O que interessa à indústria ainda segue atrelado nesta quarta-feira (08) aos contextos político e eleitoral. Jornais até tentam, mas poucos conseguem avançar na agenda específica de interesse do setor. O debate qualificado está quase sempre associado a previsões e tendências que levam em conta a cena em 2015.
Como ponto de atenção, registra-se em O ESTADO DE S.PAULO reportagem diferenciada que avalia os desafios da política industrial dentro dos programas de governo do PT e do PSDB.
ESTADÃO resume que, “em meio ao debate eleitoral quente sobre economia, estímulo à produção revela as divergências entre projetos” de Dilma Rousseff e Aécio Neves.
Na reportagem, ESTADÃO reproduz a avaliação feita por assessores dos dois candidatos ao Planalto, sob a ótica industrial, setor que recebeu, segundo a reportagem, “estímulos bilionários ao longo dos últimos anos”.
Arminio Fraga, escolhido como ministro da Fazenda de um eventual governo Aécio dispara: “Temos certeza de que o que está aí não funciona”. Apesar disso, o economista afirma que o processo para “desentubar o paciente” deve ser gradual e ocorrer em um ambiente mais favorável.
Em contraponto, Alessandro Teixeira, coordenador do programa de governo de Dilma, afirma que as políticas adotadas pela atual gestão foram bem-sucedidas. “Nossa posição é sempre de defesa e fomento à indústria brasileira”, afirma ao ESTADÃO, acrescentando que, num eventual segundo mandato, a receita será mantida. “O foco para os próximos anos será a manutenção e ampliação dos programas existentes e um amplo esforço para aumentar a produtividade da economia brasileira”, avisa.
Ainda na reportagem do ESTADÃO, outro item abordado é o comércio exterior. Arminio Fraga adianta que a proposta tucana é deixar de lado a regra que obriga o Brasil a negociar acordos comerciais como bloco econômico, buscando os mercados mais avançados, como Estados Unidos, Europa e China. Já Alessandro Teixeira avalia que esse seria um erro estratégico, uma vez que os países da América Latina são os “maiores mercados das exportações de produtos industrializados e manufaturados do Brasil”.
Temas relacionados ao comércio internacional também estão em evidência e, assim como ontem, ajudam a contextualizar discussões de curto prazo de forte apelo ao setor privado.
VALOR ECONÔMICO expõe, como outro ponto de atenção, que o governo atendeu a um pedido dos empresários e tirou da gaveta três decretos que esperavam somente a assinatura da presidente Dilma Rousseff para entrar em vigência. “Eles facilitam exportações brasileiras, principalmente de produtos manufaturados, ao dar o último passo na formalização de acordos comerciais firmados com países da América do Sul nos últimos quatro anos.”
Segundo o jornal especializado, dois decretos tratam de avanços nos acordos de complementação econômica do Mercosul com o Chile e a Bolívia fechados, respectivamente, em dezembro de 2010 e em agosto de 2011.
Texto do VALOR reproduz declaração atribuída ao especialista em negociações internacionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), FABRIZIO PANZINI: “Esses detalhes fazem toda a diferença para aumentar a segurança jurídica do exportador”, diz, complementando que, no mínimo, “esclarecem dúvidas e evitam perda de tempo com a burocracia”.
Em outra reportagem, VALOR destaca que uma portaria conjunta da Receita Federal e da Secretaria de Comércio Exterior, do mês passado, flexibiliza o uso de insumos no chamado drawback integrado na modalidade suspensão. Jornal explica que o benefício, que era esperado desde 2010 por indústrias de vários setores manufatureiros, “suspende a cobrança de tributos federais - Imposto de Importação, PIS, Cofins e IPI - na importação e na compra no mercado interno de insumos usados na fabricação de produtos destinados à exportação”.
Abordagens relacionadas ao câmbio também aparecem associadas ao panorama industrial, apesar de o foco principal ser a política econômica e os rumos do PIB neste ano.
O ESTADO DE S.PAULO publica avaliação feita pelo ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges, que afirma: o câmbio a R$ 2,40 por dólar é um piso ideal para a indústria nacional. “O mais importante é ter estabilidade, mas para a indústria o piso ideal é R$ 2,40”.
Dentro do contexto do mercado exterior com foco no setor automotivo, ESTADÃO destaca que as montadoras devem apresentar, em novembro, uma proposta para os governos do Brasil e da Colômbia. A informação foi antecipada ontem pelo presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan.
O GLOBO mostra o esforço da indústria automobilística em firmar novos acordos, como o que a Anfavea estuda com a Colômbia. Reportagem também avalia o movimento do setor frente aos benefícios concedidos pelo governo.
EDITORIAL ECONÔMICO do ESTADÃO alerta que a “aceleração das demissões nos últimos meses sugere que as montadoras não acreditam numa recuperação expressiva da produção e das vendas no último trimestre, apesar dos resultados melhores de setembro. O desempenho da indústria automobilística em 2014 é fraco”.
De volta ao VALOR ECONÔMICO, reportagem em LEGISLAÇÃO & TRIBUTOS relata que o Ministério da Fazenda autorizou, por meio de portaria, que as empresas deixem de pagar PIS, Cofins, Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e CSLL sobre os valores restituídos aos exportadores pelo novo Reintegra. Criado para ressarcir às empresas que exportam manufaturados os custos tributários embutidos nas respectivas cadeias de produção, o programa foi reaberto este ano.
A cobertura de eleições continua no centro da agenda da mídia, mas divide espaços hoje com assuntos de interesse geral. Especialmente as primeiras páginas estão mais variadas e densas. Há referências a fatos ocorridos ontem que movimentam o noticiário econômico e social.
