Destaques

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

FEIRA MÉDICA - ENCONTRO COM AUTORIDADE REGULATÓRIA DA ALEMANHA, EM DUSSELDORF, ALEMANHA


JOSÉ BERNARDINO PEREIRA DA SILVA FILHO, LEANDRO RODRIGUES PEREIRA e LILIAN FERNANDES DA CUNHA, Especialistas em Regulação e Vigilância Sanitária, da ANVISA participarão na Feira Médica - Encontro com Autoridade Regulatória da Alemanha, em Dusseldorf, Alemanha, no período de 10/11/18 a 17/11/18, incluído o trânsito, conforme deliberação da Diretoria Colegiada por Circuito Deliberativo nº 431/2018. (Processo nº 25351.932873/2018-61).


VACINA HEPATITE A / MANTIDO IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO EM 0%


O Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiu manter em zero a alíquota do Imposto de Importação para a aquisição no exterior de vacinas contra a hepatite A.

Sem a decisão, a tarifa seria elevada para 2%, informou o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). 

De acordo com o governo, a medida integra a resolução Camex 78, que foi publicada no “Diário Oficial da União” desta quarta-feira (24). A tarifa zero será válida por 12 meses, para uma cota de 4,5 milhões de doses.

A decisão da Camex foi baseada em resolução Grupo Mercado Comum do Mercosul, sobre ações pontuais no âmbito tarifário por razões de desabastecimento.

A hepatite é uma inflamação do fígado. Na sua forma viral, as hepatites são classificadas por letras do alfabeto: A, B, C, D (Delta) e E.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, somente em 2017, aproximadamente 40,2 mil novos casos foram registrados. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento para todos os tipos de hepatite, independentemente do grau da lesão do fígado.




quinta-feira, 25 de outubro de 2018

TRUMP PROPÕE MUDANÇAS RADICAIS NOS PREÇOS DOS MEDICAMENTOS PARA CÂNCER, ARTRITE REUMATÓIDE OU PROBLEMAS OCULARES COM ECONOMIA DE MAIS DE 17 BILHÕES USD



O presidente Donald Trump divulga nesta quinta-feira(25) um plano para revisar como o Sistema de Saúde Americano paga por certas drogas, atacando “aproveitadores estrangeiros” que ele diz ter aumentado os custos nos EUA. 

O presidente Donald Trump fala sobre os preços dos remédios controlados com o secretário de Saúde e Serviços Humanos, Alex Azar, no Rose Garden, em 11 de maio. O evento desta de quinta-feira(25) será outro movimento para cumprir sua promessa de campanha de baixar esses preços.

O mercado de produtos oncológicos não será mais o mesmo, a partir da efetivação desta proposta que reduz mais de 30% dos preços atuais. A Tríade, medicamento, serviço, remuneração profissional deverá ser reequilibrada para garantir o tratamento.

Em tempos de eleições parciais, muito contestadas, cuidados com a saúde são discutidos com prioridade. Trump está programado para apresentar os detalhes em um discurso no HHS às 14h. A proposta, ainda precisa ser refinada e passar por um processo de regulamentação federal.

A proposta, que foi enviada à Casa Branca no início deste mês, usaria o centro de inovação da Medicare para testar três maneiras de reduzir os custos das drogas - incluindo a negociação de alguns medicamentos que são administrados diretamente pelos médicos, na esperança de mantê-los alinhados. os preços mais baixos pagos em muitos outros países. A proposta aplica-se apenas a medicamentos administrados em consultórios médicos e ambulatórios hospitalares - medicamentos como tratamentos de câncer e tratamentos injetáveis ​​para artrite reumatóide ou problemas oculares. Não afetará a maioria das prescrições compradas por pacientes em farmácias locais.

A administração Trump dirá que o Medicare poderia economizar mais de US $ 17 bilhões em cinco anos, com o custo de alguns medicamentos caindo em até 30%.

O HHS não respondeu aos pedidos de comentários na noite de quarta-feira. Mas o secretário do HHS, Alex Azar, reagiu ao anúncio na manhã de quinta-feira, divulgando um novo relatório sobre os altos preços dos medicamentos nos Estados Unidos, que diz que o Medicare paga quase o dobro do que os países como França e Japão para usar os mesmos medicamentos.

"Estou ansioso para ouvir o presidente, hoje, sobre os esforços da administração para lidar com o alto custo dos medicamentos prescritos, e nosso trabalho para colocar os pacientes americanos em primeiro lugar", Azar twittou


A administração está se preparando para um retorno, disse um funcionário, observando que hospitais e médicos - e, claro, as empresas farmacêuticas - têm motivos para estar insatisfeitos com um plano que custará muito do dinheiro do setor de saúde. A indústria farmacêutica e seus aliados têm muita influência no lobby; um esforço menos ambicioso por parte do governo Obama para enfrentar os preços do Medicare Parte B fracassou no final de 2016.

