tem sido
fácil, mas tenho orgulho em dizer que aprendemos, com a pandemia, a darmos mais
as mãos e entender que se juntos já está difícil imagina se estivéssemos
separados. Essa união é um ponto que não temos mais como reverter”, disse.
Já o ministro da Saúde,
Eduardo Pazuello, enalteceu o a força do SUS que, ao longo dos anos e
principalmente agora com a pandemia, tem sido uma ferramenta fundamental para
todos os brasileiros. “O SUS permitiu um atendimento de saúde bastante
capilarizado e seria muito difícil enfrentar esta pandemia sem ele”.
Segundo Pazuello a pandemia é
composta por ondas e será inevitável enfrentá-las sendo, portanto, necessário
empenho e preparação de todos os profissionais da saúde para melhor anteder a
população em todos os aspectos.
Socorro Gross, representante
da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), no Brasil, parabenizou a
realização do seminário uma vez que é fundamental partilhar os aprendizados e
também os erros cometidos para, agora e no futuro, aprimorar as ações de saúde
em todo o país e no mundo. “Nesta caminhada que estamos atravessando juntos e
que temos adiante, aprendemos muito e esse aprendizado é o que nós como
organização, temos para caminharmos de mãos dadas com vocês que contam com a
Opas assim como nós contamos com vocês”, concluiu.
Para o coordenador técnico do
Conasems, Nilo Bretas, o fortalecimento da união entre Conass e Conasems foi um
ganho para os gestores durante pandemia a partir do momento que possibilitou a
concretização da operacionalização de ações, como a elaboração e implementação
do guia nos municípios. “Nunca estivemos tão juntos como nesse momento. Tenho
certeza de que serão debatidos aqui temas fundamentais para que a gente
continue fortalecendo e estruturando essa ação interfederativa”.
A abertura do encontro contou
ainda com a participação de Guilherme Schettino, diretor do Instituto Israelita
de Responsabilidade Social do H. Albert Einstein que, assim como os demais
destacou a aproximação de todos que trabalham no sistema de saúde no Brasil,
sejam eles de instituições públicas, privadas ou filantrópicas.
Socorro Gross, da OPAS foi
homenageada pelo Conass
A abertura do evento foi
marcada pela homenagem do Conass à Socorro Gross. Nas palavras do presidente
Carlos Lula, a representante da Opas/OMS no Brasil, doa, de forma combatente e
generosa, a sua vida para outras pessoas. “Ela doa muito mais do que recebe,
além de ser decisiva e uma grande diplomata do SUS. Em nome do Conass e dos
mais de 200 milhões de brasileiros a nossa gratidão, respeito e o
reconhecimento da gestão estadual por sua dedicação e empenho em prol do
sistema de saúde brasileiro”.
Conferência Magna | Eugênio
Vilaça
Logo após a abertura do
encontro, o consultor do Conass, Eugênio Vilaça, proferiu a conferência O lado
oculto de uma pandemia: a terceira onda ou o ‘paciente invisível’ (acesse
aqui). Nela, Vilaça abordou aspectos referentes às características das
primeira, segunda e terceira onda da pandemia da Covid-19″.
Na ocasião foi lançado o livro
que deu nome à conferência. O material está disponível gratuitamente para
leitura e download na biblioteca digital do Conass.
Painel | O desafio do Brasil
no enfrentamento da pandemia do novo Coronavírus
Neste primeiro dia do
seminário foi realizado o painel que abordou os desafios do país no
enfrentamento da Covid-19. Participaram o secretário de Vigilância em Saúde do
Ministério da Saúde, Arnaldo Medeiros, o diretor do Instituto Butantã, Dimas
Covas e a presidente da Fundação Oswaldo Cruz, Nizia Trindade.
Sobre o cenário epidemiológico
do novo coronavírus na atualidade, Arnaldo Medeiros apresentou dados do Brasil
e do mundo e chamou a atenção para o aumento no número de casos e de óbitos em
países da Europa, decorrentes da segunda onda da doença, principalmente em
países como Espanha, Itália e Reino Unido.
