Apesar do agravamento da turbulência política, a
indústria brasileira manteve o ritmo de recuperação lenta no segundo trimestre.
A expectativa é que o desempenho tenha sido positivo, mas a tendência é que uma
retomada mais acentuada aconteça apenas no ano que vem, segundo o Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O Indicador Ipea de Produção Industrial indica
recuo de 0,1% em junho ante maio na Pesquisa Industrial Mensal – Produção
Física (PIM-PF), apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). No fechamento do trimestre, entretanto, a previsão é de alta de 0,5% em
relação ao primeiro trimestre do ano.
“O ambiente de incerteza influenciou a confiança,
que caiu rapidamente, mas a produção está mostrando uma lenta recuperação,
embora não seja possível ver sinais de uma retomada mais forte ainda. Com a
queda continuada na taxa de juros, a economia será estimulada”, previu o
diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, José Ronaldo de Castro
Souza Junior.
Na comparação com 2016, a produção industrial teve
expansão de 0,6% em junho deste ano. No segundo trimestre de 2017 em relação ao
mesmo período do ano anterior, o aumento foi de 0,2%, calculou o Ipea.
“É uma recuperação ainda lenta, sobre uma base de
comparação muito baixa. A produção industrial caiu por muitos anos, começou a
cair antes dos outros setores da economia. É realmente uma recuperação
cíclica”, disse Souza Junior.
O Ipea prevê que o PIB industrial avance 0,3% em
2017, mas que exiba desempenho melhor no ano seguinte, um crescimento de 2,5%
em 2018.
“Esperamos que o consumo das famílias volte a
crescer e que haja também alguma recuperação marginal do investimento, que
mesmo que seja incipiente já traz uma demanda por bens industriais”, justificou
o diretor do Ipea.
Em junho, os indicadores coincidentes da produção
industrial repetiram o comportamento heterogêneo de meses anteriores. A
importação de bens intermediários avançou 8,8% em relação a maio, revertendo a
queda de 8% no mês anterior, de acordo com os dados da Fundação Centro de
Estudos do Comércio Exterior (Funcex). A Associação Brasileira do Papelão
Ondulado (ABPO) indicou um aumento de 0,9% na venda de papel e papelão no
período.
Por outro lado, a produção de automóveis encolheu
8,4% em junho ante maio, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de
Veículos Automotores (Anfavea). O volume de tráfego de carga em estradas com
pedágio recuou 0,7%, segundo a Associação Brasileira de Captadores de Recursos
(ABCR).
Fonte: Estadão
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