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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Análise Diária de Mídia - 30 de outubro de 2014

Cobertura política ainda é majoritária, mas itens de interesse direto da indústria ampliam a presença no noticiário desta quinta-feira (30). A conjuntura macroeconômica é a principal responsável pelo movimento, que emite sinais claros de que não se esgotará tão cedo.

Jornais relatam assuntos que cruzam a agenda específica. Estão em alta conceitos como produtividade e concorrência. Os destaques se concentram em temas como desonerações, simplificação tributária e confiança do empresariado.

A aprovação da Medida Provisória 651, ontem, pelo Senado Federal, é tratada como uma das referências do dia. A proposição toma permanente a desoneração da folha de pagamento para 60 setores da economia e amplia o Reintegra (programa que devolve aos exportadores na forma de credito parte do PIS/Pasep e da Cofins). Além disso, a MP amplia o prazo para adesão das empresas ao programa de renegociação de dívidas conhecido como Refis da Crise.

FOLHA DE S. PAULO avalia que a reabertura do programa de parcelamento de débitos tributários federais (o prazo havia sido encerrado no dia 25 de agosto) pode ajudar a União, que enfrenta dificuldades para cumprir as metas fiscais estipuladas para o ano, a aumentar a arrecadação nos próximos meses.

O ESTADO DE S. PAULO ressalta que a votação da MP elevou os ânimos dos senadores da base de apoio do governo Dilma Rousseff e a oposição. A polêmica foi um trecho incluído pela Câmara no texto original enviado pelo Palácio do Planalto, permitindo o parcelamento de dívidas por improbidade. Para aprovar o texto antes dele "caducar", o Planalto precisou firmar um compromisso público com o veto do dispositivo no ato de sanção da MP.

O GLOBO reforça que a MP 651 traz de volta o Reintegra, que dá a exportadores crédito de PIS/Cofins sobre as vendas de manufaturados no exterior. Pelo texto original, o crédito seria apurado mediante a aplicação de alíquota que variava de 0,1% a 3% sobre o faturamento de exportações de bens manufaturados. No Congresso, o teto subiu a 5%. CORREIO BRAZILIENSE também aborda a aprovação da Medida Provisória 651.

Jornais exploram ainda a influência do Refis, na etapa de agosto, sobre o saldo de arrecadação federal em setembro, balanço que foi divulgado ontem pela Receita Federal (leia mais em ECONOMIA).

ESTADÃO reforça que o Refis, que visava “salvar o resultado das contas públicas de 2014”, decepcionou em setembro e deixou a Receita Federal sem saber como será o desempenho dos tributos até o fim do ano. Citando os dados divulgados ontem pela Receita Federal sobre a arrecadação do mês passado, o jornal registra que as empresas devedoras recolheram R$ 1,637 bilhão, quando se esperavam R$ 2,2 bilhões ao mês daqui até dezembro.

CORREIO BRAZILIENSE registra que, com exceção do programa federal de refinanciamento, os demais pontos levantados pela Receita em relatório divulgado ontem são preponderantemente negativos. "Sob o efeito dos indicadores macroeconômicos, sobretudo o desempenho da indústria, a arrecadação que incide sobre os rendimentos das empresas, como o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), fica prejudicada."

Como tema associado, a confiança da indústria e outros assuntos se projetam dentro do cenário econômico. Dados setoriais e a projeção de cenários reforçam a cobertura dedicada.

VALOR ECONÔMICO afirma que a melhora da confiança dos empresários industriais em outubro, quando o Índice de Confiança da Indústria (ICI) subiu 1,8% em relação a setembro, feitos os ajustes sazonais, foi totalmente influenciada pelas expectativas para os próximos seis meses, enquanto os indicadores relacionados ao momento atual seguiram piorando.

O comércio exterior é outro item que volta a ganhar repercussão dentro da agenda de interesse da indústria. O andamento das negociações de forma global e a busca do setor produtivo nacional para ter apoio do governo são assuntos que estão em evidência.