"Ninguém vai gostar disso", disse o funcionário. "Isso antagoniza muitas pessoas." Mas a proposta de Trump pode atrair pacientes - que se beneficiam de preços mais baixos - e os democratas, que criticaram o governo Trump por não usar todo o seu poder regulatório para cortar os preços dos remédios, cujas pesquisas mostraram são uma preocupação dos eleitores republicanos e democratas.

Os cuidados de saúde surgiram como uma questão quente nos discursos, com os democratas valorizando os ganhos obtidos com as proteções do chamado “Obamacare” para pessoas com condições pré-existentes. Essas proteções teriam sido minadas através de revogação do Partido Republicano e agora estão ameaçadas por uma ação judicial apoiada pela Casa Branca trazida por estados conservadores. O pioneirismo de Trump no preço dos medicamentos poderia ajudar os candidatos republicanos a transmitir em campanha uma mensagem vencedora sobre saúde.

A proposta da administração tem várias vertentes, todas elas abalam dramaticamente a indústria que agora tem um vasto controle sobre o estabelecimento dos preços dos medicamentos Medicare.

Sob o planejado “índice internacional de preços”, os preços dos medicamentos dos EUA seriam comparados com outros 16 países - Áustria, Bélgica, Canadá, República Tcheca, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Irlanda, Itália, Japão, Portugal, Eslováquia, Espanha, Suécia. e o Reino Unido - onde os preços dos medicamentos alvo são coletivamente 44% mais baixos. Os preços seriam lentamente reduzidos para níveis internacionais ao longo de cinco anos.

O governo Trump também quer experimentar deixar os fornecedores do setor privado negociar com os fabricantes de medicamentos. Essa estratégia é modelada em como as seguradoras de saúde negociam os preços dos medicamentos no programa Parte D do Medicare, que cobre medicamentos ambulatoriais para americanos idosos. O Medicare testaria essa abordagem em certas áreas geográficas, onde a participação seria obrigatória para médicos e hospitais.

Nem todas as drogas seriam incluídas neste projeto. O CMS se concentraria em medicamentos feitos por apenas uma empresa (que tendem a ser caras) e medicamentos biológicos, que compõem uma grande parcela dos gastos com o Medicare Parte B.

Sob o terceiro ramo da estratégia, as autoridades tentariam mudar os incentivos para os médicos prescreverem drogas. Sob o atual sistema do Medicare, os médicos muitas vezes têm incentivos para prescrever medicamentos mais caros, porque recebem uma taxa com base no preço. Mudar isso para uma taxa fixa - em vez de uma porcentagem - poderia ajudar os médicos a usar medicamentos menos caros.

Além do discurso de Trump, autoridades do governo estão planejando uma campanha de comunicação, que começou o programa com o relatório, anexo, do Health and Human Services - HHS na quinta-feira de manhã, que estabelece os altos preços com Parte B do Medicare. Azar está programado para dar seu próprio discurso na Brookings Institution, na sexta-feira. O CMS também começará a receber comentários e anunciará que pode propor a regra na primavera de 2019, com o objetivo de iniciar o programa na primavera de 2020.

Quando o presidente Barack Obama tentou testar novas maneiras de pagar por medicamentos administrados por médicos, o retorno veio de colegas democratas, bem como de republicanos, médicos, hospitais e grupos de pacientes. Sua proposta nunca saiu do papel.

Mas Trump apresentará seu plano como parte de sua agenda "primeiro pela América", culpando outras nações por pagarem muito pouco por drogas e confiando em americanos para absorver os preços mais altos que financiam novas inovações farmacêuticas. O presidente exigiu repetidamente que outras nações paguem mais por medicamentos, uma medida que, segundo ele, permitiria que os EUA conseguissem melhores negócios.

A proposta de Trump não parece afetar imediatamente o que outras nações pagam. Em vez disso, suas ideias são emprestadas da cartilha de outros países - uma jogada para alinhar os altos preços dos medicamentos dos EUA com o resto do mundo, que gasta muito menos com os mesmos remédios.

Foto de Carolyn Kaster / A Por SARAH KARLIN-SMITH e DAN DIAMOND
Com base no artigo da

Anexo
  1. CMED COMPARAÇÃO PREÇOS INTERNACIONAIS DE BIOLÓGICOS

500 TONELADAS DE MEDICAMENTOS ILEGAIS, EQUIVALENTES A 14 MILHÕES DE DÓLARES, SÃO APREENDIDOS PELA OPERAÇÃO PANGEA XI DA INTERPOL, COM 859 PRISÕES NO MUNDO

Buscas policiais coordenadas em 116 países resultaram na apreensão de 500 toneladas de remédios ilegais disponíveis na internet, inclusive medicamentos para câncer e analgésicos falsos e seringas ilegais, informou a organização policial Interpol nesta terça-feira (23).

 

A Interpol, sediada na cidade francesa de Lyon, disse que uma operação batizada de Pangea XI levou a 859 prisões em todo o mundo e ao confisco de cerca de 14 milhões de dólares em remédios potencialmente perigosos.

 

"Concentrando-se nos serviços de entrega manipulados por redes do crime organizado, a operação levou ao fechamento de 3.671 links da rede, incluindo sites, páginas de redes sociais e mercados online", disse a Interpol.

