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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Análise Diária de Mídia - 2 de fevereiro de 2015

Agenda política predomina no noticiário geral desta segunda-feira (02) e restringe ao mínimo os espaços dedicados à cobertura com foco na indústria ou em assuntos relacionados ao setor.

Poucos itens específicos se sobressaem. Apesar disso, porém, há relevância no debate proposto pela mídia envolvendo investimentos, infraestrutura, comércio exterior, produção e crescimento do PIB.

Destaque do dia está no VALOR ECONÔMICO, que aborda os impactos da crise energética sobre o Produto Interno Bruto (PIB) e, consequentemente, sobre a atividade industrial – abordagem segue a linha apresentada pelos jornais no fim de semana.

Conforme o VALOR, o perfil do consumo de energia elétrica seguiu as alterações na composição do PIB e mudou nos últimos anos, “com perda de participação da indústria e maior peso de serviços e do consumo das famílias”. Pontua que, de forma isolada, o cenário energético de 2015 ainda é “menos grave” que o de 2001, mas a crise na água impõe riscos adicionais e mais difíceis de serem mensurados.

“Em 2001, o racionamento foi de 20%, na média. Hoje, as estimativas são de que um corte menor na energia (entre 5% e 10%) seria suficiente e provocaria perda adicional de 0,5 a 1,4 ponto percentual no PIB no prazo de um ano, com maior impacto nos dois primeiros trimestres. A restrição no uso da água adicionaria uma perda de 0,1 a 0,2 ponto percentual nessa conta”, calcula o VALOR.

Citando dados do mercado e análise de especialistas, reportagem indica que o racionamento de energia tiraria 1,4 ponto do PIB e o peso da indústria seria de 50% (inferior, portanto, ao de 2001). “O restante da contração viria no comércio (0,3 ponto), intermediação financeira (0,2 ponto), e transportes e agricultura (0,1 ponto cada). Essa conta é pelo lado da oferta no PIB, mas elas também refletem a retração de consumo das famílias em bens e serviços.”

Em texto complementar, VALOR informa que a consultoria GO Associados se debruçou sobre a Pesquisa Anual da Indústria (PIA) do IBGE para estimar o impacto direto e indireto de um eventual racionamento duplo – água e energia - sobre a produção dos setores intensivos no uso desses insumos. Jornal adverte que as “contas mostram que uma parada de produção equivalente a três dias na indústria pode representar uma perda de valor para a economia de R$ 58,7 bilhões” - queda de 1,3% no valor adicionado do PIB do país.

Dentro das ações elaboradas pelo governo para garantir eficiência energética, mídia nacional destaca declarações do ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, sobre as medidas que serão adotadas pelo governo federal.

O GLOBO registra que o “governo quer que produtores independentes de energia, como indústrias e shopping centers, acionem seus equipamentos de geração durante o horário de pico de consumo para dar suporte ao sistema elétrico”. Segundo o jornal, o governo deve conceder estímulos ao comércio e à indústria.

“Vamos também começar (algumas ações) junto aos produtores independentes de energia, como é o caso de shoppings centers e algumas indústrias, que têm sua própria energia, para que possamos acionar esses equipamentos no período de ponta de carga”, disse o ministro Eduardo Braga. VALOR ECONÔMICO, FOLHA DE S. PAULO, O ESTADO DE S. PAULO também explora o assunto.

Em nota curta, BRASIL ECONÔMICO registra que “o consumo de energia elétrica no Brasil cresceu 2,2% em 2014 ante 2013, na menor taxa de crescimento verificada desde 2009, influenciada principalmente por uma queda de 3,6% na demanda industrial, segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE)”. Em contraponto, informa o texto, as residências tiveram um aumento de 5,7% no consumo e o consumo do comércio e serviços subiu 7,3%.

Informações e análises associadas ao futuro do comércio exterior também estão em evidência. Parte das edições contextualizam dificuldades que podem afetar o desempenho das empresas brasileiras ou de produtos nos quais o país é competitivo no mercado internacional.

O GLOBO publica que o Brasil deve perder US$ 14 bilhões em exportações este ano, com a queda nos preços de commodities, como petróleo, minério de ferro e soja. Reportagem analisa que esse movimento deve beneficiar países desenvolvidos que tentam sair da crise, mas prejudica grandes exportadores de commodities: Brasil, Chile, Colômbia, México, Peru, Argentina e Venezuela. “Nas principais economias da América Latina, o impacto pode chegar a US$ 72,4 bilhões”, indica o texto, com cálculo do mercado.

