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segunda-feira, 31 de julho de 2017

Os números da hepatite viral no Brasil

Incidência da doença é maior na região norte do país, mas mortalidade atinge principalmente a região sul. Veja em gráficos no link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/grafico/2017/07/28/Os-n%C3%BAmeros-da-hepatite-viral-no-Brasil

INCIDÊNCIA DE HEPATITE VIRAL

MORTALIDADE POR HEPATITE VIRAL

A cada 100 mil habitantes, por região mortes a cada 100 mil 2,5 2,0 SUL SUDESTE 1,5 NORTE BRASIL 1,0 CENTRO-OESTE NORDESTE 0,5 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

INCIDÊNCIA POR TIPO DE HEPATITE VIRAL Entre 2007 e 2015 em mil 0 25 50 75 100 125 C B A B e C B e D A e B A e C E * as categorias “B e C”, “B e D”, “A e B”, “A e C” se referem a casos em que o paciente tem dois tipos simultaneamente São consideradas hepatites as inflamações do fígado originadas por diversos motivos, entre eles o uso de remédios e o consumo de álcool e drogas, bem como a infecção por certos tipos de vírus ou a existência de doenças metabólicas, genéticas ou autoimunes. As hepatites são doenças muitas vezes silenciosas cujos sintomas — como tontura e enjoo, vômitos, dores abdominais, febre, urina escura e pele e olhos amarelados — podem muitas vezes não se manifestar.

Os tipos de hepatites virais mais comuns no Brasil são as A, B e C, mas existem ainda os tipos D e E.

Um dos principais riscos associados às hepatites (sobretudo aos tipos B, C e D) é de a doença tornar-se crônica — ou seja, persistir por mais de seis meses — e danificar o fígado, causando outros problemas como cirrose e câncer de fígado.

As hepatites são diagnosticáveis por diferentes tipos de exames de sangue e com tratamentos específicos para cada tipo de vírus (veja ao fim deste gráfico as diferenças e características principais de cada tipo).

TOTAL CASOS DE HEPATITE VIRAL POR MEIO DE TRANSMISSÃO* Sexual Alimento/Água Uso de Drogas Injetáveis Transfusional Outros Domiciliar* Tratamento Dentário Tratamento Cirúrgico Pessoa/pessoa* Vertical* Hemodiálise Acidente de Trabalho * “Domiciliar” consiste na transmissão doméstica, como por exemplo via compartilhamento de objetos (como escovas de dentes e lâminas de barbear),“Pessoa/pessoa” é a transmissão direta entre indivíduos sem relação sexual e “Vertical” é a transmissão da mãe para o bebê.

PROPORÇÃO DOS TIPOS DE TRANSMISSÃO DE HEPATITE VIRAL POR GÊNERO Sexual Alimento/Água Uso de Drogas Injetáveis Transfusional Outros Domiciliar Tratamento Dentário Tratamento Cirúrgico Pessoa/pessoa Vertical Hemodiálise Acidente de Trabalho

TIPOS DE HEPATITE VIRAL Hepatite A É uma doença contagiosa com baixa mortalidade, que em boa parte das vezes não apresenta sintomas e não se torna crônica. A doença é autolimitada, mas pode ser necessário tratamento de sintomas, em especial em casos mais graves. Sua vacina foi introduzida para crianças no Brasil em 2014.

MEIOS DE TRANSMISSÃO: Oral e fecal, através de água ou alimentos contaminados, e contato com saliva de pessoas doentes. A transmissão sexual é possível por via anal/oral.

Hepatite B É uma doença sexualmente transmissível contagiosa que só costuma apresentar sintomas em estágios avançados. Os recém-nascidos devem ser vacinados ainda na maternidade. A vacina é disponibilizada para a população gratuitamente pelo SUS e deve ser tomada em três doses.

MEIOS DE TRANSMISSÃO: Por contato com o sangue infectado, leite materno, fluídos vaginais e seminais, sangue menstrual, entre outros. É considerada uma doença sexualmente transmissível (DST), mas sua transmissão também se dá por transfusão sanguínea, compartilhamento de materiais perfurantes (como lâminas e seringas) e transmissão vertical, da mãe para o bebê.

Hepatite C É uma doença contagiosa que evolui para a fase crônica em 80% dos casos, com 20% de chance de evoluir para cirrose hepática, destes, até 5% de chance para câncer no fígado. Seu tratamento depende de aspectos do paciente, do grau de comprometimento do fígado, de tratamentos prévios e do subtipo do vírus. Não existe vacina para a doença e a prevenção é feita evitando possíveis meios de transmissão, como sexo desprotegido e compartilhamento de materiais perfurocortantes.
Pessoas que receberam transfusão ou foram submetidas a cirurgias antes de 1993 devem ser testadas. Para pessoas com maior risco de aquisição da doença, os testes devem ser periódicos.

MEIOS DE TRANSMISSÃO: É transmitida pelo contato com sangue infectado e pelo compartilhamento de objetos perfurocortantes, bem como pela relação sexual por via anal/oral. Há também a transmissão vertical, com menos frequência. Hepatite D O contágio pelo vírus da hepatite D só pode ocorrer na presença da infecção do vírus da hepatite B. A infecção pode ser simultânea (contraindo os dois tipos ao mesmo tempo) e apresentar sintomas idênticos aos da hepatite B, ou pode ocorrer após o contágio pelo tipo B e provocar danos severos ao fígado, como cirrose. A maioria dos casos no Brasil acontecem na região norte.

MEIOS DE TRANSMISSÃO: Por só existir na presença anterior (ou simultânea) da hepatite B, o tipo D tem os mesmos métodos de transmissão. Hepatite E Mais comum na Ásia e na África e de rara ocorrência no Brasil, a hepatite E é similar ao tipo A, com os mesmos sintomas, métodos de tratamento e meios de transmissão. Mais leve, pode até mesmo ser curada sem tratamento pelo organismo.

MEIOS DE TRANSMISSÃO: Tem os mesmos meios de transmissão da hepatite A, pela via oral/fecal.

Fonte: Datasus, Ministério da Saúde, Aids.gov.br; OMS (Organização Mundial da Saúde) * Observação: Considera-se o meio de transmissão como aquele que provavelmente levou à infecção pelo vírus.

