Pessoas acometidas por câncer
de laringe que tiveram o órgão retirado e, consequentemente, perderam a fala,
podem voltar a se comunicar de forma relativamente barata com um equipamento
chamado “laringe eletrônica”.
A distribuição gratuita do
aparelho pelo Sistema Único de Saúde (SUS) foi defendida durante audiência
pública da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) nesta quinta-feira (14).
O tema chegou ao Senado
Federal após um encontro de representantes da Associação de Câncer de Boca e
Garganta (ACBG) com a senadora Ana Amélia (PP-RS). Por estar sediado em Santa
Catarina, a parlamentar gaúcho encaminhou a demanda ao senador Dalírio Beber (PMDB-SC).
Juntos, eles apresentaram pedido para realização de audiência pública para
debater o tema.
Com atuação destaca no Senado
Federal na proposição de projetos de lei para prevenção e combate ao câncer,
Ana Amélia destacou que o fornecimento da laringe eletrônica pelo SUS é
garantir o direito da comunicação aos pacientes de câncer de boca e garganta.
— A combatividade ACBG me
impressionou. Pude conhecer mais a causa das pessoas acometidas pelo câncer de
boca e garganta. Apoio integralmente o pedido para que o SUS forneça o
equipamento. É necessário um olhar mais atento para compreender os problemas
enfrentados por essas pessoas, cujo grande desejo é se comunicar com os amigos
e familiares — disse Ana Amélia.
O equipamento, segundo a
vice-presidente da ACBG custa em torno de R$ 1,7 mil, podendo chegar a R$ 1,3
mil, dependendo da negociação. Ele é posicionado externamente próximo à
garganta da pessoa operada, que tem um buraco na traqueia por onde respira, e
produz uma “voz robótica, mas perfeitamente compreensível. Melissa destacou que
a laringe eletrônica quebra um silêncio de anos e reinsere o cidadão na
sociedade.
— É uma voz que não tem
entonação, não consigo me emocionar, brigar, cansa um pouco os ouvidos, mas é
uma voz possível, que quebra um silêncio de anos de vários laringectomizados.
Posso não gostar, não me identificar com ela, mas ela é necessária — afirmou
Melissa, usuária do produto importado por ela dos Estados Unidos há três anos.
A ACBG já fez o pedido de
inserção à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec),
mas ainda não obteve resposta. O representante do Ministério da Saúde, Sandro
Martins, afirmou que o processo deve ser analisado em breve pelos especialistas
e, na opinião dele, não deve ter uma tramitação complicada na comissão, já que
os preços não são exorbitantes.
— A tecnologia é disponível e
de segurança e eficácia bastante conhecidas. Vai, pelos custos e pelo tempo de
existência, ter impacto orçamentário modesto, frente a outras incorporações que
são vistas na comissão. Não antevejo que haja uma trajetória muito difícil —
observou.
Prevenção
A fonoaudióloga da ACBG,
Luciara Giacobe, explicou que anualmente são acometidos por câncer de laringe
cerca de 7.350 cidadãos, sendo 6.360 homens e 990 mulheres, segundo dados do
Instituto Nacional do Câncer (Inca). Desse total, 4.141 morrem, quase sempre
esperando pela radioterapia, que é rara e falha no SUS, disse.
Os sobreviventes, que perdem a
voz, passam a respirar por um buraco na traqueia chamado estoma. Eles enfrentam
problemas para engolir alimentos, dificuldades respiratórias e de olfato, problemas
emocionais e alteração na qualidade de vida. Não poderão nunca mais, por
exemplo, tomar banho de piscina ou de mar, já que há risco de a água entrar
pelo estoma, causando pneumonia e outras complicações.
Luciara defendeu o
investimento em políticas públicas de prevenção, já que a causa do câncer de
laringe quase sempre é externa: fumo, bebidas alcoólicas e infecções pelo vírus
do HPV. Sugeriu ainda palestras nas escolas, campanhas nacionais e pediu a
aprovação de um projeto do deputado Valdir Colatto (PMDB-SC) que cria o Dia
Nacional do Laringectomizado em 11 de agosto.
Fonte: Agência Senado e
Assessoria de Imprensa
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