Com foco nas relações entre Brasil e Estados Unidos, Sérgio Leo escreve em sua coluna no VALOR ECONÔMICO que os empresários brasileiros já começaram a se movimentar para tirar vantagens da com a viagem da presidente Dilma Rousseff a Washington, provavelmente em setembro.

Leo antecipa que na quarta-feira da próxima semana, o ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, vai aos EUA para preparar “parte importante do recheio da agenda presidencial”.

Como ponto de atenção, Leo reproduz citação conferida a CARLOS ABIJAODI, diretor da Confederação Nacional da Indústria (CNI). “A viagem presidencial é um gesto que abre portas, mas os passos seguintes são igualmente importantes”, afirma, acrescentando: “É preciso uma sinalização política para uma agenda econômica mais ambiciosa de longo prazo”.

Em segundo plano, outras abordagens publicadas hoje redirecionam atenções para medidas propostas pelo governo federal para promover o ajuste fiscal, que prevê, dentre outras medidas, o reajuste de alguns tributos com impacto direto no setor produtivo.

VALOR ECONÔMICO afirma que “não foi à toa que, entre as mudanças tributárias planejadas pelo governo federal, a presidente Dilma Rousseff destacou, em discurso na primeira reunião ministerial do segundo mandato, a reforma do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), para simplificar o aproveitamento do crédito tributário”.

Citando dados da Receita Federal de 2012, VALOR indica que o montante de tributos a recuperar chegou ao fim daquele ano a R$ 181,7 bilhões – 4,1% do Produto Interno Bruto (PIB) do período e a 3,6% da receita bruta declarada pelas empresas.

Ao VALOR, Pedro Passos, presidente do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), afirma que “a dificuldade de compensar créditos tributários é uma das grandes barreiras à competitividade”. Texto publica também posicionamento de FLAVIO CASTELO BRANCO, da CNI, no qual afirma que o tema precisa começar a ser discutido imediatamente, para que possa ser aplicado quando se iniciar a recuperação.

Como outro ponto de atenção, VALOR alerta que “apenas 11,3% da indústria nacional está crescendo e isso se deve à exploração de petróleo, gás natural e minério de ferro, e às safras de soja, milho e cana-de-açúcar, que sustentam o crescimento industrial dos únicos cinco estados do país que apresentam alta nesse setor”.

Texto ressalta que Pará, Espírito Santo, Mato Grosso, Goiás e Pernambuco continuem crescendo em 2015, enquanto o restante da indústria do país, mais diversificada e sofisticada, permaneça em baixa, conforme especialistas consultados pelo jornal. Texto traz como exemplo o resultado positivo obtido por esses estados, e faz menções às federações das indústrias dos estados do Espírito Santo (Findes), do Pará (Fiepa) e de Goiás (Fieg).

Abordando a questão de infraestrutura em saneamento, VALOR adverte que a “falta de investimento em tratamento do esgoto da Baixada Fluminense está obrigando a Companhia Estadual de Água e Esgoto do Rio de Janeiro (Cedae) a defender uma vazão de água do rio Paraíba do Sul”. Reportagem explica que o problema poderia ter sido amenizado com a construção de um desvio no ponto de captação, mas a obra não obteve licença ambiental.

VALOR reforça que o assunto também é alvo de críticas por parte da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), que “decorrem da pressão pelo insumo que deveria estar abastecendo indústrias no próprio estado, principalmente em Barra do Piraí e Três Rios”. Ao final, VALOR adianta que a “expectativa é que aumente a pressão também da Agência Nacional de Águas (ANA), que essa semana formalizará a proposta de redução da cota de água do Paraíba do Sul para o Rio de Janeiro”.

Na agenda política associada aos interesses da indústria, JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO, em sua coluna no ESTADÃO, aborda a eleição do novo presidente da Câmara dos Deputados. Para ele, o destaque dado ao tema “prenuncia um cenário de crise política para Dilma Rousseff (PT)”. TOLEDO cita, como ponto de atenção, algumas outras dificuldades enfrentadas pelo governo. Menciona ainda que o indicador mais relevante sobre a popularidade da presidente é a confiança do consumidor medida pelo INEC - uma série mensal de pesquisas do Ibope/CNI.



As eleições para as presidências da Câmara e do Senado estão nas primeiras páginas dos principais jornais do país. Com reportagens especiais que se destacam pela amplitude e pelo forte tom de especulação, jornais reposicionam de forma crítica a conjuntura política. As relações do Palácio do Planalto com o novo Legislativo está em foco no noticiário.

A vitória de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com uma ampla vantagem sobre o candidato do Planalto – Arlindo Chinaglia (PT-SP) –, na Câmara é o destaque do dia.