 

O comércio ilegal de remédios na internet — e em especial no que é conhecido como Deep Web — vem crescendo nos últimos anos, apesar de as autoridades fecharem grandes sites de venda, já que as gangues criminosas diversificaram e buscaram novos clientes online.

 

Tratou-se da segunda apreensão significativa de remédios feita pela Interpol neste mês.

 

Edgar Su/Reuters , Copyright Thomson Reuters 2018

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

INDÚSTRIA QUER MANTER BENEFÍCIO FISCAL E MINISTÉRIO PARA O SETOR


Um dia após encontro de parte dos representantes da indústria nacional com Jair Bolsonaro, no qual oficializaram apoio ao candidato do PSL, entidades do setor pedem mudanças em alguns dos principais pontos da agenda do presidenciável. Os pontos de insatisfação do empresariado incluem o modelo proposto de abertura unilateral do país às exportações, além dos planos de fusão do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic)com a Fazenda. Eles defendem ainda a manutenção de benefícios fiscais.

Bolsonaro tem afirmado que quer acordos comerciais com países ricos e defende em seu programa de governo que estimulará a economia reduzindo alíquotas de importação e barreiras não tarifárias, além de promovera aberturai mediata para entrada de equipamentos necessários à migração das fábricas para a chamada Indústria 4.0. Executivos argumentam que esse ti pode mudança deve ser acompanhado por alterações na estrutura tributária.

Para algumas das principais entidades da indústria nacional, porém, qualquer mudança precisa ser feita de forma gradativa, responsável e de modo a compensar eventuais mudanças em alíquotas com negociações favoráveis à indústria nacional.

— A abertura comercial precisa ter acordos bilaterais. Tem que ser feita de forma responsável, negociada com todos os parceiros e com base na realidade de cada setor — disse Fernando Figueiredo, presidente da Abiquim, associação da indústria química.

Os industriais admitem que não há como fugir dessa abertura, mas não abrem mão de vantagens.

—A abertura precisa ser negociada, e não concedida unilateralmente. Não vamos conquistar mercados, ter ganhos de exportação e competitividade, se não pedirmos nada em troca —disse o presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos( Abimaq),José Velloso Dias Cardoso.

PAUTA CORPORATIVISTA

Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Eletroeletrônicos (Abinee), destacou que boa parte dos componentes usados pelo setor é importada e, por isso, o índice de abertura do segmento, de 44%, é maior do que o da indústria em geral, de 17% em média. Ele sugere que a abertura da economia seja feita de forma gradual.

Outro ponto da agenda de Bolsonaro que causa temor aos industriai sé a extinção do ministério que representa o setor. Para eles, a fusão coma Fazenda, comovem sendo ventilado, reduziria a interlocução da indústria.

— Exatamente num momento em que o mundo vem discutindo a transição para a Indústria 4.0, a fusão do Mdic com outro ministério não é interessante —disse Fernando Pimentel, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), que também integrou a comitiva que visitou o candidato do PSL na segunda-feira.

Para José Márcio Camargo, economista sócio da gestora de recursos Opus, parte da agenda do setor industrial ainda reflete a tentativa de manter benefícios concedidos em outro cenário:

— Parte da pauta dessas associações é claramente corporativista, uma tentativa de se proteger de possíveis mudanças legislativas. Tudo o que é subsídio terá que ser rediscutido. Quando você dá subsídio para um, tira de outro. Quanto à abertura comercial, parte de laterá de ser unilateral, sem contrapartida de acesso a mercados. O Brasil é um país muito fechado. Mas não pode mudar de uma hora para outra, tem que ser algo planejado.

Paulo Feldmann, professor da Faculdade de Economia da USP, avalia que a preocupação da indústria às vésperas do segundo turno reflete uma campanha na qual não foram apresentadas propostas concretas para o setor. Ele cita a questão do crédito para empresas como um dos pontos cruciais do empresariado que passou ao largo dos debates centrais da eleição.

—Não houve uma proposta de política industrial nas campanhas, como acontece em outros países, onde se sabe o que será oferecido a cada setor —diz, acrescentando ser a favor de um ministério específico para a indústria, mas contra a manutenção de benefícios fiscais, diante da gravidade da situação das contas públicas.

Os representantes da indústria defendem a ressurreição do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras, o Reintegra. O governo do presidente Michel Temer praticamente acabou com o programa de incentivo fiscal para os exportadores ao reduzir a alíquota do regime de 2% para 0,1%, um dos caminhos para atender ao pleito dos caminhoneiros, durante a greve de maio, e subsidiar o diesel.

— O Reintegra é importante para o Brasil conquistar o mercado internacional. O candidato disse que é preciso observar o equilíbrio fiscal das contas do governo, mas prometeu estudar o assunto —afirmou Figueiredo, da Abiquim.

MAIS OBRA, MENOS IMPOSTO

Alista de reivindicações, porém, é ainda mais extensa e contempla aspectos específicos de cada setor. Na construção civil, o pedido é que o presidente eleito retome obras públicas paradas, dê andamento ao Programa de Parcerias Público-Privadas (PPPs) e às concessões, que podem atrair capital estrangeiro.