Como ponto de atenção, VALOR ECONÔMICO expõe que, diante da ameaça de um revés no Pacote de Bali, fechado pela Organização Mundial do Comércio (OMC) em dezembro do ano passado, o setor privado pressiona o governo brasileiro a manter integralmente seus compromissos de desburocratizar exportações e importações, além de se engajar na busca de um acordo plurilateral sobre medidas de facilitação de comércio.

Conforme o jornal especializado, em trabalho encomendado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que será apresentado nesta quinta-feira (30), a Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) calculou os ganhos potenciais com essa simplificação de procedimentos e a implementação do guichê único para reduzir a burocracia.

A política monetária é outro item relevante tanto para a pauta econômica em geral, como para a agenda da indústria. Ontem, contrariando as expectativas do mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, decidiu elevar a taxa básica de juros (Selic) de 11% para 11,25% ao ano (leia mais em ECONOMIA). Jornais registram a insatisfação do setor produtivo sobre o aumento.

O GLOBO reforça que a elevação dos juros foi alvo de críticas da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Ablipast), que veem prejuízo para a economia.

Informações relacionadas ao setor automotivo continuam ocupando espaços importantes no noticiário. Abordagens registram alguns movimentos de entidades para conseguir mais incentivos do governo.

VALOR ECONÔMICO informa, como mais um ponto de atenção, que representantes de marcas de carros importados estão negociando com o governo uma flexibilização nas cotas de importação do novo regime automotivo, que limitaram as vendas desse setor nos últimos dois anos. Texto informa que, na quarta-feira da semana passada, associados da Abeifa, entidade que defende os interesses dos importadores, estiveram no Ministério do Desenvolvimento para pedir a ampliação das cotas ao ministro Mauro Borges.

Na reportagem, VALOR acrescenta que pelas regras do novo regime automotivo, conhecido como Inovar-Auto, as cotas de importação de veículos vindos de mercados sem acordo comercial com o Brasil chegam a, no máximo, 4,8 mil carros por ano.

Já o BRASIL ECONÔMICO relata que a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), a Caixa Econômica Federal e o Banco Pan firmaram acordo que prevê taxas especiais para financiamento de veículos para pessoas físicas e permite o pagamento da primeira parcela depois do carnaval de 2015.
 
O GLOBO assinala que a indústria automobilística conta com os dois últimos meses do ano para desovar estoques elevados de veículos nas concessionárias e começar 2015 com pátios mais vazios. CORREIO BRAZILIENSE alerta que quem planeja comprar carro nos próximos meses pode ter uma surpresa desagradável.
 
A cena política pós-eleitoral continua a impactar a agenda geral. Crescem as especulações sobre a nova composição do governo. Jornais apostam em trocas de lugar ou mesmo substituições na Esplanada dos Ministérios – maior parte das abordagens está atrelada a movimentos partidários e ao retorno dos trabalhos do Congresso Nacional.

VALOR ECONÔMICO informa que “pelo menos 12 ministros poderão permanecer no segundo mandato, mas não necessariamente nos mesmos cargos”. Em reportagem concentrada no futuro sucessor de Guido Mantega no Ministério da Fazenda, a indicação é de que “entre todos os nomes já cogitados, o que mais se adequa ao estilo da presidente Dilma Rousseff é o do economista Nelson Barbosa, que foi secretário executivo da pasta”.

O GLOBO classifica o momento de negociação em curso como “xadrez” e afirma que, durante a reforma ministerial, a presidente Dilma Rousseff “dificilmente conseguirá satisfazer o PT e os partidos aliados, mesmo contando com 39 ministérios”.
Jornais descrevem como tenso o clima pós-eleitoral instalado entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional. A derrota imposta ao governo na Câmara dos Deputados na votação do decreto que cria os conselhos populares é observada de perto, sobretudo, porque o Senado também dá sinais de que adotará postura idêntica.

