Um estudo da Universidade
Estadual de Ohio identificou uma nova maneira potencial de diagnosticar o mal
de Alzheimer e elaborar um atendimento personalizado aos pacientes.
A equipe de pesquisadores descobriu
biomarcadores que contribuiriam para a identificação de mudanças nas proteínas
encontradas no fluido espinhal e no sangue dos doentes. À medida que a
gravidade do Alzheimer aumentou, as proteínas tornaram-se mais longas, rígidas
e agrupadas.
Depois de encontrar estes
sinais, que dariam pistas sobre a presença da enfermidade, os cientistas
inseriram informações sobre os biomarcadores e outros fatores — incluindo as
avaliações cognitivas de pacientes — em um algoritmo projetado para avaliar a
gravidade da doença.
IDENTIFICAÇÃO DE MUDANÇAS
Os pesquisadores descobriram
que a equação poderia mostrar os estágios da doença e sua progressão.
— Com esta ferramenta,
conseguiríamos prever o ritmo assumido pela doença no organismo, o que
atualmente não é possível. Só sabemos que cada caso é diferente — disse Mingjun
Zhang, professor de engenharia biomédica em Ohio e autor principal do estudo,
publicado na revista “Science Advances”. — Ao observar os múltiplos indicadores
da doença, aumentamos nossa confiança em traçar um diagnóstico e os
prognósticos.
O levantamento foi realizado a
partir da análise de um banco de dados de informações médicas — além de
amostras de fluido espinhal e sangue — de pacientes vistos pelo coautor do
estudo, Douglas Scharre, professor de neurologia clínica e psiquiatria de Ohio.
De acordo com Scharre, as
ferramentas experimentais ainda não estão prontas para uso clínico, mas podem
auxiliar de diversas maneiras a melhorar os tratamentos já disponíveis:
— Com esses biomarcadores,
observamos facilmente as mudanças entre o envelhecimento normal e os diferentes
estágios do mal de Alzheimer.
Hoje, os medicamentos
disponíveis tratam apenas de sintomas da doença e funcionam melhor com um
diagnóstico precoce. As ferramentas de diagnóstico aprimoradas podem ajudar os
médicos a identificar mais rapidamente quais pacientes sofrem com a enfermidade
e quais estão sofrendo declínio cognitivo por outros motivos.
Os exames realizados pela
equipe de Zhang indicam que as novas ferramentas funcionariam melhor se fossem
aplicadas nos estágios iniciais da doença.
A expectativa é que os
biomarcadores e algoritmos acelerem a descoberta de novos tratamentos que
melhorem as perspectivas dos pacientes que estão em estágios posteriores do mal
de Alzheimer. Segundo Scharre, a presença de um biomarcador facilmente
observável, e que muda rapidamente ao longo do tempo, seria uma ferramenta
poderosa para monitorar o impacto dos tratamentos experimentais.
— Seria muito útil ter um
biomarcador que mostrasse em três meses, ou mesmo em três semanas, que uma
droga não está diminuindo a doença — considera Scharre. — Isso nos ajudaria a
não perder tempo e a procurar tratamentos melhores.
Zhang pondera que os médicos
já tentam coletar uma série de dados sobre pacientes com mal de Alzheimer.
Desta forma, tentam estimar o estágio da doença e prever a rapidez com que ela
se moverá.
— Usamos os métodos que eles
desenvolveram e convertemos em um modelo computacional com diferentes pesos
para diferentes fatores — revela Zhang. — Estamos usando técnicas de engenharia
para analisar o processo dinâmico assumido por uma doença humana.
A identificação de mudanças
físicas nas proteínas é uma área que desperta o interesse dos cientistas que
procuram biomarcadores de doenças. Os autores do levantamento sublinham que
ainda é cedo para estimar o custo dessas ferramentas, caso elas fossem
aplicadas rotineiramente. O uso de um exame de sangue — em vez de outro que
dependa de fluido espinhal — seria fundamental para minimizar os riscos.
Coautor do estudo e professor
de química e farmacologia, Jeff Kuret destaca que esse tipo de teste é especialmente
promissor para o mal de Alzheimer porque trata-se de uma doença de movimentação
relativamente baixa. Outro objetivo é que ele não seja “tão caro”:
— Ser capaz de acompanhar
pacientes individuais em todos os estágios da progressão de Alzheimer seria
incrivelmente útil — ressalta.
Shutterstock – O Globo
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