A conjuntura econômica volta a ser alvo de análises bastante pessimistas, reforçando neste domingo (29) velhas preocupações dos jornais quanto à capacidade de a indústria reagir. Cenário descrito por abordagens que retratam principalmente o mercado de trabalho e a competitividade do setor é sombrio.
Dados específicos ligados a segmentos como o automotivo e aqueles cujo foco central é o comércio exterior ajudam a sustentar teses igualmente negativas. Mídia não vê sinais de retomada do crescimento, o que implica em impactos cada vez mais consistentes sobre o consumo das pessoas e a capacidade de investimento das empresas.
Como ponto de atenção, O ESTADO DE S. PAULO informa que o medo do desemprego começa a bater à porta dos trabalhadores da indústria, que até agora tentava segurar a mão de obra na expectativa de uma melhora no quadro.
Reportagem afirma que, diante de um número negativo de 28,5 mil postos no mês passado, o setor levou o país a registrar o pior maio em saldo de empregos formais em 22 anos, com 58,8 mil vagas, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. O ramo de mecânica foi que mais cortou (6,6 mil postos), seguido pelo de material de transporte, onde estão montadoras e autopeças, com 5,5 mil demissões, também segundo o Caged.
ESTADÃO lembra CUT e Força Sindical, entre outros segmentos da indústria, como montadoras e autopeças, retomaram a discussão em torno da criação de um sistema nacional de proteção ao emprego, com a flexibilização das regras trabalhistas. A proposta já foi discutida em 2012 e em abril passado, mas está parada no governo, reforça o jornal.
Ao ESTADÃO, o diretor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Francini, ue afirma que os custos de demissão são altos e normalmente as empresas não promovem cortes se acreditam que vai precisar de pessoal no futuro.
Em reportagem correlata, ESTADÃO afirma que a Bosch defende a flexibilização das normas trabalhistas com programa similar ao adotado na Alemanha desde os anos 1950. O modelo prevê que, em tempos de crise, o trabalhador é afastado, mas continua vinculado à empresa e parte do salário é paga pelo governo. A proposta é usar verba do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), hoje gasta com seguro-desemprego. O grupo reduziu a produção em 10% a 20%, mas tem administrado o corte com férias individuais e seletivas envolvendo de 15% a 20% dos 8,6 mil funcionários no país.
Outro ponto de atenção está na FOLHA DE S.PAULO, que registra: o mercado brasileiro tornou-se uma das maiores apostas dos produtores chineses no exterior. Texto adverte lembra que, no ano passado, as mercadorias produzidas na China representaram 15,6% das importações brasileiras – um recorde histórico e mais que o triplo de dez anos antes -- e que no país asiático vê no Brasil o mercado mais promissor entre os Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Conforme a FOLHA, em julho, os chineses trarão ao Brasil duas feiras de negócios com foco em equipamentos elétricos, máquinas e autopeças. Serão 435 fornecedores e mais de 2.500 produtos, que serão exibidos em São Paulo. Haverá ainda expositores de móveis, têxteis e iluminação.
De volta ao ESTADÃO, reportagem diferenciada apresenta a pesquisa "Conectando o Brasil ao mundo: um caminho para o crescimento inclusivo", da consultoria McKinsey, que mostra deficiências na concorrência global e aponta caminhos para que o Brasil se torne mais aberto ao exterior.
Levantamento detecta deficiências do país para concorrer internacionalmente e sinaliza medidas para que ele se tome mais aberto, produtivo e competitivo. Estudos feitos nos últimos 20 anos pelo Instituto Global McKinsey identificaram que países dedicados a ampliar as conexões em escala global registram acréscimo de até 40% na geração de riqueza. Isso ocorreu porque a concorrência internacional criada pela abertura gera choques de gestão, de inovações e um quadro geral de modernização que elevam a produtividade, explica o ESTADÃO.
Associada à pauta de interesse do setor produtivo, a exposição ligada aos 20 anos do Plano Real (LEIA EM ECONOMIA) mostra de que modo a estabilização da moeda proporcionou o fortalecimento das instituições e a expansão da sociedade de consumo.
CORREIO BRAZILIENSE entrevista os economistas Antonio Delfim Netto e Luiz Gonzaga Belluzzo, que refletem sobre a instalação da nova moeda. Para eles, a indústria pagou um preço alto diante do projeto de valorização do câmbio.
O GLOBO traz reportagens bastante importantes sobre as duas décadas do real, reforçando a ideia de que o Brasil tem inflação alta de país pobre e crescimento baixo de nação rica. MIRIAM LEITÃO escreve em sua coluna que “o real exigiu do país muitas reformas. E continua exigindo”.