FOLHA DE S. PAULO vai além e alerta que a cúpula do Congresso indicou ontem que “pretende impor novas derrotas à presidente Dilma Rousseff nos próximos dias” colocando em votação projetos contrários aos interesses do Executivo.

Já O GLOBO informa que a bancada do PMDB na Câmara deflagrou ontem a campanha de Eduardo Cunha (RJ) para a presidência da Casa. Segundo a reportagem, Cunha foi reconduzido à liderança da legenda, um movimento que preocupa o Planalto, uma vez que o parlamentar tem o histórico de “encostar o governo na parede”.

O GLOBO revela ainda que Cunha ganhou da bancada a autorização para negociar com partidos a formação de um bloco que viabilize sua eleição à presidência da Câmara em fevereiro de 2015. “As primeiras conversas já estão sendo feitas com o ‘blocão’, grupo informal composto por PMDB, PR, PTB, PSC e Solidariedade e que atuou em votações contra o governo.”

“Os deputados petistas Arlindo Chinaglia (SP) e Marco Maia (RS) estão dispostos a enfrentar Cunha. Para rivalizar o favoritismo dele, o governo conta com negociações da reforma ministerial e de cargos de segundo escalão, além da liberação das emendas parlamentares ao Orçamento. Integrantes do PT avaliam que Cunha lançou seu nome cedo demais e que ficou exposto”, relata a reportagem do jornal carioca.
                              
Sobre as investigações envolvendo a Petrobras, O ESTADO DE S. PAULO registra a reação da estatal em confrontar as informações que fazem parte da delação premiada do ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa.

Colocando a direção da estatal da época do governo Lula na berlinda, a direção da Petrobras pediu à Justiça Federal que Costa responda qual a participação do ex-presidente da companhia, José Sérgio Gabrielli, e de Renato Duque e Nestor Cerveró (ex-diretores) no esquema de corrupção, pontua o ESTADÃO.

Complementando a cobertura do dia, destaque também para repercussões sobre a disputa eleitoral. Alguns veículos conferem espaços diferenciados aos vídeos divulgados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ex-candidato do PSDB ao Planalto, Aécio Neves, no Facebook.

Em uma gravação de oito minutos, Lula comenta o resultado da disputa, afirma que houve uma campanha contra o PT e ressalta ainda que tanto os eleitores da presidente Dilma Rousseff quanto os do presidenciável tucano deram uma “lição” nos políticos, pois mostraram que sabem o que querem do Brasil.

Já o vídeo do tucano é mais enxuto, tem menos de dois minutos. Nele, Aécio afirma ter disputado uma eleição desigual e acusa a campanha do PT de ter usado “infâmia e mentira” contra a candidatura dele ao longo da disputa presidencial. Aécio marca ainda o papel de oposição e diz que o governo será fiscalizado.



A elevação da taxa básica de juros (Selic) é destaque absoluto na cobertura econômica e está em evidência nas manchetes dos principais jornais do país. Mídia ressalta em tom de surpresa a decisão e faz associações diretas ao fato de a alta ter sido autorizada dias depois das eleições presidenciais.

O aumento promovido pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa de 11% para 11,25% ao ano e, de acordo com os jornais, veio na contramão das expectativas do mercado, que apostava na manutenção.

Além disso, reforçam alguns textos, o Copom sinaliza que novas altas podem ocorrer nos próximos meses, visando controlar a inflação. A decisão não foi unânime. Votaram pela elevação da taxa Selic para 11,25% os seguintes membros do Comitê: Alexandre Antonio Tombini (Presidente), Aldo Luiz Mendes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo e Sidnei Corrêa Marques. A manutenção da Selic foi defendida por Altamir Lopes, Luiz Awazu Pereira da Silva e Luiz Edson Feltrim.

