Abordagens analíticas pós-eleições apontam para os desafios do próximo governo da presidente Dilma Rousseff. No centro do noticiário das revistas que circulam neste fim de semana, novos panoramas políticos e econômicos se sobressaem.
Revistas são unânimes em situar que um dos maiores desafios é fazer com que a economia brasileira volte a crescer. Textos opinativos e entrevistas qualificam as análises.
Revistas são unânimes em situar que um dos maiores desafios é fazer com que a economia brasileira volte a crescer. Textos opinativos e entrevistas qualificam as análises.
- Em entrevista à CARTA CAPITAL, o ex-ministro Antônio Delfim Netto adverte que crescer é a única alternativa para a economia no próximo governo e que, se a presidente Dilma Rousseff não restabelecer a confiança no setor econômico, vai perdê-la no campo social.
- “Se não fizermos esse ajuste, o País vai perder o grau de investimento estabelecido pelas agências de classificação de risco. E isso teria um efeito muito grave no fluxo de capitais. Está nas mãos do governo impedir que aconteça”, explica. Para ele, o desafio é avançar sem perder o que foi conquistado. “Continuar, no entanto, o processo de inclusão na velocidade anterior não será mais possível, a não ser se o Brasil retomar o crescimento”, pontua Delfim.
- Ainda segundo Delfim Netto, o Brasil parou por ter sacrificado o setor industrial. Indagado se a indústria tem salvação, ele afirma que sim. “Dois terços do comércio internacional são realizados entre as 500 maiores empresas do mundo. Dessas, 400 estão instaladas no Brasil. Temos de voltar a conversar com essas companhias, discutir maneiras de incluir a nossa economia nas cadeias globais. O câmbio é importante, mas não é tudo. Temos um enorme mercado interno, é fato. Precisamos, porém, do mercado externo para ganhar escala”, afirma.
- Em artigo na CARTA CAPITAL, Jaques Wagner, governador da Bahia, também analisa os desafios que se avizinham para o novo governo de Dilma Rousseff. Sobre a economia, afirma que “enfrentamos a necessidade de retomar o crescimento e, ao mesmo tempo, manter sob rigoroso controle a inflação, sem perder de vista a ampliação da oferta de emprego renda”.
- Wagner pontua ainda que, nas relações com o empresariado, “novas pontes precisam ser construídas para recuperar o nível de investimento privado, tanto na indústria como na agricultura, avançar no aumento da produtividade industrial, mobilizar os recursos da intermediação comercial e logística e consolidar o crescimento dos serviços”.
Ainda no contexto pós-eleições, conjecturas e expectativas em torno do próximo mandato de Dilma, merecem atenção as entrevistas concedidas pelos tucanos Aécio Neves, derrotado no último domingo (26), e pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
- À VEJA, Aécio promete fazer oposição aguerrida ao governo. “Seremos firmes porque nossos eleitores reprovaram nas urnas os métodos do PT, sua visão de mundo, seus desvios éticos, a forma como compõe o governo e a forma como governa. Não vamos permitir que o governo desvie a atenção dos brasileiros do maior escândalo de corrupção da nossa história, o da Petrobras”.
- Já ÉPOCA entrevista o ex-presidente Fernando Henrique que analisa a campanha eleitoral e cobra de Dilma Rousseff gestos mais efetivos de mudança. “Ela fala em reforma política, mas não fala o que haverá nela. Fala em um plebiscito, quando o termo mais apropriado é referendo. Nós, da oposição, temos de manter a cabeça altiva e os olhos atentos. Importa o que ela fará, não o que ela diz”.
- Também ÉPOCA mostra, em reportagem com chamada na capa, relatos de pessoas de diferentes estratos sociais que revelam o que esperam do próximo governo de Dilma Rousseff. Revista adverte que os brasileiros perderam a confiança para investir e consumir. “Todos eles, especialmente os mais pobres, dependem de melhorias na economia. Esta deve ser a prioridade da presidente Dilma”, afirma. Reportagem aponta que a prioridade é fazer com que o país volte a crescer e a gerar empregos e que, para isso acontecer, “Dilma precisa recuperar a confiança dos brasileiros que trabalham, poupam, consomem, geram empregos e fazem o país crescer”.