— Também é preciso acelerar o programa Minha Casa Minha Vida, que funciona com recursos do FGTS — disse José Romeu Ferraz, vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e presidente do Sinduscon/SP.

No setor têxtil, as demandas incluem redução da carga tributária, condições para melhorara competitividade, incentivo à inovação e redução da burocracia. O Sindusfarma, que representa as indústrias farmacêuticas, enviou dez propostas aos dois candidatos, como a redução ou eliminação de impostos incidentes sobre medicamentos.

Apesar da pauta extensa de pedidos, a indústria não teve diálogo semelhante como adversário de Bolsonaro, o candidato do PT, Fernando Haddad.

( O Globo ), Jornalista: João Sorima Netto



Dengue na gravidez pode elevar risco de anomalias neurológicas em bebês


A infecção pelo vírus da dengue durante a gravidez pode aumentar em 50% o risco de anomalias neurológicas no bebê, sugere estudo publicado na revista do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), do governo dos Estados Unidos.

O flavivírus, gênero que também inclui o vírus da zika e o da febre amarela, estaria associado a essas malformações.

Ainda se sabe pouco sobre a relação entre dengue e anomalias fetais. Até agora, esse era um problema tido como limitado à infecção pelo zika.

Em 2016, uma revisão publicada na revista médica Lancet já tinha mostrado que uma gestante que contrai dengue na gravidez tem 3,5 vezes mais chances de sofrer um aborto e quase duas vezes (1,7) mais risco de o bebê nascer prematuro.

No estudo do CDC, publicado na revista Emerging Infectious Diseases, foram utilizados dados de nascidos vivos no Brasil e de suas mães, no período entre 2006 e 2012, ou seja, antes da epidemia do vírus da zika, que teve seu auge entre 2015 e 2016.

Dos 16.103.312 nascidos vivos, as anomalias congênitas neurológicas foram raras, presentes em 13.634 (0,08%) deles. No entanto, entre as mulheres que tiveram a confirmação da dengue durante a gravidez, os casos de anomalia neurológica congênita foram 50% mais prevalentes.

Em cerca de metade desses casos, os sintomas da dengue ocorreram no primeiro trimestre da gravidez. Os defeitos congênitos neurológicos foram divididos em categorias. Em sete delas, incluindo a microcefalia, a associação não foi estatisticamente significante.

Mas dois tipos de anomalias neurológicas (na medula espinhal e em outras partes do cérebro) foram quatro vezes mais frequentes em mulheres que tiveram infecção por dengue na gravidez.

Segundo os pesquisadores, o padrão de anomalias cerebrais descritas tem semelhanças com o da síndrome congênita do zika. A verificação foi feita por meio da comparação com imagens cerebrais e autópsias de bebês com zika e outras doenças infecciosas.

No Brasil, desde o início do surto, em 2015, os casos suspeitos de zika superam 231 mil; os confirmados, 137 mil. O número de casos de síndrome fetal congênita (que inclui microcefalia, problemas de visão, de articulação entre outros) está em 2.931, e 11 mortes já foram ligadas à doença.

Segundo o infectologista Esper Kallas, professor da USP, as flaviviroses eram tidas como infecções benignas até antes do surto de zika.

“Foi a descoberta da associação do vírus da zika com a microcefalia que alertou para a possibilidade dessas viroses causarem alterações congênitas.”

Com esse novo estudo sugerindo que possa haver o mesmo problema relacionado à dengue, Kallas afirma que serão necessários mais trabalhos, com modelos animais, por exemplo, para estabelecer a casualidade entre a dengue e as malformações fetais.

“Outros fatores que não o vírus da dengue podem estar implicados nessas malformações identificadas [no estudo da revista do CDC].”

Os próprios autores do trabalho alertam para essa limitação. Dizem, por exemplo, que não foram controlados potenciais fatores de confusão, como doenças maternas ou exposições ambientais, que podem contribuir para as malformações neurológicas.

Segundo os autores, não há mecanismo biológico estabelecido para a eventual teratogenicidade (capacidade de produzir malformações congênitas no feto) da infecção por dengue, mas outros trabalhos já mostraram o isolamento do vírus no tecido cerebral e a capacidade que ele tem de cruzar barreiras placentárias e hematoencefálicas.

A recomendação dos pesquisadores é que, a partir de agora, haja uma observação cuidadosa e o registro da infecção por dengue ao longo do pré-natal, bem como investigação completa de nascidos vivos com malformações neurológicas.

No Brasil, a dengue é notificada na presença de critérios clínicos, laboratoriais ou ambos. Mas só 30% das infecções notificadas são confirmadas por exames de sangue.

Para o infectologista Artur Timerman, presidente da Sociedade Brasileira de Dengue e Arboviroses, o estudo reforça a necessidade de uma vigilância clínica e epidemiológica mais atenta e mais eficiente da dengue.

