Evento
ocorre em sintonia aos 10 anos de aprovação da Política Nacional de Plantas
Medicinais e Fitoterápicos
Fotos: Aluízio de Azevedo
A
utilização de plantas medicinais na prevenção de doenças e alívio das dores é
um dos processos terapêuticos mais antigos da humanidade. Há milênios, a
cultura popular conhece uma diversidade de usos e espécies vegetais, passadas
de geração em geração, que servem para combater desde um simples resfriado até
no complemento de tratamentos de doenças complexas, obesidade e diabetes.
Plantas como a canela, o ginseng, a pata de elefante, o boldo, a carqueja, ou o
ibisco, contêm princípios ativos que são a base para criar medicamentos
fitoterápicos.
O
Ministério da Saúde (MS) regula o tema por meio de duas políticas nacionais,
ambas aprovadas em 2006: a Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares (PNPIC), que institucionalizou a fitoterapia e outras práticas
alternativas como a homeopatia, a medicina chinesa (acupuntura) e a medicina
antroposófica no Sistema Único de Saúde (SUS); e a Política Nacional de Plantas
Medicinais e Fitoterápicos, que visa garantir à população brasileira o acesso
seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, promovendo o uso
sustentável da biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia produtiva e da
indústria nacional.
Neste
contexto, a “Fitoterapia em Distúrbios Endócrinos” foi o tema da VI Jornada de
Fitoterapia do Rio de Janeiro (FitoRJ) e do II Encontro de Fitoterapia do
Hospital Federal do Andaraí (HFA). Realizados pela Associação Brasileira de
Fitoterapia (ABFIT) em parceria com a Clínica da Dor do HFA, os eventos
ocorreram em paralelo nos últimos dias 24 e 25 de junho (sexta e sábado) e
contaram com a participação de profissionais das redes municipal, estadual e
federal de saúde, bem como estudantes da área.
A
abertura da jornada, que aconteceu no Auditório do Centro de Estudos, Dr. José
Wazen da Rocha, contou com a presença do vice-diretor do HFA, Luis Eduardo
Nunes Leite. O médico ressaltou a importância do uso das plantas medicinais
dentro das unidades de saúde. “No HFA temos um ambulatório específico para a
fitoterapia, que é uma das terapias alternativas adotadas, que atua em conjunto
com a Clínica da Dor e o Serviço de Desospitalização, atendendo em média 50
pacientes por mês de diversos serviços”.
O
ambulatório funciona em parceria com a ABFIT, que disponibiliza duas
profissionais nutricionistas com formação em fitoterapia para realização do
atendimento. Além disso, serve como ambiente de ensino para alunos,
profissionais vinculados ao Centro de Estudos da unidade e à Clínica da Dor.
Este trabalho é coordenado pelo médico do HFA e vice-presidente da ABFIT, Alex
Botsaris. O médico foi um dos palestrantes abordando o tema “Fitoterapia em
Doenças da Tireoide”.
Resultados
Na
ocasião, Botsaris destacou que o tratamento mais procurado no ambulatório é
para obesidade, mas atendem pacientes de todos os serviços e clínicas,
inclusive diabéticos, oncológicos, e/ou com problemas da tireoide. Para ele,
não resta dúvidas quanto ao êxito dos resultados: “a participação do
ambulatório de fitoterapia na assistência é um sucesso entre os pacientes. Essa
terapia pode melhorar a eficiência e reduzir custos da medicina convencional,
com resultados que afetam diretamente na boa saúde e satisfação do usuário”.
Segundo
o especialista, a fitoterapia pode tratar outras condições em que a medicina
convencional não enfatiza. “Essa abordagem abrange diferentes perfis de
pacientes, desde os que necessitam de cuidados paliativos, com dor crônica, até
os que estão em tratamento para a obesidade”, explica Botsaris ao comentar, por
exemplo, que o ginseng pode ser utilizada conjuntamente com medicamentos
alopáticos (remédios industrializados) para o controle de hiper ou
hipotireoidismo.
“O
gingeng é uma planta termogênica e estimulante metabólica, que possui a
capacidade de estimular o metabolismo, o que ajuda a modular os receptores de membranas
da tireoide, e, através disso, melhorar a qualidade de recepção do hormônio que
for indicado”, explica o médico.
Já
a presidente da ABFIT e nutricionista Angélica Fiut, uma das profissionais que
atende no ambulatório do HFA, lembra que muitos estudos puderam comprovar a
eficácia terapêutica das plantas medicinais após o Ministério da Saúde regular
o tema por meio da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares
(PNPIC) e da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, ambas
aprovadas em 2006: “tivemos um reconhecimento por parte dos profissionais e uma
adesão crescente ao atendimento por parte dos pacientes, desde a aprovação das
duas leis”, finaliza.
Texto:
Aluízio de Azevedo e Pâmela Pinto / Ascom-MS-RJ
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