ANCELMO GOIS, em sua coluna em O GLOBO, reposiciona a pauta de interesse e informa que Benjamin Steinbruch, que assumiu a presidência da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), com a saída de Paulo Skaf, é também vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
Já o colunista JÂNIO DE FREITAS, na FOLHA DE S.PAULO, opina sobre o desânimo e o pessimismo que imobiliza o país. Citando a forma como a mídia aborda esses e outros assuntos, texto afirma que “o desemprego nos alarma, estamos todos reduzidos a desastres humanos e o país chafurdado na vergonha do seu fracasso”. E registra: “a Confederação Nacional da Indústria, a sádica CNI, ainda tem a perversidade de pagar mais uma sondagem para nos dizer que, nos últimos dias, afundamos mais ainda em nossa humilhação".
Com a convenção do PSB realizada ontem em Brasília e o esperado aval para a candidatura do ex-governador Eduardo Campos ao Palácio do Planalto, noticiário político avança.
Jornais registram que, em seu discurso, Campos atacou o PSDB e o PT. O ESTADO DE S.PAULO, O GLOBO, FOLHA DE S.PAULO e CORREIO BRAZILIENSE afirmam que o ex-governador não poupou Aécio nem Dilma, reforçando que os projetos defendidos por ambos precisam abrir espaços a forças renovadoras. Promessas a estados, municípios e à indústria reforçaram a fala do candidato.
Também na cena eleitoral, alguns veículos informam que o ex-governador José Serra (PSDB) decidiu se candidatar a deputado federal por São Paulo.
Os 20 anos do Plano Real estão em destaque em vários jornais, que apostam, sobretudo, em explicações didáticas e em reportagens históricas que resgatam o peso institucional das mudanças econômicas vividas pelo país naquela época.
Cadernos e reportagens especiais relatam os avanços e mostram onde o plano se consolidou e em quais áreas seus pilares estão ameaçados.
CORREIO BRAZILIENSE entrevista com exclusividade o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Para ele, os objetivos do Plano Real foram parcialmente alcançados porque houve controle da inflação, processo de recuperação de salários, "mas a reestruturação do Estado para assegurar serviços de melhor qualidade ficou pela metade."
O ex-presidente descarta a necessidade de um Plano Real 2, que envolveria as reformas que vêm sendo adiadas, como a da Previdência e a Tributária, mas condena a prática de intervencionismo.
O GLOBO entrevista Pedro Malan, ex-ministro da Fazenda, que avalia que as taxas de inflação "são civilizadas à luz de nossa experiência pretérita, mas continuam um pouquinho mais elevadas do que gostaríamos". O ex-ministro, que ficou no governo de maio de 1991 a dezembro de 2002, como negociador da dívida externa brasileira, na presidência do Banco Central (BC) e no Ministério da Fazenda, não vê descontrole na inflação atualmente. "É importante que, passados 20 anos, as taxas de inflação sejam relativamente civilizadas", afirma.
A presidente da Petrobras, Graça Foster, fala a O ESTADO DE S.PAULO sobre as reservas de 15 bilhões de barris de óleo que a Petrobras recebeu, sem licitação, e aborda questões relacionadas às denúncias de desvios e corrupção na estatal.
Conforme o ESTADÃO, “na tentativa de virar o jogo a favor da estatal, Graça é taxativa em descartar uma nova capitalização até 2030”.
Ainda em O ESTADO DE S.PAULO, reportagem diferenciada informa que no cinturão formado por Nordeste, Centro-Oeste e Norte, o consumo, o mercado de trabalho e a economia como um todo ainda têm fôlego para exibir resultados superiores aos do Sudeste e do Sul, bem como da média do país.
RENATO CRUZ, em sua coluna em O ESTADO DE S.PAULO, escreve sobre a Embrapii e afirma que, há três anos, a ideia pareceu estranha associação Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial. Texto avança sobre as conquistas da Embrapa – fonte de inspiração inicial do projeto da Embrapii – e reforça: “agora a indústria exige produtos com características próprias, diferentes daqueles oferecidos pelos concorrentes”.
CRUZ entrevista João Fernando Gomes de Oliveira, diretor-presidente da Embrapii, e detalha os primeiros contratos de cooperação assinados pela empresa com institutos de ciência e tecnologia. Texto faz referência aos centros credenciados e menciona o Campus Integrado de Manufatura e Tecnologia (Cimatec), do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). “Para RAFAEL LUCCHESI, presidente do Senai, além de alavancar recursos para projetos, a Embrapii deve aproximar os institutos de pesquisa das demandas reais da indústria”, afirma o colunista do ESTADÃO.
EDITORIAL ECONÔMICO do ESTADÃO observa que o Brasil recebeu, no ano passado, US$64bilhões em Investimentos Estrangeiros Diretos (IEDs), assumindo a quinta posição mundial no ranking dos países-destino do movimento internacional de capitais. O total do fluxo mundial de capitais no ano passado foi de US$ 145 trilhão, com aumento de 9,1% em relação ao ano anterior, quando, na verdade, o fluxo de capitais tinha se reduzido 22%.