Conforme registrado ao longo da semana, noticiário mantém atenções à escolha da nova equipe de governo, com grande expectativa quanto à definição, em especial, do nome do novo ministro da Fazenda.
- Carlos José Marques, diretor editorial da ISTOÉ DINHEIRO, em DINHEIRO DA REDAÇÃO, posiciona que o grande ponto de interrogação que se apresenta ainda em meio à ressaca pós-eleitoral é sobre qual será a equipe econômica do governo. “Tudo que o governo, em ritmo de segundo mandato, precisa agora é resgatar a credibilidade de mercado e só conseguirá isso com a escolha de nomes fortes, de fora dos habituais quadros partidários, para compor o ministério”, enfatiza. Segundo ele, “muito embora se saiba que a presidenta Dilma dará pessoalmente o tom das medidas macroeconômicas nesse segundo mandato, a escolha de auxiliares de larga influência no mercado e de testada capacidade pode imprimir ânimo e otimismo entre os investidores”.
- Na avaliação da CARTA CAPITAL, a montagem da nova equipe será mais importante do que no início do primeiro mandato. “Mostrará se de fato ela (Dilma) entendeu o recado das urnas e está disposta ao diálogo”, afirma a reportagem. Entre os nomes mais cotados, texto aponta que o favorito a novo ministro da Fazenda é o economista Nelson Barbosa, número dois na pasta até junho de 2013. O industrial Josué Gomes da Silva deve ir para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
- ISTOÉ DINHEIRO destaca, também com chamada de capa que, ao escolher o próximo ministro da Fazenda, a presidente Dilma Rousseff irá mostrar aos mercados se está disposta ao diálogo com as forças produtivas da sociedade ou se a busca da união vai ficar apenas no discurso da vitória.
- Reportagem coordenada da DINHEIRO assinala que o perfil do futuro ministro da Fazenda ainda é motivo de debates internos no Palácio do Planalto. Mas a primeira tarefa do novo ministro já está definida: “ele terá que evitar o rebaixamento da nota de classificação de risco (rating) dos papéis de dívida brasileiros”. Segundo a reportagem, as agências estão de olho, especialmente na relação entre o desempenho da economia (quanto melhor, maior é a arrecadação de impostos) e a adequação dos gastos do governo.
- ISTOÉ pontua que a escolha do ministro da Fazenda poderia acalmar o mercado e os empresários. Reportagem menciona que o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, está entre os mais cotados.
- Em tom crítico, revista afirma que, na primeira semana depois das eleições, Dilma "atropelou o Congresso, adiou as trocas na equipe econômica e, ao contrário do que pregou na campanha, assistiu ao Banco Central aumentar a taxa de juros". Texto cita que ainda não houve uma ampla reunião ministerial entre Dilma e os integrantes do primeiro escalão para tratar do novo governo.
- CIRO GOMES, secretário de Saúde do Ceará, em artigo na CARTA CAPITAL, aponta que Dilma Rousseff “só venceu as eleições pelo fato de a maioria precária de nós, brasileiros, perdoarmos as graves contradições de sua governança e, especialmente, de sua condução da economia”. Ele avalia que foi “incrível” que ela tenha escapado da derrota com a equipe que montou no governo e sugere que a presidente “precisa de melhores companhias”.
- PODER, na ISTOÉ DINHEIRO, afirma que é certo que o governador baiano, Jaques Wagner, voltará a despachar em Brasília. “Após ocupar as pastas das Relações Institucionais e do Trabalho no primeiro mandato do presidente Lula, Wagner foi convidado a integrar o primeiro escalão do governo pela presidente Dilma Rousseff, em encontro realizado na segunda-feira 27. A preferência do governador baiano é pelo Ministério do Desenvolvimento. Nos últimos anos, o atual inquilino do Palácio de Ondina acostumou-se à interlocução com o setor privado. Nesse período, 485 empresas se instalaram na Bahia, com investimento de R$ 19,3 bilhões.”
- Segundo BRASIL CONFIDENCIAL, na ISTOÉ, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, citado na Operação Lava Jato, deixará o cargo. “No seu lugar, o governador eleito de Minas Gerais, Fernando Pimentel, quer emplacar o conterrâneo José Fernando Coura, que preside o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).”