Interpretação conferida pela mídia está sustentada por avaliações desfavoráveis ao governo. Para os jornais, trata-se da “pior derrota” e da “maior humilhação” já imposta à presidente Dilma Rousseff.

O parlamentar fluminense é descrito nos textos como um dos principais oposicionistas do Planalto, um “desafeto”. Jornais tentam antecipar cenários, afirmando que os articuladores do governo e a própria presidente Dilma terão dificuldades para se relacionar com o novo presidente da Câmara.

Cunha obteve 267 votos, contra 136 de Arlindo Chinaglia (PT-SP). Júlio Delgado (PSB-MG) – com apoio do PSDB – garantiu 100 votos.

De modo geral, cobertura associada à eleição da Câmara também avança sobre o que pretende Cunha a partir de agora. Com base em declarações dadas ontem pelo parlamentar, jornais especulam que a agenda parlamentar tende a se impor. Embora tenha dito que não será oposição ao Planalto, Cunha também reafirmou o discurso utilizado durante a campanha de independência dos Poderes.

VALOR ECONÔMICO, em manchete, reforça que o resultado das eleições na Câmara é “ruim para a presidente Dilma Rousseff, que teme a abertura de um processo de impeachment na Câmara e vê o PMDB um pouco mais distante de seu governo, mas não deve impedir a aprovação das medidas econômicas para combater a crise”. Em outros jornais, Cunha rechaça essa tese a afirma que não há motivos para discutir a destituição da presidente.

DORA KRAMER, em sua coluna em O ESTADO DE S.PAULO, expõe que o desfecho de “derrota anunciada para o governo” poderia ter sido outro se os estrategistas do Palácio do Planalto tivessem dado ouvidos ao ex-presidente Luiz Inácio da Silva, favorável à construção de um acordo entre o PT e o PMDB. “Fica do processo como um todo, e desse episódio em particular, a evidência de que não e só a condução da economia que precisava de correção. A pilotagem da política carece de mãos calejadas, cabeças organizadas, sangue frio e pés no chão. Tipo do ofício em que vocação é posto.”

Em texto analítico, FOLHA DE S.PAULO observa que, dentro da nova composição do comando da Câmara dos Deputados, a presidente Dilma terá de enfrentar “Casa ressentida e desafeto com série de desafios”. Conforme a análise, o governo optou pelo tudo ou nada contra Eduardo Cunha, um desafeto pessoal da presidente. “Ganhou em troca mais dificuldade para tocar sua agenda legislativa em ano de duro ajuste fiscal.”

Em outra frente do noticiário, jornais pontuam que, no Senado, com a vitória de Renan Calheiros (PMDB-AL) – que assume seu quarto mandato na Casa –, o governo deverá manter um relacionamento mais alinhado e classificam o peemedebista de “fiador do Planalto” e de “peça-chave para governabilidade”.

Renan obteve 49 votos, enquanto seu adversário, senador Luiz Henrique (PMDB-SC), apoiado pela oposição, teve 31.
 
FOLHA DE S.PAULO prevê que projetos na área econômica e os trabalhos envolvendo investigações do esquema de corrupção da Petrobras devem pautar o Congresso. Jornal lembra que o governo “vem adotando uma série de cortes de gastos e outras medidas de impacto na economia que dependerão de aval dos congressistas”.

Detalhando alguns dos pontos mais relevantes da pauta econômica, FOLHA adverte que as movimentações “ocorrerão em meio às expectativas dos desdobramentos da operação Lava Jato, que apura os desvios na Petrobras” e afirma que há ameaça da oposição e de parte da base governista de emplacar uma nova CPI da Petrobras, o que ampliaria o desgaste da estatal e do governo. “A equipe de Dilma prefere restringir as investigações à Justiça para barrar um novo palco para a oposição.”

Sobre as investigações envolvendo a Petrobras, destaque para a informação de que hoje serão ouvidas pelo juiz Sergio Moro testemunhas de acusação indicadas pelo Ministério Público. Entre os depoentes, três têm acordos de delação premiada: o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e os executivos ligados à Toyo Setal Julio Camargo e Augusto Ribeiro Mendonça Neto.

FOLHA revela que também foram convocados a funcionária da Petrobras Venina Velosa Fonseca, que disse ter alertado irregularidades à presidente da estatal, Graça Foster, e ex-prestadores de serviços do doleiro Alberto Youssef, como o advogado Carlos Alberto Pereira da Costa e Meire Poza, que já auxiliaram os investigadores.

Como ponto de atenção, registra-se no VALOR ECONÔMICO a entrevista exclusiva do ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli.

