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domingo, 1 de fevereiro de 2015

Análise Diária de Mídia - 1º de fevereiro de 2015

Atenções se dispersam e os jornais de grande circulação redistribuem de forma não muito organizada neste domingo (1º) os temas da Política e da Economia que marcaram a semana.

No que se refere aos impactos disso sobre a agenda da indústria, é possível verificar que parte significativa da cobertura se associada diretamente aos interesses do setor.

Infraestrutura é um dos itens de maior apelo, com destaque para o setor de energia. Jornais são ainda mais explícitos do que ontem ao revelar preocupações quanto ao quadro de baixa oferta de água e luz.

O ESTADO DE S.PAULO informa que “a falta de energia e de água pode agravar o quadro recessivo da economia brasileira esperado para este ano”. A queda no Produto Interno Bruto (PIB) projetada por economistas pode chegar a 2%, de acordo com o jornal.

O impacto de um eventual racionamento de água é algo que tende a comprometer, sobretudo, o desempenho das empresas do setor de serviços, resume o ESTADÃO, mas a indústria também sentirá os efeitos noviços da escassez. "Na indústria, existem alguns parâmetros. Para fabricar um carro e uma calça jeans, por exemplo, são gastos 400 mil litros 017,2 mil litros de água, respectivamente", relata o texto.

Na mesma reportagem, ESTADÃO informa que a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Fiijan) calculam que as medidas de redução de consumo afetarão 60% das indústrias de Rio e São Paulo. "O impacto é considerável, já que as indústrias paulista e fluminense respondem por 7,5% do PIB do País".

ESTADÃO menciona que uma pesquisa da Firjan, no fim de 2014, mostrou que três em cada dez indústrias já estavam sendo afetadas pela falta de água. "Neste mês, o problema foi ampliado, mas a entidade não tem nova sondagem. Entre as empresas afetadas, 6 % demitiram por causa de dificuldades na produção e 1,3% deram férias coletivas". Jornal informa que, de acordo com Paulo Skaf, presidente da Fiesp, empresas que respondem por 56% do PIB industrial paulista, estão sob risco. ESTADÃO relata que o presidente da Fiesp não descarta a possibilidade de, num cenário crítico, empresas terem de parar a produção.

Em outra reportagem, O ESTADO DE S. PAULO ressalta que empresas que estão preocupadas com possíveis racionamentos têm intensificado medidas para reduzir o consumo dos dois insumos básicos para movimentar a economia. "No caso da energia, as iniciativas incluem a compra de geradores até o uso da borra de café para produzir vapor. Também vale tudo para economizar água. Há empresas que adotam medidas simples, como aproveitar água usada, instalar redutor de vazão nas torneiras ou ampliar a captação de água da chuva".

ESTADÃO acrescenta que, apesar de temerem um racionamento, grandes indústrias de setores-chave como siderúrgico, automobilístico, petroquímico e têxtil evitam detalhar o que estão fazendo de novo para enfrentar o problema.

Já a FOLHA DE S.PAULO privilegia a indústria em reportagem semelhante que aponta os danos causados pela ameaça de racionamento. Texto reforça que São Paulo e Rio de Janeiro se preparam para um ano de produção reduzida e custos elevados “diante da dupla crise de abastecimento à espreita”.

De acordo com a FOLHA, empresários e economistas antecipam prejuízos caso o cenário de falta de água e energia se concretize. "Para a maior parte das companhias, não há 'plano B' suficiente". Reportagem publica declaração atribuída ao presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf. Segundo ele, a mistura da crise hídrica com a energética "cria um clima de muita intranquilidade".

FOLHA acrescenta que analistas avaliam que a economia será gravemente impactada se o racionamento vier – seja ele qual for. Na mesma reportagem, relata que os sinais de que uma dupla crise se avizinha vêm do próprio governo.

No mesmo contexto, FOLHA informa que empresários de diversos setores têm aproveitado os tempos de crise hídrica para investir no lançamento de produtos e serviços que economizem água.