- CLAYTON NETZ, na ISTOÉ DINHEIRO, aponta que apesar das insatisfações do mercado com a condução da economia pelo governo da presidente Dilma Rousseff, um setor em especial não se cansa de tecer elogios ao pessoal do Ministério da Fazenda. “O presidente da Bradesco Seguros, Marco Antônio Rossl, classificou Paulo Rogério Caffarelli, secretário-executivo da Fazenda e que foi vice-presidente do Banco do Brasil, como ‘um nome forte de mercado que vem ajudando no diálogo com o setor’. Rossi é um dos nomes cotados para substituir o atual presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, cuja aposentadoria está prevista para março de 2017.”
- De volta a PODER, também em DINHEIRO, afirmação é que a pesquisa Focus da próxima segunda-feira (3) com economistas do mercado financeiro, será o primeiro teste da reação às declarações da presidenta Dilma Rousseff sobre mudanças na economia. “A afirmação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que a reeleição sinaliza a aprovação à política econômica não caiu bem nem mesmo no governo”, aponta a coluna.
Entre abordagens da agenda de interesse, destaque está na cobertura do Salão do Automóvel, de São Paulo.
- ISTOÉ registra que se até agora os resultados alcançados pelas empresas automotivas foram ruins, os últimos dois meses de 2014 estão sendo encarados com certo otimismo. “As montadoras esperam que, nesse período, a indústria se recupere um pouco. Novas previsões anunciadas no Salão do Automóvel apontam uma estimativa de queda nas vendas de 7,5%, em vez dos 8,9% projetados anteriormente. Para 2015, as montadoras anseiam por medidas que estimulem as vendas, como a redução das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)”, situa a reportagem. Texto aponta que os lançamentos a preços acessíveis e ligeira melhora das vendas fazem a feira espantar o pessimismo do mercado brasileiro e que o discurso da mudança predominou no evento.
- Também sobre o Salão, ISTOÉ DINHEIRO destaca que a indústria automobilística demonstrou preocupação com as vendas no ano que vem. Desde o ano passado, o setor tem colecionado notícias ruins e os ânimos esfriaram. Para grande parte dos executivos, será mais um ano perdido, sem crescimento nas vendas, no terceiro período de estagnação após uma década de avanço ininterrupto. Segundo a reportagem, a expectativa de um ano morno em 2015, compartilhada por ao menos sete montadoras, é encarada até com certo alívio pelo setor.
Encerram a cobertura setorizada abordagens pontuais sobre relações trabalhistas, balanços de arrecadação e a crise hídrica.
- RICARDO BOECHAT, na ISTOÉ, aponta que “ministros, juízes e procuradores do Trabalho, além de centrais sindicais, estão apreensivos com as propostas de terceirização livre que entidades da classe empresarial insistem em fazer chegar à presidenta Dilma Rousseff. Segundo os magistrados, a agenda é passo incompreensível para o trabalho degradante, que nem combina com as práticas da indústria nacional. Para ilustrar, na vice-presidência do TST hoje uns 50 mil processos envolvendo a contratação de trabalhadores por empresas intermediárias estão parados até que o STF crie nova jurisprudência sobre o tema”.
- DINHEIRO EM NÚMEROS, na ISTOÉ DINHEIRO, anota que a "arrecadação de impostos e contribuições federais somou R$ 90,72 bilhões em setembro, recorde para o mês, de acordo com dados divulgados pela Receita Federal na quarta-feira 29. Corrigido pela inflação, esse valor representa uma alta de 0,92% em relação ao mesmo período do ano passado. No acumulado de janeiro a julho, o valor foi de R$ 862,51 milhões, uma variação real de 0,67% na comparação com o mesmo período de 2013".
- Ainda em DINHEIRO alerta sobre as consequências para a falta de água em São Paulo. Revista narra a situação da Rhodia, a "primeira vítima" da escassez a ser atingida no setor industrial. "A fabricante de produtos químicos Rhodia, controlada pela multinacional belga Solvay, adotou um insólito rodízio de fábricas, na semana passada, para não paralisar sua produção por completo. As unidades afetadas estão localizadas no polo petroquímico de Paulínia, na região de Campinas, no interior do Estado, uma das mais afetadas pela seca do Sudeste".
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