O Relatório, anexo, foi
publicado nesta segunda-feira (12) pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
revelam amplas diferenças no consumo de antibióticos em diversos países. Pela
primeira vez, o organismo internacional coletou dados sobre o consumo desses medicamentos
para a saúde humana em 65 países e territórios.
O relatório aponta grandes
discrepâncias nas taxas de consumo entre os países, variando de aproximadamente
quatro doses diárias definidas por cada mil habitantes para mais de 64 doses
diárias definidas por cada mil habitantes. A grande diferença no uso de
antibióticos em todo o mundo indica que alguns países provavelmente estão
usando antibióticos, enquanto outros podem não ter acesso suficiente a esses
medicamentos que salvam vidas.
A Região Europeia da OMS, que
forneceu os dados mais completos para o relatório, teve um consumo médio de
17,9 doses diárias definidas para cada mil habitantes por dia, com uma
diferença de quase quatro vezes entre os países de menor e maior consumo na
região.
“O uso excessivo e inadequado
de antibióticos é a principal causa de resistência antimicrobiana. Sem
antibióticos eficazes e outros antimicrobianos, perderemos nossa capacidade de
tratar infecções comuns, como a pneumonia”, diz Suzanne Hill, diretora do
Departamento de Medicamentos Essenciais e Produtos de Saúde da OMS. "Os
resultados deste relatório confirmam a necessidade de tomar medidas urgentes,
como a aplicação de políticas de prescrição, para reduzir o uso desnecessário
de antibióticos."
Tipos de antibióticos
utilizados
O relatório conclui que a
amoxicilina e a amoxicilina/ácido clavulânico são os antibióticos mais
utilizados em todo o mundo. Esses medicamentos são recomendados pela OMS como
tratamento de primeira ou segunda linha para infecções comuns e pertencem à
categoria “acesso” da Lista de Medicamentos Essenciais da OMS. Em 49 países,
essa categoria representa mais de 50% do consumo de antibióticos.
Os antibióticos considerados
de mais amplo espectro, como as cefalosporinas de terceira geração, as quinolonas
e os carbapenêmicos, são categorizados como antibióticos de "alerta",
que devem ser utilizados com cautela devido ao seu alto potencial de causar
resistência antimicrobiana e/ou seus efeitos colaterais. Este relatório mostra
uma ampla gama de consumo de antibióticos na categoria “alerta”, de menos de
20% do consumo total de antibióticos em alguns países a mais de 50% em outros.
Os antibióticos do grupo
“restrição”, que devem ser usados com indicação adequada para o tratamento de
infecções específicas causadas por bactérias multirresistentes, representam
menos de 2% do consumo total de antibióticos na maioria dos países de alta
renda; os dados não foram relatados pela maioria dos de baixa e média renda.
Isso pode indicar que alguns deles podem não ter acesso a esses medicamentos,
necessários para o tratamento de infecções complicadas multirresistentes.
Dados essenciais para países
Dados confiáveis sobre o
consumo de antibióticos são essenciais para ajudar os países a aumentarem a
conscientização sobre o uso apropriado de antimicrobianos, informarem mudanças
políticas e regulatórias para otimizar o uso, identificarem áreas para
melhorias e monitorarem o impacto das intervenções, bem como melhorarem a
aquisição e fornecimento de medicamentos.
Na coleta de dados para o
relatório, a autoridade de saúde da Costa do Marfim detectou deficiências na
gestão do fornecimento de medicamentos. Como resultado, introduziu um sistema
para atribuir códigos exclusivos a produtos médicos autorizados para melhorar o
rastreamento de medicamentos e também ajudou a acelerar o desenvolvimento de um
plano de ação nacional para combater a resistência antimicrobiana. Outros
países, como Bangladesh, planejam usar dados de consumo para melhorar a
garantia de qualidade de medicamentos, priorizando controles de qualidade para
os produtos e pacotes mais vendidos. Alguns países, como Burkina Faso,
expandiram seus sistemas de vigilância para incluir dados de estruturas de
serviços de saúde.
Aprimorando os dados sobre o
uso de antibióticos
Os dados apresentados neste
primeiro relatório variam amplamente em termos de qualidade e integralidade.
Embora a Região Europeia e alguns países com bons recursos já coletam dados
sobre o uso de antibióticos há muitos anos, muitos outros enfrentam grandes desafios,
entre eles, a falta de recursos e profissionais capacitados para a coleta de
dados confiáveis.
Desde 2016, a OMS tem apoiado
57 países de baixa e média renda a criar sistemas padronizados para monitorar o
consumo de antibióticos. Dezesseis países contribuíram para este primeiro
relatório e a expectativa é que muitos mais contribuam para os dados globais
nos próximos anos.
A partir de 2019, os dados de
consumo de antimicrobianos serão integrados à plataforma do sistema global de
vigilância da resistência antimicrobiana (GLASS) da OMS para fornecer um local
único para dados sobre consumo e resistência a esses medicamentos.
A metodologia da OMS foi
desenvolvida para se alinhar ao banco de dados global da Organização Mundial de
Saúde Animal (OIE) sobre o uso de antimicrobianos em animais. Esse alinhamento
permitirá a comparação do uso de antibióticos entre o setor humano e animal no
futuro.
Acesso limitado a antibióticos
As infecções resistentes a
medicamentos também podem resultar do acesso deficiente a antimicrobianos.
Muitos países de baixa e média renda têm altas taxas de mortalidade por doenças
infecciosas e baixas taxas de uso de antibióticos. A resistência pode ocorrer
quando as pessoas não podem pagar o tratamento completo ou têm acesso apenas a medicamentos
abaixo do padrão de qualidade ou falsificados.
Os baixos níveis de consumo em
alguns países podem indicar que as pessoas têm acesso limitado a esses
medicamentos, mas também podem mostrar sistemas insuficientes para o
fornecimento de antibióticos. Em muitos países, a falta de acesso a
antibióticos de qualidade garantida leva as pessoas a comprarem esses
medicamentos sem receita médica no mercado informal, que atualmente não é
capturado pelo sistema de vigilância. As vendas não regulamentadas de antibióticos
contribuem para seu uso excessivo e indevido.
Semana Mundial de
Conscientização sobre Antibióticos
De 12 a 18 de novembro,
celebra-se a Semana Mundial de Conscientização sobre Antibióticos, uma campanha
global que visa aumentar a conscientização sobre a resistência aos antibióticos
e encorajar as melhores práticas entre o público em geral, trabalhadores da
saúde e formuladores de políticas para evitar o surgimento e disseminação da
resistência a esses medicamentos.
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Anexo: