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domingo, 23 de novembro de 2014

Análise Diária de Mídia - 23 de novembro de 2014

O debate macroeconômico centrado em questões que envolvem a reforma ministerial e a necessidade de o país ajustar as contas públicas volta a influenciar a cobertura de interesse da indústria neste domingo (23).

Há entre os jornais curiosidade sobre como os novos auxiliares da presidente Dilma Rousseff atuarão no sentido de equacionar os gargalos, atacando a inflação e sem prejudicar o crescimento.

Grande parte das abordagens está centrada na ideia de que as alternativas são poucas e no fato de que, necessariamente, o consumo e o investimento correm riscos – jornais paulistas associam essa realidade também aos avanços das investigações da operação Lava Jato.

Volta à tona uma discussão que ganhou espaços na semana passada: afinal, a operação Lava Jato tem potencial para paralisar o país?

O ESTADO DE S.PAULO registra que sim. Segundo o veículo, “mesmo sem saber quais punições as empresas sofrerão (se multas, cancelamento de contrato ou devolução de recursos), a expectativa é que elas tenham menos dinheiro para entrar em novos projetos em 2015”. Em abordagem coordenada, ESTADÃO reforça ainda que o cenário forçará a presidente Dilma Rousseff a apostar no capital privado, nacional e estrangeiro, para elevar o volume de investimento.

Já a FOLHA DE S.PAULO discorda. Em tom crítico, jornal reforça que “o pânico espalhado por advogados e agentes públicos de que o país pode parar caso empreiteiras denunciadas na operação Lava Jato sejam declaradas inidôneas é, por números e lógica, pouco racional”. Reportagem adverte que “a lei e o bom senso permitem que as obras que estão em andamento sigam normalmente”. FOLHA menciona o caso da empreiteira Delta.

Joaquim Levy, apontado como sucessor de Guido Mantega no Ministério da Fazenda, está no centro da cobertura com foco na reforma ministerial. A possível nomeação do economista é tida como certa pela mídia, que antecipa as possíveis dificuldades enfrentadas por ele e os demais ocupantes da equipe econômica.

O ESTADO DE S. PAULO registra que assessores da presidente Dilma Rousseff dizem que, apesar de já escolhido, Levy está longe de ser uma unanimidade no PT (leia mais em ECONOMIA). Texto cita que o senador Armando Monteiro foi convidado para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e lembra que o parlamentar foi presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo o jornal, Monteiro será o canal de negociação com os empresários do setor.

Coluna BRASIL S/A, no CORREIO BRAZILIENSE, afirma que as expectativas quanto à escolha do futuro ministro da Fazenda se voltam para a autonomia que a nova equipe deverá ter para formar a estratégia de ajuste fiscal e o programa de crescimento. Texto avalia que na área técnica o governo estará mais bem servido que hoje. "Mas o meio de campo com o empresariado seguirá fraco, fiando-se nos nomes cotados para a antiga pasta da Indústria e do Comércio. Ficará elas por elas: as maiores entidades empresariais (Fiesp, CNI, CNC etc.) também enfrentam sério problema de baixíssima representatividade".

Na FOLHA DE S. PAULO, jornalista Vinicius Torres Freire escreve em sua coluna que a equipe econômica formada por Joaquim Levy na Fazenda, Nelson Barbosa no Planejamento e Alexandre Tombini no BC faria um bom trio de atacantes da crise.

Em O ESTADO DE S. PAULO, o economista Jose Roberto Mendonça de Barros adverte em sua coluna que, nos últimos anos, a indústria brasileira vive um paradoxo: "Nunca tivemos tanta política industrial neste país (proteção elevada, volumes sem precedentes de crédito subsidiado, margens de preferência, variadas exigências de conteúdo nacional, garantia de compras e muitas outras coisas). Entretanto, nunca a indústria viveu uma crise tão profunda, inclusive, no quesito competitividade".

Também no ESTADÃO, artigo assinado pelo jornalista Rolf Kuntz afirma que, "sem nada melhor para apresentar, com a credibilidade arrasada e ainda acuado pelo escândalo da Petrobrás, o governo agora se esforça para fechar o ano com um resultado simbólico nas contas públicas".

Também na FOLHA, reportagem afirma que a grande dúvida sobre o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff é quanto ao "poder e a flexibilidade" da nova equipe em "mudar o rumo do que foi o primeiro mandato".