“Hoje não sabemos qual o número real de casos e quais regiões são mais vulneráveis porque o diagnóstico é majoritariamente clínico, não laboratorial. Com a zika, há uma confusão ainda maior, porque as sorologias às vezes se cruzam. Precisamos mudar isso. As gestantes devem se tornar uma população-alvo fundamental.”

Segundo ele, mulheres em idade fértil ou mesmo as grávidas poderão se beneficiar da vacina contra dengue, desde que testadas previamente se possuem ou não anticorpos contra o vírus.

Em agosto, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) decidiu elevar a restrição em relação à vacina da dengue produzida pela Sanofi Pasteur, a única disponível no país até agora.

Na prática, a agência passará a contraindicar o uso desta vacina em pessoas que nunca tiveram contato com nenhum dos quatro sorotipos do vírus da dengue.

A medida ocorre após estudos feitos pelo laboratório produtor apontarem risco de que pessoas que nunca tiveram a doença desenvolvam formas mais graves de dengue caso sejam infectadas pelo mosquito Aedes aegypti.

“É fundamental que seja feita a sorologia do paciente antes de indicar a vacina”, diz Artur Timerman.

Segundo o médico, mesmo que ainda sejam necessários mais estudos para comprovar o perigo da dengue na gravidez, a infecção já deve ser encarada como passível de causar defeitos no feto. “Isso vai requerer diagnóstico precoce, seguimento ambulatorial e, principalmente, mais controle do vetor”, afirma.

Folha de S.Paulo )
Jornalista: Claudia Collucci


Vírus que infecta porcos na China é encontrado em humanos no Brasil


Descoberto nas fezes de uma criança acometida por gastroenterite, o vírus já foi sequenciado. Mas o estudo não permite concluir que tenha sido trazido da China para o Brasil nem que seja o agente causador da doença (foto: Wikipedia)

José Tadeu Arantes  |  Agência FAPESP – Um vírus que infecta o verme Ascaris suum no intestino de porcos na China foi encontrado no Brasil. O vírus foi descoberto nas fezes de uma criança acometida de gastroenterite e descrito por pesquisadores de várias instituições brasileiras e dos Estados Unidos. Artigo a respeito foi publicado na revista Virus Genes

O trabalho não permite concluir que o vírus em questão – denominado WLPRV/human/BRA/TO-34/201 – tenha sido trazido da China para o Brasil por alguém que comeu carne de porco infectada. Ou que esse vírus tenha sido o causador da gastroenterite. 

“Analisamos amostra de fezes de uma criança com diarreia cujo agente patogênico não tinha sido identificado e descobrimos um vírus que só havia sido sequenciado anteriormente uma única vez, na China. Porém é muito cedo para afirmar que o vírus tenha sido trazido da China para o Brasil. Como ele acabou de ser descrito por nós, pode ser – e é bem provável – que, com o tempo, seja encontrado também em outros lugares. E que isso permita estabelecer uma sequência da propagação. Mas, por enquanto, não sabemos se o vírus veio da China. Tudo o que temos são duas sequências genômicas semelhantes”, disse à Agência FAPESP a coordenadora do estudo, Ester Cerdeira Sabino, diretora do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo (IMT) e professora no Departamento de Moléstias Infecciosas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.


Segundo Antonio Charlys da Costa, pós-doutorando do estudo, há uma enorme quantidade de vírus ativos no mundo que ainda não foram descritos. 

“Tendo em vista o número de seres eucariontes presentes na Terra, estima-se que existam aproximadamente 87 milhões de vírus para serem descritos. Atualmente, o Comitê Internacional de Taxonomia Viral (ICTV) reconhece 4.404 espécies de vírus em eucariotos – o que significa que mais de 99,99% dos vírus permanecem desconhecidos ou não classificados. Apesar de ser uma estimativa, acreditamos neste número devido à grande diversidade viral que encontramos em amostras sequenciadas até o momento”, disse Costa, bolsista de pós-doutorado no IMT com bolsa da FAPESP.  

Um dos focos da pesquisa que Costa desenvolve é identificar e sequenciar vírus ainda não descritos. O estudo epidemiológico – contemplando a distribuição dos vírus, a frequência de ocorrência na população, as enfermidades associadas etc. – é algo posterior.

“O que fizemos foi investigar amostras de fezes humanas, colhidas durante a ocorrência de gastroenterites, cujos agentes patogênicos não tinham sido identificados. Encontramos inúmeros agentes presentes e agora estamos descrevendo esses achados. A metodologia utilizada é a metagenômica viral, que permite identificar qualquer agente infeccioso. Isso não quer dizer que os agentes encontrados sejam responsáveis pela gastroenterite. Mas esse levantamento permite iniciar uma correlação para estudos futuros”, explicou Sabino.

Como os vírus são o objeto do estudo, várias etapas precisam ser cumpridas durante a pesquisa. O primeiro passo é filtrar a amostra em escala micrométrica, de modo a bloquear e descartar células, parasitas, fungos e bactérias.