Também na FOLHA, coluna PAINEL registra que o governo federal considera real o risco de que a crise hídrica de São Paulo se repita no Rio de Janeiro e vai cobrar do governador Luiz Fernando Pezão medidas para racionalizar o consumo e ampliar o tratamento de esgoto. "As obras e medidas de aperto no consumo que o governo discute com Rio e Minas levam em conta que a água desses Estados poderá ser usada para socorrer São Paulo".

Outros assuntos da agenda de interesse se sobressaem, embora estejam posicionados em segundo plano no noticiário.

A respeito das mudanças nos benefícios trabalhistas, PAINEL, na FOLHA DE S.PAULO, informa que a Força Sindical quer levar uma ação de inconstitucionalidade já pronta para a reunião de terça-feira com ministros sobre as medidas provisórias que impõem regras mais rígidas para concessão de benefícios trabalhistas e previdenciários.

Em artigo publicado no CORREIO BRAZILIENSE, a advogada Sacha Calmon, presidente da Associação Brasileira de Direito Financeiro (ABDF) no Rio de Janeiro, trata dos ajustes que estão sendo feitos pela equipe econômica do governo. Após citar outras medidas tomadas pelo governo, Sacha Calmon acredita que "é preciso fazer mais: diminuir encargos salariais, para reanimar o emprego e incentivar as parcerias público-privadas (imunes à corrupção)".

Com foco no setor automotivo, MERCADO ABERTO, na FOLHA DE S.PAULO, registra que, segundo estimativa do Sindipeças, que representa a indústria da área, com a queda nas vendas de veículos no ano passado, os investimentos das empresas de autopeças recuaram cerca de 60%. "O volume de aportes caiu de US$ 1,927 bilhão (aproximadamente R$ 5,2 bilhões no câmbio atual) em 2013 para US$ 754 milhões (R$ 2 bilhões) no ano passado. O resultado ainda é uma prévia, mas deverá mudar pouco porque os dois últimos meses de 2014 permaneceram ruins para os fabricantes de peças, avalia o sindicato". Texto acrescenta que, de acordo com o presidente do Sindipeças, Paulo Butori, além da baixa no mercado interno, a balança comercial também não foi favorável.

A título de curiosidade e na forma de breve registro, FOLHA DE S.PAULO relata que ranking elaborado pelo boletim noticioso "Jornalistas & Cia" aponta que o jornal foi o veículo de comunicação mais premiado do Brasil em 2014 – mantendo a liderança conquistada no ano anterior. “A reportagem multimídia "A batalha de Belo Monte", publicada em dezembro de 2013, obteve 250 pontos no ranking graças à conquista de dois grandes prêmios nacionais - Líbero Badaró e CNI- e dois prêmios internacionais - SIP (categoria Cobertura Multimídia) e Wash Media Awards (categoria Água e Energia)”.

A cobertura ligada ao caso Petrobras se reposiciona. O volume do noticiário cai, mas novas informações são apresentadas de modo bastante particular por alguns veículos, sugerindo que ao longo dos próximos dias o assunto continuara em evidência.

Registra-se como ponto de atenção a notícia de que três contratos envolvendo a construtora Norberto Odebrecht nas obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, estão sendo investigados pela operação Lava Jato. Informação está em O ESTADO DE S.PAULO.

De acordo com o jornal, “os acordos, assinados entre julho de 2007 e dezembro de 2009, tiveram 61 aditivos que elevaram em R$ 960 milhões o valor final – de R$ 5,1 bilhões para cerca de R$ 6 bilhões – pago pela Petrobras. Além de desvios, a Polícia Federal apura se houve cartelização”. Os detalhes constam da sindicância interna da Petrobras sobre as obras da Abreu e Lima.

A Odebrecht reafirma que não fez nenhum pagamento ou depósito para executivo ou ex-executivo da Petrobras. E repudia as declarações mentirosas de ex-diretor da estatal, réu confesso nos processos que correm na Justiça Fe‎deral do Paraná, reproduz o ESTADÃO.


Jornais ampliam a cobertura centrada na eleição das mesas diretoras da Câmara e do Senado. Abordagens exploram aspectos estruturais da disputa que ocorre hoje, ressaltando principalmente os ruídos dos últimos dias causados pelas evidentes fissuras entre os partidos da base de apoio ao governo.

