A escolha da nova equipe econômica para o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff ganha as edições das revistas que circulam neste fim de semana. Abordagens avaliam e repercutem a indicação de Joaquim Levy para o comando do Ministério da Fazenda. O assunto é destaque de capa da VEJA, ÉPOCA e ISTOÉ, mas também está em evidência na cobertura da CARTA CAPITAL e ISTOÉ DINHEIRO.
De modo geral, as reportagens elogiam a decisão e apontam que Levy é um dos defensores do controle fiscal e do arrocho das contas públicas, propostas defendidas pelos tucanos durante a campanha eleitoral. Analisam ainda o perfil do novo ministro e mostra as repercussões políticas e econômicas sobre a nomeação. Os veículos também noticiam que Armando Monteiro Neto vai chefiar o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e também registram outras indicações.
- CARTA CAPITAL avalia que ao nomear a nova equipe econômica, a presidente Dilma Rousseff repete o modelo adotado por Luiz Inácio Lula da Silva em 2003. “A presidente testará a mesma fórmula, um equilíbrio entre ortodoxos e heterodoxos na economia, uma líder ruralista na Agricultura (quem fará o contraponto no Desenvolvimento Agrário?) e um industrial sem indústria no Desenvolvimento”, aponta.
- A defesa de metas de contenção dos gastos e da dívida será um desafio para a relação entre Levy e o futuro ministro do Planejamento, registra a CARTA CAPITAL, acrescentando que o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior terá o senador Armando Monteiro Neto, ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
- Sobre a nova equipe de governo, MINO CARTA, em EDITORIAL da CARTA CAPITAL, sugere que algumas nomeações certamente têm aprovação do ex-ministro Antonio Palocci. “Sinto a presença de Antonio Palocci por trás do esforço de recompor o esquema inicial do primeiro governo Lula”, afirma. Para ele, o ex-ministro “está em plena atividade, ainda que se esgueire pelos cantos”.
- ROSA DOS VENTOS, na CARTA CAPITAL, afirma que “estrategistas políticos de longo curso fazem avaliação positiva dos primeiros movimentos de Dilma para o ministério. A escolha de Kátia Abreu, Armando Monteiro, Joaquim Levy e Nelson Barbosa, nomeações capazes de provocar engulhos em setores petistas, é avaliada como ‘jogada de mestre’”.
- Reportagem de capa da ISTOÉ indica que, mesmo sob os protestos do seu partido e de aliados, Dilma deu aos primeiros contornos do seu próximo governo uma aparência semelhante ao que seus opositores defenderam durante a eleição.
- “O sucesso do próximo mandato depende diretamente da retomada do crescimento e do controle dos gastos públicos, que andam desgovernados. Para fazer isso, foi preciso assumir, mesmo que a contragosto, que ela e sua equipe econômica erraram muito nos últimos anos”, avalia a reportagem da ISTOÉ. Conforme a revista, Joaquim Levy é ligado aos tucanos e um dos defensores do controle fiscal e do arrocho das contas públicas, “propostas que Dilma demonizou durante a campanha”.
- VEJA, também em reportagem, posiciona que Joaquim Levy traz a perspectiva de uma mudança radical na política em curso, com a previsão de um desejado controle nos gastos públicos e a volta do combate à inflação. Reportagem avalia que é uma “esperança” para retomar o crescimento. “Resta saber como Dilma conviverá com ideias diferentes das suas”, observa.
- Reportagem de capa da ÉPOCA assinala que o Brasil espera que Levy tenha “autonomia para fazer o que precisa ser feito”.
- ISTOÉ DINHEIRO destaca que a nova equipe econômica prepara um ajuste fiscal. “É o oposto do que a presidenta Dilma defendeu na campanha.” Levy deixou claro que o resgate da credibilidade das contas públicas é pré-condição para o País voltar a crescer. Para atingir as metas, o governo terá de ressuscitar alguns impostos como a Cide e a CPMF, diz Manuel Enriquez Garcia, presidente da Ordem dos Economistas do Brasil (OEB).
- Ainda segundo DINHEIRO, a definição da nova equipe econômica também gerou manifestações positivas das entidades do setor produtivo. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) pede responsabilidade e visão de futuro. “São pessoas sérias, preparadas e esperamos que consigam alcançar o melhor resultado”, afirma Paulo Skaf, presidente da Fiesp.
- Em outra reportagem, ISTOÉ DINHEIRO registra que Guido Mantega deixará em breve o Ministério da Fazenda sob críticas da oposição, mas pondera que seu legado não pode ser ignorado. “Avaliações sobre resultados da política econômica não costumam ser unânimes, mas a bem-sucedida atuação de Mantega durante a crise de 2008 é consenso entre os economistas.”
