Fique
atento! Podem ser os primeiros sinais de artrite reumatoide.
Os primeiros sinais começam com uma
incapacidade de realizar tarefas simples como colocar os pés no chão ou pegar
uma escova de dente, sentir muita dor e uma extrema rigidez nas articulações,
além das juntas doloridas e enrijecidas. Esses podem ser os primeiros sintomas
de artrite reumatoide, uma doença que é facilmente confundida com outras
enfermidades, que também afetam músculos e nervos, ou até mesmo com sinais de
envelhecimento.
A
artrite reumatoide é uma doença crônica, sem cura, mas pode ser controlada. Uma
combinação de fatores genéticos e ambientais é a principal responsável. Embora
a principal característica da artrite reumatoide seja a inflamação das
articulações, várias regiões do corpo também podem ser comprometidas tais como
joelhos, tornozelos, ombros e cotovelos, além de outras partes do organismo
(pulmão, olhos, coluna cervical).
Atualmente,
existem tratamentos e medicações que possibilitam que a doença fique inativa e
o paciente tenha qualidade de vida. Isto vai depender das características do
paciente e sua resposta imunológica. “É preciso ficar atento! Pessoas com
artrite por tempo prolongado, com rigidez nas articulações, principalmente pela
manhã, com duração de mais de uma hora, devem procurar assistência médica. Quanto
mais precoce for o diagnóstico, melhor o resultado em longo prazo”, alerta o
reumatologista do Hospital Federal da Andaraí (HFA), Antonio Carlos Seda.
O
reumatologista explica que, na maioria dos casos, a artrite reumatoide se
inicia entre os 30 e 40 anos de idade. “Os principais sinais e sintomas da
doença são a artrite persistente (dor, aumento de temperatura, calor e
vermelhidão das juntas), principalmente mãos, punhos, joelhos, que podem estar
associados ao endurecimento das juntas, mal estar geral, febre e fadiga.
Eventualmente estruturas extra-articulares, tais como pulmão, olhos, coração,
pele e tecido subcutâneo também podem sofrer lesões pela doença”, esclarece
Antonio Carlos.
Semelhanças
com outras doenças
O
diagnóstico não é fácil, já que os sintomas da artrite reumatoide são muito
parecidos com os de outras doenças como lúpus, psoríase e gota. Por isso, nem
sempre é possível identificar a doença na primeira ou até na segunda consulta,
já que existem mais de cem condições diferentes de doenças que provocam dor e
inchaço, algumas vezes vermelhidão e limitação funcional.
O
reumatologista Antonio Carlos conta ainda que, eventualmente, um trauma
articular pode ser um fator desencadeante. “Má postura ou movimentos
repetitivos no ambiente de trabalho podem contribuir para o aparecimento da
doença”.
A
artrite reumatoide não é doença contagiosa nem hereditária. Mas sem tratamento
pode ter como consequência a total incapacidade de movimentar-se. “Não se
automedique, nem atribua ao envelhecimento sinais que possam ser indicativos da
artrite reumatoide. Procure sempre assistência médica”, enfatiza o
reumatologista.
Tratamento
Não
existe um tratamento único, podem ser usados vários medicamentos, dependendo
dos sintomas e da gravidade da doença. Quanto mais agressiva, mais intenso deve
ser o tratamento. Somente um especialista pode avaliar e determinar quais os
medicamentos necessários. Além disso, o tratamento deve ser multiprofissional.
Os
pacientes que apresentam deformidades instaladas ou iniciando, encaminhados
para o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (INTO), por
exemplo, recebem a atenção de uma equipe multidisciplinar composta por
reumatologista, cirurgião ortopedista, clínico especializado em dor, fisiatra,
fisioterapeuta e terapeuta ocupacional.
A
Terapeuta Ocupacional do INTO, Martha Lucas, explica que o tratamento é voltado
para regressão dos quadros inflamatórios e prevenção das deformidades. “Em um
estágio avançado da doença o controle é feito por meio da prescrição e
confecção de órteses e de adaptações para manter a capacidade funcional,
independência e autonomia durante a execução das atividades diárias”.
O
tratamento inclui orientações aos familiares e cuidadores, além de atividades
de autocuidados e cuidados do lar, bem como as posturas mais adequadas para evitar
o agravamento das deformidades.
Medicação
O
Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza aos portadores da doença o acesso a
todos os medicamentos biológicos para a artrite, disponíveis no mercado e
registrados na Agência Nacional de Saúde (Anvisa). Esses medicamentos diminuem
a evolução da doença e evitam a ocorrência de danos irreversíveis nas
articulações, além de aliviar as dores e melhorar a qualidade de vida do
paciente.
No
entanto, os remédios biológicos são hoje a etapa final na área da reumatologia,
explica Jaime Barros, reumatologista do Hospital Federal da Lagoa. “Não é
correto iniciar o tratamento com os biológicos. Eu diria que 80% a 90% dos
casos você consegue controlar a doença com uma boa qualidade de vida, antes de
ser necessário o uso dos medicamentos biológicos”.
Quando
o comportamento da enfermidade é mais agressivo, utiliza-se um grupo de
remédios conhecidos como modificadores de doença, que são usados para combater
a célula que desencadeia todo o processo de autoimunidade. As drogas
modificadoras têm a vantagem de não serem injetáveis.
Os
remédios e o reumatologista são componentes do trabalho multidisciplinar que
trata a artrite reumatoide. Outros profissionais como terapeuta ocupacional,
nutricionista e o fisioterapeuta, também participam ativamente do tratamento,
permitindo que o paciente saia da situação de limitação funcional e de falta de
capacidade laborativa.
“Hoje
em dia cerca de 95% dos pacientes em tratamento de artrite reumatoide têm a
capacidade de serem cuidadores de si, com uma vida praticamente normal”, afirma
Jaime Barros.
Adriano
Schimit, para o Blog da Saúde
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