Além de indicar de que forma as forças políticas mais atuantes se movimentam, mídia nacional acentua o caráter analítico da pauta na medida em que tenta antecipar possíveis cenários.

O ESTADO DE S.PAULO, em manchete, afirma que na Câmara o duelo entre PT e PMDB é o mais acirrado da década. Jornal faz a melhor cobertura do dia sobre o assunto, trazendo textos exclusivos e informações de bastidor. O GLOBO também atenta para o assunto de modo semelhante e registra a corrida na Câmara e no Senado com infográficos detalhados.

FOLHA DE S.PAULO resume que há “um racha significativo na base de apoio ao governo Dilma” e indica como fator de risco ao Planalto a corrida pela presidência da Câmara.

Temas de interesse geral também integram a pauta do dia, devolvendo à cobertura aspectos mais plurais do que os verificados ao longo da semana passada.

Entre os destaques, registra-se a manchete de O GLOBO, que informa: “o Minha Casa Minha Vida esbarra em atrasos, obras de má qualidade e graves problemas gerenciais e patrimoniais em cinco mil municípios com menos de 50 mil habitantes”.

Texto de O GLOBO menciona auditoria da Controladoria Geral da União (CGU) e reforça que 1,3 milhão de unidades contratadas de 2012 até abril de 2014, 83% nem haviam começado até dezembro passado. “Um dos agentes financeiros que deveria gerenciar obras, o Banco Morada quebrou, e R$ 11,8 milhões da União sumiram”, resume.

Complementando a agenda, registram-se ainda novas informações envolvendo a operação Lava Jato e as denúncias de desvios e irregularidades na Petrobras.

Sobre esse tema, principal destaque está na FOLHA DE S.PAULO. Na forma de manchete, jornal paulista publica trechos de uma entrevista exclusiva com o empresário Leonardo Meirelles, ex-sócio de Alberto Youssef.

Conforme Meirelles, o doleiro tem patrimônio oculto e sociedades com empreiteiras que não foram declaradas no acordo de delação premiada que fez com procuradores. Conforme a FOLHA, se isso for comprovado, o acordo pode ser anulado. Ao jornal, Meirelles afirma que Youssef teria de R$ 150 milhões a 200 milhões, e não cerca de R$ 50 milhões, como está no acordo de delação premiada.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso escreve em sua coluna nos jornais O GLOBO e O ESTADO DE S.PAULO sobre a crise na estatal e, segundo ele, as responsabilidades não assumidas pelo governo.

FHC afirma no texto que “a elite governante não se apercebeu das consequências das mudanças na ordem global (...) Se mantido o rumo atual, o Brasil perderá um momento histórico e as gerações futuras pagarão o preço dos erros dos que hoje comandam o país”.


Assuntos voltados à crise hídrica que atinge a região Sudeste e temas relacionados à oferta de energia elétrica puxam o noticiário econômico. Agenda macro e a questão fiscal – dois temas amplamente noticiados até ontem – ficam em segundo plano.

Coberturas de maior apelo estão concentradas nos jornais de São Paulo, que combinam novas informações com análises críticas a respeito dos cenários previstos para os segmentos produtivos e também para a sociedade.

Tom de alerta quanto à possibilidade de faltar água e luz está presente de forma contextualizada em todas as abordagens, sobretudo nos textos que associam a escassez na oferta com prejuízos financeiros.

CORREIO BRAZILIENSE registra com relativo destaque que o setor elétrico está no “fio da navalha” e questiona o modelo de gestão adotado nos últimos anos. Ainda no CORREIO, reportagem diferenciada afirma que “o governo está longe de dar exemplo de economia: os órgãos públicos não parecem preocupados”. Jornal afirma que “salas, corredores e gabinetes de ministérios e de autarquias continuam às claras, para quem quiser ver, fora do horário do expediente”.

