Redução do número de fumantes e aumento do consumo de frutas e hortaliças são as boas novas. Obesidade adulta e infantil ainda é desafio distante |
As transições demográfica e nutricional por que passaram as populações dos países ocidentais trouxeram para o centro dos debates e das ações em saúde o combate às doenças crônicas não-transmissíveis. A mesa redonda Metas do plano de controle das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no Brasil e no mundo apresentou no segundo dia do 9º Congresso Brasileiro de Epidemiologia os números do Vigitel – Sistema de Monitoramento de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas Não Transmissíveis por meio de Inquérito Telefônico, realizado nas capitais dos 26 estados brasileiros e Distrito Federal. A coordenação da mesa foi do professor Bruce Duncan, professor associado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e líder do Centro Colaborador da Secretaria de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, sediado no mesmo estado.
Antes da apresentação dos dados, Anselm Hennis, diretor de doenças não-transmissíveis e saúde mental da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) deu um panorama do quadro dessas doenças nos demais países das Américas. São os Estados Unidos a nação que mais sofre com esses males. Lá, câncer, diabetes, doenças respiratórias e cardiovasculares representam 80% das causas de mortes, levando ao falecimento de quase 4 mihões de pessoas em 2010. Cerca de 36% desse total só em pessoas abaixo dos 70 anos. “São doenças que reduzem a produtividade, aumentam as pressões no sistema fiscal, e tem um grande aspecto devido à pobreza”, disse o especialista. “O objetivo da OMS é ter um mundo livre dessas doenças, alcançando as nove metas globais até 2025”, completou Hennis. São elas: redução em 25% das mortes prematuras por conta das DCNT; cobertura em 80% das populações com medicamentos essenciais e tecnologia para o enfrentamento; cobertura de 50% no tratamento e aconselhamento contra as drogas; crescimento zero de diabetes e obesidade; redução em 25% dos portadores de pressão alta; redução de 30% do consumo do tabaco; redução de 30% da ingestão de sal e sódio; redução de 10% do sedentarismo e redução de 10% do consumo danoso do álcool.
Melhoras no quadro brasileiro: Para a aplicação dessas metas, Hennis destacou a necessidade de desenvolvimento de planos multisetoriais, redução dos fatores de risco e um acompanhamento prioritário dos cânceres de mama, fígado e cervical, além da capacitação dos sistemas de saúde nacionais para a atenção a essas doenças para uma reavaliação do plano em 2017.
Coube a Deborah Malta, diretora do departamento de vigilância de doenças e agravos não-transmissíveis e promoção da saúde do Ministério da Saúde, junto com Regina Tomie Bernal, pesquisadora do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (NUPENS/USP) , apresentarem os dados do Vigitel. Deborah deu maior destaque ao Plano Nacional de Enfrentamento das DCNT, que conta com 277 ações divididas em três eixos: vigilância, monitoramento e avaliação; prevenção e promoção de saúde, e cuidado integral.
A boa notícia é que alguns dos dados já apresentam melhoras e consistências. Alguns indicadores têm suas séries históricas datadas desde 1991, anteriores ao Vigitel, e demonstram alcance positivo, como a redução de 2% das mortes no conjunto das quatro DCNT na faixa etária prematura, entre pessoas menores de 70 anos. Em 1991, foram 335 mil mortes frente aos 210 mil óbitos em 2010. A perseguição da meta indica que em 2022 serão cerca de 196 mil falecimentos.
Outro dado positivo, mas ainda fora da meta de 30%, é a redução do consumo do tabaco. Atualmente, a marca é de redução de 19,8% entre 2010 e 2013. Melhor desempenho ainda tem nos dados referentes à cobertura da mamografia e da citologia oncótica, mais conhecido como o exame preventivo papanicolau. “Temos desde 2007 uma média de 82,5%, um dado estabilizado próximo aos 85% indicado no plano de metas. É satisfatório o aumento das mamografias na população, assim como o papanicolau”, ressaltou Deborah. Outras melhorias estão no aumento das atividades físicas e no consumo de frutas, legumes e verduras. Este último registrou 21% na maior ingestão pela população, próximo à meta de 24%.
Os pontos onde o país ainda precisa melhorar a conscientização e promoção da saúde dizem respeito à obesidade adulta e infantil. De 2010 a 2013 houve aumento do número de pessoas que indicam ganho de peso acima de 15%, apesar de o cenário indicar estabilização. Entre as crianças, num cenário em comparação a dados de 1974/75, percebe-se a melhora dos registros referentes ao déficit de altura, mas aumento expressivo no excesso de peso e obesidade.
Segundo as especialistas, os desafios são melhorar o sistema nacional de monitoramento, passos que já vem sendo dados como na coleta de medidas antropométricas realizadas pelo programa PENSE, desenvolvido nas escolas da rede pública e que registrou dados de adolescente em quatro diferentes fases escolares. “Há um desafio global é o Brasil tem participado desse esforço para o avanço nas trocas de experiências, tendo prioridade no tema das doenças crônicas não-transmissíveis”, ressaltou a diretora do Ministério.
O próximo conjunto de dados a serem apresentados será em dezembro, com a divulgação da Pesquisa Nacional de Saúde, marcada para dezembro. A próxima ação de monitoramento a ser realizada será na Pesquisa de Orçamento Familiar – POF 2015, em que haverá um monitoramento por região e faixa de idade, em aplicativo desenvolvido pelo Ministério da Saúde que será conduzido pelos recessenciadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Acesse, em anexo, a apresentação da diretora do departamento de vigilância de doenças e agravos não-transmissíveis e promoção da saúde do Ministério da Saúde.
Anexo:
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