- FELIPE PATURY, na ÉPOCA, posiciona que o diagnóstico feito pelo novo ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, aponta maior fragilidade na economia do que as assumidas no anúncio de sua nomeação. Numa apresentação em julho, Barbosa previu aumentos da carga tributária, por meio da elevação da Cide e do PIS-Cofins. Previu que o PIB crescerá menos de 1% em 2015 e que a inflação só convergirá para o centro da meta em 2016. Pregou ajustes no abono salarial e no seguro-desemprego, entre outros pontos.
- BRASIL CONFIDENCIAL, na ISTOÉ, aponta que “a cúpula do PT sabe da guinada na economia ensaiada pela presidente Dilma Rousseff pelo menos desde a primeira semana depois do segundo turno. Os petistas tratam a nomeação de Joaquim Levy para a Fazenda como um teste com duração máxima de dois anos”.
- LEONARDO ATTUCH, na ISTOÉ, aponta que o novo ministro da Fazenda tem a missão considerada unânime de ajustar as contas públicas. “Ao agradar ao mercado, ele recebeu fogo amigo. Ao prometer um ajuste mais suave, virou alvo também de investidores”, observa.
- Ainda com foco na escolha de Levy para a Fazenda, PRIMEIRO PLANO, na ÉPOCA, expõe que a decisão significa uma guinada na política econômica. “Registramos que o discurso de campanha não era condizente com uma política econômica responsável e agora aplaudimos a decisão da presidente Dilma, ao reconhecer os erros de seu primeiro mandato”, posiciona a revista.
Fora da cobertura sobre a política econômica, outros assuntos de interesse para o setor fabril despontam no noticiário dos semanários.
- Entre outras abordagens, CLAYTON NETZ, na ISTOÉ DINHEIRO, afirma que “a preocupação com a crise hídrica chegou à CNI”. Nota informa que na próxima quinta-feira (4), a entidade se reunirá com dirigentes da Agência Nacional de Águas (ANA) para discutir uma agenda de ações de incentivo ao uso racional da água no setor empresarial. “A ideia é reduzir os riscos para a indústria decorrentes de situações de estiagem, como a vivida na Região Sudeste.”
- Como ponto de atenção, RADAR, na VEJA, afirma que “o governo deve ao Sistema S 700 milhões de reais por cursos que Senai, Senac, Senar e Senat realizam no Pronatec, o programa mais citado por Dilma Rousseff em sua campanha”.
- Em tom crítico, ISTOÉ destaca que à revelia da Lei de Responsabilidade Fiscal, governo faz manobra para oficializar a irresponsabilidade com o gasto público ao mesmo tempo que, orientado por uma lógica política, anistia municípios comandados em sua maioria por petistas ou partidos da base aliada.
- Também como ponto de atenção, CARTA CAPITAL noticia que, em Tremembé, roupas das Lojas Renner eram fabricadas por trabalhadores bolivianos em regime análogo ao escravo. A fábrica foi interditada pelo Ministério do Trabalho e 37 funcionários foram resgatados. “Apesar de terem registro em carteira, os trabalhadores viviam em alojamentos em condições degradantes, tinham descontos indevidos nos salários, trabalhavam em jornadas exaustivas, eram remunerados por produção e sofriam violência psicológica, verbal e física. Identificou-se ainda o crime de tráfico de seres humanos para fins de exploração laboral”, descreve a reportagem. A Renner poderá ser incluída na lista suja do trabalho escravo.
- Ainda conforme a revista, as indústrias têxteis brasileiras acusam as confecções estrangeiras, principalmente as da Ásia, onde as leis trabalhistas são menos exigentes e pouco se fiscaliza, de dumping social. “É preciso exigir que todos os países sigam um padrão de leis trabalhistas, pois, se o comércio é global, os meios de produção também precisam ser”, afirma Rafael Cervone, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção.
- A título de registro, DINHEIRO NA SEMANA, na ISTOÉ DINHEIRO, informa que depois da disputa pelo governo do Estado de São Paulo, Paulo Skaf, conseguiu estender seu mandato à frente da Fiesp pelo menos até 2017. “Há dez anos no cargo, o empresário foi beneficiado por uma alteração no estatuto, aprovada pelos filiados da Fiesp.”
- Complementando a pauta, ANTONIO DELFIM NETTO, na CARTA CAPITAL, pontua que “a construção da sociedade civilizada é um processo histórico, uma seleção quase natural, de construção, invenção ou descoberta de instituições sociais”. Segundo ele, toda a história da busca da sociedade civilizada é um longo processo de "tentativas" e "erros" dos homens que vão descobrindo instituições para tentar conciliar “a liberdade individual, a igualdade e a relativa eficiência produtiva”. “O que chamamos de ‘capitalismo’ (o conjunto de instituições que hoje nos governam) é apenas um episódio dessa história”, aponta.