Gabriel Zanlorenssi, Rodolfo Almeida e Vitória Ostetti
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Nova lei legaliza 'fabriqueta' de quintal de emagrecedores, diz presidente da Anvisa

Em entrevista à BBC Brasil, Jarbas Barbosa afirma que, com liberação de substâncias pelo Congresso, as pessoas não terão a quem se queixar em caso de problemas.

A liberação pelo Congresso Nacional da venda de emagrecedores proibidos em 2011 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) leva a uma situação de "completa insegurança para a população", uma vez que as substâncias, por não terem registro no órgão regulador, não serão fiscalizadas por ele.

A conclusão é de Jarbas Barbosa, diretor-presidente da Anvisa. Em entrevista à BBC Brasil, ele diz lamentar a decisão dos parlamentares de legislar sobre um tema que é de atribuição da agência e trazer de volta medicamentos que não são seguros à população. "Qualquer pessoa vai poder abrir "fabriqueta" no seu quintal e vender remédios com essas substâncias, e as pessoas não irão saber o que há no comprimido", alerta.
Feitos à base de anfetaminas, os inibidores de apetite anfepramona, femproporex e mazindol são defendidos por sociedades médicas, que veem nas substâncias aliadas no combate à obesidade. Do outro lado, a Anvisa e parte dos especialistas apontam graves riscos à saúde.

Após uma análise do órgão regulador determinar a proibição das substâncias, um projeto de lei também apresentado em 2011 visava proibi-lo de fazer tal veto. Após seis anos tramitando, ele foi aprovado pelos congressistas e sancionado pela Presidência da República no fim de junho, mesmo com parecer contrário da Advocacia Geral da União (AGU), que considerou a proposta inconstitucional.

"Qualquer um que analisar as evidências científicas chegará a mesma conclusão da Anvisa, que por sinal é a mesma avaliação da Europa e dos Estados Unidos, de que esses medicamentos não são seguros", afirma Barbosa.

A expectativa da agência é que decisão seja revertida no Supremo Tribunal Federal (STF), a exemplo do que ocorreu com a lei que liberava o uso da fosfoetanolamina sintética, conhecida como "pílula do câncer", que foi suspensa pela corte no ano passado.

Confira os principais trechos da entrevista:
BBC Brasil - Como a Anvisa recebeu a sanção da lei que volta a liberar no Brasil essas substâncias para emagrecimento?
Jarbas Barbosa - A Anvisa lamentou o fato do Congresso legislar sobre a fabricação e venda de medicamentos, porque esse não é o papel do Congresso. A Constituição é muito clara e específica em dizer que essa é uma atribuição da Anvisa. Ele coloca as pessoas em risco, coloca as pessoas a mercê de substâncias proibidas nos EUA e na Europa por apresentarem riscos à saúde.
Com essa lei, o Congresso invade uma área que é de competência da Anvisa e libera substâncias que não têm eficácia nem são seguras para a população.

BBC Brasil - A lei foi sancionada mesmo com parecer contrário da Advocacia Geral da União e recomendação contrária da Anvisa. O que acontece agora?
Barbosa - A Constituição limita quem pode entrar com ações diretas de inconstitucionalidade e a Anvisa e o Ministério da Saúde não podem fazer esse papel. Mas algumas entidades, como o Conselho Nacional de Saúde, irão entrar com uma ação direta de inconstitucionalidade.
Imaginamos que, da mesma forma que houve suspensão da lei que liberava o uso da fosfoetanolamina sintética (a chamada pílula do câncer), essa nova lei também terá sua eficácia suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

BBC Brasil - Na sua visão, o que motivou esse projeto de lei?
Barbosa - Acredito que houve pressão de alguns médicos, alguma pressão de donos de clínicas para tratamento de obesidade e falta de conhecimento técnico, que o Congresso não tem.
Países desenvolvidos autorizam medicamentos por meio de órgão regulatório, não por meio do parlamento porque o Congresso não tem capacidade técnica para avaliar estudos de segurança nem de eficácia de medicamentos.

BBC Brasil - Diferentes organizações médicas, como o Conselho Federal de Medicina, são a favor do retorno dessas substâncias. Por que há essa divergência entre Anvisa e organizações médicas?
Barbosa - Por desconhecimento e capacidade de fazer avaliação correta. O papel atribuído ao Conselho Federal de Medicina (CFM) é fiscalizar a atividade médica e zelar pela ética dos profissionais.
Eles não têm capacidade técnica para fazer análise de dossiê sobre a segurança e a eficácia de medicamentos. Da mesma maneira que a Anvisa não quer entrar no âmbito da ética médica e fazer o papel do CFM. O Conselho não atuou dentro das suas atribuições.

BBC Brasil - Há interesse de farmacêuticas brasileiras em produzir esses medicamentos?
Barbosa - Duvido que um produtor nacional vá arriscar sua reputação para produzir substância que todos sabem não ser segura, nem eficaz. Isso vai denegrir e comprometer a imagem de qualquer produtor. Duvido ainda que qualquer farmácia que tenha zelo pela sua reputação ponha esses medicamentos para vender.
Não haverá detalhes sobre produtor de matéria-prima, processos empregados na manufatura, porque esses medicamentos não serão regulados pela Anvisa. São medicamentos superados, inseguros, ineficazes. Dificilmente um laboratório com o mínimo de respeitabilidade vá jogar por terra essa reputação.

BBC Brasil - Qual o impacto da nova lei para os pacientes?
Barbosa - O que a nova lei pode fazer é perigoso, que será legalizar um mercado paralelo desses medicamentos. Qualquer pessoa vai poder abrir "fabriqueta" no seu quintal e vender remédios com essas substâncias, e as pessoas não irão saber o que há no comprimido.
Essas substâncias não terão registro e estarão fora de qualquer controle da Anvisa. Com todo medicamento registrado, além de dossiê técnico sobre suas propriedades terapêuticas, o lote também é registrado. Agora ninguém vai saber o que há numa caixa desses remédios, nem saberá se a substância descrita é verdadeira. É uma situação de completa insegurança.