Mesmo assim, pedaços de DNA e RNA livres conseguem passar pelo filtro. E precisam ser eliminados. Para isso, são utilizadas nucleases – enzimas que digerem DNA e RNA. O ácido nucleico do vírus (DNA ou RNA) não é digerido, pois se encontra protegido no interior do capsídeo viral. Mas o ácido nucleico livre, sim. Depois de tudo isso, a partícula viral passa pelo processo de lise celular, destruição ou dissolução da célula causada pela rotura da membrana plasmática. Por fim, o material genético é liberado e sequenciado.

“Isso produz bilhões de sequências pequenas, que precisam ser alinhadas na tentativa de reconstruir os genomas virais. Uma vez obtidas as sequências maiores, o passo seguinte é buscar, por meio de bioinformática, algo semelhante no banco de dados – o que, em geral, demanda muito tempo de processamento e poder computacional. Sequenciamos todos os vírus possíveis nas amostras. E, depois, procuramos ver se as sequências obtidas coincidem com as de vírus conhecidos”, disse Sabino. 

Novos agentes virais 
Segundo os autores da pesquisa, o principal agente viral de diarreias no Brasil costumava ser o rotavírus. Mas, à medida que as rotaviroses passaram a ser prevenidas por meio da vacinação, é possível que outros agentes virais possam estar causando as gastroenterites. 
Sabino conta que pode ocorrer, por exemplo, de dois vírus não patogênicos produzirem um vírus patogênico por recombinação. Na recombinação, um pedaço de um vírus se junta a um pedaço de outro para formar um terceiro.

“Desconhecemos a etiologia de muitas doenças humanas. Para diarreias, por exemplo, em mais de 50% dos casos a causa é ignorada. Então, há muitos agentes a serem descobertos. Antes, não conseguíamos ir atrás desses agentes, porque era muito difícil e caro sequenciar. Com os sequenciadores de nova geração, ficou fácil. Mas há uma grande distância entre achar um agente e provar que ele é o causador da doença”, afirmou a pesquisadora.

Também participaram do artigo Adriana LuchsElcio de Souza LealShirley Vasconcelos KomninakisFlavio Augusto de Padua Milagres, Rafael Brustulin, Maria da Aparecida Rodrigues Teles, Danielle Elise Gill, Xutao Deng e Eric Delwart. 

O artigo Wuhan large pig roundworm virus identified in human feces in Brazil (doi: https://doi.org/10.1007/s11262-018-1557-0) pode ser lido em: https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs11262-018-1557-0


SIMPÓSIO EM LONDRINA DISCUTE AVANÇOS E TENDÊNCIAS DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA EM SAÚDE


Organizado pela Santa Casa de Londrina, o II Simpósio Inova Saúde trará grandes nomes para debater o futuro da saúde e sua relação com as tecnologias nesta quarta-feira (24)
Em meio ao dinâmico mundo tecnológico, o II Simpósio Inova Saúde, promovido pelo Iepi (Instituto de Ensino, Pesquisa e Inovação) da Santa Casa de Londrina acontecerá nesta quarta-feira (24). O intuito do evento é apresentar e discutir avanços e desafios científicos para a tecnologia e inovação no âmbito da saúde.

Será debatida a aplicabilidade dos NITs (Núcleos de Inovação e Tecnologia) em nível mundial, federal, estadual e regional. O simpósio contará com a participação de representantes do SCTIE-MS (Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde), Tecpar (Instituto de Tecnologia do Paraná), ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) e Abimed (Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde).

O apoio financeiro é da Fundação Araucária. Estima-se a participação de pouco mais de 300 pessoas.

O evento será no Aurora Shopping, na avenida Ayrton Senna da Silva, 400, com início às 8h30. O primeiro painel abordará os avanços em ciência, tecnologia e inovação em saúde, bem como suas perspectivas e desafios, e será apresentado por Karlos Diogo de Melo Chalegre, membro do Ministério da Saúde. Em seguida, o presidente da Tecpar, Julio Felix, tratará do empreendedorismo tecnológico inovador em saúde, perspectivas no Paraná. Trabalhos científicos também terão seu espaço para apresentação.

Já o diretor da ABDI, Miguel Antonio Cedraz Nery, apresentará tecnologias relevantes para a competitividade da indústria da saúde no País. O último painel tratará da pesquisa e inovação em saúde no Brasil por meio da internet com o representante da Abimed, Fabrício Campolina. As inscrições são limitadas e podem ser feitas pelo site da Santa Casa, www.iscal.com.br .


SUS PODERÁ SER OBRIGADO A DIVULGAR REMUNERAÇÃO DE SERVIÇOS PAGOS À INICIATIVA PRIVADA


Recém-apresentado ao Senado Federal, o PLS 412/2018 obriga o Sistema Único de Saúde (SUS) a divulgar anualmente todos os critérios e valores da remuneração de serviços e os parâmetros de cobertura assistencial adotados em contratos e convênios com instituições privadas de saúde.

Do senador Airton Sandoval (MDB-SP), o projeto que altera o art. 26 da Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080, de 1990) pode receber emendas até a quinta-feira (25) na Comissão de Assuntos Sociais (CAS). Se aprovado, o projeto segue para a Câmara dos Deputados, a não ser que haja um recurso para votação no Plenário do Senado.