Ao apresentar dados do Brasil
capturados ontem (08/12), Medeiros disse que são mais de seis milhões de
contaminados. Destes, mais de cinco milhões se recuperaram o que leva o Brasil
a ser o segundo país com maior número de recuperados, atrás apenas da Índia
segundo dados do hospital americano Johns Hopkins. No entanto, observou que, ao
se falar da doença no Brasil é fundamental avaliar as regiões brasileiras, pois
é como se houvesse quase cinco curvas epidemiológicas no Brasil dada as
peculiaridades de cada uma dessas regiões.
Sobre o número de óbitos, o
secretário afirmou ter havido um aumento nos últimos sete dias, mas enfatizou
que “muito mais que avaliarmos os números de casos e óbitos quando
falamos de Covid-19 é extremamente importante avaliar a Síndrome Respiratória
Aguda Gripal Grave (SRAG) tanto em termo de casos quanto em termos de óbitos”
(Acesse, em anexo a apresentação do secretário).
Dimas Covas, presidente do
Instituto Butantã falou sobre as perspectivas da vacina popularmente conhecida
como “coronavac” que está sendo produzida pelo instituto em parceria com a
empresa chinesa Sinovac. “Estamos em uma fase bem adiantada desse processo que
já permitiu a incorporação da produção aqui no país e essa semana inauguramos a
linha de produção que ganha ritmo a partir de agora. Devemos chegar até o final
de janeiro e/ou começo de fevereiro com cerca de 40 milhões de doses produzidas
aqui no Butantã”, assegurou Covas.
De acordo com ele, o que se
espera agora é a apresentação final dos resultados de eficácia da vacina a
partir de um estudo clínico ainda em andamento com 12 mil voluntários.
Estima-se, ainda segundo o diretor, que nesta semana estes dados sejam
apresentados para então serem apresentados aos órgãos regulatórios do Brasil
(Anvisa) e da China. “Com isso solicitaremos o registro da vacina e do seu uso
emergencial. Esperamos que isso aconteça já na próxima semana e que este
processo de autorização de uso seja relativamente rápido como tem acontecido no
mundo todo à exemplo da Inglaterra.
A presidente da Fundação
Oswaldo Cruz, Nísia Trindade, apresentou a situação da vacina desenvolvida em
parceria com a biofarmacêutica AstraZeneca e a Universidade de Oxford. “É
importante situar que esse é um esforço gigantesco e precisamos, neste momento,
reafirmar o desafio e a grande responsabilidade que temos. Para a Fiocruz é
fundamental trabalharmos todos juntos”, disse ao iniciar a exposição.
Nísia pontuou que os desafios
para a produção da vacina são inúmeros. “Nunca se viu desenvolver uma vacina em
tão pouco tempo. Não podemos esquecer que se trata de uma nova vacina e de uma
nova doença com lacunas de conhecimento”.
A vacina em questão está sendo
desenvolvida com o maior estudo clínico em andamento no mundo. Aproximadamente
58 mil voluntários em todos os continentes estão participando da pesquisa e
para acompanhar o projeto, a Fiocruz instalou um Comitê Técnico-Científico das
iniciativas associadas a Vacina para a Covid-19.
Segundo a presidente da
Fiocruz, o processo de submissão do registro na Anvisa está em andamento e os
dados dos estudos clínicos já foram encaminhados à agência. “Nossa previsão é
que em fevereiro entreguemos 30 milhões de doses e entre março e julho
cheguemos a 70 milhões.
Ela destacou que esta é a
primeira vacina com resultados dos estudos clínicos da fase 3 publicados em
revistas científicas com dados validados por cientistas independentes, além de
ser o único estudo de fase 3 que monitora infecções assintomáticas.
Nísia também chamou a atenção para o domínio do Brasil da tecnologia em julho do ano que vem, para produção nacional, sendo a vacina distribuída e armazenada entre 2o e 8o C, a mesma temperatura da rede de frio do SUS. “É um compromisso fundamental podermos contribuir para o nosso país com a vacina que é um bem público e tão importante quanto a água potável”, concluiu.
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