BBC Brasil - Médicos afirmam que o veto a essas substâncias deixou um vácuo no mercado e limitou as opções de tratamento à obesidade. A Anvisa concorda?
Barbosa - Não existe pílula mágica contra a obesidade. E o médico precisa ter honestidade intelectual com o paciente e explicar isso para ele. Hoje há alternativas no mercado liberadas pela Anvisa e que auxiliam no emagrecimento.

BBC Brasil - Algumas entidades médicas afirmam que as substâncias no mercado são caras e que as substâncias vetadas seriam mais acessíveis à população de baixa renda. Como a Anvisa vê a questão?
Barbosa - Isso é inaceitável, é dizer que a população pobre pode consumir remédios ruins.
O veto a essas substâncias pela Anvisa foram norteados em estudos nacionais. Quando a Anvisa fez essa avaliação, em 2011, revisamos centenas de trabalhos científicos e, com base nesses estudos, se comprovou que os efeitos adversos eram perigosos, que as pessoas ficavam dependentes, que havia riscos para os sistemas cardiovascular e neurológico, e que os benefícios eram limitados.
A perda de peso, por exemplo, não era consistente.

BBC Brasil


Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais do Mato Grosso completa 20 anos

O Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie) completou nesta semana 20 anos de existência.

Um dos serviços mais antigos, Centro Estadual de Referência em Média e Alta Complexidade (Cermac), o Centro foi criado em 1997 pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) para atender grupos especiais da população, adultos e crianças imunodeprimidos predispostos a desenvolver infecções graves e que necessitam de imunobiológicos não disponíveis na rede pública.

O Crie é uma unidade de vacinação pública e gratuita, e referência estadual para Imunobiológicos Especiais e nas avaliações de Eventos Adversos Pós-Vacinação (EAPV) do Programa Nacional de Imunização; indivíduos portadores de imunodeficiência congênita e adquirida e de outras condições especiais de morbidade ou exposição a situações de risco. Além disso, o Crie coordena todo o processo de triagem, emissão de parecer técnico, administração, registro e acompanhamento das doses aplicadas aos usuários do medicamento Palivizumabe no Estado de Mato Grosso.

A incorporação do Palivizumabe foi aprovada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS-CONITEC para a prevenção da infecção pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR) de acordo com os seguintes critérios: crianças com menos de um ano de idade que nasceram prematuras com idade gestacional menor ou igual há 28 semanas; crianças com até dois anos de idade com doença pulmonar crônica; crianças com até dois anos de idade com doença cardíaca congênita com repercussão hemodinâmica demonstrada.

No primeiro trimestre de 2017, foram cadastrados 268 pacientes, aplicadas 771 doses de vacinas e emitidos 167 pareceres técnicos para 13 municípios.

Relatório clínico

O atendimento no Crie não é direcionado pela Central de Regulação. Para obter os imunobiológicos, os usuários devem procurar o médico da rede pública de saúde ou particular, que deverá elaborar um pequeno relatório clínico no próprio receituário, informando a doença do usuário com um breve histórico, bem como dos exames laboratoriais que as justifiquem. Com o encaminhamento médico em mão, o usuário deve procurar o Crie, onde essas indicações serão avaliadas pelo médico ou enfermeiro responsáveis pelo serviço.

Os imunobiológicos são aplicados gratuitamente, desde que as indicações estejam contempladas no Protocolo do Ministério da Saúde. E quando o usuário não puder comparecer por motivo de internação hospitalar ou por morar em municípios do interior do estado, esses imunobiológicos serão encaminhados pela Central de Rede de Frio Estadual aos Escritórios Regionais de Saúde após parecer técnico do médico do CRIE, para serem aplicados no paciente.

“Por se tratar de estrutura direcionada ao atendimento diferencial e personalizada, os Cries contam com produtos imunobiológicos de moderna tecnologia e alto custo, investimento do Ministério da Saúde, com a finalidade de proporcionar melhor qualidade de vida à população brasileira”, explicou Dayse Mayolino, responsável técnica pelo CRIE.

O Centro de Referência realiza atendimento nas maternidades com Imunoglobulina Hepatite B para recém-nascidos de mãe com Hepatite B. Usuários internados em unidades hospitalares ou em Home Care no município de Cuiabá que necessitarem de imunobiológicos especiais neste período são contemplados com a aplicação, sendo realizados através da cooperação técnica estabelecida com a Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá.

Os imunobiológicos disponibilizados no Crie são: vacina inativada contra poliomielite, contra hepatite B, contra hepatite A, contra varicela, contra influenza, contra pneumococo, vacina contra haemophilus influenzae do tipo B, vacina tríplice acelular, vacina dupla infantil, vacina contra meningococo conjugada, imuniblobulina humana antitetânica, imunoglobulina humana antirrábica e antivaricela-zoster e anti-hepatite B.



Biomarcadores - Método identificaria rapidamente o desempenho de cada tratamento testado

Um estudo da Universidade Estadual de Ohio identificou uma nova maneira potencial de diagnosticar o mal de Alzheimer e elaborar um atendimento personalizado aos pacientes.

A equipe de pesquisadores descobriu biomarcadores que contribuiriam para a identificação de mudanças nas proteínas encontradas no fluido espinhal e no sangue dos doentes. À medida que a gravidade do Alzheimer aumentou, as proteínas tornaram-se mais longas, rígidas e agrupadas. 

Depois de encontrar estes sinais, que dariam pistas sobre a presença da enfermidade, os cientistas inseriram informações sobre os biomarcadores e outros fatores — incluindo as avaliações cognitivas de pacientes — em um algoritmo projetado para avaliar a gravidade da doença.

IDENTIFICAÇÃO DE MUDANÇAS

Os pesquisadores descobriram que a equação poderia mostrar os estágios da doença e sua progressão.

— Com esta ferramenta, conseguiríamos prever o ritmo assumido pela doença no organismo, o que atualmente não é possível. Só sabemos que cada caso é diferente — disse Mingjun Zhang, professor de engenharia biomédica em Ohio e autor principal do estudo, publicado na revista “Science Advances”. — Ao observar os múltiplos indicadores da doença, aumentamos nossa confiança em traçar um diagnóstico e os prognósticos.