Outra reportagem exclusiva ligada a energia, publicada na FOLHA, também merece atenção. Segundo o jornal, “terceira maior obra do PAC, com investimento previsto de R$ 28,9 bilhões em valores atuais, a hidrelétrica de Belo Monte depende de palafitas. Melhor dizendo, da demolição – até o fim de março – de milhares desses casebres nas áreas alagáveis de Altamira (PA)”.

A FOLHA voltou a Altamira, um ano após a publicação da reportagem especial multimídia "A Batalha de Belo Monte" (folha.com/belomonte), para verificar seu andamento. E conclui: “a usina está atrasada, apesar dos 67% da obra civil realizados até meados de dezembro e de estar em marcha acelerada o reassentamento de moradores de áreas que serão alagadas”.


Em sua coluna em O ESTADO DE S.PAULO, Renato Cruz afirma que a indústria brasileira enfrenta um momento difícil, agravado pela crise que atinge toda a economia. "A produção industrial caiu 3,2% entre janeiro e novembro do ano passado, ante o mesmo período de 2013. Diante de um cenário adverso, como falar sobre inovação, que exige tempo e investimento?", questiona o jornalista.

Cruz avalia, com base na experiência de conversas com Craig Barrett, presidente do conselho da Intel, na época da crise da economia mundial, que para enfrentar a crise é preciso ajustar a produção e manter os projetos de pesquisa e desenvolvimento.

Na mesma coluna, Cruz afirma que "a empresa precisa continuar a criar produtos e tecnologia, para se preparar para a retomada da economia. Sem isso, corre o risco perder competitividade e ficar para trás na próxima onda de crescimento”. E justifica: “É claro que fazer não é tão simples quanto falar. Mas é um ponto importante, num momento em que as empresas brasileiras enfrentam uma crise que é mais nossa do que global. Atualmente, existem por aqui vários mecanismos de incentivo à inovação. Alguns são mais complicados, como a Lei do Bem, e acabam beneficiando poucas empresas".

O jornalista cita que o programa Inova Talentos, criado em 2013, é uma medida de incentivo que tem sido bem avaliada. "Sua aplicação é simples. No Inova Talentos, as empresas apresentam projetos de inovação a serem desenvolvidos por jovens que estejam na faculdade ou que tenham se formado recentemente. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) paga bolsas durante um ano para esses jovens. A empresa arca com custos de recrutamento e treinamento".

Nesse contexto, Renato Cruz reproduz declaração atribuída a Paulo Mól, superintendente do Instituto Euvaldo Lodi Nacional, responsável pelo recrutamento e treinamento dos bolsistas do programa. "Esse é um programa que consegue ser bem-sucedido num cenário adverso", afirma Mól.


O ESTADO DE S.PAULO adverte que, “a cada dia, a cada nova notícia, o escândalo da Petrobras se revela mais amplo, mais complexo e mais difícil de entender em suas implicações financeiras e contábeis”. E reforça que os impactos da operação Lava Jato somam-se à crise provocada pela queda do preço internacional do barril de petróleo. Em tom de cobrança, jornal afirma que “acionistas devem estar perguntando, como a Nação: o que Dilma está esperando para trocar todo o corpo diretivo da Petrobras?”.

Também em O ESTADO DE S.PAULO outro editorial aborda os esforços do governo contra a inflação e reforça que, se quiser vencer, “a presidente Dilma Rousseff terá de mostrar uma disposição nunca exibida até agora quando se tratou de conter a alta de preços”.

Conforme o ESTADÃO, “o retorno ao crescimento seguro só será possível se ocorrer a recomposição esperada pelos membros do Copom: consumo em expansão mais moderada e aumento sensível do investimento produtivo, com avanços na qualificação da mão de obra. Isso dependerá, naturalmente, de uma política econômica muito diferente daquela mantida na maior parte dos últimos doze anos”.

CORREIO BRAZILIENSE aborda a posse de senadores e deputados que começam hoje o ano legislativo. Segundo o jornal do DF, Câmara e Senado estão renovados. “No caso da Câmara, de quase 50%. É sangue novo que, pelo menos em teoria, será capaz de introduzir mudanças aptas a melhorar a imagem da instituição – vista como sinônimo de corporativismo, desperdício, privilégios e indiferença aos anseios da sociedade”.

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