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segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Instituto Vital Brazil inicia intercâmbio com universidade de Zurique

USP também integra projeto para mapeamento genético de venenos
  
Pesquisadora do instituto manipula cobra coral, primeira espécie a ter o veneno mapeado pela nova técnica - Guilherme Leporace / Agência O Globo


Com o objetivo de melhorar a eficácia dos soros antipeçonhentos que produz, o Instituto Vital Brazil (IVB) iniciou na última semana um intercâmbio com pesquisadores europeus. Na primeira ação do projeto, o cientista alemão Jochen Bick (formado pela Universidade de Jena, Alemanha, e doutor da Universidade Técnica de Zurique — ETH-Zurique), e a professora Paula de Carvalho Papa, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP), ministraram um curso para os pesquisadores do IVB.

O intercâmbio possibilitará aos pesquisadores do instituto o desenvolvimento da técnica transcriptômica. O diretor científico do IVB, Rafael Cisne, explica tratar-se de um processo de mapeamento que possibilitará a identificação de todos os componentes presentes nos venenos das cobras.

— Quando utilizamos essa técnica, atingimos a venômica (identificação de proteínas envolvidas na fisiopatologia de envenenamentos animais), que nos permite saber todas as relações de cada base nitrogenada de um DNA.

Cisne acrescenta que o método é o mais moderno, atualmente:

— A ideia principal é elaborar um mapa do veneno de cada população de serpentes. Isso porque uma mesma espécie pode ter o veneno diferenciado, dependendo, por exemplo, do local onde vive. Por isso, precisamos trabalhar venenos retirados de cobras de todas as regiões do Brasil, pois o soro que produzimos vai para todo país. No Sul, uma serpente tem um veneno diferente de uma serpente do Norte, apesar dede serem da mesma espécie.

Para desenvolver a técnica em Niterói, cerca de 20 colaboradores do IVB participaram do curso “Transcriptômica: análises e validações”, na semana passada. Segundo Cisne, o Instituto Vital Brazil começará a aplicar a técnica em células das glândulas produtoras de veneno de cobras coral, uma das mais peçonhentas.

— É uma serpente bastante comum nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, e que tem um veneno bem forte. Por meio da transcriptômica, vamos obter a venômica das serpentes e melhorar ainda mais a composição dos soros — explica.

Ainda de acordo com Cisne, o intercâmbio com a universidade de Zurique e a USP permitirá ao Vital Brazil adquirir o conhecimento essencial para desvendar mais rapidamente o mapeamento genético de venenos.

— O Instituto está discutindo uma parceria bilateral com a Universidade de Zurique. Esse expediente visa ao aperfeiçoamento técnico da equipe de pesquisadores do Vital Brazil. Ainda assim, é uma pesquisa de longo prazo — pondera.

Atualmente, o Instituto Vital Brazil produz vacinas contra tétano e raiva e soros antipeçonhentos, usados no tratamento de acidentes com cobras, aranhas e escorpiões

O Globo, por LEONARDO SODRÉ

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