O levantamento foi realizado a partir da análise de um banco de dados de informações médicas — além de amostras de fluido espinhal e sangue — de pacientes vistos pelo coautor do estudo, Douglas Scharre, professor de neurologia clínica e psiquiatria de Ohio.

De acordo com Scharre, as ferramentas experimentais ainda não estão prontas para uso clínico, mas podem auxiliar de diversas maneiras a melhorar os tratamentos já disponíveis:

— Com esses biomarcadores, observamos facilmente as mudanças entre o envelhecimento normal e os diferentes estágios do mal de Alzheimer.

Hoje, os medicamentos disponíveis tratam apenas de sintomas da doença e funcionam melhor com um diagnóstico precoce. As ferramentas de diagnóstico aprimoradas podem ajudar os médicos a identificar mais rapidamente quais pacientes sofrem com a enfermidade e quais estão sofrendo declínio cognitivo por outros motivos.

Os exames realizados pela equipe de Zhang indicam que as novas ferramentas funcionariam melhor se fossem aplicadas nos estágios iniciais da doença.

A expectativa é que os biomarcadores e algoritmos acelerem a descoberta de novos tratamentos que melhorem as perspectivas dos pacientes que estão em estágios posteriores do mal de Alzheimer. Segundo Scharre, a presença de um biomarcador facilmente observável, e que muda rapidamente ao longo do tempo, seria uma ferramenta poderosa para monitorar o impacto dos tratamentos experimentais.

— Seria muito útil ter um biomarcador que mostrasse em três meses, ou mesmo em três semanas, que uma droga não está diminuindo a doença — considera Scharre. — Isso nos ajudaria a não perder tempo e a procurar tratamentos melhores.

Zhang pondera que os médicos já tentam coletar uma série de dados sobre pacientes com mal de Alzheimer. Desta forma, tentam estimar o estágio da doença e prever a rapidez com que ela se moverá.

— Usamos os métodos que eles desenvolveram e convertemos em um modelo computacional com diferentes pesos para diferentes fatores — revela Zhang. — Estamos usando técnicas de engenharia para analisar o processo dinâmico assumido por uma doença humana.

A identificação de mudanças físicas nas proteínas é uma área que desperta o interesse dos cientistas que procuram biomarcadores de doenças. Os autores do levantamento sublinham que ainda é cedo para estimar o custo dessas ferramentas, caso elas fossem aplicadas rotineiramente. O uso de um exame de sangue — em vez de outro que dependa de fluido espinhal — seria fundamental para minimizar os riscos.

Coautor do estudo e professor de química e farmacologia, Jeff Kuret destaca que esse tipo de teste é especialmente promissor para o mal de Alzheimer porque trata-se de uma doença de movimentação relativamente baixa. Outro objetivo é que ele não seja “tão caro”:

— Ser capaz de acompanhar pacientes individuais em todos os estágios da progressão de Alzheimer seria incrivelmente útil — ressalta.

Shutterstock – O Globo


domingo, 30 de julho de 2017

Confira os procedimentos de votação da denúncia contra Temer

Na próxima quarta-feira (2), a Câmara dos Deputados vai analisar a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente da República, Michel Temer, por corrupção passiva (SIP 1/27). A autorização para que Temer seja julgado pelo Supremo Tribunal Federal será votada pelo Plenário da Câmara e, para ser aceita, precisa do apoio de 342 deputados.

Durante a votação, os parlamentares vão se pronunciar sobre o relatório do deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), que pede a rejeição da denúncia. Portanto, no momento da votação, os deputados favoráveis ao afastamento de Temer devem dizer "não" ao relatório e os contrários à saída de Temer precisam dizer "sim" ao parecer.

Procedimentos
O quórum de abertura da sessão é de 51 deputados e a Ordem do Dia poderá ser iniciada com o registro de presença de 52 parlamentares.

Iniciada a Ordem do Dia, o relator Abi-Ackel falará por 25 minutos, seguido pelo presidente Temer ou seu advogado, por mais 25 minutos.

Após falarem 4 oradores, dois contrários e dois favoráveis ao afastamento, poderá ser apresentado requerimento de encerramento de discussão, desde que ao menos 257 deputados tenham registro presença.
Já a votação propriamente dita somente poderá ser iniciada com o registro de presença de 342 deputados.

Segundo a Secretaria-Geral da Mesa da Câmara, a ordem de votação dos estados será a mesma adotada na votação do impeachment da Dilma: os parlamentares serão chamados em ordem alfabética, por Estado, alternadamente do Norte para o Sul e vice-versa.

"Atropelo"
A líder do PCdoB, deputada Alice Portugal (BA), acredita que o rito definido é um atropelo ao debate da denúncia contra Temer. "Gostaríamos que todos os líderes falassem, todos os inscritos falassem. É um processo criminal, pior que um impeachment. Acho que é uma restrição ao debate, uma proteção ao presidente Michel Temer", reclamou a parlamentar.

Segundo Alice Portugal, a oposição acredita na aceitação da denúncia contra Temer pela Câmara. "O Congresso tem obrigação de acatar a denúncia; a oposição vai estar lá no dia e na hora marcada. Vamos votar para acatar a denúncia."

Vice-líder do governo, o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) afirma que o governo tem votos suficientes para barrar a denúncia. "Quarta estaremos aqui, temos votos de sobra, com 172 presenças, pronto, não há risco nenhum."

Perondi desafia a oposição a marcar presença no dia da votação. "A oposição está no quanto pior melhor, é o mantra. Se ela quer isso, que venha votar, dê presença e venha votar."

Entenda o caso
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou Temer por crime de corrupção passiva com base em gravações e delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos do grupo J&F - que controla o frigorífico JBS e outras empresas.