A lei já determina que a direção nacional do SUS estabeleça os critérios e valores de remuneração e os parâmetros de cobertura, a serem aprovados pelo Conselho Nacional de Saúde, mas não explicita a obrigatoriedade de divulgar esses critérios e valores, nem impõe qualquer prazo para o cumprimento de tal obrigação.

“Acreditamos que essa lacuna contribui para a enorme defasagem da remuneração praticada no SUS e, consequentemente, para a difícil situação financeira em que se encontram vários serviços hospitalares contratados ou conveniados do Sistema”, afirma Sandoval na justificação do projeto.

De acordo com a Constituição, a saúde é um dever do Estado a qual todos os brasileiros têm direito. A Carta Magna também estabelece que “ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada” e que as instituições privadas podem participar de forma complementar do sistema, por meio de contrato ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.

Proposições legislativas•        PLS 412/2018

Marcello Casal Jr./Abr, Agência Senado


ORÇAMENTO 2019: EUNÍCIO DIZ ESTAR ABERTO A OUVIR PRESIDENTE ELEITO


O presidente do Congresso, senador Eunício Oliveira, declarou nesta terça-feira (23) que não lhe cabe procurar o candidato à Presidência da República que será eleito no dia 28 para negociar alterações no Projeto de Lei do Orçamento em tramitação no Legislativo:

— Me cabe colocar em votação o projeto que foi enviado ao Congresso, com suas devidas emendas. Como nós estamos em um regime democrático, eu estarei aberto a receber o novo presidente.

Eunício explicou que, como a Constituição determina que o Orçamento seja votado até o dia 22 de dezembro e o presidente e novos parlamentares eleitos só tomam posse em 2019, o PLN 27/2018 só poderá ser modificado pelos deputados e senadores dessa legislatura, que se encerra em 15 de fevereiro. Propostas de alteração da proposta, portanto, têm de ser apresentadas por esses parlamentares.

— Enquanto fui presidente do Congresso, sempre votamos a LOA dentro do prazo. Eu pude atender o pedido dos parlamentares de ampliar o prazo da entrega das emendas ao Orçamento, que seria dia 20 de outubro para 1º de novembro. Mas nunca saímos em recesso sem votar o Orçamento. Desejamos manter o cumprimento da Constituição.

Eunício ainda declarou que a transição entre um governo que se encerra e outro que vai começar é mais que natural dentro do regime democrático.

Proposições legislativas •       PLN 27/2018

Jane de Araújo, Carlos Penna Brescianini, Agência Senado


terça-feira, 23 de outubro de 2018

“Saúde é um direito e não um privilégio”, afirmam Papa Francisco e diretor-geral da OMS


O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, se reuniu nesta terça-feira (23) com o Papa Francisco para discutir formas de assegurar que todas as pessoas possam obter os cuidados de saúde dos quais precisam, sejam elas quem forem e onde quer que estejam.

Papa Francisco e Tedros reiteraram que a saúde é um direito e não um privilégio. Compartilharam também o compromisso de melhorar a saúde e o bem-estar dos mais vulneráveis e marginalizados – tanto nos países ricos como nos pobres. "Sinto-me honrado por ter encontrado Sua Santidade, Papa Francisco, e descobrir que compartilhamos as mesmas preocupações", disse o diretor-geral da OMS.

“Por muitos anos, em nossas ocupações anteriores e em nossos cargos atuais, trabalhamos para melhorar a vida das pessoas pobres e vulneráveis. Estou muito feliz por ter o apoio do Papa Francisco para nosso esforço de estender o direito à vida e à saúde a todas as pessoas. Saúdo particularmente a ênfase do Papa no bem-estar das crianças. Sinto-me encorajado ao ouvi-lo dizer que está ao nosso lado e dos que trabalham conosco na tentativa de levar saúde para todos, especialmente a muitas pessoas, inclusive crianças, que vivem à margem da sociedade e sofrem com problemas de saúde e fome”, acrescentou Tedros.

Papa Francisco e Tedros se reuniram em Roma à véspera da Conferência Global sobre Atenção Primária de Saúde, que será realizada de 25 a 26 de outubro em Astana, no Cazaquistão. O evento marca o 40° aniversário da histórica Declaração de Alma-Ata e seu compromisso de alcançar saúde para todos. Os delegados dos países aprovarão uma nova declaração para revitalizar os esforços para atenção primária de saúde em todo o mundo.
O objetivo é garantir que a atenção se concentre no atendimento às pessoas, não simplesmente tratar doenças ou condições específicas – considerando todos os aspectos da vida e das situações individuais de cada um.

A atenção primária de saúde está no cerne do impulso global para alcançar a cobertura universal de saúde, por si só um dos alicerces centrais do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável de melhor saúde e bem-estar para todas as pessoas.





Países das Américas devem tomar medidas para manter a pólio fora da Região


Os países das Américas devem tomar medidas imediatas para aumentar a cobertura da vacinação contra a pólio para 95%, aconselha a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS). Esse chamado, feito após relatos de que a cobertura em muitos países das Américas está abaixo dos níveis recomendados, ocorre pouco antes do Dia Mundial Contra a Pólio, que é marcado todo ano no dia 24 de outubro.

