A conjuntura econômica segue influenciando a agenda de interesse da indústria nesta sexta-feira (31). Decisões do governo nas áreas fiscal e monetária são abordadas de forma mais contundente pelos principais jornais do país, que voltam a pregar austeridade e melhor governança por parte do Executivo.
Há referências no noticiário que aproximam três correntes importantes: as realidades do setor produtivo, o esforço oficial em retomar a confiança do empresariado e as expectativas do mercado quanto aos rumos da Economia.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou ontem o Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec) deste mês, que subiu 2,1% sobre setembro, de 109,7 para 112 pontos – a segunda alta consecutiva em outubro. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o Inec subiu 1,2%. Assunto é tratado com relativo destaque hoje.
VALOR ECONÔMICO assinala que a avaliação do brasileiro sobre a inflação e o emprego melhorou. Jornal recorda que, de janeiro a junho, o indicador registrou quedas consecutivas, manteve um comportamento oscilante entre julho e agosto e voltou a subir no mês passado.
"O resultado confirma a tendência de recuperação da confiança do consumidor. Desde junho, o índice registra crescimento acumulado de 5,4%", disse, em nota, a CNI, conforme publicado pelo jornal. Sobre o Inec, BRASIL ECONÔMICO afirma que a CNI avalia que o resultado confirma a tendência de recuperação da confiança do consumidor. Texto afirma que o "crescimento do otimismo é resultado da melhora das expectativas sobre a evolução dos preços e do emprego”.
No contexto da intensa discussão travada por especialistas sobre a alta da Selic em 0,25 ponto percentual, anteontem, alguns veículos se reposicionam.
Como ponto de atenção, VALOR ECONÔMICO afirma que o Banco Central subiu a taxa mirando o câmbio, "mas, como não é incomum nesse tipo de situação, pode acertar em cheio a indústria". De acordo com especialistas consultados pelo veículo, a decisão da autoridade monetária pode comprometer ainda mais uma combalida produção industrial, ao espalhar seus efeitos sobre mercado de crédito, o comércio e também sobre a confiança empresarial.
VALOR acrescenta que, para a indústria, a alta dos juros e a queda do dólar foi uma decepção, exatamente no dia em que os dados da confiança empresarial registraram a primeira reação favorável em muitos meses.Julio Sergio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica, disse que "a decisão pode abortar um princípio de recuperação do crédito que há muito tempo desejamos e uma ainda incipiente recuperação da indústria".
BRASIL ECONÔMICO expõe que a elevação da Selic foi criticada pelo comércio e pela indústria. De acordo com o jornal, a Fiesp criticou o aumento e considerou a elevação uma ameaça ao emprego. Em outra frente do noticiário econômico associada à produção, O ESTADO DE S. PAULO registra que o secretário da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto, desautorizou ontem afirmações feitas na quarta-feira por seu secretário adjunto, Luiz Fernando Nunes, sobre as previsões de crescimento da arrecadação federal abaixo de 1% em 2014. Texto relata que, após seminário na Confederação Nacional da Indústria (CNI), Barreto disse que Nunes "não pode antecipar" essa avaliação. "Ainda faltam dois meses para completar o ano e ainda tem a MP 651, que reabre o Refis. Ele não pode antecipar. Vamos ser sempre otimistas", disse o secretário da Receita.
ESTADÃO acrescenta que Barreto também recuou da avaliação feita por Nunes sobre o uso do Refis pelos contribuintes para obter certidão negativa de débito e deixar de pagar as demais parcelas devidas ao programa de refinanciamento de dívidas como governo. Ao ser questionado sobre a possibilidade de a empresa acreditar que haverá um novo Refis nos próximos meses, Barreto disse ser "um risco alto".
Com a perspectiva de reabertura do Refis, ESTADÃO registra que o secretário da Receita, Carlos Barreto, prevê a entrada de novas empresas entrarão no programa. Ele diz ainda esperar arrecadação de R$ 18 bilhões com Refis em 2014. Segundo Barreto, a proposta de simplificação do PIS e Cofins é discutida há dois anos, e o governo elegeu prioridades, como a desoneração da folha de pagamentos.
O GLOBO informa que o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, divulgará hoje o resultado das contas do governo central em setembro e deve sinalizar com medidas que serão tomadas pelo governo, para tentar melhorar as contas no ano que vem. Segundo o jornal carioca, no anúncio de hoje, o governo deve admitir, pela primeira vez, que a meta do ano não será cumprida e dizer o que será feito em relação à exigência prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que prevê uma economia de pelo menos R$ 49 bilhões em 2014, já com os descontos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e desonerações.
Ainda no texto, O GLOBO afirma que, para tentar resgatar a credibilidade da política fiscal, o governo pretende elevar o superávit primário (poupança para o pagamento de juros da dívida pública) em 2015, e cita que entre as medidas em estudo estão o aumento da Cide (tributo cobrado sobre os combustíveis) e a recomposição das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), a partir de janeiro.