ÍNTEGRA DA PROPOSTASIP-1/2017

Reportagem – Luiz Gustavo Xavier, edição – Natalia Doederlein, Agência Câmara Notícias


CÂMARA DOS DEPUTADOS = Agenda da próxima semana


TERÇA-FEIRA (1º)
8h30
Associação Nacional das Entidades Representativas Militares do Brasil

Encontro nacional para debater o abuso de autoridade; a atuação das assessorias parlamentares no Congresso Nacional; e os códigos Penal e Processual Penal Militar.
Auditório Freitas Nobre
9 horas
Comissão Especial do Sistema Penitenciário

Reunião de trabalho para discutir medidas que visem à restruturação e à modernização do sistema penitenciário brasileiro.
Foram convidados: o coordenador nacional da Pastoral Carcerária, padre Valdir Silveira; o representante do Sindicato dos Agentes Federais de Execução Penal/DF Euclenes Pereira da Silva; e o professor do Uniceub Paulo Thompson Flores.
Sala 175 B do Anexo 2
10 horas
Sessão Solene 

Homenagem aos Quarenta Anos da Fundação dos Economiários Federais (Funcef)
Plenário Ulysses Guimarães
10 horas
Comissão de Direitos Humanos e Minorias
Audiência pública para debater conflitos nas demarcações de terras indígenas e os contextos políticos brasileiro e internacional.
Foram convidados, entre outros, a deputada do Parlamento Europeu Julie Ward; o subprocurador-geral da República e coordenador da 6ª Câmara do Ministério Público Federal, Luciano Mariz Maia; e representante da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).
Plenário 9
14 horas
Associação Nacional das Entidades Representativas Militares do Brasil 

Encontro nacional para debater a importância da representação política militar; o PL 148/ 15, que prevê o fim da prisão disciplinar para policiais e bombeiros militares dos estados, territórios e Distrito Federal; e direitos políticos dos militares.
Auditório Freitas Nobre
14 horas
Votação em Plenário
Discussão e votação de requerimentos.
Plenário Ulysses Guimarães
14h30
Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania 
Votação de projetos e requerimentos.
Plenário 1
14h30
Comissão Especial do Sistema Penitenciário

Audiência pública para debater medidas que visem à restruturação e à modernização do sistema penitenciário brasileiro.
Foram convidados os presidentes da Associação dos Magistrados do Brasil, Jayme de Oliveira; e da Associação dos Juízes Federais do Brasil, Roberto Carvalho Veloso.
Plenário 14

QUARTA-FEIRA (2)
9 horas 
Votação em Plenário

Discussão do relatório aprovado na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara sobre a denúncia por crime de corrupção passiva contra o presidente da República, Michel Temer.
Plenário Ulysses Guimarães
9h30
Comissão de Defesa do Consumidor 

Votação de projetos e requerimentos.
Plenário 8

9h30
Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços 

Votação de projetos e requerimentos
Plenário 5
9h30
Comissão de Minas e Energia 

Votação de projetos e requerimentos.
Plenário 14
9h30
Comissão de Seguridade Social e Família
Votação de projetos e requerimentos.
Plenário 7
10 horas
Comissão de Educação

Votação de projetos e requerimentos
Plenário 10
10 horas
Comissão de Finanças e Tributação 
Votação de projetos e requerimentos.
Plenário 4

10 horas 
Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia 

Votação de projetos e requerimentos.
Plenário 15
10 horas
Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional

Pauta em fase de elaboração.
Plenário 3
10 horas
Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público

Votação de projetos e requerimentos.
Plenário 12
10 horas
Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática

Votação de projetos e requerimentos.
Plenário 13
10 horas 
Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 

Votação de projetos e requerimentos.
Plenário 2
10 horas
Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural 
Audiência pública para discutir a falta de regulamentação das Cotas de Reserva Ambiental (CRA) e o Programa de Regularização Ambiental (PRA), além da criação de parques florestais, indenizações e administração pelas unidades de conservação.
Foi convidado o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho.
Plenário 6
10 horas
Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania 
Votação de projetos e requerimentos.
Plenário 1
11 horas
Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher 

Votação de projetos e requerimentos.
Plenário a definir
14 horas
Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência 
Votação de projetos e requerimentos.
Plenário a definir
14 horas
Comissão de Esporte

Votação de projetos e requerimentos.
Plenário 4
14 horas
Comissão Especial sobre o Regime Penitenciário de Segurança Máxima (PL 7223/06) 

Reunião interna técnica com os membros do colegiado para subsidiar o parecer do relator, deputado Subtenente Gonzaga (PDT-MG).
Foram convidados, entre outros, o diretor-geral do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) do Ministério da Justiça, Marco Antônio Severo da Silva; e o juiz aposentado da Vara de Execução Penal do DF Ademar Silva de Vasconcelos.
Sala 175 B do piso superior do anexo 2
14h30
Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara 

Continuação dos depoimentos das autoridades solicitadas pelo relator do processo contra o deputado Delegado Éder Mauro (PSD-PA)
Plenário a definir
14h30
Comissão Externa sobre Execução da Dívida Ativa (PL 2412/07)

Definição de nova agenda de trabalho do colegiado.
Plenário a definir
15 horas
Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência 

Audiência pública para debater o PL 2157/15, que institui o Cadastro Nacional de Pessoas com Deficiência, a fim de facilitar a adoção de políticas públicas de inclusão.
Foram convidados o assessor da Secretaria Especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Anderson Sant'Anna; além de representantes do Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência (Conade); do IBGE; e do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão.
Plenário 13
15 horas
Comissão de Educação 

Subcomissão Permanente destinada a acompanhar a consolidação do texto da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a reformulação do ensino médio no país 
Reunião técnica para debater a minuta do plano de trabalho da subcomissão, elaborada a partir das propostas e sugestões apresentadas no primeiro encontro do grupo.
Sala da presidência da comissão
16 horas
Votação em Plenário

Está na pauta, entre outras matérias, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 70/11, do Senado, que estabelece novo rito de análise de medidas provisórias (MPs).
Plenário Ulysses Guimarães

QUINTA-FEIRA (3)
9 horas
Votação em Plenário 
Proposições remanescentes do dia anterior e outros projetos.
Plenário Ulysses Guimarães
10 horas
Sessão Solene 

Homenagem aos protetores de animais do Brasil e a seus esforços para preservar e proteger a fauna nacional
Plenário Ulysses Guimarães
10 horas
Comissão Especial sobre a Reforma Política

Continuação da discussão e votação do relatório parcial nº 3, do deputado Vicente Candido (PT-SP).
Plenário a definir
10 horas
Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania 
Votação de projetos e requerimentos.
Plenário 1
14 horas
Sessão de Debates

