Será lançado um código para
facilitar a compreensão de gestores, órgãos de controle e cidadãos. De 17 mil
portarias analisadas, menos de 5% tinham normas válidas e serão transformadas
em seis
As
inúmeras normas existentes dentro do sistema público de saúde serão
consolidadas. O Código do SUS, lançado pelo Ministério da Saúde nesta
quarta-feira (27), visa melhorar a gestão das políticas públicas e dar mais
transparência às regras, facilitando também a compreensão do cidadão e dos
órgãos de controle. Na análise de 17 mil portarias, menos de 5% traziam normas
válidas para o funcionamento do SUS. Elas serão compiladas em seis portarias
divididas por eixos temáticos.
“Essa
consolidação permite mais transparência, mais acesso do cidadão e da nossa
equipe técnica às regras do SUS, facilitando portanto a aplicação das normas,
sempre com a colaboração dos estados e municípios, para que todos possam ter
clareza das regras. Estamos sempre buscando alcançar os anseios da sociedade e
dar ao Ministério da Saúde capacidade técnica e legal para agir nessa direção”,
destacou o ministro Ricardo Barros, durante o Seminário da Consolidação das
Normas do SUS, realizado em Brasília. Assim, a pasta é a primeira a cumprir a
Lei Complementar Nº 95, que prevê a consolidação das leis no país.
O
projeto, realizado em parceria com o Conselho Nacional de Secretários Estaduais
de Saúde (Conass) e Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde
(Conasems), está sendo executado pela Programa de Direito Sanitário da Fiocruz
e pela Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (UnB). “É uma
ferramenta para os gestores, que executam a política pública, mas também para o
cidadão. Hoje o cidadão não consegue transitar nesse universo de normas do SUS e,
agora, com esse consolidado ele vai conseguir, por exemplo, buscar informações
sobre a política nacional de assistência farmacêutica, entre tantos outros
temas de interesse da população”, destacou Maria Célia Delduque, coordenadora
do Programa de Direito Sanitário da Fiocruz.
O
diagnóstico apresentado pelos pesquisadores aponta ainda que a quantidade de
portarias e a falta de uma estrutura normativa adequada burocratiza a execução
das políticas de saúde, além de dificultar a compreensão para a implementação
das ações e a correta interpretação por parte dos órgãos de controle e
Judiciário. Além disso, muitas das portarias existentes são contraditórias,
muitas delas já foram revogadas e havia uma mistura de normativas e
não-normativas.
Das
17 mil portarias analisadas, apenas 700 trazem normativas válidas para o
funcionamento do SUS. Todas elas serão revogadas – a previsão é que seja nesta
sexta-feira (29/09) – e substituídas por outros seis atos normativos, divididos
em seis temas conforme sua função e utilização. São eles: organização e
funcionamento do SUS, regras gerais da organização do sistema; políticas,
conteúdos sobre as 48 políticas públicas de saúde; redes, sobre as 10
organizações temáticas da Rede de Atenção à Saúde; sistemas, sobre os 10
sistemas do SUS; ações e serviços de saúde; e, por fim, financiamento.
A
primeira etapa, em que foram analisadas 17 mil portarias, focou nas normas
publicadas pelo gabinete do ministro. Nas próximas etapas serão consolidas as
cerca de 40 mil portarias das secretarias do Ministério da Saúde e as
resoluções da Comissão Intergestores Tripartite (CIT). A terceira e última
etapa prevê a consolidação normativa.
Todas
as portarias serão revogadas, no entanto o conteúdo normativo ficará intacto.
Ao final do projeto, previsto para 2020, o Ministério da Saúde vai publicar o
Regulamento do Sistema Único de Saúde, o Código do SUS. Além de dar
publicidade, o projeto visa orientar a organização do SUS de modo sistematizado
e que contribua para a garantia do direito fundamental à saúde.
Por Alexandre Penido,
Agência Saúde
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