VALOR ECONÔMICO afirma que o desempenho da indústria automobilística em outubro reforçou sinais dados desde setembro de que a crise no setor deixou de piorar. No entanto, texto pondera que os números seguem sem indicar uma reação consistente do mercado, o que leva montadoras a adotar novas medidas para ajustar a produção.
VALOR registra que, segundo informações do sindicato da região, a General Motors (GM) vai, a partir de 10 de novembro, afastar 850 operários da fábrica de São Caetano do Sul, em São Paulo, em esquema de "layoff".
Já O GLOBO informa que, para estimular o setor automotivo e evitar demissões, a equipe econômica do governo estuda, como medida emergencial, zerar o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos até 31 de dezembro. Segundo o jornal, o objetivo da medida é impulsionar as vendas neste fim de ano e ajudar o setor a desovar um estoque de 404,5 mil unidades, nas concessionárias e fábricas.Reportagem lembra que o setor automotivo é considerado estratégico pelo tamanho da cadeia produtiva e participação no Produto Interno Bruto (PIB) industrial.
Completando a pauta, CORREIO BRAZILIENSE informa que o governo deve alterar o método de cálculo do Fator Acidentário de Prevenção (FAP), que determina a alíquota do Seguro Acidente de Trabalho (SAT) que incidirá sobre a folha de pagamento das empresas. Texto relata que o Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) criou um grupo de trabalho para estudar seis propostas e espera aprovar as novas regras até 27 de novembro, data da próxima reunião do colegiado. Caso as mudanças sejam apreciadas, a nova metodologia terá validade a partir de 2016.
Novos desdobramentos sobre a suposta crise instalada entre Executivo e Legislativo estão em foco nos jornais do dia. A relação do governo com seus aliados no Congresso Nacional é colocada à prova mais uma vez pela mídia, que continua acompanhando de perto a pauta de votação pós-eleições e os debates em torno do reordenamento de forças políticas na Esplanada dos Ministérios.
A busca por mais unidade na Câmara e no Senado levou ontem o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, a pedir ao presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que remeta a ele a lista de projetos que a Casa quer votar até o fim do ano. A medida seria uma forma do governo se aproximar de um dos principais opositores ao governo dentro da base aliada, resumem os jornais.
O GLOBO, em manchete, avalia que o governo “deixou claro o temor com o clima tenso que permeia a relação com o Congresso”, depois da derrota na votação do decreto que prevê a criação dos conselhos populares. Ao jornal, Alves afirma que a conversa com Mercadante foi “institucional”, mas o texto pontua que “integrantes da base cobram a intensificação do diálogo entre o governo e seus aliados” e indica que a presidente tem acenado para uma mudança de postura.
O ESTADO DE S.PAULO, por sua vez, revela outra frente de ataque do Planalto para conter uma rebelião da base. Segundo o jornal, o vice-presidente Michel Temer (presidente nacional do PMDB), convocou uma reunião do conselho político do partido para o dia 5 com a pauta de unificar “o partido sobre o discurso a ser adotado para a reforma política”, mas a ideia é começar a negociar uma estratégia para “desidratar” a candidatura do líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), “desafeto da presidente Dilma Rousseff”, para a presidência da Casa.
Como ponto de atenção, reportagens destacam que o diretório nacional do PSDB pediu à Justiça Eleitoral uma auditoria especial no resultado do segundo turno, alegando “desconfiança propagadas nas redes sociais” que colocam em dúvida todo o processo eleitoral – da votação à contabilização dos votos.
O pedido tucano foi protocolado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o processo de verificação, caso seja autorizado, será feito por uma comissão de especialistas indicados pelos partidos. Conforme a FOLHA DE S. PAULO, o deputado Carlos Sampaio, coordenador jurídico nacional da sigla, afirma que não coloca em dúvida a lisura da apuração e o trabalho do TSE, mas justifica que surgiram “denúncias e desconfianças”, especialmente nas redes sociais.
A ação do PSDB gerou uma reação imediata no PT, advertem os jornais. O ESTADO DE S. PAULO expõe a posição da legenda sobre a questão e acusa os adversários de forçar um “terceiro turno”. O posicionamento oficial da sigla foi feito pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, que foi um dos coordenadores da campanha da presidente Dilma: “É inacreditável e vergonhoso.
O PSDB insulta a democracia e o povo brasileiro”. Parte do noticiário ainda abre espaços para abordagens relacionadas às investigações da Petrobras. Veículos revelam que a estatal tem agido para contornar os efeitos das recentes denúncias sobre o esquema de corrupção, que aumentaram no período eleitoral, com a ação de uma autoria externa. A Petrobras contratou dois escritórios especializados para investigar denúncias de corrupção derivadas da Operação Lava Jato.