A iminente aliança entre Marina Silva e Aécio Neves ocupa posição relevante. Jornais destacam que a ex-senadora, em meio a grande expectativa, deve anunciar amanhã (09) seu apoio formal à candidatura do tucano.
Reportagens trazem análises e comparações sobre o programa do PSDB, em contraponto com as propostas lançadas por Marina, e reproduzem a posição de Aécio para galgar mais apoio para o segundo turno. O senador declarou que pretende liderar uma “nova política”.
Pauta também traz previsões sobre como deve se posicionar o PSB, indicando que existe uma tendência em seguir a linha de apoio a Aécio.
Outro assunto que está em evidência é a avaliação da campanha petista em um dos mais importantes colégios eleitorais do país: São Paulo. Veículos registram com atenção o encontro ocorrido ontem, em Brasília, entre Dilma Rousseff e sua coordenação de campanha. O pronunciamento feito por Dilma sobre o mau desempenho do PT no estado é interpretado pelos jornais como uma autocrítica sincera.
Dilma anunciou reforços na equipe, com destaque para a chegada do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante. "Meu diagnóstico é assim simples: eu não tive voto [em São Paulo]. Não tem diagnóstico mais simples e mais humilde. Diagnostico que não tive voto. A gente pode fazer todas as suposições, mas tem que partir desse princípio e buscá-lo", disse a presidente.
Análise sobre o segundo turno é feita por ELIO GASPARI, em sua coluna na FOLHA DE S.PAULO e em O GLOBO. Texto sinaliza que o clima “chega de PT” e o “mais PT” dará ao pleito um tom plebiscitário. “Seria melhor se discutissem propostas para os próximos quatro anos. O PT carrega êxitos e escândalos, porém o programa de Aécio é mais uma coleção de platitudes e promessas. Seus capítulos para a educação e a saúde não enchem um pires.”
Destaque absoluto nas capas dos jornais, a manifestação do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre o atual momento da economia brasileira mobiliza analistas de várias correntes. Ontem, o organismo multilateral apresentou dados do relatório Panorama Econômico Mundial, indicando cenários pessimistas para o país.
O FMI prevê que a economia global crescerá 3,3% neste ano e a brasileira, 0,3% - o sexto corte seguido feito na projeção, indicando que o Brasil só cresce 10% do PIB global. Reportagens assinalam, conforme consta no documento, que os problemas brasileiros são primordialmente internos.
O ESTADO DE S.PAULO reproduz avaliação do chefe do Departamento Econômico do FMI, Olivier Blanchard. Como ponto de atenção, indica que a previsão do fundo contraria o discurso da presidente Dilma Rousseff e do ministro da Fazenda, Guido Mantega, “habituados a culpar o resto do mundo pelos fiascos brasileiros”.
O GLOBO expõe, reproduzindo trechos do relatório do FMI, que o corte ocorre devido à perspectiva “relativamente fraca” de crescimento do país, que caminha “abaixo da capacidade potencial de médio prazo” devido à crise de confiança de empresários e consumidores, ao aperto dos juros para combater a inflação e aos gargalos estruturais que afetam a competitividade.
FOLHA DE S.PAULO detalha que, enquanto a economia do mundo cresceu, em média, 3,5% nos últimos quatro anos (contando a projeção de 2014) e a dos países emergentes, 5,1%, o PIB brasileiro no período 2011-14 ficou em 1,6%. Jornal compara, ainda, que o “cenário ainda é mais otimista que o 0,24% citado no último relatório Focus do Banco Central”.
Mídia nacional também reserva espaço para a resposta do ministro Guido Mantega sobre as projeções do FMI. Para Mantega, a “previsão é equivocada”. “O FMI deveria ter se baseado no nosso potencial, porque temos mercado que outras economias não têm”, diz o ministro, conforme o CORREIO BRAZILENSE. “Estamos com crescimento baixo. Mas nossos fundamentos são sólidos”, disse o ministro.
Tema que também aparece com certo destaque no noticiário é o movimento do mercado financeiro com base no cenário eleitoral. Apontando como otimismo dos investidores, jornais registram que o dólar encerrou mais um dia em queda, caindo 0,94%, e atingindo R$ 2,40; e fez a bolsa brasileira ser a única dos principais mercados a fechar em alta.
Segundo O GLOBO, mais uma vez, o pregão foi impulsionado pelo desempenho das estatais, sendo que a Petrobras acumulou alta de 15,6% nos dois dias após o primeiro turno eleitoral.
Coluna PAINEL, na FOLHA DE S.PAULO, revela que a campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff vai “turbinar a divulgação de grifes como Pronatec e ProUni para reduzir a rejeição da classe média a programas sociais”. O ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, declara: “Vamos mostrar que é um direito, que não há nenhum privilégio nesses projetos”.
FOLHA DE S.PAULO cobra dos presidenciáveis uma postura mais engajada no sentido de elevar o debate político neste segundo turno com ideias e propostas relevantes. Em tom crítico, justifica: "a população brasileira teria muito a agradecer se Dilma Rousseff e Aécio Neves se inspirassem nessa prática e, deixando de lado a campanha negativa, fizessem do segundo turno um momento de debate de ideias e projetos de país. O horário eleitoral já vai recomeçar".
O GLOBO analisa o aumento do número de partidos representados por parlamentares no Congresso e afirma que tanta pulverização prejudica a democracia. "As distorções existentes nos trabalhos do Congresso e no próprio jogo político-partidário, em que criar partido virou negócio rentável, são suficientes para enfim se limitar a quantidade de legendas com cadeiras no Congresso, e a partir de inatacáveis critérios democráticos e de legitimidade", defende o jornal.
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