Plenário Ulysses Guimarães

SEXTA-FEIRA (4)
9 horas
Sessão de Debates

Plenário Ulysses Guimarães

Agência Câmara Notícias


hepatite B no Brasil Estudo mapeia diversidade genética

O mais completo levantamento da diversidade genética dos vírus da hepatite B já realizado no Brasil mostra que a pluralidade de origens da população brasileira se reflete também nos microrganismos que circulam no país. Liderado por pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), o estudo é resultado da parceria entre onze laboratórios e instituições de pesquisa de todas as regiões, com apoio do Ministério da Saúde. Mais de mil amostras foram analisadas, referentes a casos crônicos de hepatite B registrados em mais de cem cidades de 24 estados e no Distrito Federal. Os resultados apontam que os casos brasileiros estão relacionados a sete dos dez genótipos do vírus da hepatite B identificados no mundo. A distribuição das variantes virais muda significativamente de uma região para outra e, até mesmo, de um estado para o outro. Os resultados foram publicados na revista científica Journal of General Virology*.

Francisco Mello e Elisabeth Lampe destacaram a colaboração entre os laboratórios para traçar um retrato abrangente da circulação viral

Coordenadora do estudo, a chefe do Laboratório de Hepatites Virais do IOC, Elisabeth Lampe, explica que os vírus da hepatite B evoluíram junto com as populações humanas. Dessa forma, a distribuição geográfica das diferentes variantes genéticas – nomeadas por letras de A até J – está relacionada às origens das populações, sendo impactada pelas migrações e pelos deslocamentos populacionais. “O Brasil apresenta um cenário muito diferente dos outros países da América do Sul, onde o genótipo F do vírus da hepatite B – mais associado às populações americanas nativas – é predominante. No território brasileiro, vemos grande presença de genótipos associados com populações europeias e africanas, e chama atenção a ampla variação regional”, ressalta a pesquisadora.

Na literatura científica, apenas um trabalho, realizado no Canadá, apontou a presença de oito genótipos do vírus da hepatite B circulando em um mesmo país – um a mais do que o que acaba de ser verificado no Brasil. “Em comum, temos dois países continentais, com populações formadas por imigrantes de diferentes nacionalidades”, comenta Francisco Mello, pesquisador do Laboratório de Hepatites Virais do IOC e coautor do estudo. “No Brasil, conseguimos observar a presença de sete genótipos virais em um único estado: São Paulo, que além de ser o estado mais populoso da federação é formado por diversas comunidades de imigrantes e atrai um grande fluxo de visitantes internacionais”, completa.

O Laboratório de Hepatites Virais do IOC atua como referência nacional em Hepatites Virais junto ao Ministério da Saúde, e o esforço para traçar o mapa da diversidade genética do vírus da hepatite B no país foi realizado em resposta a uma demanda do Departamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), Aids e Hepatites Virais. Estudos anteriores traziam dados limitados a algumas regiões do país e o trabalho mais abrangente produzido até então continha amostras de apenas nove estados – agora apenas Piauí e Rio Grande do Norte não foram incluídos na pesquisa. Para realizar o levantamento, os cientistas estabeleceram uma rede chamada de Grupo Brasileiro de Pesquisa em Hepatite B, com a participação de nove laboratórios públicos, com representação das cinco regiões do Brasil. Com financiamento do Ministério da Saúde, as unidades foram equipadas e receberam treinamento para realizar os testes de genotipagem que permitiram construir o mapa nacional de circulação do vírus. Em sete estados, esta é a primeira vez que os genótipos do vírus da hepatite B passam a ser conhecidos: no Amapá, Roraima, Ceará, Paraíba, Sergipe e Espírito Santo este tipo de investigação nunca havia sido realizado.

“Com essa grande colaboração, conseguimos obter e analisar mais de mil amostras, não apenas das capitais, mas também de dezenas de cidades do interior. Em grande medida, a origem das amostras reflete a distribuição da população brasileira no território nacional. Por isso, obtivemos um mapeamento abrangente e representativo da distribuição geográfica dos vírus da hepatite B”, destaca Elisabeth.

Genótipos predominantes
Identificado em quase 59% dos casos analisados, o genótipo A do vírus da hepatite B foi o mais frequente no Brasil. Com perfil de distribuição considerado global, essa variante viral é encontrada com mais frequência no Norte da Europa, América do Norte e África Subsaariana, e foi predominante na maioria dos estados do Sudeste, Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Em segundo lugar, o genótipo D foi detectado em 23% dos casos no país. No entanto, essa variante viral – que também apresenta distribuição global, mas é associada principalmente com populações da Europa, Mediterrâneo e Oriente Médio – foi majoritária na região Sul, respondendo por cerca de 80% dos registros. Ligado às populações indígenas americanas, o genótipo F foi o terceiro mais frequente no levantamento nacional, com 11% dos casos. Porém, observando apenas o Nordeste, ficou em segundo lugar (cerca de 23% dos registros na região).

Com distribuição geográfica internacional conhecidamente mais restrita, os vírus B, C, E e G foram encontrados em baixo número de ocorrências. Associado à África Ocidental, o genótipo E respondeu por 1,8% das infecções, enquanto o genótipo G – identificado em alguns países das Américas e Europa – foi identificado em 1,3%. Ambos ligados a populações asiáticas, os genótipos B e C alcançaram apenas 1% dos casos analisados. “É interessante notar que, em São Paulo, esses genótipos raros no país responderam por 12% das amostras, refletindo o caráter cosmopolita do estado”, pontua Francisco. Um dos estados que tiveram o perfil genético dos vírus mapeados pela primeira vez, o Ceará apresentou um resultado surpreendente: foi o único do país a apresentar predominância do genótipo F, identificado em aproximadamente 53% das infecções. “Historicamente, moradores do Ceará se deslocam para áreas isoladas da região amazônica em busca de trabalho, o que pode explicar um contato mais frequente com populações indígenas e a maior presença dessa variante viral no estado”, acrescenta o pesquisador.

