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quarta-feira, 29 de junho de 2016

Saiba por que o Ministério da Saúde quer incentivar a redução do consumo de sódio e açúcar no Brasil

Estima-se que 24,9% da população brasileira têm hipertensão. Os dados são resultado de uma pesquisa feita pela Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2015.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os adultos não devem consumir mais do que 5g de sódio diariamente. Entretanto, o consumo diário médio do brasileiro é de 12g, mais do que o dobro do recomendado. O problema é que esse excesso de sódio no organismo pode provocar outras doenças além da hipertensão, como complicações cardiovasculares e renais.

Para conscientizar a população sobre os riscos desse consumo exagerado, o Ministério da Saúde criou em 2011 um programa de cooperação para reduzir o sódio de alimentos em parceria com a Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (ABIA). Graças a essa iniciativa, desde o início do acordo até o final de 2015, mais de 14,9 toneladas de sódio já foram retirados dos produtos processados. A meta é, que, até 2020, 28,5 toneladas sejam retiradas da alimentação dos brasileiros.

O plano de redução teve quatro etapas, sendo que em três dessas fases os dados já foram divulgados. Os alimentos das três etapas iniciais foram: pão de forma, bisnaguinha, macarrão instantâneo, bolos, snacks de milho, maionese, biscoitos, margarinas, cereais matinais, caldos e temperos. No ano que vem serão divulgados os dados de redução de sódio para os produtos: empanados, hambúrgueres, linguiça, mortadela, presuntaria, queijo muçarela, requeijão, salsicha e sopas.

A publicitária Thaís Helene descobriu aos 19 anos que um descontrole hormonal derivado de um cisto no ovário, agravado pelo sedentarismo e má alimentação, fizeram a pressão subir. Mesmo tomando a medicação indicada, os hábitos antigos não mudaram. Como consequência, em abril deste ano, ela teve um princípio de AVC (Acidente Vascular Cerebral ) . O susto fez com Thaís tomasse uma decisão: “A primeira coisa que cortei foram os alimentos processados. Uso sal light, e priorizo alimentos naturais durante as minhas refeições. Também tenho ido à academia e já perdi 6kg”, revela a publicitária.
Agora, Thaís está no caminho certo. O Guia Alimentar para a População Brasileira (2014) do Ministério da Saúde prioriza alimentos in natura ou minimamente processados durante as refeições do dia. O coordenador-adjunto da Área de Alimentação e Nutrição do ministério, Eduardo Nilson, explica que o programa em parceria com a ABIA visa apenas reduzir danos provocados pelo consumo excessivo de sódio. “O acordo não torna os alimentos mais saudáveis, então é importante lembrar das diretrizes do Guia Alimentar de uma alimentação com o mínimo consumo de alimentos ultraprocessados”, explica.

Veja algumas opções de substituições alimentares de produtos ultraprocessados ou processados por itens mais naturais:

A auxiliar odontológica Oralina Ribeiro Ferreira descobriu a hipertensão há três anos quando sentiu fortes dores de cabeça. Ela conta que , desde então, começou o tratamento para controlar a doença. Mas Oralina reconhece que foi a mudança na alimentação que fez a diferença. “Deixei de comer muita coisa, e presto muita atenção ao sódio dos alimentos. Quase tudo que como faço em casa, pois assim tenho controle da quantidade de sal adequada pra mim”, revela. Além disso, reforça que apenas o uso da medicação não seria suficiente para o controle da pressão se os hábitos alimentares e físicos não tivessem mudado.

O coordenador-adjunto Área de Alimentação e Nutrição, Eduardo Nilson, recomenda que as pessoas (hipertensas ou não) fiquem atentas às informações que estão nos rótulos dos produtos. “Verifique se a quantidade de sódio presente no alimento não ultrapassa a quantidade de 1mg de sódio por quilocaloria (kcal), que é o recomendado pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). Você também pode comparar os teores de sódio entre diferentes marcas de um mesmo alimento, prestando atenção para os demais nutrientes cujo excesso é prejudical, como gorduras e açúcares”.

Além de incentivar a redução do sódio, Ministério da Saúde quer diminuir a quantidade de açúcar nos alimentos
O motorista Luiz Oliveira Rosa, de 47 anos, passou anos se alimentando apenas com produtos industrializados ricos em gorduras e açúcares. Além disso, era sedentário. Por causa dos maus hábitos, ele desenvolveu diabetes, hipertensão e obesidade.
Chegou até a ser hospitalizado às pressas em 2013, por conta de uma arritmia e outros sintomas como dor na garganta e febre decorrente da pressão alta. Após o susto, além da própria rotina, toda a família entrou na busca por uma alimentação mais saudável. “Somos muito unidos, e pretendo evitar que minhas filhas desenvolvam hipertensão no futuro. Sempre converso com elas e peço que se cuidem”, conta.
O Ministério da Saúde nesta semana vai começar uma nova negociação com a Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (ABIA) para diminuir cada vez mais a quantidade de sódio e açúcar nos produtos. A meta é reduzir 40% do índice nas calorias dos brasileiros. Atualmente, o brasileiro consome em média 16,4% de açúcar na alimentação, que corresponde a 6,4% a mais do que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde.

Aline Czezacki, para o Blog da Saúde


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