Cobertura macroeconômica demarca novos espaços de interesse e, associando-se a itens domésticos e internacionais, traz à tona preocupações que podem se desdobrar ao longo da semana.

Em destaque, O GLOBO informa que “o reflexo da lentidão econômica global, o barateamento de produtos como petróleo, minério de ferro e soja tem sido saudado como um alento para países desenvolvidos que tentam sair da crise. Mas não é todo mundo que está sorrindo”.

Jornal carioca reforça que, por serem grandes exportadores de commodities, “Brasil, Chile, Colômbia, México, Peru, Argentina e Venezuela devem sofrer este ano perda de US$ 72,4 bilhões em suas balanças comerciais com a queda dos preços globais. Isso equivale a duas vezes o valor de mercado da Vale na Bolsa. No Brasil, a perda deve chegar a US$ 14 bilhões”.

Os rumos do ajuste fiscal também estão em foco. Jornais acentuam o tom de alerta sobre a piora das contas públicas e os reflexos dessa fragilidade na capacidade de o país crescer e gerar empregos.

CORREIO BRAZILIENSE alerta que “o desarranjo nas contas públicas” está por trás do forte aumento do Imposto de Renda, que o trabalhador terá que pagar a mais 23,2%. Jornal do DF afirma que, em 2014, registrou-se rombo histórico de R$ 32,5 bilhões nas contas do setor público no ano passado. “Mas o pior de tudo é que a dinheirama que o contribuinte manda para os cofres públicos vem sendo gasta sem uma gestão eficiente.”
 
Com foco na crise energética, VALOR ECONÔMICO destaca que “o perfil do consumo de energia elétrica seguiu as alterações na composição do Produto Interno Bruto (PIB) e mudou nos últimos anos”.

Na reportagem, VALOR compara que o cenário energético de 2015 é menos grave que o de 2001, mas a crise na água impõe riscos adicionais e mais difíceis de serem mensurados. Texto indica que hoje as estimativas são de que um corte menor na energia (entre 5% e 10%) seria suficiente e provocaria perda adicional de 0,5 a 1,4 ponto percentual no PIB, em um ano.

Sobre o assunto, O ESTADO DE S.PAULO informa que o ministro Eduardo Braga (Minas e Energia) confirmou ontem que o “governo vai pôr em pratica um plano emergencial para garantir o abastecimento de energia no País nos horários de maior demanda, entre 14h e 17h”.

Texto do ESTADÃO lembra que, na sexta-feira o Broadcast (serviço em tempo real da Agência Estado), antecipou as medidas que o governo adotará. “O foco é incentivar o uso de geradores próprios pelo comércio, shoppings centers e hotéis durante a tarde e a produção de energia por indústrias e produtores independentes.”




O ESTADO DE S.PAULO chama de “fracasso” e afirma que o país amargou um dos maiores déficits fiscais do mundo. “No Brasil, o governo da presidente Dilma Rousseff conseguiu combinar a gastança e a distribuição de favores fiscais e financeiros com baixo crescimento, inflação muito alta e deterioração das contas externas”, resume.

Ainda em O ESTADO DE S.PAULO, outro editorial trata das “incertezas geradas pela fragilidade da economia global, pelas oscilações das cotações de alguns dos produtos mais comercializados internacionalmente e por ameaças à estabilidade política em diversas regiões provocaram a redução do fluxo dos investimentos diretos estrangeiros”.

Em tom de alento, mesmo texto do ESTADÃO afirma que, apesar de ter registrado menor ingresso de capital produtivo, “o Brasil conseguiu melhorar sua posição no ranking mundial, tendo ficado na quinta colocação, duas posições acima da classificação obtida em 2013”. Editorial menciona dados do mais recente boletim da Organização das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (Unctad) sobre tendências do investimento global.

FOLHA DE S.PAULO volta a criticar a gestão das contas públicas durante boa parte do governo Dilma Rousseff e chama a atenção para o rombo de R$ 344 bilhões, o equivalente a 6,7% do PIB. Segundo o jornal, o quadro é “desalentador” e “superá-lo exigirá persistência e competência da nova equipe econômica, bem como apoio de um Legislativo que não dá sinais de querer trégua com o Executivo”.

VALOR ECONÔMICO também revela preocupação com as contas públicas e adverte que os números de 2014 causam “perplexidade” e “mostram uma situação que beira a calamidade”. “Imaginava-se que a situação era grave, mas que o setor público ainda estava no campo positivo, pois o governo federal chegou a prever, em novembro, que faria um superávit primário de R$ 10 bilhões”, resume.

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