O médico brasileiro Vital Brazil aplicou pela primeira vez, em 1901 o soro antiveneno.
Na segunda-feira (15), no Museu Nacional de História Natural de Paris, foi inaugurada uma placa comemorativa em homenagem a quatro grandes cientistas que contribuíram, há 120 anos, para a descoberta do soro antiveneno contra animais peçonhentos: os franceses Césaire Auguste Phisalix e Gabriel Bertrand, que trabalhavam no laboratório do Museu em 1888, Léon Charles Albert Calmette, do Instituto Pasteur, e o médico brasileiro Vital Brazil Mineiro da Campanha, conhecido como Vital Brazil.
A cerimônia homenageou os 120 anos da descoberta da solução defintiva das consequências do envenenamento por animais peçonhentos.
Apesar da descoberta de Vital Brazil ter sido feita no século passado, o soro antiveneno continua salvando milhares de vida até hoje, como confirma Iara Cury, diretora da Divisão de Desenvolvimento Científico do Instituto Butantã de São Paulo, fundado por Vital Brazil em 1899: "O melhor tratamento para os envenamentos por animais peçonhentos é ainda a soroterapia descoberta por Vital Brazil em 1901; ela é a mais efetiva e é a que realmente pode curar ou melhorar o estado das pessoas. O tratamento não é preventivo, é quando a pessoa é mordida que recebe o soro", explica a cientista.
O Instituto Butantã tem colaborações internacionais dentro da própria América Latina, na América do Norte e na Europa; neste continente desenvolve colaborações principalmente com o Reino Unido, França e Alemanha.
Diálogo científico franco-brasileiro
Antônio Joaquim Werneck de Castro, presidente do Instituto Vital Brazil de Niterói, fundado em 1919, estava presente na cerimônia em Paris e fez um longo discurso contando a trajetória e várias curiosidades sobre Vital Brazil. Ele observa que a inauguração da placa em homenagem aos quatro cientistas consolida um diálogo científico franco-brasileiro iniciado há muito tempo: "Esses quatro cientistas são os que estão registrados como troca científica brasileira e francesa. Claro que temos grandes naturalistas, ingleses, alemães, que visitaram o Brasil no século XIX, .mas os franceses tiveram grande influência na medicina brasileira.
Naquela época, o Instituto Pasteur era a referência e grandes nomes como Carlos Chagas, Oswaldo Cruz e Vital Brazil passaram também. "Todas as experiências de Vital Brazil e a polêmica científica criada por ele ao argumentar que o soro antiveneno desenvolvido pelo Instituto Pasteur não era eficaz mundialmente, foram anotadas integralmente. E essa polêmica, esse processo científico foi muito bom para a gente"observa Werneck de Castro.
Os cientistas franceses e a soroterapia antiveneno
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Além de Vital Brazil, também foram homenageados três renomados cientistas franceses.
Césaire Auguste Phisalix (1852-1906) era médico e entrou para o Museu nacional de História Natural de Paris em 1888, onde começou suas pesquisas sobre o veneno da salamandra terrestre e da víbora.
Gabriel Bertrand (1867-1962) era químico, biólogo e farmacêutico. Começou a trabalhar no Museu de História Natural em 1886, aos 19 anos. Com Césaire Phisalix, fez experimentais sobre o veneno da víbora Em 1900 foi convidado para trabalhar no Instituto Pasteur e ajudou na criação do Instituto de Biologia Química. Ficou famoso por seus trabalhos na área da bioquímica.
Léon Charles Albert Calmette (1863-1933). Era médico e entrou para o Instituto Pasteur em 1891, depois de ter trabalhado como médico da Marinha francesa durante dez anos. Fundou e dirigiu duas filiais do Instituto, uma em Saigon, no Vietnã, e outra em Lille, na França. Em 1920 descobriu com
Jean-Marie Camille Guérin o Bacillus Calmette-Guérin, empregado na produção da vacina BCG contra a tuberculose.
Cerimônia no Anfiteatro
A cerimônia de inauguração da placa com as imagens dos quatro cientistas foi realizada no Anfiteatro do Museu de História Natural.
O pianista carioca Eduardo Monteiro encerrou a homenagem, interpretando obras do compositor francês Claude Debussy, e dos brasileiros Francisco Mignone e Heitor Villa-Lobos.
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