Abordagens revelam que, apesar do ritmo fraco da economia, pesou o compromisso com o controle dos preços. O ESTADO DE S. PAULO, em manchete, destaca trecho do comunicado do Copom, no qual afirma ter “considerado ‘oportuno’ ajustar as condições monetárias para garantir um cenário mais ‘benigno’ para a inflação em 2015 e 2016”.

Manchete da FOLHA DE S. PAULO aponta que “a alta do dólar e a piora nas contas públicas foram os motivos que levaram o Copom a decidir elevar a taxa Selic”. Texto acrescenta que, caso o dólar continue pressionado, a tendência é o BC promover novas elevações de 0,25 ponto.
 
Em outra frente do noticiário, jornais destacam que o Senado aprovou ontem a medida provisória que reabre o prazo de adesão ao Refis (programa de refinanciamento de dívidas com a União) e torna permanente a desoneração da folha de pagamento para 59 setores, entre outras medidas. Após a promulgação da lei, o prazo de adesão será de 15 dias.

A arrecadação federal em setembro é outro assunto registrado. No mês passado, o governo recolheu R$ 90,72 bilhões em tributos – novo recorde para este mês, divulgou ontem a Receita Federal. Reportagens explicam que o valor foi impulsionado pelo pagamento, da segunda parcela, de contribuintes que participam do Refis – programa de parcelamento das dívidas com o governo – que somou R$ 1,63 bilhão no mês passado.

Apesar de ser recorde para o mês, veículos observam que o acumulado de 2014, o desempenho da arrecadação e o resultado do Refis estão abaixo das expectativas. “O secretário adjunto da Receita Federal, Luiz Fernando Teixeira Nunes, informou que a estimativa de crescimento foi reduzida e não chegará a 1%. O valor arrecadado entre janeiro e setembro é de R$ 862,510 bilhões e equivale a uma alta real de 0,67% em relação ao mesmo período de 2013”, relata O GLOBO.

Mídia nacional ainda reserva espaço para o fim do programa de estímulo à economia americana confirmado ontem pelo Federal Reserve (Fed), que também manteve a taxa básica de juros dos EUA entre zero e 0,25% (patamar mantido desde 2008).

 

CORREIO ECONÔMICO, no CORREIO BRAZILIENSE, informa que o “Serviço de Aprendizagem Industrial (SENAI), bancado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com dinheiro dos trabalhadores, avisou que não dará mais bolsas de estudos para alunos do ensino fundamental na unidade de Taguatinga, no Distrito Federal”. Texto relata que a diretoria da escola chamou os responsáveis pelos estudantes e alegou que as verbas foram cortadas. “A prioridade do SENAI passou a ser os cursos técnicos do Pronatec, menina dos olhos de Dilma Rousseff”.

CORREIO ECONÔMICO acrescenta que será cobrada uma mensalidade de R$ 900 para os alunos do ensino fundamental que quiserem continuar estudando na unidade do SENAI de Taguatinga, além do material didático. Como as aulas são em tempo integral, a fatura será acrescida da alimentação, pois o serviço foi terceirizado.


O GLOBO analisa a derrota do governo e do PT na rejeição pela Câmara do decreto presidencial dos conselhos populares. Segundo o jornal, o movimento já era esperado e explica por que: “na verdade, o 8.243 relativiza o papel do Congresso como espaço de representação política da sociedade, transferindo parte de seu poder para essas comissões, mesmo “consultivas”. O decreto é a materialização legal da política de aparelhamento do Estado, em curso desde o primeiro governo Lula, a partir de 2003”.

FOLHA DE S.PAULO aprofunda a discussão sobre os rumos da política econômica e faz referências ao gesto considerado surpreendente do Banco Central, que ontem decidiu elevar a taxa básica de juros (Selic) de 11% para 11,25% ao ano. Conforme o jornal, “passada a eleição, o governo se dedica agora à difícil tarefa de reverter a queda de confiança que paralisou os negócios neste ano. Pretende, assim, ganhar algum tempo para reformar a política econômica”.

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