Os impactos do aumento da taxa básica de juros mobilizam a cobertura econômica e abrem novas frentes para análises e especulações. A decisão tomada anteontem pelo Comitê de Política Monetária (Copom) – a Selic foi fixada em 11,25% ao ano – é passada a limpo pelos jornais. Informação do dia é que o dólar comercial registrou ontem queda de 2,43%, para R$ 2,408, e o dólar a vista caiu 1,65%, para R$ 2,4067. Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, fechou o pressão em alta de 2,52%. Especialistas avaliam que a alta da taxa Selic alimenta expectativas de que a condução da política econômica pode tomar rumo mais favorável aos olhos do mercado.
Em manchete, O ESTADO DE S. PAULO expõe que, dentro do movimento positivo no mercado financeiro, as ações da Petrobras se valorizaram devido à expectativa de que o “próximo passo do governo para recuperar a credibilidade possa ser o reajuste dos preços dos combustíveis hoje”. O conselho da estatal se reúne nesta sexta-feira.
Em texto correlato, ESTADÃO pontua que, “diante do conjunto das pressões inflacionárias, e não só o efeito da depreciação cambial, o mercado acredita que o Copom vai estender o ciclo de alta de juros”. Em consulta a diversas instituições, o jornal paulista assinala que a projeção mais frequente é a de que o “Copom seguirá elevando a Selic continuamente até março de 2015, mantendo o compasso de 0,25 ponto porcentual”, atingindo 12%.
Em abordagem semelhante, manchete do VALOR ECONÔMICO indica que o movimento de elevação de juros deve continuar. Citando uma autoridade do governo com trânsito na área econômica, o jornal afirma que o ajuste da taxa Selic sinaliza “o início de um novo ciclo de aumento de juros, embora ainda seja difícil mensurar sua intensidade e duração”. Com foco no câmbio, O GLOBO destaca que o recuo da divisa americana é o maior desde os 2,49% registrados em 18 de novembro do ano passado. Com a opinião de economistas, o jornal carioca analisa que a decisão do Copom foi vista “como um sinal de uma postura mais ortodoxa no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff”.
De volta ao VALOR, como ponto de atenção, outro destaque é a articulação do nome do governador da Bahia, Jaques Wagner, para assumir a Petrobras. Segundo a reportagem, o Palácio do Planalto busca uma solução política para a sucessão na estatal e Wagner, petroleiro de origem e ex-sindicalista, é o nome preferido do PT por ter “autoridade política e moral para restabelecer a normalidade na estatal”. Complementam a cobertura notícias sobre mudanças na proposta orçamentária para 2015. Alguns veículos revelam que a disposição do Palácio do Planalto é controlar determinados gastos, o que implicariam em uma revisão da proposta enviada ao Congresso de pelo menos R$ 50 bilhões.
CORREIO ECONÔMICO, coluna no CORREIO BRAZILENSE, corrige a informação publicada ontem. "Coluna trocou ontem o nome da instituição que suspendeu as bolsas de estudos para alunos de ensino fundamental. Em vez de SENAI, o correto é SESI".
Ainda no CORREIO BRAZILIENSE, como ponto de atenção, reportagem registra que as bolas de estudos destinadas a alunos do ensino fundamental do Serviço Social da Indústria (SESI) de Taguatinga, no Distrito Federal, estão com os dias contados. "A princípio, a prioridade está voltada para graduandos dos cursos técnicos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Contudo, até mesmo esses estudantes podem estar na mira dos cortes de gastos."
Na avaliação do Sindicato dos Trabalhadores em Entidades de Assistência Social e Formação Profissional de Brasília (Sindaf-DF), registra o texto, a suspensão dos benefícios pode ser o início da precarização dos serviços, levando ao fechamento da instituição. CORREIO informa que o SESI negou qualquer especulação sobre venda da área, e afirmou que a unidade está passando por mudanças, criando políticas e critérios de atendimento, com foco no público da indústria, reiterando ter grandes expectativas em relação ao próximo ano.
O ESTADO DE S. PAULO avalia a alta da taxa básica de juros, a Selic. Jornal reforça que a elevação da taxa foi correta, embora atrasada, e o único detalhe estranho foi a divisão dos membros do Comitê de Política Monetária (Copom): cinco votos favoráveis e três contrários ao novo aperto no crédito. "As pressões inflacionárias foram persistentes nos últimos quatro anos, enquanto a produção cambaleou, o investimento encolheu e a indústria nacional perdeu espaço fora e dentro do País. Um pouco de inflação poderá contribuir para a recuperação econômica na zona do euro e no Japão, mas as condições no Brasil são muito diferentes."
O GLOBO analisa os impactos da recente alta da Selic autorizada pelo Banco Central. Conforme o diário, a autoridade monetária “não poderia mesmo ficar de braços cruzados esperando uma contribuição, que nunca vem, da política fiscal, para conter a alta de preços (...) “Reeleita, os mercados esperam que a presidente Dilma anuncie medidas concretas - inclusive com nomeação de nova e melhor equipe econômica - para pôr as finanças públicas em ordem”.