10 perguntas para John Lechleiter, presidente da Eli Lilly
- Por: Denize Bacoccina
John Lechleiter, presidente da Eli Lilly ( foto: Joedson Alves) |
O químico americano John Lechleiter, presidente mundial do laboratório Eli Lilly, vê o Brasil como um mercado importante tanto para os remédios contra diabetes, comprados pelo governo, quanto para a linha de saúde animal, turbinada pelo crescimento da pecuária brasileira. Em visita para inspecionar a fábrica da empresa, em São Paulo, e conversar com autoridades do governo, ele reclamou da lentidão na autorização de testes clínicos, que deixa o País em desvantagem em relação a dezenas de países na área de estudos.
Qual foi o resultado das conversas com o governo brasileiro?
Queremos tornar mais rápido o processo de aprovação de testes clínicos. A Anvisa anunciou, recentemente, algumas mudanças no processo. Se isso realmente acontecer, o Brasil poderá fazer parte de uma grande rede global de estudos clínicos.
Muitas empresas reclamam da Anvisa. Por quê?
As autorizações aqui demoram demais. Muitas vezes temos planos de incluir pacientes brasileiros nos estudos, mas a janela de oportunidade se fecha antes de conseguirmos a aprovação. Pode demorar anos.
Qual é a importância de realizar esses estudos no Brasil?
O Brasil tem um sistema de saúde muito desenvolvido, com institutos de pesquisa importantes, mas emperra na burocracia. Desde 1995, já fizemos 200 pesquisas no País. Faríamos mais se a aprovação fosse mais rápida.
O processo de aprovação de medicamentos também é demorado?
Não temos tido problema com a aprovação para a venda. A demora é maior para a aprovação de testes.
Qual é a importância do governo brasileiro como cliente da Eli Lilly?
O governo é um cliente muito importante. No ano passado, vencemos uma licitação muito grande para a venda de insulina humana, e somos o principal fornecedor para o Programa Farmácia Popular.
Há planos de entrar no mercado de medicamentos genéricos?
Não. Somos uma empresa de medicamentos novos, inovadores. Investimos US$ 5 bilhões ao ano em pesquisa e desenvolvimento. Nossas pesquisas são focadas em diabetes, oncologia e neurologia, com medicamentos para doença de Alzheimer e doenças autoimunes, como lúpus, artrite reumatoide, psoríase. Com a compra da Novartis, vamos nos tornar o segundo maior laboratório do mundo em saúde animal.
Alzheimer é a nova fronteira para a Lilly?
Sim. Nos últimos 25 anos a Lilly ficou conhecida por medicamentos como Prozac, para depressão, Zyprexa, para esquizofrenia, Cymbalta, para depressão e dores. A maior parte dessas patentes expirou e o nosso foco mudou de psiquiatria para doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson. É uma área muito desafiadora. Em 2016, depois de 25 anos, poderemos ter resultados positivos para drogas que impeçam o avanço de Alzheimer.
Como a empresa pretende compensar a perda de receita com a queda das patentes?
Nesse mercado, quando você perde a patente, rapidamente perde vendas para um concorrente genérico. Nossa estratégia foi investir em pesquisa para desenvolver novos produtos, ao mesmo tempo que fizermos alguns ajustes para reduzir as despesas. Vamos lançar produtos a partir de 2015 para voltar a crescer.
Houve muita consolidação no mercado farmacêutico nos últimos anos. Depois da Novartis, há planos para novas compras?
Somos a única grande empresa farmacêutica do mundo que não se fundiu com nenhuma outra. Somos Eli Lilly há 138 anos e não temos interesse em aquisições ou fusões. Nenhuma dessas grandes fusões criou um aumento de valor sustentável no longo prazo. Acreditamos que o melhor caminho é continuar sozinhos.
A Elli Lilly tem planos para investir em doenças tropicais ou tuberculose, enfermidades que afetam os países em desenvolvimento?
Não temos, no momento, nenhum programa para doenças tropicais. Mas desde 2003 desenvolvemos um programa para tratar tuberculose resistente a outras drogas, com investimentos que chegarão a US$ 200 milhões até 2016.
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