Contribuição para a vigilância
Segundo os cientistas, o mapeamento dos perfis genéticos dos vírus da hepatite B no Brasil deve contribuir para o controle da doença no país. “Esses dados são importantes para a chamada vigilância molecular, que é baseada na análise do genoma viral. Por exemplo, a detecção da introdução ou da maior disseminação de determinada variante viral em uma região pode indicar a necessidade de reforço nas medidas de prevenção da doença, especialmente a vacinação”, explica Elisabeth. Ela afirma também que a relação da variabilidade genética dos vírus com a progressão da doença tem sido investigada em diversos estudos. “Algumas pesquisas apontam que o genótipo viral pode influenciar no desenvolvimento de formas crônicas da hepatite B e na resposta ao tratamento. Até o momento, os dados não são suficientes para justificar alterações nas condutas terapêuticas, mas o conhecimento sobre a diversidade genética dos vírus no Brasil pode ter ainda mais aplicações no futuro”, completa.

O vírus da hepatite B é transmitido principalmente em relações sexuais. Além disso, o contágio pode ocorrer por via sanguínea, incluindo compartilhamento de seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicates de unha e outros objetos que furam ou cortam. A infecção também pode ser passada da mãe para o filho, durante a gestação, o parto ou a amamentação. O vírus afeta principalmente o fígado e a maioria dos pacientes apresenta quadros agudos, que podem ser assintomáticos ou ter sintomas como enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados. No entanto, 5% a 10% das pessoas infectadas evoluem para formas crônicas da doença, com duração maior do que seis meses e possibilidade de complicações como cirrose e câncer no fígado.

Dia Mundial de Luta
A data de 28 de julho é declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais, com o objetivo de aumentar a conscientização entre a população e o engajamento dos países no enfrentamento destas doenças. Segundo o Ministério da Saúde, no ano passado, foram diagnosticados 42,8 mil novos casos de hepatites virais no Brasil, sendo aproximadamente 14 mil casos de hepatite B. Elisabeth destaca que o diagnóstico tardio é um dos desafios no enfrentamento do agravo. “Na maioria dos casos, a hepatite B é uma doença silenciosa, que não apresenta sintomas antes do desenvolvimento das complicações crônicas. Por isso, é fundamental realizar o teste, que é oferecido gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS)”, enfatiza Elisabeth.
Os cientistas ressaltam que a infectividade do vírus da hepatite B é maior que a do HIV, mas é possível evitar a doença com a vacinação e outras medidas de proteção. “Atualmente, a vacina contra hepatite B faz parte do calendário de imunização infantil e está disponível para toda a população até 49 anos nos postos de saúde. Portanto, é fundamental que todos procurem se vacinar”, afirma Francisco. Usar camisinha em todas as relações sexuais e não compartilhar objetos de uso pessoal, como lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, material de manicure e pedicure, seringas e agulhas são outras ações importantes para prevenir o contágio. Os exames para detectar a infecção também devem ser realizados no pré-natal e, em caso positivo, há recomendações médicas especiais para o parto e a amamentação com objetivo de evitar a transmissão para o bebê.
*Artigo: Lampe et al. Nationwide overview of the distribution of hepatitis B virus genotypes in Brazil: a 1000-sample multicentre study. Journal of General Virology 2017; 98: 1389-1398

Maíra Menezes, Foto: Gutemberg Brito - IOC/Fiocruz


TINEA CAPITIS proveniente do fungo MICROSPORUM AUDOUINII - Típico da África é diagnosticado na comunidade de Manguinhos 1º relato na literatura científica na América do Sul

A Tinea capitis, uma infecção fúngica cutânea dos cabelos/pelos da cabeça, é causada no Brasil principalmente pelo fungo Microsporum canis, sendo comum em crianças de três a sete anos e mais rara em adultos. Recentemente, a doença foi diagnosticada em dois menores moradores da comunidade de Manguinhos, no Rio de Janeiro. Até então, nada de anormal. Entretanto, pesquisadores Laboratório de Micologia do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) ao investigarem mais profundamente o caso, perceberam que a Tinea capitis nesses pacientes era proveniente do fungo Microsporum audouinii, comum em países da África, e agora relatado pela primeira vez na literatura científica publicada na América do Sul.

A análise nas crianças resultou no artigo Tinea capitis por Microsporum audouinii: relatos de casos e revisão da literatura mundial publicada 2000-2016 que será publicado, em breve, na revista Mycopathologia. Segundo Rodrigo Almeida-Paes, tecnologista do Laboratório de Micologia e principal autor do trabalho, a “Tinea capitis é comum e existe no mundo inteiro. Quando fizemos o exame nos dois estudantes, aparentemente esperávamos encontrar o M. canis, mas fazendo a investigação, tanto a nível de morfologia do fungo quanto a nível molecular, percebemos que o agente causador era o M. audouinii, que até então não havia informe dele no Brasil ou em outros países da América do Sul”, disse.


Rodrigo destacou que, na literatura científica, a maioria dos informes são provenientes da África, e quando se encontram notícias em outros países da Europa ou na Austrália, por exemplo, geralmente decorrem de alguma família que viajou para o continente africano e voltou para seu país de origem com a doença. “Não é o caso desses dois moradores de Manguinhos. Eles nunca foram à África. Então, a gente acredita que esse fungo esteja presente no Brasil, mas não cremos que ele tenha sido isolado pela primeira vez agora. É bem possível confundir o M. canis com o M. audouinii. Se não tivermos profissionais atentos para perceber as diferenças, um acaba se passando pelo outro. E há também o problema da notificação. Essa não é uma doença de notificação compulsória. Pode ser que haja algum laboratório que já tenha isolado essa espécie, mas que nunca a reportou ou publicou algo em nossa literatura. Nos papers disponíveis, esse primeiro caso relatado foi feito por nós do Laboratório de Micologia do INI”, informou o pesquisador.