Em entrevista FOLHA, o economista indiano Ruchir Sharma, que chefia a divisão para mercados emergentes do banco Morgan Stanley, reforça que o Brasil ainda é "muito dependente" dos preços internacionais das matérias-primas, atualmente em queda, e "muito pouco competitivo" para desenvolver uma indústria manufatureira poderosa.

De volta a temas associados a investimentos e novos negócios, como ponto de atenção, coluna MERCADO ABERTO, na FOLHA DE S. PAULO, informa que estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) indicou que a ferrovia Norte-Sul, a maior em construção do país, só será competitiva se seus trilhos forem integrados a outros projetos ferroviários. Jornal relata que sob o controle da Valec (estatal de ferrovias), a Norte-Sul está em obras desde a década de 1980 e poderá chegar a uma extensão de 4.197 quilômetros de trilhos que passarão por nove Estados. Segundo a pesquisa da CNI, ao longo desse traçado, a interligação com as ferrovias Transnordestina e FIOL (Integração Oeste-Leste) será a mais estratégica.

FOLHA reproduz na coluna MERCADO ABERTO declaração atribuída a WAGNER CARDOSO, gerente de infraestrutura da CNI. "Essa será a saída mais barata para exportar a produção do agronegócio que está cada vez maior e se enraizando pelo Nordeste", analisou. Texto informa que juntas as três ferrovias poderão exportar commodities utilizando cinco portos diferentes: Vila do Conde (PA), Itaqui (MA), Pecem (CE), Suape (PE) e Ilhéus (BA).

Já O ESTADO DE S. PAULO publica entrevista com Gregory Stephanopoulos, professor do Departamento de Engenharia Química do MIT. Para ele, o Brasil está bem posicionado para produzir plásticos e combustíveis de matéria-prima renovável. Jornal paulista informa que, no mês passado, Stephanopoulos participou do 3º Fórum de Bioeconomia, organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em São Paulo. Para ele, o Brasil está mais bem posicionado que outros países para usar essas novas tecnologias, por ser capaz de produzir matérias-primas renováveis a custo baixo.

No contexto do comércio exterior, de volta à FOLHA, informação é que, apesar da parceria no grupo Brics e das trocas de elogios constantes, as relações econômicas entre Índia e Brasil permanecem tímidas, se comparadas a outros países. "Os investimentos diretos entre as duas nações são um exemplo. Entre janeiro e setembro deste ano, o Brasil destinou US$ 20 bilhões em investimentos diretos no exterior. As maiores quantias foram destinadas a ilhas Cayman (31,6%), um paraíso fiscal, Portugal (21,5%) e EUA (10,6%). A Índia recebeu US$ 1 milhão - apenas 0,05%".

Em O ESTADO DE S. PAULO, jornalista Renato Cruz complementa a pauta do dia e informa que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) assinou um acordo com o Conselho de Competitividade dos Estados Unidos (CoC). "Criado em 1986, o CoC é uma organização não governamental apartidária, formada por presidentes de empresas, reitores de universidades, líderes da sociedade civil e diretores de laboratórios dos EUA Com prazo de cinco anos, o acordo promoverá inovação, empreendedorismo e competitividade".


Sem grandes surpresas, jornais centram a maior parte das atenções nos desdobramentos da operação Lava Jato. Embora refém da pauta factual, veículos tentam se diferenciar por meio de abordagens exclusivas ou maneiras mais atraentes de apresentar os fatos.

Manchete de O ESTADO DE S. PAULO destaca que o senador Humberto Costa (PT-PE) “recebeu R$ 1 mi da Petrobras”. Em depoimento ao Ministério Público Federal, o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa afirmou que o dinheiro foi solicitado pelo empresário Mário Barbosa Beltrão, amigo de infância do senador petista e presidente da Associação das Empresas do Estado de Pernambuco, para a campanha eleitoral de 2010. O dinheiro teria saído da cota de 1% do Partido Progressista.

Em texto coordenado, ESTADÃO registra que “Costa negou ter recebido dinheiro não contabilizado e disse que Beltrão é um empresário com contratos na estatal que sempre atuou pela implantação do Porto de Suape e do Polo Petroquímico de Pernambuco”. Conforme o parlamentar, a acusação é caluniosa.

O GLOBO, também em manchete, informa que “o esquema de aparelhamento político (...) tem levado fundos de pensão de estatais a investir em negócios suspeitos”. A denúncia de funcionários e segurados é de que existe “um grupo, apelidado de 'Clube do Amém' composto por dirigentes de entidades indicadas por partidos. Eles recebem orientações para investir nos mesmos negócios duvidosos”.

