Conheça a história de Welber, de 23 anos, de
Ribeirão Preto, que descobriu que vivia com HIV no final do ano passado, um dia
após o Natal. Após os temores iniciativas, o jovem descobriu que, com a terapia
antirretroviral, ele conseguiria enfrentar o vírus. O Brasil investe 1,1 bilhão
de reais no fornecimento do tratamento e adota procedimentos e medicamentos
modernos para o HIV na rotina do SUS.
Welber
fala abertamente com amigos e colegas de trabalho sobre seu estado sorológico e
também sobre métodos de prevenção do HIV.
As festas que marcaram a virada de 2016 para 2017
tiveram um gosto amargo para Welber Moreira. O jovem de 23 anos descobriu um dia
depois do Natal que estava vivendo com o HIV.
Ele conta que se sentiu doente e procurou uma
clínica de saúde pública para obter respostas. O médico lhe fez uma pergunta
que pegou o jovem de surpresa. “Ele me perguntou: ‘Posso ver seu resultado de
teste de HIV mais recente?’”, conta. Welber nunca pensou que um vírus que ele
estudou tempos atrás em uma aula de biologia mudaria sua vida um dia.
Foi então que o médico o encaminhou a um dos
centros públicos de aconselhamento e testagem de sua cidade natal, Ribeirão
Preto, no norte de São Paulo. No local de atendimento, o rapaz fez um teste
rápido de HIV. Seu diagnóstico positivo foi confirmado por um segundo exame.
“Chorei pra caramba na frente dela (a enfermeira) e
ela falou ‘calma, não é assim!’. Mas eu não via uma saída. Eu achava que eu ia
morrer, não conhecia sobre a doença, não sabia como era o tratamento, eu só
sabia que HIV era AIDS e AIDS matava. E a AIDS ia me matar e eu ia ficar
doente, e ia ficar na cama, ia ficar fedendo, ia depender das pessoas e ninguém
ia me amar mais”, lembra Welber sobre o momento do diagnóstico.
“E eu assim, em desespero: eu tenho uma namorada e
estava junto com ela quando eu descobri. Eu tinha que informar a ela que eu
estava com HIV porque a gente tinha relação sexual sem camisinha.”
Sua namorada teve resultado negativo para o HIV.
Ela começou a tomar a profilaxia pós-exposição — ou PEP, um tratamento de
prevenção de 28 dias —antes mesmo de Welber começar a terapia com
antirretrovirais.
Mas algo mais o deixou preocupado. “Eu estava muito
assustado e com medo dos efeitos colaterais”, afirma. Surpreendentemente, o
jovem se sentiu bem desde o início do tratamento. Agora, antes de ir para a
cama, ele toma duas pílulas à noite. “Não consigo imaginar como era no passado,
ter que tomar várias pílulas por dia em momentos diferentes e com efeitos
colaterais desagradáveis.”
Welber está entre os mais de 100 mil brasileiros
que irão iniciar este ano o tratamento com um novo medicamento contra o HIV.
Chamado dolutegravir (DTG), o remédio tem menos efeitos colaterais e é mais
eficaz na supressão viral. No início de 2017, o Ministério da Saúde do Brasil
anunciou que negociou com sucesso a compra desse medicamento, obtendo um
desconto de 70% — o que reduziu o preço por comprimido de 5,10 dólares para
1,50 dólar.
Passado
o trauma inicial do diagnóstico, Welber descobriu que o tratamento
antirretroviral consegue salvar vidas e tem menos efeitos colaterais do que em
décadas anteriores. Foto: UNAIDS/Produtora Burn
Como resultado, mais pessoas poderão ter acesso ao
dolutegravir dentro do orçamento de 2017 aprovado para o fornecimento de
tratamento no país. O montante investido pelo Brasil é de 1,1 bilhão de reais.
Welber é grato pelo apoio que recebeu de sua
namorada e pela eficiência da clínica e do centro de atendimento. Isso, segundo
ele, o ajudou a superar o trauma inicial. Falar de HIV e revelar sua sorologia
não mais incomoda o rapaz. Ele conta que fala abertamente sobre isso para seus
amigos e no trabalho. Uma pequena parte de sua família não recebeu muito bem a
notícia, mas o jovem não perdeu a esperança.
Ele tem grandes planos com sua namorada. “Nós
planejamos ter dois filhos, dentro de três anos”, diz.
Welber também disse sentir que tem que ajudar os
outros. “Sempre que posso, por exemplo, eu passo na clínica de saúde local e
pego alguns preservativos para os meus colegas do trabalho e meus amigos”,
conta. “É uma oportunidade para compartilhar com eles o que eu conheço e falar
sobre prevenção.”
A ONU e o combate ao HIV
A história de Welber faz parte de uma série sobre
os vínculos entre a epidemia de HIV e os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS) das Nações Unidas. Conheça a série clicando aqui.
Entre as metas acordadas pelos Estados-membros da ONU, está a erradicação da
epidemia como ameaça de saúde pública até 2030.
A ampliação do tratamento de HIV nos países de
baixa e média renda nos últimos 15 a 20 anos é uma das maiores histórias de
sucesso da saúde global. Na África Subsaariana, ao final de 2002, apenas 52 mil
pessoas estavam sob tratamento. Com o aumento na produção e no uso total das
flexibilizações de patentes, o número de indivíduos em terapia cresceu para
12,1 milhões em 2016.
No Brasil, quando o governo concedeu acesso
universal aos medicamentos antirretrovirais em 1996, o curso da epidemia a
nível nacional mudou, e as taxas de sobrevivência aumentaram notavelmente. Previsões
sobre as mortes relacionadas à AIDS em larga escala nunca se concretizaram. O
Sistema Único de Saúde (SUS) continua a demonstrar liderança na resposta ao
HIV, incorporando nos serviços de rotina as tecnologias médicas e científicas
mais avançadas para o tratamento do vírus.
A história de Welber nos diz o quanto o ODS de nº 9
— construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva
e sustentável e fomentar a inovação — está associado à ampliação do acesso
equitativo aos medicamentos, bem como ao progresso para acabar com a epidemia
de AIDS até 2030.
Foto: UNAIDS/Produtora Burn
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