Os sintomas são exatamente os mesmos para o M. canis e o M. audouinii, o que muda é o agente etiológico. As pessoas infectadas têm perda de cabelo em área localizada, couro cabeludo avermelhado e inflamado e coceira. Uma diferenciação importante entre elas é que as espécies são transmitidas por vias diferentes. Enquanto o M. canis é transmitido a partir de um animal infectado, sendo mais comum o gato ou cachorro, o M. audouinii pode decorrer de pessoa a pessoa. O tratamento mais indicado para a Tinea capitis é a adoção de comprimidos de griseofulvina, por trazer bons resultados a um baixo custo. Também podem ser utilizados a terbinafina, o itraconazol ou o fluconazol. Não é recomendado o uso de pomadas antifúngicas, uma vez que a ingestão oral dos medicamentos comprovou ser mais eficiente para a cura dessa infecção fúngica cutânea.

O pesquisador contou ainda que “como você tem fontes de transmissão diferentes, a profilaxia também é diferente para essas infecções. Enquanto no M. canis é necessário avaliar toda a questão dos cães e gatos que estão nas redondezas das pessoas, na infecção pelo M. audouinii é mais imperativo que se faça o rastreio não nos animais, mas sim nas pessoas. E como são crianças, você tem que investigar a turma delas no colégio ou na creche. Então a dinâmica de prevenção e controle é diferente, dependendo do agente causador”.

Os dois pacientes de Manguinhos foram atendidos por uma dermatologista do Ambulatório Souza Araújo, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), e encaminhados para o Laboratório de Micologia do INI para a realização do diagnóstico. Os fungos foram classificados como M. audouinii por visualização de estruturas específicas da espécie, incluindo: hifas pectinadas, clamidoconídios e macroconidios fusiformes, crescimento com pigmento marrom característico em grãos de arroz e através do sequenciamento de DNA da região ITS. “Aqui nós coletamos o material dessas crianças, isolamos e identificamos o tipo de fungo. O trabalho finalizou agora com o aceite para publicação do artigo, mas o evento do atendimento ocorreu no final de 2014”, lembrou Rodrigo.

“Para a redação do trabalho, todas as infecções de M. audouinii descritas neste século foram revisadas e esse é o primeiro caso na literatura desta espécie na América do Sul. A identificação errada de M. audouinii com M. canis pode acontecer nessa área, levando a dados errôneos sobre a ocorrência dessa espécie”, explicam os autores no texto. Além de Rodrigo Almeida-Paes, o artigo Tinea capitis por Microsporum audouinii: relatos de casos e revisão da literatura mundial publicada 2000-2016 conta com as participações de Fábio Brito-Santos, Maria Helena Galdino Figueiredo-Carvalho e Rowena Alves Coelho, todos do Laboratório de Micologia do INI/Fiocruz, e Anna Sales, do Ambulatório Souza Araújo, do IOC/Fiocruz.

Uma proposta levantada pela equipe do Laboratório de Micologia do INI é, no futuro, entrar em contato com os profissionais do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), que possui um melhor acesso à comunidade de Manguinhos e assim fazer um trabalho para investigar se as crianças dessa localidade estão tendo infecções por esse fungo ou se foram apenas dois casos isolados. “A forma como isso aconteceu aqui com certeza descarta a possibilidade de que o fungo tenha vindo da África. Nós acreditamos que ele esteja aqui, mas que não foi reportado antes por conta da falta de expertise. Seria interessante alertar os profissionais que trabalham em laboratórios para estarem atentos a essa nova espécie e os médicos pela questão da prevenção da ocorrência de novos casos, prestando atenção se são causados por M. canis ou M. audouinii”, encerrou o pesquisador.

Antonio Fuchs (INI/Fiocruz)


Justiça garante direito de paciente não receber transfusão por convicção religiosa

O juiz Marlon Negri, atualmente responsável pela Vara da Fazenda Pública da comarca de Jaraguá do Sul, deferiu liminar em mandado de segurança para determinar que hospital da região proceda a intervenção cirúrgica necessária em paciente de risco mas, ao mesmo tempo, abstenha-se em qualquer hipótese de realizar transfusão sanguínea, em respeito às convicções religiosas professadas pelo doente.

Foi o próprio cidadão, portador de doença grave que demanda cirurgia, quem buscou tal garantia judicial, uma vez que os médicos do estabelecimento de saúde negavam-se a atendê-lo neste pedido. "Considerando que o impetrante é maior, capaz, foi devidamente informado e sua manifestação é genuína, não pode ser obrigado a se submeter a tratamento que viole suas convicções religiosas, o que denota a plausibilidade do direito invocado", resumiu o magistrado na decisão.

A liminar também cita doutrina do ministro Luiz Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que, antes de envergar a toga, lavrou parecer jurídico em que tratou da matéria: "É legítima a recusa de tratamento que envolva a transfusão de sangue, por parte das testemunhas de Jeová. Tal decisão funda- se no exercício de liberdade religiosa, direito fundamental emanado da dignidade da pessoa humana, que assegura a todos o direito de fazer suas escolhas existenciais. ( ) Em nome do direito à saúde ou do direito à vida, o Poder Público não pode destituir o indivíduo de uma liberdade básica, por ele compreendida como expressão de sua dignidade". Cabe recurso ao Tribunal de Justiça.

Fonte: Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina


sábado, 29 de julho de 2017

O impacto da tecnologia em saúde

A sociedade é afetada em todos os seus aspectos pela tecnologia, entretanto em nenhum outro setor esse impacto é mais aparente quanto na saúde.

Os avanços tecnológicos compreendem a adoção de prontuários eletrônicos, avanços em engenharia e tecnologia biomédica, entre outros. A área da saúde vivencia uma mudança na forma como os cuidados de saúde estão sendo entregues. Porém que impactos essas mudanças trarão na prestação geral de cuidados?

De acordo com o infográfico, a tecnologia afetou significativamente o campo da saúde em frentes como comunicação, tratamento, pesquisa e coleta de informações. Ao longo do tempo, esses avanços continuarão a avançar e seus reflexos poderão ser compreendidos na qualidade geral dos cuidados de saúde para pacientes e médicos em todo o mundo.
·         60 milhões de pessoas usam redes sociais para atividades relacionadas à saúde;
·         9.000 aplicativos médicos e médicos disponíveis;
·         72% dos internautas buscam informações sobre questões médicas.

Inquestionavelmente, a tecnologia médica é indispensável para melhoria da saúde, segurança do paciente e gerenciamentos dos custos.



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