Fora da agenda associada à crise na Petrobras, ESTADÃO destaca em reportagem de primeira página que “a PF e o MP investigam denúncia de que houve distribuição, pelo Ministério da Pesca, de carteiras de pescador no período eleitoral para pessoas que não praticam a atividade. A carteira dá direito a salário no período do defeso [proibição de pesca]”.



Noticiário econômico avança a partir de novas abordagens que retratam dificuldades do país na área fiscal e apontam a resistência do PT à indicação de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda. Em foco também, a acentuada discussão sobre o futuro do investimento no país diante de dificuldades domésticas associadas ao crédito e ao financiamento.

FOLHA DE S.PAULO, em manchete, informa que “a nova equipe econômica do governo Dilma Rousseff terá como primeiro desafio equacionar um rombo no Orçamento de 2015 que, a partir das mais recentes estimativas oficiais, ronda a casa dos R$ 100 bilhões”.

Mencionando dados sobre arrecadação e fazendo referências às expectativas de mercado quanto ao controle das contas públicas e crescimento do PIB, reportagem da FOLHA acrescenta ainda que “a superestimação do crescimento da economia e da arrecadação tem sido usual nesse período, assim como a subestimação de despesas obrigatórias. No projeto de Orçamento de 2015 também há gastos que podem ser revistos para cima”.

CORREIO BRAZILIENSE resume as consequências econômicas das dificuldades na Petrobras e aponta: “os escândalos de corrupção podem afetar diretamente a economia nacional. Maior empresa brasileira, a estatal responde por 13% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Para se ter uma ideia da sua importância, para cada R$ 1 que investe R$ 3 são adicionados à economia – um poder multiplicador impressionante. Um corte de 10% no plano de negócios da petroleira pode tirar de 0,1 a 0,5 ponto percentual do PIB”.

Em relação às especulações sobre quem serão os novos titulares da equipe econômica do governo, FOLHA relata de modo especial que “a presidente Dilma Rousseff encarregou-os de divulgar, no dia em que for anunciada oficialmente, um conjunto de medidas para garantir 'a sustentabilidade fiscal' do governo e atrair investimentos para retomar o crescimento da economia”.

De acordo com a FOLHA, o trio Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento) e Alexandre Tombini (Banco Central) já está trabalhando nas medidas a partir do que a equipe do ministro Guido Mantega vinha preparando para ser divulgado nesta semana. A equipe vai propor um ajuste "gradual e consistente" das contas públicas nos próximos anos e também ajustes de efeito imediato e ações de médio e longo prazos para garantir "confiança e sustentabilidade" ao país.


FOLHA DE S. PAULO publica uma série de reportagens sobre inovação e registra que os programas para financiamento em micro, pequenas e médias empresas a partir de empréstimos Inovacred, da Finep, e MPME Inovadora, do BNDES, emprestaram cerca de R$ 165 milhões em 2014, em 190 operações diferentes. As linhas foram iniciadas em 2013 e 2014, respectivamente.

De acordo com o jornal, esse tipo de recurso subsidiado, com taxas de juros abaixo da inflação, pode ajudar pequenas empresas a colocarem em ação planos de expansão. Mas, como sua obtenção está atrelada a uma análise sobre a capacidade de pagamento, projetos mais incipientes têm menos chances de obter os recursos. FOLHA afirma que uma opção para quem não inicia um novo projeto é apresentar, além de um plano de negócios com estudo detalhado do mercado, uma garantia ao banco em que fizer a operação.



FOLHA DE S.PAULO registra que permanece “indefinida” a equipe econômica do segundo mandato de Dilma Rousseff, “mas o governo ao menos tem dado sinais de que fará ajustes para restaurar a confiança do setor privado e manter viva a chance de uma retomada dos investimentos”. Conforme o jornal, metade do ajuste total deve vir em 2015 – “para 2016 o trabalho será mais difícil”. Em tom positivo, afirma: “se for confirmada a nomeação de Joaquim Levy para a Fazenda e de Nelson Barbosa para o Planejamento, além da manutenção de Alexandre Tombini na presidência do Banco Central, será um bom começo, que provavelmente comprará tempo com os mercados”.

O ESTADO DE S.PAULO escreve em tom crítico sobre inflação e detalha de que modo o repique de preços ameaça o crescimento e mina as expectativas. “O Executivo nunca agiu para limitar o efeito inflacionário da gastança. Como complemento, pressionou o BC, mais de uma vez, para afrouxar ou manter frouxa a política de juros. A tolerância à inflação é indisfarçável. A dúvida mais importante, neste momento, é se essa atitude será mantida. O resto é detalhe”.

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