O
Brasil recebeu na noite desta quinta-feira (22) um novo carregamento das cerca
de 20 milhões de seringas para doses fracionadas da vacina contra febre
amarela, solicitadas à Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) pelo
Ministério da Saúde do país. O tamanho desses instrumentos – 0,1 cm³ ou o
equivalente a 0,1 mL – permite que se aplique a fração exata do produto na
pessoa que será imunizada, evitando erros.
Ao
todo, 2,43 milhões de seringas já desembarcaram no RIOgaleão – Aeroporto
Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro, e mais 609 mil estão previstas para
chegar no domingo (25). De lá os instrumentos devem seguir para a Central
Nacional de Armazenamento e Distribuição de Insumos (Cenadi). Esse montante de
3.048.000 seringas fazia parte de um estoque de reserva da Organização Mundial
da Saúde (OMS) e foi enviado via Fundo Rotatório da OPAS, um mecanismo que facilita a compra
de insumos, vacinas e medicamentos de alta qualidade para os países e
territórios das Américas. Novos carregamentos serão enviados nos próximos
meses.
A
OPAS tem ajudado o Brasil na compra dessas seringas de 0,1 mL desde o ano
passado, quando o país se preparava para uma possível necessidade de fracionar
doses. Em janeiro deste ano, com a circulação do vírus da febre amarela em
áreas densamente povoadas que anteriormente não eram consideradas de risco, o
Ministério da Saúde do país decidiu adotar a estratégia de fracionamento. O
objetivo é esticar o suprimento, protegendo mais pessoas e diminuindo a
possibilidade de propagação da doença.
No
âmbito da campanha conduzida no Brasil, crianças de 9 meses a 2 anos de idade;
pessoas com condições clínicas especiais, entre outros grupos, receberão as
doses padrão da vacina.
Atualmente,
o país é afetado apenas pela febre amarela silvestre – transmitida pelos
mosquitos Haemagogus e Sabethes. O último caso de
febre amarela urbana registrado no Brasil ocorreu no ano de 1942 (nas Américas,
o último caso foi em 2008, no Paraguai).
Diferença
entre dose padrão e fracionada
A
OPAS e a OMS recomendam o uso de doses fracionadas em resposta a necessidades
de campanhas de larga escala. Essa medida não tem a intenção de servir como
estratégia de longo prazo nem de substituir as práticas de imunização de rotina
(com o uso da dose padrão).
A
diferença entre as doses está na quantidade injetada: a padrão tem 0,5 mL e
protege por toda a vida; a fracionada tem 0,1 mL (1/5 da dose padrão) e fornece
imunidade por pelo menos 12 meses, provavelmente mais. A OMS, ao estipular esse
tempo de proteção, leva em conta a experiência real de vacinação em massa
ocorrida em 2016 na República Democrática do Congo.
O
acompanhamento das pessoas que receberam a dose fracionada da vacina no país
africano mostrou que é possível fornecer imunidade contra a doença durante pelo
menos esse período. Atualmente, há pesquisas em andamento para determinar a
imunidade em longo prazo fornecida por doses fracionadas. Um estudo feito pela
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontou oito anos de proteção.
Casos
De
acordo com informações do Ministério da Saúde do Brasil, no período de
monitoramento (de 1º de julho de 2017 a 20 de fevereiro de 2018), foram
confirmados 545 casos de febre amarela no país, dos quais 164 resultaram em
mortes.
No
mesmo período do ano passado, foram 557 casos confirmados e 178 óbitos. Os
informes de febre amarela do Brasil seguem a sazonalidade da doença, que
acontece, principalmente, no verão (geralmente com aumento de casos de dezembro
a maio).
Cobertura
vacinal
O
Ministério da Saúde do Brasil tem reforçado a importância da vacinação nos
estados do Rio de Janeiro e São Paulo durante a campanha contra a febre
amarela. Dados preliminares apontam que, até esta segunda-feira (19), 5,1
milhões de pessoas foram vacinadas, sendo 4,7 milhões com doses fracionadas e
422,6 mil com doses padrão. O número corresponde a 25,2% do público-alvo
previsto. O estado da Bahia iniciou a campanha em oito municípios, nesta
segunda-feira (19).
Doença
viral
A
febre amarela é uma doença viral transmitida por mosquitos infectados, que pode
ser prevenida por uma vacina eficaz e segura. Os sintomas mais comuns são
febre, dores musculares com dor lombar proeminente, dor de cabeça, perda de
apetite, náusea ou vômito. Na maioria dos casos, os sintomas desaparecem depois
de três ou quatro dias.
De
15% a 25% dos pacientes entra em uma segunda fase mais grave, na qual o risco
de morte é maior e as pessoas podem ficar com a pele e os olhos amarelados,
urina escura, dores abdominais com vômitos, sangramentos.