Preservativo. Camisa de Vênus.
Camisinha. Borracha. Capinha. Látex. Não importa o nome. O preservativo é uma
excelente e prática estratégia de prevenção ao HIV/aids e outras infecções
sexualmente transmissíveis (IST). Mas antes de serem distribuídas, as camisinhas
passam por um processo rigoroso de produção:
Apesar do preservativo ser uma
das principais medidas de prevenção, a Política Nacional de Saúde Sexual e de
Enfrentamento ao HIV/Aids do Ministério da Saúde adota mais de uma estratégia.
Exemplo disso, é a chamada Prevenção Combinada, que conjuga vários elementos,
como as profilaxias pré e pós-exposição (PrEP e PEP) e o uso de preservativos.
Assim, abre-se um horizonte de possibilidades de escolha para o autocuidado.
“A ideia é que a gente
possibilite às pessoas que façam suas escolhas a partir do que elas entendem do
seu lugar, território e, por que não dizer, dos seus desejos, dos seus quereres
para que possam se prevenir. Isso é fundamental”, afirma a assessora-técnica do
Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde (DDAHV),
Lis Pasini. “O preservativo não é a única estratégia de prevenção, mas é uma
boa estratégia”, completa.
Números
O preservativo ainda é o
carro-chefe da prevenção, sendo o método mais barato e de fácil acesso. Por
isso, o Ministério da Saúde mantém a distribuição gratuita, em todo o Brasil,
dos preservativos masculinos e femininos. Só no primeiro quadrimestre de 2016,
foram distribuídos 143,4 milhões de preservativos masculinos, 4,2 milhões de
femininos, e 10,8 milhões de sachês de gel lubrificante. Uma grande quantidade
desses insumos também será distribuída nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos.
“A negociação para o uso do
preservativo é uma barreira a ser enfrentada. O método em si não é só abrir uma
camisinha e colocar. Tem muitas questões envolvidas”, defende a
assessora-técnica Lis Pasini. “Como é que acessa? A oferta de acesso ao
preservativo masculino existe em grande quantidade. Mas, há a necessidade de
colocar os preservativos para além da discussão que é só uma questão de saúde.
Tem que ir além”, destaca.
Prazer e erotismo
Na avaliação do Departamento
de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, o uso do preservativo
deve estar ligado ao prazer, ao erotismo, de se poder fazer sexo com segurança,
uma escolha positiva, de cuidado com o próprio corpo e de prevenção às
infecções sexualmente transmissíveis, aids e hepatites virais.
“Como é que os preservativos
vão estar só na unidade de saúde? As pessoas estão na rua. O preservativo tem
que estar na rua. Tem que estar em bares, boates, saunas... Não só nos locais
onde estão as populações-chave, mas em todos os lugares. Porque as pessoas têm
que ter o direito ao acesso preservativo para fazer sexo seguro. Tentamos
trabalhar sempre na perspectiva da educação em saúde e da erotização do
preservativo. Não é simplesmente uma distribuição do preservativo. Ele precisa
estar incorporado ‘na cena’ sexual. Por isso, precisamos trabalhar mais de
forma a erotizar o preservativo e de aumentar o acesso a ele”, atesta a gerente
da Coordenação-Geral de Prevenção do DDAHV/MS, Paula Adamy.
O preservativo precisa fazer
parte da vida de toda a população. Para Lis Pasini, o preservativo feminino é
um insumo importante para a prevenção. As mulheres com menos lubrificação e homens
com maiores dificuldades de ereção, inclusive o prefere. O preservativo
feminino ainda tem muitos mitos, mas a maioria deles é por falta de
conhecimento e de informação. “Mas precisamos colocar o preservativo feminino
nesse lugar de que é bom. Fazer sexo com preservativo feminino é bom. Essa é
uma discussão que vai além do tema da doença e da saúde. Falemos dos direitos,
da sexualidade, do erotismo, dos corpos e de fazer prevenção com prazer”,
explica.
Para a gerente de Prevenção do
DDAHV, Paula Adamy, o preservativo, quando sai da lógica do posto de saúde, dá
a possibilidade de entender a camisinha de outra maneira. E a assessora-técnica
Lis Pasini complementa a ideia. “Se está ligado só à unidade de saúde é
praticamente entendido como uma doença. Quem vai à unidade de saúde? Tu vais
por quê? Chega lá uma mulher jovem, da periferia, negra. Chega à unidade e diz
‘oi, tudo bem? Eu quero um preservativo’. Não vai! Quantos homens vão à unidade
de saúde? Ele vai lá só para pegar preservativos gratuitos?”, questiona.
Preservativo Feminino
Quando se fala em camisinha, a
mente automaticamente pensa na versão masculina. Mas o preservativo feminino
tem se tornado um importante aliado das mulheres, de todas as pessoas. Não é
necessário gostar ou só usar a versão masculina. O indivíduo pode não gostar,
ter alergia, ou outras questões que o afasta da camisinha masculina.
“O uso da camisinha masculina
não é uma responsabilidade só do homem porque está no corpo do homem. Assim
como o preservativo feminino não é só das mulheres. Pode ir para o corpo da
mulher. Pode ter uma outra formulação para o uso. O preservativo feminino vem
como uma alternativa de poder fazer uma escolha na prevenção. Os dois
preservativos contribuem para os direitos sexuais e reprodutivos. O preservativo
feminino está muito fortalecido porque ele está no corpo da mulher. Muitas
mulheres gostam de falar que agora elas têm mais autonomia”, lembra Lis.
O preservativo feminino tem a
possibilidade de ser colocado horas antes da relação sexual. Mas ainda é
desconhecido pela maioria das pessoas, inclusive pelos profissionais de saúde.
“A gente percorre o país e é impressionante o quanto as pessoas desconhecem o
preservativo feminino. Não conhecem, não gostam e não querem usar. Por que está
lá no mito de que é feio, desconfortável. Mas essa é uma barreira cultural que
precisa ser vencida. A camisinha masculina é bonita?”, provoca Lis Pasini.
O Ministério da Saúde
distribui gratuitamente para todo o Brasil os preservativos masculinos e
femininos, mas o órgão tem impulsionado, nos últimos anos, o preservativo
feminino. Só em 2015, foram distribuídas 22,3 milhões de unidades de
preservativo feminino.
Luiz Philipe, para o Blog da
Saúde