Treinamento faz parte da programação de implantação do novo método de diagnóstico da doença, mais rápido e eficaz
A Funed recebeu nesta sexta-feira, 13 de junho, um treinamento para profissionais de saúde sobre o novo teste rápido para diagnóstico da tuberculose, genericamente chamado de TRM-TB. Cerca de 300 pessoas divididas em duas turmas, entre enfermeiros, médicos e técnicos de laboratório participaram da capacitação promovida pelo Programa Nacional de Combate a Tuberculose do Ministério da Saúde. O objetivo é formar multiplicadores de conhecimento sobre o novo método disponível.
O teste está em processo de implementação no país e será usado paralelamente à técnica de baciloscopia, usada há mais de cem anos no diagnóstico e controla o tratamento da tuberculose. De acordo com Josué Nazareno de Lima, do Ministério da Saúde, o teste apresentou uma série de vantagens, como a sensibilidade de 90% em relação à baciloscopia, o que melhora a precisão, além de já diagnosticar também a resistência ao antibiótico Rifampcina. “Foi feito um estudo da viabilidade para adotar esse método no Brasil, inicialmente no Rio de Janeiro e em Manaus. Tivemos uma ampla aceitação dos técnicos e profissionais de saúde, aumento do número de diagnósticos e bônus do diagnóstico precoce da resistência. Além é claro, do custo benefício, que se mostrou vantajoso. À medida que o programa for ampliado para o país, vamos adapta-lo e melhora-lo nos pontos necessários”, explicou Josué Nazareno.
O ministério está concluindo a fase de capacitação dos 3.500 profissionais de saúde. “Inicialmente, 92 municípios com maior incidência da doença foram selecionados para receber o exame. Juntas, estas cidades respondem por quase 60% dos casos do país inteiro. Esperamos em um futuro próximo que toda a rede pública possa desfrutar do método”, explicou José Nazareno.
O método
O TRM-TB é feito em ambiente laboratorial por um dispositivo automático, a partir da coleta de amostra de escarro, e dá a resposta em cerca de duas horas. O aparelho detecta o DNA da Mycobacterium Tuberculosis, reduzindo o envolvimento e tempo dedicado tanto pelo profissional de saúde como pelo paciente. Além disso, cada envase contendo a amostra possui um rótulo de QR code (código de leitura semelhante ao sistema de barras) que, após o procedimento, já vincula o resultado ao registro eletrônico do paciente.
Eunice Maria dos Anjos, enfermeira do Hospital Eduardo de Menezes, não conhecia o novo teste e elogiou muito o projeto. “Fiquei sabendo que existia um método rápido em fase de teste em Manaus, mas não conhecia suas especificidades. Nunca imaginei que poderia aperfeiçoar tanto os diagnósticos”, afirmou.
Já a professora da Faculdade de Medicina da UFMG, Silvana Spíndola, acredita que a viabilidade deste exame precisa ser melhor estudada. “Cada lugar possui certas especificidades e não significa que um método que deu certo no Rio de Janeiro e em Manaus venha a ser vantajoso para todos os outros lugares. Hoje, nós temos os subsídios para comprar todos os insumos necessários, mas amanhã vamos pagar por este produto, e precisamos ter certeza de sua viabilidade”, ponderou a professora.
Subsídios garantiram rapidez na adoção do método
Atualmente o Brasil está entre os três países que mais adotaram o TRM-TB, ao lado de China e África do Sul. Graças aos subsídios concedidos pela Organização Mundial de Saúde e Fundação Gates para os países com maior incidência ou com menor condição de pagar por ele, o país comprou os aparelhos de análise, além dos insumos e cartuchos de exame, a preços menores do mercado.
Texto e foto: Talles Cabral
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