Durante
evento da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, Barros apresentou queda
nos óbitos e perfil dos acidentados nas vias do país
O
ministro da Saúde, Ricardo Barros, participou, nesta sexta-feira (15), do
encerramento do 12º Congresso Brasileiro de Medicina de Tráfego, em Costa do
Sauipe (BA). O evento, organizado pela Associação Brasileira de Medicina de
Tráfego (Abramet), discutiu a segurança viária e a mobilidade saudável no país.
Na ocasião, Barros apresentou os principais dados de óbitos, internações e
custos dos acidentes de trânsito para o SUS, além das ações realizadas pelo
Ministério da Saúde e Governo Federal para promover um ambiente seguro para a
população brasileira.
“É
muito relevante para nós todos, do ponto de vista de gestão, os esforços que
pudermos fazer para reduzir os acidentes de trânsito, que têm impacto
considerável no orçamento do SUS. Mas acidente de trânsito é um problema que
precisa ser enfrentado com muita clareza e determinação de toda a sociedade,
pois causa danos às famílias”, destacou o ministro da Saúde, Ricardo Barros.
Durante
a sua participação no evento, o ministro destacou a queda de 11% no número de
óbitos em acidentes de trânsito, entre os anos de 2014 e 2015, registrados pelo
Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). Em 2015, 38.651 vítimas
faleceram em decorrência deste tipo de acidente, contra 43.780 registrados no
ano anterior. Entre as causas em que as mortes tiveram redução significativa,
estão os acidentes com automóvel e os atropelamentos, com um decréscimo de
23,9% e 21,5%, respectivamente. Entre os motociclistas também houve redução da
mortalidade em 4,8%. Pelos números, mais de cinco mil vidas foram poupadas em
todo o país.
A
redução pode estar relacionada à efetividade das ações de fiscalização após a
lei seca, que neste ano completa 9 anos de vigência. A desaceleração da
economia também pode ter contribuído. De 2014 para 2015, o aumento da frota de
veículos automotivos no país foi de 4,6%, bem abaixo do registrado de 2010 a
2014, quando a frota total de veículos triplicou.
Também
devem ser apresentados dados do Saúde Brasil e Viva Inquérito, apontando que os
que mais sofrem acidentes de trânsito no país são os motociclistas e jovens,
com idades entre 20 e 39 anos. Além disso, os levantamentos demonstram que os
usuários de motos representaram cerca de um quarto dos óbitos registados em
2014 e mais da metade (54,7%) do número de internações em decorrência desse
tipo de acidente. A região que apresentou o maior risco de morte para os
usuários de motos e pedestres foi o Nordeste. A região foi a que também
registrou a maior taxa de internação entre os motociclistas.
Cerca
de 70% a 80% das vítimas de acidentes de trânsito são atendidas pelo SUS. Os
acidentes de trânsito são a segunda ocorrência que gera atendimento nos
serviços públicos de urgência e emergência em todo o Brasil. Dessas vítimas,
34,5% sofreram contusão/entorse ou luxação; 30,1% fraturas, amputações ou
traumas
(cranioencefálico,
dentário e politraumatismo) e 27,2% cortes e lacerações. Isso resultou, apenas
entre 2010 e 2015, em mais de R$ 1,3 bilhão gastos em atendimentos no Sistema
Único de Saúde do país.
Dados
da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que o Brasil é o terceiro país
com o maior número de óbitos no trânsito, perdendo apenas para China e Índia, e
ficando à frente de grandes potências mundiais como Estados Unidos e Rússia.
Ainda sobre óbitos, Barros destacou que a estimativa, até 2020, é que se
estabilize o número de mortes, com projeção de aumento de 0,2% ao ano.
ÁLCOOL
E DIREÇÃO – Apesar da queda de mortes por acidentes de trânsito, um dado
ainda preocupa: o aumento no percentual de brasileiros que combinam álcool e
direção. De acordo com a Pesquisa de Vigilância de fatores de risco e proteção
para Doenças Crônicas por inquérito telefônico (Vigitel) do Ministério da
Saúde, em 2016, 7,3% da população adulta das capitais brasileiras declararam
que bebem e dirigem. No ano anterior, o índice foi de apenas 5,5%. Um aumento
de 32%, em apenas um ano.
PROJETO
VIDA NO TRÂNSITO – Em parceria com estados e municípios, o Ministério da
Saúde desenvolve, desde 2010, uma ação nos pontos com maiores problemas e maior
fiscalização, principalmente no que se refere ao “álcool e direção” e à
velocidade excessiva e/ou inadequada. O Vida no Trânsito ressalta a importância
da articulação do setor saúde com o trânsito no cumprimento do Código de
Trânsito Brasileiro nos componentes da vigilância (informação qualificada,
monitoramento das lesões e mortes e fatores de risco), prevenção e cuidado
pré-hospitalar, hospitalar e de reabilitação ofertado às vítimas. O Programa
iniciou em cinco capitais do país: Belo Horizonte, Campo Grande, Curitiba,
Palmas e Teresina, a partir de 2013, foi implantado nas demais capitais, e em
alguns municípios (Guarulhos-SP, Campinas-SP, São Gonçalo-RJ, São José dos
Pinhais-PR e Foz do Iguaçu-PR).
Por
Victor Maciel, da Agência Saúde