As Américas têm permanecido livres de casos de poliovírus selvagem por 27 anos, sendo o último caso detectado em 23 de agosto de 1991, no Peru. Os países da região conseguiram eliminar a pólio alcançando altas taxas de cobertura vacinal de crianças e por meio de uma vigilância epidemiológica continuada para garantir a detecção precoce de surtos.

“A Região das Américas não tem pólio, mas enquanto houver até um caso de poliomielite em qualquer parte do mundo, ainda estamos em risco”, disse Jarbas Barbosa, subdiretor da OPAS. “Ao alcançar e manter uma alta cobertura vacinal e ao fortalecer a vigilância epidemiológica, podemos transformar em realidade o sonho de um futuro livre da pólio no mundo”, acrescentou.

Relatórios recentes, no entanto, mostram que os países não estão mantendo a taxa de cobertura de vacinação de 95% – exigida em todos os níveis para prevenir a transmissão da pólio. Isso significa que algumas comunidades estão em risco de serem incapazes de prevenir um surto no caso de um caso importado ocorrer ou se houver um caso de poliovírus derivado da vacina.

Pólio e as Américas
A poliomielite é uma doença altamente contagiosa causada por um vírus que invade o sistema nervoso, resultando em paralisia em questão de horas. Afeta principalmente crianças menores de 5 anos e é transmitida de pessoa para pessoa. Embora não haja cura, o vírus é evitável pela vacina. A vacina contra a poliomielite, administrada várias vezes, pode proteger a criança por toda a vida.

Em 1975, quase 6.000 casos de pólio foram notificados na Região das Américas e, em 1991, foram detectados os últimos seis casos. Três anos depois, em 1994, a doença foi formalmente declarada eliminada da Região. Desde então, nenhuma criança no continente ficou paralisada por conta do poliovírus selvagem.

Como a primeira Região do mundo a eliminar a pólio, a OPAS e as Américas lideraram o caminho para um mundo livre da doença.

A OPAS está atualmente trabalhando com os países para garantir que, a cada ano, mais de 95% das crianças menores de um ano de idade sejam vacinadas contra a pólio em todos os municípios dos países das Américas. Os esforços também se concentram no aumento do monitoramento de casos de paralisia flácida aguda e no cumprimento dos requisitos da Iniciativa de Erradicação Global da Pólio, do Plano Estratégico para Erradicação da Poliomielite e a Fase Final e da Comissão Global de Certificação da Erradicação da Poliomielite.

“Quando se trata de manter as Américas livres da pólio não há lugar para a complacência”, disse Cuauhtémoc Ruiz Matus, chefe da Unidade de Imunização Integral da Família da OPAS. “As taxas de cobertura de vacinação devem ser aumentadas imediatamente para proteger as crianças de nossa Região desta doença mortal. Enquanto a poliomielite existir em qualquer lugar, é uma ameaça para as crianças em todos os lugares”.

Erradicação mundial
Embora os casos de pólio no mundo tenham diminuído em mais de 99% desde 1988 (saindo de uma estimativa de mais de 350.000 casos para apenas 20 casos notificados em outubro deste ano), se uma única criança estiver infectada com o poliovírus, crianças em todos os países estarão em risco. O poliovírus pode ser facilmente importado para um país livre da pólio e pode se espalhar rapidamente entre as populações não imunizadas, razão pela qual a manutenção de uma alta taxa de cobertura vacinal é tão importante.

Hoje, o mundo está mais perto do que nunca de alcançar o objetivo de erradicar a pólio. A nível mundial, há menos casos agora do que em qualquer outro momento da História. Quatro das seis regiões da OMS foram certificadas como livres da pólio e apenas um dos três tipos de poliovírus selvagem (tipo 1) continua circulando no mundo.

A frente do árduo trabalho que resultou nessas conquistas está a Iniciativa Global de Erradicação da Pólio, liderada pela OMS, Rotary Internacional, os Centros para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), UNICEF e a Fundação Bill e Melinda Gates, além do compromisso e esforço dos próprios países.

A erradicação global da poliomielite significará um mundo sem essa doença para as futuras gerações, bem como uma economia de entre 40 bilhões e 50 bilhões de dólares estadunidenses. A falha em atingir a meta de erradicação resultaria em um ressurgimento da doença e se estima que haveria cerca de 200.000 casos por ano no mundo.

“Com o compromisso de todos, a poliomielite será a primeira doença a ser erradicada no século 21”, disse Jarbas Barbosa. “Todos nós devemos agir agora para proteger nossos filhos”.

Dia Mundial da Pólio
O Dia Mundial Contra a Pólio foi criado pela Rotary Internacional há uma década para comemorar o nascimento de Jonak Salk, que liderou a primeira equipe a desenvolver uma vacina contra a poliomielite. Desde então, o dia tem sido usado para aumentar a conscientização sobre a importância da vacinação na erradicação do vírus. O dia é comemorado todos os anos em 24 de outubro.



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